tag:blogger.com,1999:blog-11248424755796584632024-03-05T17:51:33.282+00:00Omnia EconomicusA transversalidade e Universalidade da ciência económica.
O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos.
Ver página "descrição do blog".Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.comBlogger443125tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-52615442746221678952023-07-28T11:27:00.003+01:002023-07-28T11:29:40.805+01:00Por que é que os EUA [ainda] não entraram em recessão?<p> <a name="_Toc141308887"><span style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-size: 7pt; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal;"> </span></a></p><div><span style="font-family: Cambria, serif; font-size: large;"><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Inesperadamente, ou não!?, após uma alta de 525 pontos base
das taxas de juro pela Reserva Federal dos EUA (Fed) nos últimos 18 meses, o
mercado de trabalho norte-americano mantém-se resiliente, suportando a economia
dos EUA, sendo esperado um crescimento à dos 2% no 1º semestre de 2023.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em boa verdade, as empresas dos EUA estão relativamente bem
capitalizadas, sendo [ainda] poucas as suas necessidades de financiamento,
tendo as suas tesourarias beneficiado de taxas de juro gradualmente mais
elevadas nos últimos tempos. Por exemplo, os fundos do mercado monetário
remuneram, atualmente, o dinheiro das empresas (e das famílias também) a taxas
de juro muito interessantes. A Fed paga 5,05% (SOFR, Secured Overnight
Financing Rate, taxa de juro <i>overnight</i> garantida) nos acordos
reversos de recompra (<i>reverse repos</i>), isto é, no dinheiro depositado
junto do banco central dos EUA, tendo os fundos do mercado monetário acesso a
este instrumento financeiro desde 2013, podendo as famílias e empresas
usufruírem destas taxas de juro que eram inferiores a 0,25% no início do ano
passado.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ou seja, depois de mais de uma década de taxas de juro
médias muito baixas, perto de 0%, período intensificado ainda mais com a
pandemia e a duplicação do balanço da Fed, as empresas norte-americanas (e
também as europeias) emitiram somas avultadas de dívida por períodos de tempo
mais longos, usufruindo de consideráveis volumes de dinheiro a taxas de juro
relativamente muito baixas. Em suma, os encargos financeiros de financiamentos
das empresas (os juros pagos pelos empréstimos obtidos) mantêm-se, atualmente,
relativamente estáveis, com taxas de juro associadas relativamente baixas e
perto dos 0%, enquanto a sua liquidez (os juros recebidos nos empréstimos
concedidos) é remunerada a taxas de juro cada vez mais elevadas. Esta situação
benéfica para as empresas manter-se-á enquanto essas dívidas, acumuladas nos
últimos 15 anos, não se vencerem (serão depois renovadas às atuais taxas de
juro muito mais elevadas, à volta de 5%). É normal existir um desfasamento
entre o aumento das taxas de juro e a eventual penalização da economia, mas o
‘dinheiro barato’ nos últimos anos, financiado por prazos mais longos, poderá
ter alargado substancialmente este desfasamento.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, o enérgico aumento das taxas de juro acabará por
penalizar a economia. As empresas intensivas em capital têm abrandado o seu
investimento, como por exemplo o setor biotecnológico e os fabricantes de
automóveis elétricos, devido à tomada de crédito cada vez mais difícil em
consequência das cada vez mais elevadas taxas de juro. Também o aumento da
poupança pelas empresas, impulsionado não só por taxas de juros atrativas, mas
também pela incerteza quanto ao futuro, tenderá a diminuir a propensão ao
investimento. Ainda há dias, a Thermo Fisher cortou a previsão para 2023,
enquanto as dificuldades de financiamento na área da biotecnologia persistem. O
aumento das taxas de juro espremeu o financiamento necessário para programas de
desenvolvimento de medicamentos, penalizando a procura por serviços de pesquisa
contratados e oferecidos pela Thermo Fisher e pela sua rival, Danaher.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As recessões são habitualmente antecipadas pelo aumento dos
encargos financeiros de financiamento das empresas em termos líquidos, ou seja,
pela subida do montante a pagar pelos empréstimos obtidos à medida que as taxas
de juro aumentam, conforme corroborado nos círculos A, B e C do gráfico, nos
períodos que anteceram as recessões de 1991, das <i>dotcoms</i> em
2000 e do <i>subprime</i> em 2008, respetivamente. Essa evidência é
também validada nas recessões da década de 1970 e do início de 1980.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Existe uma relação direta entre o ‘deve e o haver’ dos juros
pagos e recebidos pelas empresas e a evolução da taxa de juro da Fed. É normal
que um aumento das taxas de juro retraia o consumo e o investimento das
empresas, reduzindo as encomendas, diminuindo as margens, penalizando o
crescimento económico e aumentando, por fim, a taxa de desemprego. No entanto,
e tal como observado no círculo D do gráfico, os pagamentos de juros em termos
líquidos das empresas norte-americanas diminuíram de 292,4 mil milhões de
dólares no 1º trimestre de 2022 para 222,6 mil milhões de dólares no 1º trimestre
deste ano, curiosamente num período marcado pela significativa subida das taxas
de juro pelo banco central dos EUA, mais precisamente de 525 pontos base, de
0,25% para 5,50%. Juros mais elevados implicam custos de financiamento mais
altos, desaceleração e mesmo diminuição do crédito concedido, menos
investimentos, margens menores, despedimentos, mais desemprego, culminando em
recessão.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As empresas não financeiras tendem a ser penalizadas pelo
aumento das taxas de juro, enquanto os bancos poderão beneficiar de margens
mais elevadas. </p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mas a <i>greedflation</i> tem mantido as margens
mais elevadas, sustentando a economia e a inflação <i>core</i> (subjacente),
pressionando a Fed a manter a sua postura monetária restritiva. No 1º semestre,
apesar da crescente recessão na indústria e energia, o setor dos serviços
permaneceu forte. Assim, é muito pouco provável que a inflação <i>core</i>,
sobretudo dos serviços, abrande para os 2%, sem uma recessão económica. A Fed
manter-se-á <i>hawkish</i> mais tempo do que é estimado. O declive
negativo da curva de rendimentos antecipa recessão, mas as empresas têm sido
beneficiadas em termos líquidos pelo aumento das taxas de juro e pela inversão
da curva, aumentando as margens e os seus lucros no ano passado, em vez de
diminuírem. Mas não é apenas a <i>greedflation</i> que aumentou as
margens de lucro dos EUA e atrasou a recessão. As taxas de juros simplesmente
não funcionam mais como antes e a queda nos pagamentos de juros líquidos
aumentou os lucros das empresas no ano passado, suportando também a inflação
dos serviços.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Numa alusão à curva de Philips, o <i>trade-off</i> entre
a taxa de desemprego e a taxa de inflação <i>core</i> é uma realidade
e continua a preocupar a Fed. Uma economia em pleno emprego, com uma taxa de
desemprego de 3,6%, dificilmente consegue assegurar uma diminuição da taxa de
inflação dos serviços norte-americana, atualmente desancorada e nos 4,8% em
junho, para a meta do banco central dos EUA nos 2%. Se no primeiro semestre do
ano, e contra todas as expectativas, o <i>soft landing</i> foi uma
realidade, a segunda metade do ano pode ser diferente. A atual taxa de
desemprego dos EUA de 3,6% está muito abaixo da NAIRU norte-americana (taxa de
desemprego que acelera a inflação), atualmente de 4,4%. Ou seja, esta baixa
taxa de desemprego continuará a alimentar a inflação <i>core</i>, sendo
pouco provável uma economia resiliente e uma inflação dos serviços baixa, no
atual ambiente de considerável subida das taxas de juro nos últimos 18 meses e
depois de mais de uma década em que o preço do crédito foi de quase 0%.
Dificilmente teremos ‘sol na eira e chuva no nabal’ e o <i>hard
landing </i>poderá ser uma realidade na segunda metade de 2023 ou no
primeiro semestre de 2024, tendo a recessão sido apenas adiada.</p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os próximos números da inflação e do relatório do emprego
nos EUA, em agosto e em setembro, serão determinantes para a posição da Fed na
sua próxima reunião nos dias 19 e 20 de setembro e também para o seu <i>outlook</i> trimestral.
Tal como preconiza a curva de Philips, ou a inflação <i>core</i> desacelera
paralelamente a um aumento da taxa de desemprego, ou se a economia
norte-americana se mantiver em pleno emprego, a inflação <i>core</i> manter-se-á
provavelmente elevada, tendo a Fed de adotar uma postura monetária ainda mais
restritiva e Jerome Powell ser um Paul Volcker 2.0<o:p></o:p></p><div style="text-align: justify;"><br /></div></span></div><div><span style="font-family: Cambria, serif; font-size: large;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhimRXDsuBfslgLn0hvG5bW4AO5qV7kNvk2rgu-Cz8Zmct7iMhvEZuvOdlOu5AOiRTgX4Xek4F6peussvwX2kNWF_xazsF3cQb9aan1rvlcpIz7grh1XgDrfcPvxALbOodzkknRQCP_d386-r1HQdGxOTDOexbXsT_46VFei4u8I2xlXRAhxhxIcP-DYzY" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="453" data-original-width="721" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhimRXDsuBfslgLn0hvG5bW4AO5qV7kNvk2rgu-Cz8Zmct7iMhvEZuvOdlOu5AOiRTgX4Xek4F6peussvwX2kNWF_xazsF3cQb9aan1rvlcpIz7grh1XgDrfcPvxALbOodzkknRQCP_d386-r1HQdGxOTDOexbXsT_46VFei4u8I2xlXRAhxhxIcP-DYzY=s16000" /></a></div><br /><br /></span><span style="font-size: large;">
</span><div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><span style="font-size: large;"><br clear="all" />
</span><hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><span lang="NL"><span style="font-size: large;">Rosa,
P. M. (2023, julho 27). Por que é que os EUA [ainda] não entraram em recessão?.
<i>Vida Económica</i></span></span><span style="mso-ansi-language: PT;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoFootnoteText"><span lang="NL"><span style="font-size: large;"><i><br /></i></span></span></p><p class="MsoFootnoteText"><span lang="NL"><span style="font-size: large;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6LMTn99CpdO8sxB7R52pzLSAKC338H6BmV8wANreQIyLYmKf_7wJle46S-mrxEIQnnzZgul7YMXSkdsF-oBhE8Ly_zGwACfybHnVmehucIfBYz4fvFwJYs1rHl72LMAhqALh0bd3JlNgZECl9-TWtCp9pMIoIQBY61y90t7IqfCHgIwXsFjiFC3E_q7s/s1799/por%20que%20eus%20n%C3%A3o%20entraram%20recess%C3%A3o.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1799" data-original-width="793" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6LMTn99CpdO8sxB7R52pzLSAKC338H6BmV8wANreQIyLYmKf_7wJle46S-mrxEIQnnzZgul7YMXSkdsF-oBhE8Ly_zGwACfybHnVmehucIfBYz4fvFwJYs1rHl72LMAhqALh0bd3JlNgZECl9-TWtCp9pMIoIQBY61y90t7IqfCHgIwXsFjiFC3E_q7s/s16000/por%20que%20eus%20n%C3%A3o%20entraram%20recess%C3%A3o.png" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /><i><br /></i></span><p></p>
</div>
</div></div>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-22457891271830980712023-06-09T10:34:00.004+01:002023-06-09T10:34:25.333+01:00Quo vadis, euro/dólar?<p> </p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #212121; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"><span style="font-size: large;">
A correlação negativa entre o <i>cross</i> cambial euro/dólar e o rendimento do
tesouro norte-americano a 2 anos tem sido quase perfeita, muito perto de -1,
desde 4 de maio, conforme pode ser observado no círculo C2 do gráfico, aquando
da perceção de uma Reserva Federal dos EUA (Fed) ainda <i>hawkish</i> na
reunião FOMC (Federal Open Market Committee) a 3 de maio, seguindo-se uma
publicação de um mercado de trabalho robusto em abril no dia 5 de maio.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #212121; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">O gráfico
corrobora uma relação significativamente negativa entre o euro/dólar e o
rendimento a 2 anos do tesouro norte-americano, sobretudo aquando do colapso
bancário regional nos EUA em março deste ano e desde 4 de maio. Em 2023, o gráfico
espelha dois momentos de quase perfeita correlação inversa, o círculo C1
durante o mês de março e o círculo C2 nas últimas quatro semanas, desde 4 de
maio. </span><span style="color: #212121; font-family: "Segoe UI", sans-serif;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #212121; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> </span><span style="color: #212121; font-family: "Segoe UI", sans-serif;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #212121; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Para se perceber
a evolução do eur/usd nas próximas semanas, há dois dados macroeconómicos
norte-americanos cruciais que serão divulgados nos próximos dias, o mercado de
trabalho e a inflação, bem como a reunião da Fed a 14 de junho.</span><span style="color: #212121; font-family: "Segoe UI", sans-serif;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #212121; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"><br />
Se o mercado de trabalho na próxima sexta-feira, dia 3 de junho, continuar a
mostrar resiliência, ou seja, Non Farm Payrolls acima de 150 mil [postos de
trabalho líquidos criados, excetuando agrícolas], e taxa de desemprego inferior
a 3,6%, a Reserva Federal dos EUA deverá mesmo aumentar a taxa de juro no
próximo dia 14 de junho em mais 25 pontos, para o intervalo de 5,25% a 5,50%,
facto que seria reforçado se a inflação nos EUA em maio, a ser divulgada no dia
13 de junho se mantiver persistente, ou seja, acima de 4,7% ou 4,8%.
Atualmente, a probabilidade desse aumento de 25 pontos base é de 66%. Todavia,
dados fracos do mercado de trabalho norte-americano e inflação a desacelerar
mais rápido do que esperado penalizaria muito provavelmente o desempenho do
dólar nas próximas semanas.</span><span style="color: #212121; font-family: "Segoe UI", sans-serif;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #212121; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> </span><span style="color: #212121; font-family: "Segoe UI", sans-serif;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #212121; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Entretanto,
caso os dados macroeconómicos se mantiveram relativamente robustos no próximo
mês e meio, mercado de trabalho forte em junho, divulgado na primeira
sexta-feira de julho e a inflação acima do estimado, o <i>cross</i> eur/usd
poderá continuar pressionado em baixa, podendo o mercado antecipar mais uma
alta de 25 pontos para o intervalo [5,50% a 5,75%] na reunião de 26 de julho,
reforçando ainda mais a alta do dólar. </span><span style="color: #212121; font-family: "Segoe UI", sans-serif;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #212121; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> </span><span style="color: #212121; font-family: "Segoe UI", sans-serif;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #212121; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Enquanto
isso, os dados da inflação de vários países da Zona Euro publicados na
quarta-feira passada, dia 31<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de maio,
sobretudo </span><span style="color: black; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-themecolor: text1;">da Alemanha (6,1%), </span><span style="color: #212121; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">França (5,1%) e Espanha (3,2%), mostraram uma
significativa desaceleração dos preços no consumidor na Europa e são também
suficientemente pertinentes para perceber uma postura eventualmente menos <i>hawkish</i> do
BCE, podendo corroborar um pouco mais esta queda do euro face ao dólar.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #212121; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Na terça-feira, o indicador de confiança industrial na Zona Euro caiu para
-5,2 em maio de 2023, de -2,8 revisto no mês anterior, um numero mais fraco do
que as previsões do mercado de -4,0.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">O sentimento entre os fabricantes atingiu o nível mais baixo desde novembro
de 2020, ou seja, à medida que as expectativas de produção das empresas e as
avaliações do nível atual das carteiras de encomendas se deterioram, os stocks
de produtos acabados são cada vez mais elevados e acima do normal, ditando um
agravamento da atividade económica da Zona Euro e, consequente, abrandamento da
política monetária do BCE, consolidando as probabilidades de alta do dólar.
Também a recessão técnica na Alemanha, contração económica no último trimestre
2022 e o primeiro trimestre de 2023, penalizam o euro. Porém, os últimos dados
da balança comercial de bens dos EUA, referentes a abril, registaram <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o maior défice desde outubro de 2022, podendo reequilibrar
um pouco o câmbio euro/dólar.<span style="mso-spacerun: yes;"> <br /><br />PMR in VE 2 de junho 2023</span></span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"></span></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEilPwXj3t75Wca-EetBVuC-Vb3PDxfLiKL0Ic3QjbK5YYNiBu6QWUzT9Pu8MAQ0Mv8KlsBxrZnGHUwTKZIKM6AHttOPO--wnvAVCZ4kPBJGc9TxkDSMGFKBPopglJrufdX7V64t9yj4qz1Fio1sDnqPAijIiA0eS7VS6m6iJHH5Mo82lElO_hGRSmrB" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="537" data-original-width="886" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEilPwXj3t75Wca-EetBVuC-Vb3PDxfLiKL0Ic3QjbK5YYNiBu6QWUzT9Pu8MAQ0Mv8KlsBxrZnGHUwTKZIKM6AHttOPO--wnvAVCZ4kPBJGc9TxkDSMGFKBPopglJrufdX7V64t9yj4qz1Fio1sDnqPAijIiA0eS7VS6m6iJHH5Mo82lElO_hGRSmrB=s16000" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /><br /><br /></span><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-21536652091354105342023-06-09T10:25:00.003+01:002023-06-09T10:25:41.642+01:00Mais uma vez a iliteracia financeira…<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">O IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida
Pública, anteriormente Instituto de Gestão de Crédito Público) é a entidade pública
a quem compete gerir “… a tesouraria, o financiamento e a dívida pública…”,
recorrendo para tal aos mais diversos instrumentos de dívida pública, desde as
obrigações e bilhetes do tesouro aos certificados de aforro, este últimos “…
instrumentos de dívida criados com o objetivo de captar a poupança das
famílias.”. Todavia, o IGCP tem como objetivos a “… minimização do custo da
dívida numa perspetiva intertemporal, de acordo com as estratégias de risco
definidas pelo Governo.” e a “…redução dos encargos financeiros do Estado”. Ou
seja, o objetivo do IGCP é então o de minimizar o custo do crédito público, salvaguardando
o orçamento do Estado e os custos para os contribuintes, recorrendo aos mais
diversos mecanismos de financiamento para suprir as necessidades financeiras do
Estado português, minimizando objetivamente o custo desses empréstimos obtidos.
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Em boa verdade, o rendimento dos bilhetes do tesouro a
três meses é atualmente de 2,79%, o das obrigações do tesouro a 2 anos é de
2,69% e a 10 anos de 2,99%. A taxa de juro de 3,50% associada aos certificados
de aforro da “série E” é substancialmente superior à remuneração dos restantes
instrumentos de dívida e com o prémio de permanência essa remuneração chega aos
4,50%. Adicionalmente, os certificados de aforro são instrumentos de curto
prazo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Finalmente, no último relatório
mensal do IGCP, o de abril, as necessidades de financiamento do Estado
português eram de € 24,8 mil milhões para 2023, mas a subscrição de
certificados de aforro já havia ultrapassado os € 11 mil milhões, apenas nos
primeiros quatro meses do ano, colocando em risco a diversificação dos
mecanismos de financiamento, a eficiente distribuição pelas várias fontes de
financiamento e a otimização do custo do crédito público. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Na qualidade de entidade que gere responsavelmente os
empréstimos obtidos do Estado português, o IGCP deve evitar demasiada exposição
a um determinado instrumento, procurando também minimizar os custos.
Atualmente, a dependência dos certificados de aforro é já relevante e os juros
associados a este instrumento de dívida de curto prazo são mais elevados do que
as fontes de financiamento de longo prazo, quando deveria ser o contrário,
porque o risco cresce à medida que aumenta o horizonte temporal. É certo de que
o maior incentivo à subscrição de certificados de aforro é resultado do aumento
significativo das taxas de juro pelo BCE, ditado pela elevada inflação. Mas imaginemos
que a inflação da Zona Euro abrandava substancialmente no segundo semestre do
ano ou em 2024 e associada a essa desaceleração dos preços estaria também um
ambiente económico recessivo, então o BCE poderia iniciar sucessivos cortes das
taxas de juro, incentivando o resgate dos certificados de aforro, colocando,
desta forma, em causa o financiamento público do Estado português.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Os certificados de aforro são, em primeiro lugar, um
mecanismo de financiamento do estado e o incentivo à poupança não é da tutela do
IGCP. Além disso, os portugueses que não conseguem poupar, alguns a braços com
juros mais elevados no seu crédito à habitação, seriam duplamente penalizados, tendo
que financiar, via impostos, juros mais elevados. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">O mais importante estímulo e contributo à poupança
passaria, com certeza, pelo aumento substancial da literacia financeira dos
portugueses. Há falta de cultura financeira, sendo as bolsas percecionadas
pelos portugueses como casinos. No entanto, os mercados de capitais têm uma
vasta panóplia de instrumentos capazes de suprirem cabalmente as necessidades
das poupanças dos portugueses, tendo mais vantagens numa ótica de longo prazo.
Por exemplo, o índice acionista norte-americano S&P 500 têm o atual formato
de 500 empresas desde 4 de março de 1957, replicando satisfatoriamente a
economia dos EUA, registando um retorno anual médio nominal desde essa data de
10,13% e real de 6,26%. É um índice composto por 11 setores de atividade,
corroborando, deste modo, uma diversificação aceitável da maior economia
global. Devem também os investidores diversificarem os seus investimentos
geograficamente, minimizando ainda mais o risco da sua carteira. E se há alguns
anos o acesso a ativos financeiros internacionais era mais difícil, hoje os
portugueses têm facilmente acesso a fundos transacionados em bolsa (um ETF,
exchange traded funds), mesmo para pequenos investimentos, capazes de replicarem
o S&P 500, o Nasdaq 100, o Stoxx 600 ou o MSCI World, podendo também
diversificar o seu aforro em instrumentos de dívida pública, desde as obrigações
aos bilhetes do tesouro, bem como investir em obrigações de empresas, em fundos
imobiliários, em moedas, em metais preciosos e nas mais diversas mercadorias
(desde o petróleo e o gás natural aos metais industriais e aos produtos
agrícolas). A oferta é atualmente muita vasta, sendo o recurso a profissionais
habilitados uma das decisões mais acertada. <br /><br />PMR In VE 9 junho 2023<br /><br /><br /></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAnm4ASSdvMR9uXTd8ov31cN65FPbV3J8HTmKWgN4ztIjqNtC4l92Iuypd1Whe1mAzwwI3RedhWJ_QHmfRXq0laD82CUGVCKEg0trcTtzEgqBDNkYNX6wlZlxpCxa0GZHuA5W9sEldXHWuBX9DOTUMKP34lc514aYYPUPaf4r1ueJM1wPIflkB8cUz/s1781/mais%20uma%20vez%20a%20iliteracia%20financeira.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1781" data-original-width="792" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAnm4ASSdvMR9uXTd8ov31cN65FPbV3J8HTmKWgN4ztIjqNtC4l92Iuypd1Whe1mAzwwI3RedhWJ_QHmfRXq0laD82CUGVCKEg0trcTtzEgqBDNkYNX6wlZlxpCxa0GZHuA5W9sEldXHWuBX9DOTUMKP34lc514aYYPUPaf4r1ueJM1wPIflkB8cUz/s16000/mais%20uma%20vez%20a%20iliteracia%20financeira.png" /></a></div><br /><o:p></o:p><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-8076687834585395602023-05-19T10:56:00.006+01:002023-05-19T10:58:00.186+01:00A inflação “supercore” e a curva de Beveridge<p><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #666666; font-size: large;">A inflação homóloga norte-americana desacelerou para
4,9% em abril, o valor mais baixo dos últimos dois anos. No índice de preços no
consumidor (IPC), a rubrica custos com moradia, representando cerca de um terço
do peso do IPC e conhecido como <i>shelter</i>, ou seja, a soma das rendas
dos inquilinos e a renda equivalente dos proprietários (quanto estes pagariam
para arrendarem casa ou ganhariam se arrendassem as suas casas), tem abrandado
nos últimos meses, tendo desacelerado em abril, registando um ganho mensal de apenas
0,4%, o menor aumento desde janeiro do ano passado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #666666; font-size: large;">Perante a desaceleração do <i>shelter</i>, a Reserva
Federal dos EUA (Fed) foca-se cada vez mais na evolução da inflação dos
serviços, ou seja, a inflação <i>supercore</i>, que exclui alimentos, energia
e custos com moradia (<i>shelter</i>). A métrica de inflação de serviços <i>supercore</i> desacelerou em abril para 5,1% em termos homólogos. O banco central dos EUA
presta cada vez mais atenção ao comportamento da inflação no setor de serviços,
onde os aumentos de preços podem ficar “fixos” por mais tempo e não diminuírem
tão rapidamente, porque estão mais fortemente ligados ao crescimento dos
salários dos trabalhadores. No mês passado, o mercado de trabalho manteve-se
resiliente, a taxa de desemprego norte-americana desceu para os 3,4% em abril,
o valor mais baixo dos últimos 53 anos, tendo a economia dos EUA criado mais de
250 mil postos de trabalho e os salários aumentado 4,4% em termos homólogos,
acima do valor anterior de março de 4,3%.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #666666; font-size: large;">Até à próxima reunião da Fed, no dia 14 de junho,
existem várias leituras adicionais sobre inflação no consumidor e no produtor,
habitação, produção e mercado de trabalho. No passado dia 11 de maio, os
pedidos semanais de subsídio de desemprego nos EUA (Jobless Claims) aumentaram
para 265 mil, o valor mais elevado desde janeiro de 2022, evidenciando uma
tendência de alta. Este dado é um <i>leading indicator</i> para a evolução do
mercado do trabalho, sobretudo para o relatório mensal do emprego, dando sinais
quanto ao crescimento dos salários. A taxa de desemprego nos EUA está no nível
mais baixo desde 1969 e as ofertas de emprego (medidas pelos JOLTS) permanecem
perto do máximo histórico, existindo cerca de 1,7 vagas de emprego por cada
desempregado, mantendo, assim, o crescimento dos salários relativamente
resiliente, uma preocupação para a Fed. A relação negativa entre a taxa de
desemprego e a taxa de ofertas de emprego é também conhecida como curva de
Beveridge (ver gráfico). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #666666;"><span style="font-size: large;">Entretanto, a pandemia pode ter forçado a curva a
deslocar-se para direita, como nunca antes visto. Será permanente? Quanta
realocação e incompatibilidade de mão de obra continuarão a resultar das novas
tendências de trabalho em casa, redução de viagens de negócios e simplificação
e diversificação das cadeias de abastecimento? Dependendo da resposta a essas e
outras perguntas, a economia apresentará mudanças no tamanho e na localização
dos imóveis comerciais e na produção de <i>inputs</i> intermédios, desde a
capacidade do sistema de transporte público à escala da indústria hoteleira.
Esses ajustes estruturais vão alterar o uso da mão de obra. </span><span style="font-size: large;">Em termos do modelo, uma deslocação
para fora da curva de Beveridge pode, portanto, representa uma menor eficiência,
causada por uma variedade de fatores subjacentes. Alterações setoriais,
mudanças nos requisitos de competências dos trabalhadores e dispersão
geográfica podem desempenhar um papel importante na compreensão da curva.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #666666;"><span style="font-size: large;">Uma
diminuição da oferta de empregos para os níveis anteriores à pandemia, ditará
atualmente uma taxa de desemprego mais elevada e uma recessão. </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #666666;"><span style="font-size: large;">Entretanto, ou o
rácio das ofertas de emprego diminui ou a taxa de desemprego aumenta ou o banco
central dos EUA terá de subir ainda mais as taxas de juro, receando robustos
aumentos salariais?!</span></span><span style="color: #4472c4;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #666666;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #666666;"><span style="font-size: large;">PMR In VE 18/05/2023</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #666666; font-size: large;"><br /></span><span style="color: #666666;"><span style="font-size: large;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #666666;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW9R_tKW3KQiKQVHtvxLjhsRbrZ5f3ffW4muOJDbJMVreTjwrAtOY9Xzw2jdy2t-U0wERaTYXyKAsnWYfeWpnyral2oDgiZkGdkB2CUfz1gF5rCv8eq65OXzhHvafU7X0FIyKQ5lIxfsurWgp4yegHEA00c5oijSIeSzM8QtjWnLOOoXM2Ab-34yMw/s671/curva%20de%20Beveridge.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="604" data-original-width="671" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW9R_tKW3KQiKQVHtvxLjhsRbrZ5f3ffW4muOJDbJMVreTjwrAtOY9Xzw2jdy2t-U0wERaTYXyKAsnWYfeWpnyral2oDgiZkGdkB2CUfz1gF5rCv8eq65OXzhHvafU7X0FIyKQ5lIxfsurWgp4yegHEA00c5oijSIeSzM8QtjWnLOOoXM2Ab-34yMw/s16000/curva%20de%20Beveridge.png" /></a></span></span></div><span style="color: #666666;"><span style="font-size: large;"><br /><br /><br /><br /></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWlLB7YzBP3dpeQ9msFjXO_0nPjB_EWnjX6L9hU4Wnn6-uPkn8ebI2h0N_iS5bXJFZfvCwvzn5-0YkbHf4ezwja1OxL0dgRVNXK3p1Zc33lVc0QDaOIdbSXdFNIQJx-GgUYzrGv4Q79AG_shodAofyDc-YwAz7u_pL-6dlVThklWlM8636nUKJBj53/s1800/infla%C3%A7%C3%A3o%20supercore%20e%20curva%20de%20beveridge.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1800" data-original-width="792" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWlLB7YzBP3dpeQ9msFjXO_0nPjB_EWnjX6L9hU4Wnn6-uPkn8ebI2h0N_iS5bXJFZfvCwvzn5-0YkbHf4ezwja1OxL0dgRVNXK3p1Zc33lVc0QDaOIdbSXdFNIQJx-GgUYzrGv4Q79AG_shodAofyDc-YwAz7u_pL-6dlVThklWlM8636nUKJBj53/s16000/infla%C3%A7%C3%A3o%20supercore%20e%20curva%20de%20beveridge.png" /></a></div><br /></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #666666;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #666666;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-49417636721410304542023-05-19T10:26:00.005+01:002023-05-19T10:42:40.949+01:00Índices acionistas perto de máximos<p><br /></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><b>Nasdaq 100 em máximo dos últimos 10 meses e DAX alemão muito
perto da alta histórica de 16290 pontos no dia 18 de novembro de 2021</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: large;">O dólar tem-se mantido resiliente nas últimas semanas,
impulsionado em parte pela subida dos juros soberanos dos EUA. O rendimento do
tesouro norte-americano a dois anos subiu de 3,65% no dia 4 de maio para os
atuais 4,23%, sustentando a alta do dólar, tendo o “Dollar Index” valorizado
quase 3% desde essa altura. No entanto, e ao contrário das obrigações que têm
sido penalizadas nas últimas semanas, os mercados acionistas têm conseguido
registar gradualmente um crescimento relativamente sustentável, sobretudo as
<i>big tech</i>, mas não só. Também os setores mais cíclicos têm recuperado nos
últimos dias, inclusive o índice da banca regional norte-americana, o KBW,
obtendo na passada quarta-feira o maior ganho diário desde 6 de janeiro,
corroborando uma crescente melhoria do comportamento em bolsa dos títulos do
setor bancário e um recuo dos receios, após o colapso em março. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: large;">Depois de mais de um ano de correlação positiva entre ações
e obrigações, tendo ambas as classes de ativos sido substancialmente
penalizadas pela subida da inflação e, consequentemente, pela alta dos juros,
há atualmente uma descorrelação entre a evolução das obrigações e das ações,
estando os investidores cada vez mais focados no crescimento económico e menos
na inflação. Então, uma alta dos juros tem sido, atualmente, interpretada como
um sinal de crescimento económico resiliente, beneficiando as ações, na
esperança de melhores resultados, mas penaliza os títulos soberanos. É certo
que esta subida se deve maioritariamente à excelsa evolução das FAAMG (Meta,
Amazon, Apple, Microsoft e Alphabet) desde o início do ano, tendo sido
impulsionadas em boa parte pela visível e gradual maior <i>democratização</i> da
inteligência artificial (IA) no final do ano passado, um impulso mais tangível
para o crescimento económico suportado por este considerável avanço tecnológico
na melhoria das relações laborais, não sendo uma ameaça ao emprego como um
todo. O mais provável é que não seja a IA a afastar o ser humano do mercado do
trabalho, mas os seres humanos que utilizam IA possivelmente a terem mais
sucesso no mercado de trabalho do que aqueles que a não utilizam.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: large;">Entretanto, o GDP Now publicado no site da Reserva Federal
de Atlanta antecipa, atualmente, uma subida de 2,9% do PIB norte-americano no
presente segundo trimestre, sendo impulsionado em grande medida pelo mercado de
trabalho e pela melhoria do setor da construção residencial norte-americana.
Ainda esta semana, os pedidos de subsídio de desemprego nos EUA, os Jobless
Claims, caíram cerca de 22 mil solicitações em relação à semana anterior,
ditando novamente um mercado de trabalho ainda relativamente resiliente e capaz
de suportar a economia e os resultados das empresas. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: large;">E sendo os índices acionistas nominais e tendo o PIB nominal
nos EUA crescido substancialmente no ano passado, mais precisamente 9,2%,
seguindo essa tendência este ano, a trajetória é de melhoria dos resultados das
empresas mesmo que as margens operacionais se mantenham (um aumento da receita
e dos custos operacionais em 10%, implica uma alta dos lucros operacionais em
10%, apesar de a margem se manter). Também em virtude da elevada liquidez das
empresas, conseguida na última década e ditada pela política monetária enérgica
expansionista da Fed, tendo ainda muitas empresas não sido sujeitos à renovação
da sua dívida vencida por novas emissões aos atuais juros, os encargos
financeiros de financiamento das empresas ainda não sofreram aumentos
substanciais. E mesmo aquelas empresas que renovaram a dívida têm conseguido
absorver esse aumento dos custos pelo aumento nominal do PIB devido à inflação.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal">
</p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: large;">Todavia, os resultados das empresas vão também depender da
resiliência do consumidor ao aumento dos juros e à gradual deterioração do seu
rendimento disponível. A quase perfeita correlação entre ações e obrigações
ocorreu durante mais de um ano, mas o primeiro <i>flight to quality</i> (refúgio nas
obrigações e venda de ações) apareceu em março, num momento de stress
financeiro, representando o início da descorrelação. Agora, diante de alguma
acalmia, o dinheiro regressa às ações, sobretudo às tecnológicas, apesar da
alta dos juros. Um contexto de inflação e crescimento económico é mais
favorável para as ações, sendo estas uma melhor aposta do que as obrigações.</span><o:p></o:p></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;"><span face=""Calibri",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> </span><br />PMR In JE 18/05/2023<br /><br /></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgJ6iWqjJzFRq4EZwRBZEmO7WvXBStbBRxeMV3ypD6hcPNYSq8vJBxcFp-0xuZ2UIo3A05XPvAKuKHUHIfCLionZqzbZMdzpTqiOSbdAr-bEveoE6qsVzo4Eck_G5TMVY5SlDXHbD4OqCJKkXywl3osKBUzrNhTajFjtFsb3QkrKfIYzvLsAe82AXHE" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="924" data-original-width="942" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgJ6iWqjJzFRq4EZwRBZEmO7WvXBStbBRxeMV3ypD6hcPNYSq8vJBxcFp-0xuZ2UIo3A05XPvAKuKHUHIfCLionZqzbZMdzpTqiOSbdAr-bEveoE6qsVzo4Eck_G5TMVY5SlDXHbD4OqCJKkXywl3osKBUzrNhTajFjtFsb3QkrKfIYzvLsAe82AXHE=s16000" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /><br /></span><o:p></o:p><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-82570612551279258522023-05-12T10:10:00.003+01:002023-05-15T13:55:08.413+01:00Aumento da população empregada e turismo suportam PIB português<p> </p><p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="font-size: large;">A dinâmica positiva do setor turismo e o aumento da população empregada, já
muito perto dos 5 milhões de trabalhadores de acordo com o gráfico, mantêm a
resiliência da economia portuguesa, tendo permitido revisões em alta do
crescimento do PIB real para 2023 tanto pelo executivo português como por
diversas instituições nacionais e internacionais.</span><span style="mso-spacerun: yes;"><br /><br /></span></span><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">População empregada e residente em Portugal (milhares) (INE. Banco Carregosa)<o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj0zysc242h0RYuxK6vmTFPLEbjJb2dgsuPCuIlJr1tb9ex1yRWJLh043tv3vbEeqgfW9nUMiwckFiWWnEu_XxyU8-GVBYrlKwiv6jYHrTiI9QwT1l7bdceP4INd623Wr0rB5UVR9tgqi0szRiq2zuC4LL58po38WSm5Ch8NBvl3bUFs8-ShUJIFt8n" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="373" data-original-width="721" height="337" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj0zysc242h0RYuxK6vmTFPLEbjJb2dgsuPCuIlJr1tb9ex1yRWJLh043tv3vbEeqgfW9nUMiwckFiWWnEu_XxyU8-GVBYrlKwiv6jYHrTiI9QwT1l7bdceP4INd623Wr0rB5UVR9tgqi0szRiq2zuC4LL58po38WSm5Ch8NBvl3bUFs8-ShUJIFt8n=w652-h337" width="652" /></a></div><p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="font-size: large;">A população empregada em Portugal aumentou mais de 20% na última década, de
4.068.100 em janeiro de 2013 para os atuais 4.911.800 trabalhadores em março
deste ano, tendo sido um dos principais impulsionadores da economia nacional.
Se temos mais pessoas a trabalhar, a produção aumenta, podendo subir mais ou
menos de acordo com a produtividade do trabalho. Se uma fábrica de 10
trabalhadores produz 1000 pares de sapatos, então com 12 funcionários teria um
acréscimo de 20% na produção, ou seja, produziria 1200 pares de sapatos? Não
necessariamente. De acordo com a lei dos rendimentos decrescentes à escala, o
acréscimo de produção seria inferior aos 20%, mas, no entanto, poderia também
produzir mais de 20% se a empresa apostasse em mais tecnologia recentemente
desenvolvida e comprasse máquinas mais avançadas, aumentando a produtividade do
trabalho, permitindo, assim, subidas reais dos salários. Desde 2013, o PIB real
cresceu de 178,1 mil milhões de euros para 210,4 mil milhões de euros em 2022
(ver gráfico), um aumento de 18%, quase semelhante ao acréscimo de 21% da
população empregada, ainda, assim, refletindo uma ligeira diminuição da
produtividade.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="font-size: large;">Entretanto, a população residente em Portugal diminuiu, ainda que pouco,
apesar dos saldos migratórios positivos, mas penalizada pelo saldo natural
negativo. A população residente caiu de 10.468.400 em janeiro de 2013 para
10.301.500 em março de 2023, tendo, nesse período, o PIB real per capita
aumentado de 17.013 euros para 20.851 euros, uma alta de 22,5%. </span></span><span style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Em termos nominais, representando o dinheiro que os
portugueses têm na mão, o PIB per capita era de 23.292 euros no final de
dezembro de 2022, de acordo com um PIB nominal em 2022 de 239,25 mil milhões de
euros e uma população residente no final do ano passado de 10.271.800.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="font-size: large;">No primeiro trimestre de 2023, o PIB real (em volume) aumentou em cadeia
1,6%, ou seja, de 52.852 milhões de euros no último trimestre de 2022 para
53.700 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano. Assim, mesmo que a
riqueza produzida nos restantes três trimestres tenha um crescimento nulo, uma
alta do PIB de pelo menos 1% em 2023 já estaria garantida, em grande parte
empurrada não só pelo aumento da população empregada, mas também pelo turismo,
devendo este intensificar-se nos meses de verão. As contas externas melhoram
gradualmente, impulsionadas pelas exportações, sobretudo pelo maior contributo
do turismo, esperando-se que as importações abrandem à medida que o rendimento
disponível se deteriora, penalizado pela elevada inflação e pela subida das
taxas de juro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="font-size: large;">No entanto, espera-se um crescimento económico anémico nos próximos anos,
uma tendência das economias avançadas, tanto das mais robustas da União
Europeia (UE), como da dos EUA, conforme detalhado pela Reserva Federal
norte-americana, esperando o banco central dos EUA um crescimento de apenas
0,4% em 2023. Contudo, as economias que entraram na União Europeia nos últimos
10 ou 20 anos, tais como as economias do leste europeu, fazem o seu caminho de
convergência com a UE, apresentando taxas de crescimento elevadas,
impulsionadas por bases mais baixas, rigor das contas públicas e crescimento da
população.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="font-size: large;">É provável que o setor do turismo continue a mostrar resiliência nos
próximos anos, impulsionando a economia portuguesa, mas é um erro alicerçar uma
economia num setor exclusivamente de serviços centrado na movimentação das
pessoas, mesmo que este seja competitivo extra-preço. A guerra na Ucrânia
deslocalizou algum turismo do leste europeu para países como Portugal, mas o
final da guerra poderia abrandar esse turismo. A dependência do turismo mostrou
bem a fragilidade da economia portuguesa aquando da pandemia e consequente
distanciamento social.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A economia
portuguesa deveria focar-se na produção de bens e serviços mais competitivos
extra-preço e menos dependentes de um maior ou menor distanciamento social, afastando-se
gradualmente da competividade via preço.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>PMR in VE 10 de maio de 2023<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">PIB português em volume (milhões de euros)<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="font-size: large;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgGg3xLKVHo-74t_o6KDp9OTGMA_x3uNKIbIZvSK8swuT4awo2feZCQOtN6UhhfyK4pSxZyb7JYtpI2turz2ax3q6BndYI-wdwpiLsjVFO6DSoftiL49ERF1EuptiwNXAQJPqu5Fr7nUnNjsVTymspIERxZXLTXgk0SXDduCY_Ub_-B8r6zhK5H3f5y" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="461" data-original-width="710" height="335" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgGg3xLKVHo-74t_o6KDp9OTGMA_x3uNKIbIZvSK8swuT4awo2feZCQOtN6UhhfyK4pSxZyb7JYtpI2turz2ax3q6BndYI-wdwpiLsjVFO6DSoftiL49ERF1EuptiwNXAQJPqu5Fr7nUnNjsVTymspIERxZXLTXgk0SXDduCY_Ub_-B8r6zhK5H3f5y=w515-h335" width="515" /></a></span></div><p class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></span></p><span style="font-size: large;"><br /><br /></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdBQeyGTlhp7ZrVn2ya0tzltYCzuIqCyIkbzSvheRHqLDwPwsdh0Zq0crQ2DkwnvBkPB9hiYC2iibiWK0JN8mb8qJrs5VXzn2mMy_oMoxTcfeKKv3TDfGaifzLV2hoD0-voh_2D8SWdg63nRcJcXx1CGXUbolfiZVQ434MpV99MsN2sUEPbSwGjHYq/s1537/popula%C3%A7%C3%A3o%20emprega%20e%20turismo.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1537" data-original-width="793" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdBQeyGTlhp7ZrVn2ya0tzltYCzuIqCyIkbzSvheRHqLDwPwsdh0Zq0crQ2DkwnvBkPB9hiYC2iibiWK0JN8mb8qJrs5VXzn2mMy_oMoxTcfeKKv3TDfGaifzLV2hoD0-voh_2D8SWdg63nRcJcXx1CGXUbolfiZVQ434MpV99MsN2sUEPbSwGjHYq/s16000/popula%C3%A7%C3%A3o%20emprega%20e%20turismo.png" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><br /></span></p><span style="color: #44546a; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;"><span style="mso-spacerun: yes;"></span></span><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-85953895928119144942023-05-03T16:08:00.002+01:002023-05-03T16:08:19.416+01:00Regresso da luta entre touros e ursos<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">No passado mês de outubro, depois de três trimestres de
quedas, os mercados acionistas regressaram às subidas, mas, durante esse mês, a
luta entre investidores otimistas que apostam numa tendência de alta do mercado
(touros) e investidores que acreditam numa tendência de baixa do mercado (ursos)
foi intensa. Entretanto, os mercados acionistas subiram cerca de 20% nos
últimos seis meses, nomeadamente o Nasdaq 100, o Stoxx 600 e o Dax alemão,
destacando-se o CAC 40 com uma ganho de quase 30%, tendo o S&P 500 ficado aquém
com alta de 18%. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">O mercado antecipa mais uma subida de 25 pontos base
pela Reserva Federal dos EUA (Fed) no dia 3 de maio, refletida por uma
probabilidade de 87,5% de acordo com os futuros negociados na bolsa de
derivados de Chicago, para o intervalo de [5% a 5,25%]. No entanto, talvez o
banco central dos EUA devesse fazer uma pausa neste momento e avaliar a
tendência da economia e da inflação, bem como a estabilidade do sistema
bancário. Tendo em consideração de que o banco central dos EUA tende em não
dececionar o mercado, a alta de 25 pontos é quase uma realidade, mas seria provável
que a Fed não aumentasse os juros se a atual reunião de política monetária se
realizasse mais tarde, daqui a algumas semanas, tendo em conta as fragilidades
novamente evidenciadas no início da semana pelo sistema bancário
norte-americano, sobretudo o regional, nomeadamente o First Republic. Este
banco regional acabou por ser comprado pelo JPMorgan, numa tentativa de
resolução e estabilização do setor bancário. Em boa verdade, aumenta cada vez
mais o risco de a Fed errar por excesso de zelo na sua luta contra a inflação,
intensificando, assim, os receios de instabilidade no sistema bancário e no
setor imobiliário, sobretudo comercial, aumentando também as dificuldades das
empresas, deterioração do rendimento das famílias, acentuando a ameaça de uma
recessão e aparecimento de eventuais “<i>cisnes negros</i>”. É certo de que existe
um desfasamento entre a subida das taxas de juro e a transmissão dessa alta à
economia, dependendo do vencimento dos créditos obtidos, depois de mais de uma
década de crédito fácil e barato, podendo os prazos estarem mais dilatados do
que o normal. Entretanto, os rendimentos do tesouro norte-americano a 2 anos
desceram cerca de 20 pontos base na terça-feira, refletindo as dificuldades do
sistema bancário regional dos EUA e os receios dos investidores quanto à sua
evolução e às repercussões indesejáveis na economia dos EUA, tendo, no
seguimento deste desenvolvimento, aumentado as expetativas de descida das taxas
de juro nas três últimas reuniões da Fed em 2023, no dia 20 de setembro, 1 de
novembro e 13 de dezembro, esperando-se agora um corte de um quarto de ponto em
cada uma, terminando o ano no intervalo [4,25% a 4,50%]. Ou seja, não faz muito
sentido a Fed estar a aumentar atualmente as Fed Funds Rate em mais 25 pontos
base para iniciar um ciclo de descidas de juros daqui a três ou quatro meses.
Em 2024, nas 8 reuniões ordinárias habituais num ano, o mercado antecipa 6
cortes consecutivos de 25 pontos em cada uma das seis primeiras reuniões,
finalizando o ano de 2024 no intervalo [2,25% a 3%]. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Se a crise bancária e uma eventual recessão, bem como
as elevadas taxas de juro, diminuindo ou mesmo anulando o “<i>equity premium
risk</i>”, são os principais pontos a favor de um mercado acionista de baixa,
suportando a postura dos investidores “<i>bear</i>” (designa-se de urso, porque
este animal ataca de cima para baixo), já o aumento substancial do PIB nominal
nos últimos trimestres, tendo nos EUA subido 9,2% em 2022, apesar de o PIB real
ter crescido apenas 0,9%, e a perspetiva de reversão do ciclo da alta dos juros
no segundo semestre, são pontos favoráveis a um mercado de alta, alicerçando as
expetativas dos investidores “<i>bull</i>” ( designa-se de touro, porque este
animal ataca de baixo para cima). <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Os índices acionistas são nominais e tendem a acentuar
as valorizações quanto mais elevados forem os lucros e menores forem as taxas
de juro (geopolítica estável e ausência de incertezas). Como o PIB nominal nos
EUA subiu quase 10% em 2022, as receitas das empresas também tenderam a crescer
em média 10% e os seus lucros, desde que as margens se tenham mantido estáveis,
também subiram 10%, possibilitando uma valorização em bolsa de 10% (tendo em conta
um juro estável). Uma empresa com uma margem de 10% em 2021, sendo as receitas
de 1100 unidades monetárias (u.m.) e os custos de 1000 u.m., se manteve a mesma
margem em 2022, as receitas aumentaram para 1210 u.m. e os custos para 1100
u.m., subindo o lucro em 10% de 100 para 110 u.m. Uma recessão diminui as
receitas das empresas, mas alivia os seus encargos financeiros de financiamento,
podendo ou não compensar a quebra de receita, dependendo, em parte, se se trata
de uma empresa mais “<i>growth</i>” ou mais “<i>value</i>”. Os ursos podem
vencer os touros se no futuro a queda da inflação e do juro ou um discurso
menos “<i>hawkish</i>” ou mesmo “<i>dovish</i>” da Fed for percecionado como
negativo pelo mercado, dando o investidor maior relevância à recessão económica
e menor importância à queda do juro para estimular a economia. Texto escrito a
3 maio 2023, antes da reunião da Fed <br /><br />PMR in VE 3 de maio de 2023</span><span style="color: #4472c4;"><o:p></o:p></span></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-24579436688136135002023-04-26T18:02:00.006+01:002023-04-26T18:06:52.324+01:00IPP tem abrandado, sendo um indicador “leading” para o IPC<p> </p><p class="MsoNormal"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">O índice de preços no produtor (IPP) tem desacelerado
substancialmente nas economias avançadas, sobretudo nos principais blocos
económicos globais, EUA e Zona Euro, sendo um indicador avançado <i>leading
indicator</i> fidedigno para a evolução futura do índice de preços no
consumidor (IPC). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">O IPP nos EUA iniciou a sua subida ainda no final de
2020, impulsionado pelas dificuldades nas cadeias de abastecimento (<i>bottlenecks</i>)
ditadas pelo confinamento global imposto pela pandemia, e acelerou a sua alta
ao longo de 2021, tendo em março de 2022 atingido o seu ponto mais elevado e começado,
deste então, a desacelerar. O IPC norte-americano iniciou o seu abrandamento
três meses mais tarde, em junho de 2022, evidenciando um desfasamento de três
meses. Tendo em conta os últimos 12 anos, o IPP e o IPC nos EUA têm tido
valores muito similares e uma trajetória muito semelhante, mas, no entanto, o
IPP mostra um comportamento líder, tendo iniciado a subida em janeiro de 2021,
meses antes do IPC (inflação no consumidor), este último iniciou o seu
agravamento em março ou abril de 2021, corroborando um desfasamento de dois ou
três meses. Entretanto, a atual e gradual desaceleração do IPP, tendo-se fixado
em 2,7% em março de 2023, promete indiciar uma tendência de abrandamento mais
acentuada do IPC nos EUA nos próximos meses, ainda de 5% em março (a inflação
homóloga). Essa desaceleração será tanto mais visível quanto maior for a
probabilidade de agravamento da atividade e eventual recessão económica.
Entretanto, o IPC <i>core</i>, que exclui energia e alimentação, tem um
desfasamento ainda maior, tendo sido o último indicador de inflação a iniciar a
sua subida, um ou dois meses depois do IPC e três ou quatro meses depois do
IPP, atingindo o seu ponto mais elevado nos 6,6% em setembro do ano passado e,
desde então, tem desacelerado muito ligeiramente, mantendo-se muito resiliente.
De salientar que a categoria <i>shelter</i> tem um peso substancial no IPC <i>core</i> norte-americano, pesando aproximadamente 42%, enquanto que no IPC responde por
cerca de um terço do índice. Ou seja, a subida do preço do <i>shelter </i>(rendas
de casas que os inquilinos pagam e o valor a que os proprietários de casas
estariam dispostos a arrendá-las) tem-se mantido resiliente, impulsionado pela
subida do preço do imobiliário e, consequente, dinâmica de alta das rendas nos
12 a 18 meses seguintes, estando atualmente muito provavelmente perto da sua
inversão, podendo descer substancialmente nos próximos meses se a economia dos
EUA entrar em recessão (o <i>shelter</i> tem habitualmente uma variação nula
em recessão), trazendo o IPC <i>core</i> para junto da sua tendência normal
nas últimas décadas em torno dos 2%, objetivo de estabilidade de preços dos
bancos centrais das economias avançadas. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Na Alemanha, a principal economia da Zona Euro e um
barómetro para a evolução da política monetária do BCE, a inflação mantém-se ainda
resiliente, tendo o IPC desacelerado pouco e o IPC <i>core</i> fixou um novo
máximo histórico de 5,9% em março, impulsionado pela generalização da inflação
a toda a economia, sobretudo aos serviços nos últimos meses, depois de ter
acelerado há um ano pelos efeitos nefastos da guerra na Ucrânia. No entanto, o
substancial abrandamento da inflação no produtor (IPP) na Alemanha para 7,5% em
março, após ter atingido 45,8% em agosto do ano passado, promete inverter a
tendência de alta da inflação germânica e trazê-la de volta aos 2%. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Os cheques pandémicos de ajuda do governo dos EUA deram
força a que uma inflação, inicialmente apenas do lado da oferta devido aos <i>bottlenecks</i>,
passasse a ser também do lado da procura. Na Zona Euro a inflação sempre foi
quase exclusivamente do lado da oferta e impulsionada pela guerra na Ucrânia.
Entretanto, o BCE faz o seu trabalho de alta dos juros, mas arrisca-se visível
e gradualmente a condenar a economia da Zona Euro a uma recessão nos próximos
trimestres e a um crescimento anémico nos próximos anos. E os decisores
políticos da Zona não parecem muito preocupados com uma recessão, aparentando
também alguma tranquilidade quanto à inflação, não tendo sido visível e evidente o esforço e o empenho dos governos e restantes autoridades no combate aos carteis e açambarcamentos. Decididamente, não se enfrenta uma inflação, sobretudo do lado da oferta, apenas com a alta dos juros, tendo também as restantes autoridades um papel muito importante para travar a alta dos preços. Ou seja, a elevada inflação
parece ter agradado a todos os governos europeus. A maior propensão à poupança
das populações do norte da Europa tem beneficiado com taxas de juro mais
elevadas e os rácios da dívida pública dos endividados governos dos países do
sul da Europa têm sido favorecidos com a elevada inflação.</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-17647001005583604822023-04-21T13:33:00.002+01:002023-04-21T13:33:19.461+01:00Devem robots e inteligência artificial ser tributados?<p> </p><p class="MsoNormal"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Diante de <i>robots</i> cada vez mais sofisticados,
sobretudo alicerçados na inteligência artificial (IA), capazes de substituírem
o ser humano em tarefas e trabalhos cada vez mais complexos, cresce a ideia de
tributação das ferramentas tecnológicas que ocupam gradualmente o lugar do homem
em todo a cadeia produtiva, justificada pelo receio de o Estado vir a perder
parte das receitas. No entanto, é uma preocupação pouco fundamentada, tendo em
conta que os governos têm o poder de criarem novos impostos, sendo certo que no
futuro os Estados empenhar-se-ão em manter o equilíbrio entre uma gradual
adoção da IA, importante para um crescimento económico mais robusto e um aumento
do bem-estar, e a preservação do trabalho humano. Os governos procurarão
contrabalançar uma receita ótima para o seu funcionamento e a manutenção do
incentivo à inovação. Sendo normal a tributação do trabalho dos<i> robots</i> e
das empresas mais mecanizadas, bem como tributar a utilização da inteligência
artificial em trabalhos capazes de complementarem o trabalho mais intelectual,
mas sem por em causa a adoção dos mais recentes avanços tecnológicos capazes de
aumentarem o bem-estar das populações. É provável que a semana laboral encurte,
as horas de trabalho semanal diminuam e os trabalhadores possam optar cada vez
mais entre mais horas de lazer e menos de trabalho, não sendo os avanços
tecnológicos uma ameaça à sustentabilidade da Segurança Social, bem pelo
contrário, são uma fonte de financiamento. O ser humano vive em sociedade e
ninguém fica rico ou ganha dinheiro isolado numa ilha, necessitando as empresas
de compradores com rendimento disponível para adquirirem os seus produtos.
Eventualmente, poderá existir alguma fricção pontual e temporária no emprego
humano que vai sendo substituído por máquinas cada vez mais aperfeiçoadas, como
sempre existiu em cada avanço tecnológico ao longo da História da
humanidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">As economias crescem à medida que mais recursos
produtivos (trabalho e capital) são adicionados. Ou seja, se uma empresa
aumentar o número de máquinas e grau de automação, o fator capital aumentará e
o fator trabalho, agora mais escasso, será mais valorizado e os salários reais
sobem. Em suma, mais tecnologia é sinónimo de mais emprego e melhor remunerado,
mais receita para os governos, bem como melhores pensões de reforma depois de
uma vida de trabalho. Diante de alguma entropia pontual, os governos usarão o
seu poder de criação de impostos para reequilibrarem e otimizarem a
redistribuição dos rendimentos. É de esperar no futuro um constante
reequilíbrio entre o incentivo à automação e robotização e a preservação dos
rendimentos daqueles que vivem do fruto do seu trabalho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Quando falamos de IA, referimo-nos também à
possibilidade de esta otimizar a eficiência fiscal das empresas e das famílias,
diminuindo desta forma a receita fiscal dos Estados. Do outro lado, os Estados,
tentando eliminar lacunas fiscais que tenderão a custar parte da sua receita
nas próximas décadas, terão cada vez mais especialistas em tecnologia e direito
a trabalharem em conjunto para criarem IA capaz de blindar a legislação e
manter a receita fiscal dos governos adequada aos seus gastos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">A automação pode ser um substituto para o trabalhador
humano, mas é também um complemento - usado em conjunto - com o trabalho. Um
substituto nos setores de mão de obra intensiva e um complemento nas empresas
tecnológicas de forte crescimento e de capital intensivo. Substitutos na
tarefas mais básicas (as calculadoras poupam mão de obra nos cálculos de uma
mercearia), nas tarefas mais árduas (as máquinas substituem o homem na
construção de barragens), mas são cada vez mais um complemento na realização de
projetos de arquitetura e engenharia, na segurança, no ensino e no conhecimento,
na medicina e na saúde, e na era espacial. No futuro, veículos autónomos mais
eficientes e mais baratos substituirão motoristas de camiões e de transportes
de passageiros. IA aplicada às intervenções cirúrgicas substituirá
médicos-cirurgiões em muitas situações. Ou seja, num cenário de liberdade
económica, a tecnologia tomará o lugar do ser humano sempre que seja uma opção
mais barata e mais eficiente. Ficaremos todos desempregados? Sim, ficaremos
desempregados tal como os remadores das galés gregas e romanas, portageiros,
datilógrafas e telefonistas, mas aptos para novos empregos de maior valor
acrescentado e mais bem remunerados. Há uma correlação positiva entre salários
e tecnologia. Salários mais elevados são o corolário dos avanços tecnológicos,
mas mão de obra barata trava os progressos tecnológicos. Se o nível tecnológico
numa determinada economia aumenta, os salários acompanham essa subida, o
rendimento disponível cresce e a receita fiscal também.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: large;">Haverá
algum limite para a inteligência artificial? Bem… no filme o “Exterminador
implacável” de 1984, o sistema informático do departamento de defesa
norte-americano, em 2029, gerido por uma inteligência artificial, a Skynet, de
tal forma tão evoluída, e consciente da sua própria existência, perceciona o
ser o humano como uma ameaça, procurando, assim, exterminá-lo… <br /><br />PMR in VE 20 de abril 2023<br /><br /><br /><br /><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcWfuX7SAvfzWIdeut_ijBkbGmI5sEO_rjapYXOm33HYPeSPhrRc4-kmwcanvb3Mb6lwV9TcGaBQGhsRYGUkuUJ1lYRAUnHoYhrLVo5hBwtbcyLvMUUUCqP6Vcj3Bho18_I-5Puw88G7Prafga_Hm0pkY4UgN1OEMzNafT5gRn_7bzQszVQbjElegS/s1556/tributar%20robots%20e%20IA.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1556" data-original-width="695" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcWfuX7SAvfzWIdeut_ijBkbGmI5sEO_rjapYXOm33HYPeSPhrRc4-kmwcanvb3Mb6lwV9TcGaBQGhsRYGUkuUJ1lYRAUnHoYhrLVo5hBwtbcyLvMUUUCqP6Vcj3Bho18_I-5Puw88G7Prafga_Hm0pkY4UgN1OEMzNafT5gRn_7bzQszVQbjElegS/s16000/tributar%20robots%20e%20IA.png" /></a></div><br /><span style="color: #4472c4;"><o:p></o:p></span><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-63970821749829619452023-04-21T13:25:00.002+01:002023-04-21T13:25:34.875+01:00O que nos reservam os próximos meses?<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">A economia norte-americana
iniciou o primeiro trimestre do ano robusta. Em janeiro a taxa de desemprego
desceu para os 3,4%, o número mais baixo desde maio de 1969, tendo a economia
dos EUA criado mais de 500 mil postos de trabalho. A taxa de inflação manteve a
sua tendência de desaceleração, mas o ritmo de descida tem abrandado, sobretudo
a inflação subjacente homóloga (excluindo energia e alimentação), tendo descido
para os 5,5% em fevereiro, de 6,6% em setembro do ano passado, máximo das
últimas quatro décadas. A inflação “<i>headline”</i>
homóloga caiu do máximo de 9,1% em junho de 2022 para 6% em fevereiro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Entretanto, a expectativa para o crescimento do PIB
norte-americano, nomeadamente o GDP Now publicado no “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">site”</i> da Reserva Federal de Atlanta, tem descido consideravelmente
nas últimas semanas, caindo de 3,5% em meados de março para 1,7% no dia 3 de
abril. A rubrica consumo privado tem sido a mais penalizada, corroborando uma
deterioração crescente da propensão ao consumo dos norte-americanos, depois do
colapso do Silicon Valley Bank. Ou seja, à medida que os receios de uma crise
bancária diminuem, aumentam agora as probabilidades de uma recessão, evidenciadas por um eventual e gradual
aperto do crédito nos próximos meses, aliado a uma provável retração do
consumidor, habitual após uma crise bancária. E se nos terceiro e quarto trimestres de 2022, a
procura externa e o investimento, respetivamente, alicerçaram o PIB, agora, no primeiro
trimestre de 2023, tem sido o consumo a principal variável a impulsionar o PIB,
mas, provavelmente, tenderá a diminuir o seu contributo nos próximos meses. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">O declive negativo da curva de rendimentos do tesouro
norte-americano e as expectativas de três cortes de 25 pontos base das taxas de
juro da Reserva Federal dos EUA (Fed Funds Rate) no segundo semestre, de acordo
com a Ferramenta CME FedWatch da bolsa de derivados de Chicago, indiciam também
uma recessão económica. Entretanto, no passado dia 22 de março, o banco central
dos EUA, no seu “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Outlook”</i> trimestral,
reviu em baixa a sua projeção de crescimento do PIB em 2023 para 0,4%,
esperando uma taxa de desemprego de 4,5% e uma taxa de inflação de 3,3% medida
pelo PCE “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">core”</i>, revista em alta de
3,1% em dezembro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Os Jobless Claims corroboram um robusto mercado de
trabalho, devendo permanecer abaixo dos 250 mil enquanto a atividade
empresarial não se deteriorar e os empresários não sentirem necessidade de
intensificar os despedimentos. Todavia, ao antecipar uma alta da taxa de
desemprego dos atuais 3,6% para os 4,5% previstos para 2023, a Reserva Federal
dos EUA (Fed) espera implicitamente uma deterioração dos pedidos de subsídio de
desemprego.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">No último trimestre de 2022, a economia da Zona Euro
cresceu 0,3%, afastando os receios de uma contração económica no início do
inverno. Mas à medida que o final do inverno se aproxima e os receios de uma
crise energética se dissipam, crescem agora as preocupações quanto à evolução
do sentimento do consumidor, tendo a confiança descido no mês de março para
-19,2, enquanto a atividade empresarial apresenta comportamentos díspares (em
março, o sentimento da atividade na indústria, medida pelo PMI, continua a
deteriorar-se, caindo para 47,3, em território de contração, mas a confiança
dos serviços na Zona Euro aumentou para 55,6). <br />
A economia alemã não evitou a forte desaceleração, contraindo 0,4% no último
trimestre do ano passado e o PMI industrial em março caiu para o valor mais
baixo desde junho de 2020. Porém, o sentimento económico germânico, medido de
instituto alemão Ifo, melhora consecutivamente desde outubro do ano passado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Quanto à inflação, os efeitos base refletem uma
melhoria, tendo a variação homóloga do índice de preços no consumidor de
Espanha, em março, descido para 3,1% de 6% no mês anterior, mas a inflação
subjacente mantém-se ainda elevada e persistente. Na Alemanha, o índice de
preços no consumidor permanece alto, nos 7,4% em março, sendo uma preocupação
acrescida para o Banco central Europeu (BCE), podendo determinar mais uma alta
de 25 pontos base na próxima reunião de 4 de maio. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Entretanto, os membros da OPEP+ acordaram no dia de 2
abril um corte na produção de 1,66 milhões de barris diários, prometendo esta
decisão dificultar o trabalho da Fed e do BCE na tentativa de ancorarem
novamente as expectativas para a inflação junto do objetivo de estabilidade de
preços de 2%.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">A economia chinesa, apesar da reabertura no início de
janeiro, continua vulnerável, confirmando a projeção pouco ambiciosa do governo
chinês de um crescimento económico à volta de 5% em 2023. O PMI Industrial
Caixin caiu em março para 50 pontos. Mas a inflação baixa permite ao Banco
Popular da China (PBoC) estimular a economia, adotando políticas monetárias
expansionistas. <br /><br />PMR in VE 4 abril 2023<br /><br /><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtXjjh6QTux-a8o_g04Er-Tc37nWC4mgZpO8PczFgr9mSxjcZb0hw1DtH4kvbATNy1zjka724DJyaiLOfLice1BYyjz-pEdkFMj1iQd0fVuQcSyH5EX1BvYk1pCCRF7GK3pZjGDV1OcgIlzHzgLPMjMBt2XvhqxJAveyKdBEYxLmz34DSWaZrUSuMq/s1496/o%20que%20nos%20reservam%20os%20proximos%20meses.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1496" data-original-width="669" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtXjjh6QTux-a8o_g04Er-Tc37nWC4mgZpO8PczFgr9mSxjcZb0hw1DtH4kvbATNy1zjka724DJyaiLOfLice1BYyjz-pEdkFMj1iQd0fVuQcSyH5EX1BvYk1pCCRF7GK3pZjGDV1OcgIlzHzgLPMjMBt2XvhqxJAveyKdBEYxLmz34DSWaZrUSuMq/s16000/o%20que%20nos%20reservam%20os%20proximos%20meses.png" /></a></div><br /><span style="color: #4472c4;"><o:p></o:p></span><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-52629922460777707432023-03-31T11:33:00.006+01:002023-03-31T11:37:36.658+01:00“Reverse Repo” aumentam, depósitos caem<p> </p><p class="MsoNormal"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;"><span style="font-size: large;">Os populares fundos do mercado monetário nos EUA são
uma alternativa de aforro interessante para os investidores que pretendam
diversificar as suas disponibilidades de<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>tesouraria, mantendo uma elevada liquidez no curto prazo.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;">São vários os instrumentos elegíveis para investimento ao
dispor dos fundos do mercado monetário, desde os certificados de depósito ao
papel comercial, tendo as regras apertado desde a crise financeira de 2008,
privilegiando-se a liquidez e a qualidade dos títulos investidos. Desde o final
de 2013, a Reserva Federal dos EUA introduziu o mecanismo de recompra reversa
(“<i>reverse repo</i>”), testando uma nova postura e novas formas de controlar
as taxas de juro de curto prazo, alargando, deste modo, a base de investidores
no mercado monetário, agora mais uma alternativa de investimento disponível para
os fundos</span> <span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;">do mercado
monetário. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;"><span style="font-size: large;">Em vez de emprestarem aos bancos, os fundos do mercado
monetário tiveram a partir de 2013 mais uma alternativa de investimento e uma
oportunidade de fomentarem as suas relações com o banco central dos EUA. O balanço
da Fed havia quadruplicado desde 2008 a 2013, em grande parte impulsionado pelo
“<i>Quantitative Easing</i>”, detendo o banco central dos EUA cerca de 3,5
biliões de dólares em títulos da dívida pública e títulos garantidos por
hipotecas em setembro de 2013, e os fundos do mercado monetário eram mais uma
alternativa futura, aquando da regularização do balanço, para a compra desses
títulos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;">Entretanto, no atual<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>mês de março, marcado pela crise bancária, alguns investidores têm
resgatado os seus depósitos dos bancos aparentemente mais vulneráveis, mas nem
todo o dinheiro levantado é canalizado para os bancos mais robustos. Alguns
agentes económicos, desde empresas e famílias, aproveitam os acordos de
recompra reversa dos fundos do mercado monetário para guardarem o seu dinheiro
no banco central dos EUA, um excelso porto seguro que paga atualmente um juro à
volta de 4,80%, muito acima da remuneração dos depósitos bancários. Apesar de
os fundos do mercado monetário não terem uma conta na Fed, uma “<i>prerrogativa”</i>
reservada aos bancos e ao governo, eles emprestam dinheiro ao banco central dos
EUA, através do “<i>reverse repo</i>” (RRP), utilizando uma conta bancária, ou
seja, os depósitos dos bancos diminuem e os RRP no passivo do balanço da Fed
aumentam.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;"><span style="font-size: large;">A fidúcia é o principal bem a ser preservado por um
banco, pelo sistema bancário. Por vezes o mínimo dano na reputação de um banco,
ou do sistema bancário, mina a sua confiança. Uma crise bancária
autoalimenta-se e um rumor de um problema de liquidez num banco pode em poucos
dias redundar numa insolvência, ainda mais na atual era digital com a
facilidade de transferência rápida de dinheiro. Um rácio de transformação de
50% (depósitos num banco são o dobro dos créditos concedidos) pode em poucos
dias ser de 200% ou 300%, caso haja um significativo levantamento de depósitos
e estes passem a ser metade ou um terço do montante de crédito concedido. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;"><span style="font-size: large;">No intuito de mitigar a atual crise bancária, a Fed
aumentou as reservas bancárias nas últimas semanas em cerca de 400 mil milhões
de dólares, mas, entretanto, mais de metade desse dinheiro já regressou
novamente ao banco central dos EUA através dos RRP (esterilizando parte desses
montantes, se receios de inflação existissem). Além disso, um banco central
pode criar e colocar junto dos bancos montantes avultados de dinheiro, mas se
essas instituições de crédito não emprestaram essas novas reservas bancárias ao
público (famílias e empresas), nenhum desse dinheiro chegará à economia, não
impulsionando por esta via a inflação. Em suma, a Fed imprime dinheiro e
empresta-o aos bancos, os clientes levantam e colocam-no junto do banco central
dos EUA a render 4,80% (esta postura aumenta os encargos da Fed, diminuindo os
lucros, reduzindo esta fonte de receita do governo dos EUA). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;"><span style="font-size: large;">Entre março de 2020 e março do ano passado, os
depósitos bancários nos EUA aumentaram de 13,5 biliões para 18,1 biliões de
dólares, mas desde então já caíram mais de meio bilião de dólares, penalizados
pela política restritiva da Fed. A atual conjuntura bancária tem acelerado essa
diminuição. Entretanto a rubrica RRP no passivo do balanço da Fed aumentou de
200 mil<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>milhões de dólares em março de
2021 para o valor histórico de quase 2,7 biliões na semana passada. A 1 de
abril de 2020, no cálculo do rácio de alavancagem suplementar de um banco
(Capital Tier 1/Exposição total à alavancagem), a Fed permitiu a exclusão no
denominador desse rácio, por um ano, dos títulos do Tesouro dos EUA e das
reservas bancárias, possibilitando que os bancos, sem diminuir o rácio abaixo
de 3%, fornecessem toda a liquidez necessária ao mercado de obrigações dos EUA,
penalizado pela fragilidades financeiras ditadas pela pandemia. A partir de 1
de abril de 2021, os bancos viram-se inundados em reservas bancárias
indesejadas, devolvendo-as gradualmente à Fed, aumentando os depósitos no banco
central na forma de RRP. <span style="mso-spacerun: yes;"> <br /><br />PMR In VE 29 de março 2023<br /><br /><br /></span></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq0LhK_mrbYWQnl6cHhgS4n_0ZpfEJqUT_DtZMqoQ-2R5fo8d8C71_1TlJjEPdkRDUghfc4nBceezw3nS7C5m-wJAQcTpYVJibPYyKqvQOrAlQJbmewycClbqRwHFQc4NKRYJTmtcR4zznkjLp01BG2qJrn9rr1VJAL2EIlQnur2Y_laQ40Y41OKsU/s1556/reverse%20repo.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1556" data-original-width="685" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq0LhK_mrbYWQnl6cHhgS4n_0ZpfEJqUT_DtZMqoQ-2R5fo8d8C71_1TlJjEPdkRDUghfc4nBceezw3nS7C5m-wJAQcTpYVJibPYyKqvQOrAlQJbmewycClbqRwHFQc4NKRYJTmtcR4zznkjLp01BG2qJrn9rr1VJAL2EIlQnur2Y_laQ40Y41OKsU/s16000/reverse%20repo.png" /></a></span></span></div><span style="color: #4472c4; mso-themecolor: accent1;"><span style="font-size: large;"><br /></span><o:p></o:p></span><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-3948068035355326092023-03-31T11:29:00.001+01:002023-03-31T11:29:07.410+01:00Após crise bancária, recessão estará mais próxima?<p> </p><br />
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">À medida que a crise bancária
diminui, cresce agora o receio de uma eventual recessão mais cedo do que
indiciado pelo declive negativo da curva de rendimentos norte-americana. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Na tentativa de tranquilizar e
estabilizar os mercados monetários e o sistema bancário, a Reserva Federal dos
EUA (Fed) imprimiu na semana passada 440 mil milhões de dólares, montante
refletido no aumento da rubrica “reservas bancárias “ no passivo do banco
central dos EUA. Entretanto, o item das “<i>reverse repos”</i> do passivo do
balanço da Fed diminuiu cerca de 140 mil milhões de dólares, tendo, assim, o
ativo do banco central dos EUA aumentado 300 mil milhões de dólares. Contudo,
foram empréstimos concedidos aos bancos e não compra de títulos da dívida
pública ou títulos garantidos por hipotecas, não se tratando, deste modo, do
início de um novo “<i>quantitative easing</i>”. A Fed continua o seu processo
de “<i>quantitative tightening</i>”. Esta significativa liquidez manteve calmo o
importante mercado de empréstimos diários, o denominado mercado de "repos",
principal “<i>lubrificante da engrenagem monetária</i>”, tendo a sua taxa de
juro subjacente, a “<i>overnight</i>” dada pela SOFR, subido apenas
ligeiramente de 4,55% para 4,58% e no 99º percentil de 4,62% para 4,72%, sempre
dentro do intervalo das Fed Funds Rate de 4,50% a 4,75%. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Na Europa, também o Banco
Nacional da Suíça alcançou no fim de semana passado uma importante fusão entre
o UBS e o fragilizado Credit Suisse, afastando parte dos receios de uma crise
bancária global. O franco suíço tem-se mantido estável nas últimas semanas,
confirmando tranquilidade, apesar do desagrado de alguns investidores no que
concerne à <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>inversão das prioridades na
liquidação do Credit Suisse, tendo os acionistas sido beneficiados em
detrimento da dívida subordinada, nomeadamente de capital Tier 1. No entanto,
ainda persiste alguma ansiedade, corroborada pela alta dos “<i>credit default
swaps</i>” do UBS, agora sob um maior escrutínio dos investidores, fruto da
incorporação de alguns negócios problemáticos do Credit Suisse.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><br />
<br />
Entretanto, parece que o cenário de recessão reaproximou-se novamente. Em
janeiro as perspetivas de uma recessão tinham sido empurradas para final de
2023, meados de 2024. Contudo, na última semana o cenário central inverteu-se e
as expectativas de uma recessão nos EUA são agora já para depois do verão, no
3° trimestre, conforme refletido pela antecipação de descida de taxas de juro
pela Fed já em julho.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">O PIB dos EUA cresceu no 3º trimestre
de 2022 impulsionado pelas contas externas, no 4º trimestre de 2022 pelo
investimento, nomeadamente variação positiva dos stocks, agora está previsto um
crescimento à volta de 3,2% do PIB no 1º trimestre de 2023, de acordo com o GDP
Now da Fed de Atlanta, impulsionado pelo consumo. Todavia, os acontecimentos das
últimas semanas podem penalizar substancialmente o consumo, sendo provável uma
retração dos consumidores nos próximos meses, diminuindo o seu contributo para
o crescimento já no 2º trimestre de 2023. Eventualmente, a inflação pode
desacelerar mais rapidamente, indiciando recessão. Ou seja, um possível
abrandamento mais visível da inflação nos próximos tempos vai deixar de ser
visto como positivo (queda dos juros), mas como negativo, espelhando recessão.
Sendo, talvez, os pedidos de subsídios de desempregos nos EUA, os denominados Jobless
Claims, com alguma certeza, “o canário na mina de carvão.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Existem várias razões que
justificam os receios de uma recessão mais cedo do que o previsto anteriormente:
1) Os bancos regionais norte-americanos vão financiar menos a economia, quer
pelas dificuldades apresentadas, quer pelo maior escrutínio das autoridades
monetárias no futuro, empurrando a economia dos EUA para uma eventual recessão
mais cedo do que o antecipado pelas curvas dos juros. 2) A crise bancária gera
sempre uma crescente incerteza e redução do consumo. 3) As perspetivas para os
juros dos bancos centrais têm diminuído substancialmente. 4) O diferencial
entre os rendimentos a 10 anos e a 2 anos nos EUA diminuiu, sinalizando o
início de uma recessão na maior parte das vezes quando o <i>spread</i> inverte
novamente para terreno positivo. 5) Cotações do bitcoin e do ouro têm subido
consideravelmente, apostando numa descida dos juros, antecipando e sinalizando
mais uma vez uma possível recessão. Nota: escrito a 22 de março, antes da
decisão da Fed<br /><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizc_Le3FkrlaT6EC3f6lU_LQAefu71kFecPW9v9tI7uBBk4H46QKchrNZGTkhnoxY_NfuXuoTdX_iM_qPQCBtYW9iLRbMt5ScWT-oD6_1-bAOxMs-iGmXt8PKdSyO5PUtVgcbcxLaw0q19Tda2dwSvXsAlZRJT2krzav42LcQi_DWi8fWwgQmy8Sl9/s1547/ap%C3%B3s%20crise%20banc%C3%A1ria.recess%C3%A3o%20mais%20pr%C3%B3xima.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1547" data-original-width="679" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizc_Le3FkrlaT6EC3f6lU_LQAefu71kFecPW9v9tI7uBBk4H46QKchrNZGTkhnoxY_NfuXuoTdX_iM_qPQCBtYW9iLRbMt5ScWT-oD6_1-bAOxMs-iGmXt8PKdSyO5PUtVgcbcxLaw0q19Tda2dwSvXsAlZRJT2krzav42LcQi_DWi8fWwgQmy8Sl9/s16000/ap%C3%B3s%20crise%20banc%C3%A1ria.recess%C3%A3o%20mais%20pr%C3%B3xima.png" /></a></div><br /><o:p></o:p><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-2477284031639130672023-03-31T10:19:00.003+01:002023-03-31T11:11:46.850+01:00Recessões: curva de rendimentos indicia, curva do petróleo corrobora<p> </p><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;">
<br /><span style="font-size: large;">
A curva de rendimentos é importante para antecipar a evolução da economia.
Habitualmente, no muito longo prazo as taxas de juro são menos voláteis,
apresentando uma relativa constância, nomeadamente nos prazos superiores a 10
anos, sobretudo o rendimento do tesouro a 30 anos. Todavia, no início da curva,
nos prazos mais curtos, a volatilidade é muito mais elevada, dependendo muito
do ciclo económico, do risco existente, da incerteza, do nível de inflação e da
evolução das taxas de juro. E se o rendimento a 2 anos do tesouro dos EUA mede
as expetativas para a evolução das Fed Funds Rate, o rendimento a 3 meses marca
o seu atual nível.</span></span><div><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div><div><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Atualmente, o declive negativo da curva de rendimentos do
tesouro norte-americano indicia recessão económica. O diferencial entre o
rendimento a 10 anos e 2 anos é negativo de 0,80%, ou seja, a taxa de juro de
longo prazo a 2 anos é superior à de 10 anos, indicando maior incerteza
económica e risco mais elevado nos próximos trimestres. Se a curva de
rendimentos indicia uma recessão, a curva do petróleo com declive negativo
continua atualmente a corroborar crescimento
económico, mas, no entanto, a sua inclinação negativa tem vindo gradualmente a
diminuir nos últimos 12 meses. Uma curva do petróleo com declive negativo
apresenta cotações do crude para entrega imediata superiores às dos prazos mais
longos, ou seja, uma curva conhecida pela nomenclatura “<i>backwardation</i>”,
muitas vezes devido à escassez de matéria-prima energética face à procura
elevada. Nos últimos meses o declive negativo da curva do petróleo tem
diminuído, indiciando uma menor procura e receios de recessão, mas a OPEP+
tem-se esforçado para manter as cotações elevadas, diminuindo também a oferta.
Entretanto, se a procura continuar a cair, os preços para entrega imediata
poderão descer abaixo das cotações dos prazos mais longos, culminando num
declive positivo da curva de petróleo, ou seja, excesso de oferta de petróleo
para a procura existente e gradualmente menor, conhecido como fenómeno “<i>contango</i>”,
corroborando uma recessão económica indiciada, atualmente, pela curva de
rendimentos. </span></span></div><div><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div><div><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Uma curva do petróleo em “<i>contango</i>” nem sempre coincide com
uma recessão, mas um “<i>contango</i>” precedido de uma curva de rendimentos
com declive negativo é quase sempre sinónimo de recessão, de que esta chegou e
já se instalou. </span></span></div><div><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div><div><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Há outra relação importante entre curvas de rendimento e curvas
do petróleo. Ao contrário dos investidores, o custo de armazenamento de
petróleo para os produtores é muito baixo (apenas os custos fixos da produção).
Os produtores “<i>podem armazenar o petróleo debaixo do solo</i>”<i> </i>se for
mais rentável do que vendê-lo e aplicar o dinheiro noutros ativos financeiros.
Uma curva de rendimentos invertida significa que o mercado prefere ativos de
curto prazo, que pagam muito mais, em vez de ativos de longo prazo. Se
considerarmos o petróleo e os outros minerais como ativos de curto prazo,
perante uma curva de rendimentos com declive negativo é preferível manter os
minerais no solo. Além disso, uma curva invertida indicia recessão, menor
procura, mais uma razão para os produtores diminuírem a sua produção e a sua
oferta. O comportamento pode impulsionar a cotação do petróleo e outros
minerais, caso a procura não se deteriore consideravelmente. Este é um dos
principais fatores por detrás da elevada volatilidade da cotação do petróleo e
das matérias-primas. <br /><br />PMR In VE 24 de fevereiro 2023<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrGgeja8Z7mGrPV9NUF9Pbin-uHY1ckO-IULINigvM5aKM5xgMFEsdaEMdJA--FTigKcQGibtWeQh_9FMoQaJ_NzbV379dxL_2DJh1xGf63T3U3E86Gboqw43li_y8EqeibZ8abtJ9-HQf1218yFiWJKEANIY9PgKcAs7jL9GM3jUVoayOrk3MMwV4/s717/wti.curvas%20rendimento%20e%20petroleo.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="402" data-original-width="717" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrGgeja8Z7mGrPV9NUF9Pbin-uHY1ckO-IULINigvM5aKM5xgMFEsdaEMdJA--FTigKcQGibtWeQh_9FMoQaJ_NzbV379dxL_2DJh1xGf63T3U3E86Gboqw43li_y8EqeibZ8abtJ9-HQf1218yFiWJKEANIY9PgKcAs7jL9GM3jUVoayOrk3MMwV4/s16000/wti.curvas%20rendimento%20e%20petroleo.png" /></a></div><br /></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEAs6F2R1gSrzl2wpmeb508cYuoJUigCPX6vky_YvGE2I8fqb-S5JebTTbbW3BCqLWlvITL1K9LbEHhuu2dvSI2eX7K9E8zROA3ssZLg8oPa3qbrh6_6-20sAq1giAECG63LOD1kR3YJcfwO4fDVoBuIwbl5cl_zOwmmQhI-QhJfuOGPABvtVFDrar/s846/curvas%20petr%C3%B3leo%20e%20rendimentos.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="343" data-original-width="846" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEAs6F2R1gSrzl2wpmeb508cYuoJUigCPX6vky_YvGE2I8fqb-S5JebTTbbW3BCqLWlvITL1K9LbEHhuu2dvSI2eX7K9E8zROA3ssZLg8oPa3qbrh6_6-20sAq1giAECG63LOD1kR3YJcfwO4fDVoBuIwbl5cl_zOwmmQhI-QhJfuOGPABvtVFDrar/s16000/curvas%20petr%C3%B3leo%20e%20rendimentos.png" /></a></div><br /></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP0iJOi7LvGMSGVnLBM8BcnXz_BIbw0Zx4y8r6c1azKehn1O2xwgRLJhlKDvepjgT9Ag4HyQZSNUe9otIVYWl-mMRo5eKFdiwpYjTsR2GhuOs_jzGNceRfP5Nx5D0E3uVRMB4nVUcAwDq9EJmhCH8v9krSkA41gqwpNcYHK-fOgvVoVq-hgXs9kRHt/s1524/recess%C3%A3o.rendimentos.petr%C3%B3leo.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1524" data-original-width="676" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP0iJOi7LvGMSGVnLBM8BcnXz_BIbw0Zx4y8r6c1azKehn1O2xwgRLJhlKDvepjgT9Ag4HyQZSNUe9otIVYWl-mMRo5eKFdiwpYjTsR2GhuOs_jzGNceRfP5Nx5D0E3uVRMB4nVUcAwDq9EJmhCH8v9krSkA41gqwpNcYHK-fOgvVoVq-hgXs9kRHt/s16000/recess%C3%A3o.rendimentos.petr%C3%B3leo.png" /></a></div><br /></div>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-55334255268147121922023-03-31T09:37:00.003+01:002023-03-31T09:37:42.515+01:00Contas nacionais: PIB e inflação em Portugal <p> </p><p class="MsoNormal"><b><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">O crescimento do PIB português em
2022 foi em grande medida alicerçado pelo consumo privado, permanecendo o
consumidor nacional resiliente nos primeiros nove meses à medida que os preços
foram subindo e as famílias suportando a inflação mais elevada. A melhoria das
exportações, em parte impulsionadas pelo crescentes números do turismo em
Portugal, também suportaram o crescimento da economia nacional em 2022. No
entanto, no último trimestre do ano passado o consumo privado retraiu-se, tendo
o investimento melhorado ligeiramente, depois de cair durante os primeiros três
trimestres do ano, contribuindo para o crescimento do PIB no quarto trimestre. Entretanto,
as exportações continuaram a mostrar resiliência no quarto trimestre,
registando um aumento em todos os trimestres do ano passado, sobretudo baseadas
no setor do turismo, mas as importações também cresceram, em grande medida
devido à deterioração dos termos de troca, impulsionadas pelas preços mais
elevados dos preços dos combustíveis. No entanto, houve uma ligeira melhoria no
último trimestre, ou seja, uma queda das importações nos últimos três meses do
ano relativamente ao terceiro trimestre, refletindo as sucessivas quedas dos
preços do petróleo e do gás natural nos últimos meses de 2022. Em suma, no
último trimestre do ano passado o crescimento do PIB foi em grande medida
suportado pelo investimento e pelo turismo, mas a alta dos juros penaliza
gradualmente o rendimento disponível, e, consequentemente, o consumo privado,
sendo a principal a ameaça ao crescimento económico em 2023.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">A rápida subida das taxas de juro
tem deteriorado cada vez mais o rendimento disponível das famílias, penalizando
o consumo privado. Os bancos centrais tentam com a alta dos juros travar a
inflação, não só diminuindo a procura, mas também incentivando a poupança. No
quarto trimestre do ano passado, os certificados de aforro já apresentaram
rentabilidades à volta dos 3% e alguns bancos já ofereceram taxas de juros
capazes de cativar novos depósitos, estimulando a poupança, abrandando deste
modo o consumo, sobretudo de bens duradouros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">A contínua recuperação das contas
externas não foram apenas resultado do aumento das exportações, mas também fruto
da descida das importações. E se as importações diminuíram devido à
deterioração do rendimento disponível e ao incentivo à poupança, as exportações
de serviços melhoram, em grande medida, devido ao incremento do turismo. Portugal
é geograficamente um país periférico na Europa, bem afastado do atual cenário
de guerra na Ucrânia. O crescimento do turismo português no ano passado, um dos
setores mais importantes da economia nacional, poderá ter sido beneficiado pelo
nosso afastamento geográfico da guerra na Ucrânia, sendo Portugal uma cabal
alternativa ao turismo no leste europeu. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Entretanto, apesar da descida dos
preços da energia, contribuindo para uma desaceleração da inflação em Portugal,
o aumento do índice de preços no consumidor tem-se generalizado e a ameaça
tornar-se cada vez mais persistente. À medida que há um restabelecimento nas
cadeias de abastecimento, uma melhoria do lado da oferta, e os preços da
energia caem, a inflação elevada estará cada vez mais dependente da procura.
Haverá uma eventual espiral salários/inflação a alimentar o atual nível elevado
de preços? Se não são atualmente os salários que estão a impulsionar os preços,
serão, com certeza, os juros, rendas e lucros (calculando o PIB na ótica do
rendimento). Em boa verdade, o PIB nominal português cresceu 11,5% no ano
passado, cerca de 25 mil milhões de euros, existindo deste modo mais dinheiro
na economia. Na realidade, “<i>inflação alimenta inflação</i>” e há talvez quem
deseje que a alta dos preços se mantenha por mais alguns trimestres para “<i>endireitar
as suas contas enfraquecidas na última década…</i>”<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">A inflação na Europa, incluindo
Portugal, inicialmente impulsionada pelo lado da oferta, sobretudo devido à
alta dos preços da energia, acelerou com a invasão russa da Ucrânia. À medida
que os preços a montante da cadeia de valor (matérias-primas industriais e
energéticas, e produtos agrícolas), aumentavam depois da pandemia, a inflação
foi-se generalizando a toda a economia. Hoje está gradualmente mais focada nos
serviços e no final da cadeia produtiva, a jusante, corroborando uma inflação
subjacente cada vez mais elevada. Entretanto, a inflação em Espanha e em França
em fevereiro sinalizam uma crescente preocupação de uma inflação mais
persistente na Europa, incluindo Portugal, indiciando também uma contínua alta
dos juro pelo BCE, ameaçando o crescimento económico nos próximos semestres. Se
a Europa conseguiu evitar uma recessão económica no inverno, menos rigoroso e que
afastou os receios da escassez de gás natural, esta atual inflação elevada e
persistente renova os receios de uma eventual recessão nos próximos tempos,
resultante de uma alta das taxas de juro pelo BCE mais enérgica e mais
duradoura do que anteriormente antecipada. <br /><br />PMR In VE 1 de março </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsX51-2csjtTwijZerNm9y0e4QL_SzS5CiD_Jbv_cZZHPC-okkCnXOG2kIz9Mz4hYyvTRRreNibwdO3oMtmtrLlV-ib6NVROm9ZLy-3hOIRrf7oDFBmcvE4noWQ_ROrTZiz91jcYnV84QyyLteWN308jgc6Hm9zjk1s-ZjJ2M2UOEvuxjqaaxLiPdC/s1742/contas%20p%C3%BAblicas%20portuguesas.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1742" data-original-width="762" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsX51-2csjtTwijZerNm9y0e4QL_SzS5CiD_Jbv_cZZHPC-okkCnXOG2kIz9Mz4hYyvTRRreNibwdO3oMtmtrLlV-ib6NVROm9ZLy-3hOIRrf7oDFBmcvE4noWQ_ROrTZiz91jcYnV84QyyLteWN308jgc6Hm9zjk1s-ZjJ2M2UOEvuxjqaaxLiPdC/s16000/contas%20p%C3%BAblicas%20portuguesas.png" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /></span><o:p></o:p><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-5864934782665244722023-03-31T09:24:00.002+01:002023-03-31T09:24:12.599+01:00Reabertura chinesa pode agravar inflação global?<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Perante uma inflação
persistentemente elevada nas economias avançadas, nomeadamente nos EUA e na
união Europeia, a reabertura da economia chinesa aumenta ainda mais os receios
de uma resistência acrescida da inflação em níveis consideravelmente altos. A
inflação subjacente na Europa regista consecutivamente máximos históricos,
impulsionada pelas expectativas de inflação cada vez mais desancoradas,
fixando-se em valores muito acima da meta de estabilidade de preços do BCE nos
2%. Mas é possível que a reabertura da economia chinesa e consequente aumento
da procura global agrave ainda mais este cenário? Na realidade, o governo
chinês estima para 2023 um crescimento económico à volta de 5%, aquém do
esperado pelos investidores e analistas de 5,5% ou mais. De acordo com a
postura de Xi Jinping, a economia chinesa deverá ser cada vez mais impulsionada
pelo consumo interno e menos pelas exportações. A prioridade de crescimento de
Pequim mais centrada no consumo, pesando apenas 38% no PIB, muito aquém dos 70%
das economias avançadas. O líder chinês procura uma maior autossuficiência e
prosperidade mais ampla, apostando num crescimento económico mais alicerçado na
procura interna, sobretudo no consumo privado. Depois de um crescimento de
apenas 3% em 2022, o segundo mais baixo dos últimos 50 anos, apenas o
crescimento do 2,2% em 2020 foi mais fraco, os analistas esperavam um
crescimento mais robusto em 2023, em resultado da reabertura. No gráfico
podemos observar o gradual abrandamento do crescimento do PIB desde 2007, uma
tendência de queda que promete continuar nos próximos tempos, diminuindo a
preocupação de uma economia chinesa inflacionista para o resto do mundo. Ao
fraco crescimento do PIB chinês em 2020, imposto pela pandemia, a economia
regressou em força em 2021, existindo uma reversão quase perfeita espelhada nos
círculos 1 e 2, um dos fatores na génese da atual inflação. Todavia, o
crescimento esperado de apenas 5% em 2023 não perspetiva uma reversão do
círculo 3 para o círculo 4, afastando receios inflacionistas. Também a folga no
mercado de trabalho chinês, dada pela taxa de desemprego de 5,5%, é uma variável
mais deflacionista que inflacionista. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Uma recuperação da economia
chinesa mais focada internamente dificilmente deverá elevar substancialmente o renminbi,
reduzindo as probabilidades de aumento dos preços de exportação, evitando
impulsionar, desse modo, os preços nas geografias importadoras de bens
chineses. É mais provável que a recuperação da China impulsione o turismo
regional, mas não o aumento dos preços de exportação dos seus produtos
manufaturados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Também nos mercados de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">commodities</i>, onde a China é um dos
principais <i style="mso-bidi-font-style: normal;">price makers</i>, determinando,
a par de outros grandes blocos económicos como os EUA e a União Europeia, os
preços de muitos metais industriais e dos combustíveis fósseis, parece
improvável novos ganhos acentuados dos preços das matérias-primas devido à
reabertura. Os mercados de metais terão talvez já descontado em parte a
reabertura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Os habituais gastos da China em
infraestruturas, basicamente estradas, pontes, portos e aeroportos, deverão
desacelerar, afastando pressão sobre os preços das <i style="mso-bidi-font-style: normal;">commodities</i>. Novos gastos em infraestrutura, sobretudo em
tecnologia, serão cada vez mais uma prioridade, sendo menos intensivos em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">commodities</i> em estado bruto. No concerne
ao petróleo, a seguir aos EUA, a China é o segundo maior consumidor do mundo.
No entanto, a China deve ter beneficiado das importações mais baratas de
petróleo russo no último ano, tendo aumentado, provavelmente, o seu stock de
petróleo, não sendo agora talvez uma fonte de considerável procura e impulso do
preço do petróleo e, por conseguinte, da inflação. As cadeias de suprimentos
chinesas estão a funcionar melhor, ajudando a aliviar as pressões sobre os
preços, sendo a produção de carne suína um cabal exemplo, que após atingir uma
alta de oito anos em 2022, os preços caíram 10,8% em janeiro. Em suma, os
preços nas fábricas estão a cair, perspetivando-se um cenário "<i>Goldilocks</i>"
na China de crescimento económico sem inflação.<br /><br />PMR In VE 8 março 2023</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAO4KWqvM6folzQN-9kf8jf_23IfwiGiBOm56F_HnDyxiDhyAXVEFKVdiSLg-60N5zNUWYsFx1KZ9U9NAJ3vi1X9Spw00y_BCeoW1zM2xSE1zn9LDaZIQPc7YqlxjZtxJggIZsncnyUVkA5d3HczRUtNIKl2P1bPOfrn2xNGrOqNDRypCNGbWEoc0V/s562/PIB.China.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="305" data-original-width="562" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAO4KWqvM6folzQN-9kf8jf_23IfwiGiBOm56F_HnDyxiDhyAXVEFKVdiSLg-60N5zNUWYsFx1KZ9U9NAJ3vi1X9Spw00y_BCeoW1zM2xSE1zn9LDaZIQPc7YqlxjZtxJggIZsncnyUVkA5d3HczRUtNIKl2P1bPOfrn2xNGrOqNDRypCNGbWEoc0V/s16000/PIB.China.png" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdeQSHs4P-nxegaZTmO_DeqDCBzyiWQyunmiI7kJWiWoPGGVybCUzzgUfgg564LkHJjv0qHag6aw3-bkbmAUu8amXV7u-3HEjS9-D5-xWxKcUs3jfAAJHkms2kxbw8sesT7G6QZMsqbgkGrW5Lm1OVymixrLMpSuP9GQJ5D5u4fuClLFhGT0mgFnZM/s1522/reabertura%20china.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1522" data-original-width="664" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdeQSHs4P-nxegaZTmO_DeqDCBzyiWQyunmiI7kJWiWoPGGVybCUzzgUfgg564LkHJjv0qHag6aw3-bkbmAUu8amXV7u-3HEjS9-D5-xWxKcUs3jfAAJHkms2kxbw8sesT7G6QZMsqbgkGrW5Lm1OVymixrLMpSuP9GQJ5D5u4fuClLFhGT0mgFnZM/s16000/reabertura%20china.png" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /></span><o:p></o:p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-2541030270825917572023-03-17T12:08:00.004+00:002023-03-17T12:08:36.299+00:00Bitcoin resiliente na atual conjuntura bancária<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><br /><span style="font-size: large;">
Depois do encerramento do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank nos
EUA, na Europa, o segundo maior banco da Suíça, o Credit Suisse, perdeu cerca
de um quarto do seu valor em bolsa na quarta-feira, arrastando novamente todo o
setor bancário global, nomeadamente europeu e norte-americano. Enquanto isso, a
bitcoin valoriza cerca de 25% desde o colapso do SBV, mantendo-se nesta
quarta-feira resiliente diante do contexto adverso em toda a banca europeia,
após o maior acionista do Credit Suisse, o banco da Arábia Saudita, Saudi
National Bank, detendo 9,9% do banco suíço, referir que não fornecerá mais
ajuda financeira ao banco, alegando motivos regulatórios que limitam a sua
exposição a 10%.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Nos últimos dias, os investidores procuram
incansavelmente ativos de refúgios, distanciando-se dos títulos ligados ao
setor bancário. O <i>flight to quality</i> nos mercados financeiros tem sido
uma realidade desde quinta-feira, dia 9 de março, aquando dos primeiros sinais
de dificuldades crescentes no SVB. A fuga para a qualidade dos ativos ocorre
quando os investidores em conjunto começam a alterar a alocação de ativos de
investimento mais arriscados para outros mais seguros, por exemplo, trocando
ações por obrigações. As remunerações das obrigações dos tesouros europeu e
norte-americano têm descido consideravelmente nos últimos dias, sinalizando uma
valorização dos títulos de dívida pública, desempenhando o seu habitual papel
de um dos melhores ativos de refúgio. Entretanto, o dólar norte-americano,
talvez o melhor ativo de refúgio de curto prazo, quando os investidores têm
como principal preocupação a liquidez, tem tido um comportamento errático,
desvalorizando cerca de 2% contra o euro nos dias de colapso dos dois bancos
norte-americanos, mas recuperando essa perda quando a crise bancária atravessou
o Atlântico, alcançando a banca helvética, nomeadamente o Credit Suisse. Na
quarta-feira, o franco suíço também esteve penalizado face ao dólar, mas ganhou
quase 1% ao euro, sinalizando receios dos investidores quanto a um eventual
contágio à banca da Zona Euro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Também o ouro tem sido um cabal porto seguro nos últimos
dias, valorizando quase 120 dólares por onça desde o dia 9 de março, de uma
cotação de 1810 dólares/onça até aos 1930 dólares. A descida das taxas de juro,
sobretudo dos rendimentos do tesouro, a par do milenar atributo do ouro, como
uma reserva valor de referência em momentos de forte incerteza, têm
impulsionado o valor do metal amarelo. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Os índices acionistas têm registado perdas significativas
nos últimos dias, especialmente o setor bancário. Entretanto, no atual contexto
de desvalorização das ações, o setor tecnológico tem-se mantido relativamente
estável, com perdas ligeiras, em parte devidas talvez às <i>margins calls</i> de carteira alavancadas (suportadas por crédito, ou seja, dinheiro emprestado)
penalizadas pela significativa descida dos títulos da banca. Quando uma
carteira suportada por empréstimo desvaloriza significativamente, por exemplo
se tiver exposição a ações da banca, e caso o cliente não provisione a conta,
todos os títulos em carteira são vendidos ao mercado, independentemente da
classe de ativo ou setor.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">O setor tecnológico é muito sensível às taxas de juro e a
procura dos investidores por <i>duration</i> é bem visível nos últimos dias.
Assim sendo, este é um dos principais fatores que corrobora atualmente a
resiliência da bitcoin, confirmando mais uma vez a principal criptomoeda global
como um ativo tecnológico, sendo bastante sensível à evolução dos juros. Outro
fator que não deve ser descartado, podendo justificar também a valorização da
bitcoin, talvez seja a perceção dos investidores de um aparente descrédito no
regime de reservas fracionárias subjacente ao atual sistema bancário. E no seio
das principais criptomoedas, especificamente as de maior capitalização, são
muito poucas as que valorizam nos últimos dias, sendo a bitcoin a que mais
ganha, quase o dobro da valorização da Ethereum. A principal rival da bitcoin
ganha cerca de 15% desde o colapso do SVB. Entretanto, no universo de 10 mil
criptomoedas, apenas cerca de 100 valorizam desde quinta-feira, dia 9 de março.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Os mercados acionistas têm estado nervosos nos últimos
dias, penalizados pelo setor bancário, mas, no entanto, o mercado de taxas de
juro de muito curto prazo norte-americano mantém-se calmo. A <i>overnight</i> (taxa de juro diária) no mercado de <i>repos</i> do dólar reflete a serenidade de um
dos principais instrumentos que <i>lubrificam</i> todo o sistema monetário,
bancário e a economia em geral. Ou este indicador, que tem sido fiável nos
últimos anos, perdeu a sua fiabilidade ou a normalização regressará nas
próximas semanas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Nota: escrito em 15 de março<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Entretanto, de 8 a 15 de março a Reserva Federal dos EUA
aumentou as reservas bancárias em 440 mil milhões de dólares e, ainda no
passivo do balanço do banco central dos EUA, a rubrica <i>reverse repos</i> diminuiu
140 mil milhões de dólares. Ou seja, na última semana a Fed imprimiu 440 mil
milhões de dólares e o seu balanço aumentou cerca de 300 mil milhões de dólares
de 8,342 para 8,639 biliões de dólares, apagando mais de 3 meses de <i>Quantitative
Tightening</i>. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;">Porém, não se trata de um <i>Quantitative Easing</i>, mas de um
empréstimo, tendo em conta que as rubricas títulos do tesouro e títulos garantidos por hipotecas (MBS) no ativo da
Fed não se alteraram. Esta liquidez manteve calmo o mercado monetário diário
(<i>repos</i>), tendo a taxa <i>overnight</i> subido apenas ligeiramente de 4,55% para 4,58%,
mantendo-se dentro do atual intervalo das Fed Fund Rates de 4,50% a 4,75%.<br /><br />PMR in VE 17 março 2023</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTTPFxUPLNP-dVq_p6TVgRCLITy-SYwNxT8WajiB5Z1KiZPZ-IqHaa17w37je8K482Aq0C1QCClnl7RKhpoRzvONyDwNMgq9lw53VssgBjNf5awWdNmtlDqYt7x5Ts_zypZpFNmsSbFPfkKBdqFHedskLpooUrfBc8mPxU5SbFC0PFgsVAPZ1m52VI/s1743/btc%20resiliente%20na%20crise%20banc%C3%A1ria.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1743" data-original-width="790" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTTPFxUPLNP-dVq_p6TVgRCLITy-SYwNxT8WajiB5Z1KiZPZ-IqHaa17w37je8K482Aq0C1QCClnl7RKhpoRzvONyDwNMgq9lw53VssgBjNf5awWdNmtlDqYt7x5Ts_zypZpFNmsSbFPfkKBdqFHedskLpooUrfBc8mPxU5SbFC0PFgsVAPZ1m52VI/s16000/btc%20resiliente%20na%20crise%20banc%C3%A1ria.png" /></a></div><br /><span style="font-size: large;"><br /></span><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-51681241012259455252023-02-17T15:20:00.005+00:002023-02-17T15:20:33.019+00:00A antecipação da reunião do BCE e a economia portuguesa<p><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">
É esperado um aumento de 50 pontos base, de acordo com o mercado monetário,
devendo o BCE corroborar também uma alta de mais 50 pontos base na próxima
reunião no dia 16 de março. Todavia, a significativa desaceleração da inflação
na Zona Euro em janeiro, divulgada hoje, pode atenuar o tom <i>hawkish</i> de
Christine Lagarde (refrear um pouco a sua atual postura restritiva), sendo
expectável, ainda neste primeiro semestre, que seja alcançada a taxa de juro
terminal do banco central da Zona Euro, remetendo algum alívio para a segunda
metade do ano. A inflação subjacente na Zona Euro caiu 0,8% em cadeia e
fixou-se nos 5,5% em termos homólogos, corroborando uma considerável melhoria
dos receios inflacionistas, permitindo ao BCE moderar a sua política
energicamente contracionista, desacelerando o ritmo de aumento das suas taxas
de juro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">A subida do euro face ao dólar
nos últimos meses pode também suavizar o discurso do BCE na reunião de amanhã.
Também a atitude do BCE poderá eventualmente abrandar um pouco o tom <i>hawkish</i>
se a Reserva Federal dos EUA adotasse hoje uma postura menos restritiva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Para mitigar a crise ditada pelo confinamento
pandémico, o balanço do BCE aumentou 80% desde a primavera de 2020. No entanto,
diante da inflação mais elevada das últimas décadas, o BCE referiu que chegou a
hora de reduzi-lo. A diminuição terá<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>início no próximo mês de março e ascenderá, em média, a 15 mil milhões
de euros por mês até ao final do segundo trimestre de 2023. A evolução da
inflação e do crescimento económico determinará o ritmo a partir dessa data. A
desaceleração da inflação em janeiro na Zona Euro não é suficiente para refrear
a atual dimensão de redução do balanço, mas a ameaça de uma eventual recessão à
medida que os juros sobem poderá condicionar o <i>quantitative tightening</i>
do BCE na segunda metade do ano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="font-size: large;">Algum alívio na política monetária restritiva do BCE melhoraria as perspetivas
para economia portuguesa em 2023.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Em 2022, o turismo, a gradual
reabertura e a recuperação mais tardia da economia portuguesa impulsionaram o
PIB em 2022. A melhoria nas cadeias de abastecimento ao longo do ano passado
foi também favorável para o crescimento económico e para a desaceleração da
inflação. Todavia, o rendimento disponível, sobretudo das famílias, já bastante
penalizado em termos reais pela elevada inflação, tende a diminuir cada vez
mais à medida que o BCE aumenta as suas taxas de juro, prometendo afetar o PIB
substancialmente este ano de 2023. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Uma eventual recessão em 2023 nos
EUA e na Alemanha agravaria ainda mais o cenário económico português.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Em 2023, os pontos mais positivos
serão, com alguma certeza, a resiliência do turismo e a execução do Plano de Recuperação
e Resiliência (PRR), sendo os principais pontos negativos, uma recessão nas
principais economias avançadas e o rendimento disponível cada vez mais
penalizado pela substancial subida das taxas de esforço dos empréstimos,
sobretudo no crédito à habitação.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">As famílias têm sido bastante
penalizadas pela elevada inflação, bem como as empresas sem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">princing power</i>. E mesmo algumas empresas
com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pricing power</i> (poder de fixação
de preços) começam gradualmente a perder essa capacidade à medida que o
rendimento disponível das famílias diminui. Todavia, o Estado conseguiu o ano
passado arrecadar mais receita impulsionada pela elevada inflação, sobretudo
nos impostos que são uma percentagem, como o IVA, incidindo sobre os preços
mais elevados.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">As empresas também serão afetadas
quer pelo recuo da procura privada, quer pelas taxas de juro mais elevadas que
dificultam e encarecem o financiamento do investimento. Em suma, o recuo da
procura interna parece ser transversal às famílias, empresas e Estado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Nota: Texto escrito em 1 de
fevereiro</span><o:p></o:p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-53952322063225035872023-02-17T15:13:00.003+00:002023-02-17T15:14:19.361+00:00Recessão nos EUA com taxa de desemprego em mínimos?!<p><span style="font-size: large;"><span face="Calibri, sans-serif">Nos meses de março e abril de 2020, a economia
norte-americana perdeu 22 milhões de postos de trabalho em consequência do
confinamento total ditado pela pandemia. Desde essa altura, além de ter
recuperado os postos de trabalho perdidos, já criou mais 2,5 milhões, num total
de 24,5 milhões de empregos criados desde maio de 2020 até janeiro de 2023. Ou
seja, a economia norte-americana criou 2,5 milhões de empregos em termos líquidos
nos últimos 33 meses, uma média de 75 mil empregos por mês, o que efetivamente
não representa um número que assegure um forte crescimento económico, mas um
aumento do PIB real à volta de 1%, tal como observado em 2022. A partir de
agora, uma criação mensal consecutiva acima de 300 mil postos NFP indiciaria,
essa sim, uma economia robusta, cujo crescimento do PIB seria de 3 ou 4%.
Entretanto, uma criação frágil, abaixo de 100 mil postos NFP ou até destruição
de postos de trabalho, sinalizaria uma recessão.</span></span></p><span style="font-size: large;"><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;">
<br />
A população norte-americana aumentou de 328,3 milhões de habitantes no início
de 2020 para 333,3 no final de 2022, mais 5 milhões. Mas enquanto a força de
trabalho aumentou ligeiramente de 164,7 para 165,8 milhões, a população civil
não institucional (todas as pessoas com mais de 15 anos de idade excluindo as
forças armadas, asilos para idosos, prisões, casas de correção, hospícios)
subiu muito mais, de 260,2 milhões no início de 2020 para 266 milhões em
janeiro de 2023, correspondendo a isso uma taxa de participação de 63,3% e
62,4% no início de 2020 e em janeiro de 2023, respetivamente. Ou seja, além de
um aumento populacional de 5 milhões de habitantes, há também quase mais 6
milhões [em grande parte provavelmente devido à pandemia] de população civil
não institucional fora da força de trabalho, alcançando os 100 milhões, desde
marginalizados aos desencorajados e às pessoas que não querem trabalhar. O
acréscimo de mais 2,5 milhões de empregos não suportam talvez apenas o aumento
da população em 5 milhões. Uma hipotética subida da taxa de participação dos
atuais 62,4% para os 63,3% [verificados no início de 2020] seriam mais 2,5
milhões de trabalhadores aptos para trabalhar, o que implicaria uma alta da
taxa de desemprego para quase 5% ou absorveria parte das atuais 11 milhões de
ofertas de emprego, fonte do JOLTS.</span></span><div><span style="font-size: large;"><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"> </span><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><br />
Ainda na passada
segunda-feira, Janet Yellen referiu que não há recessão quando a taxa de
desemprego nos EUA está no nível mais baixo dos últimos 53 anos, nos 3,4%.
Todavia, a secretária do tesouro norte-americano salientou também que não há
recessão quando a economia cria mais 500 mil empregos [em termos líquidos] em
apenas um mês, número verificado em janeiro. Se a primeira afirmação relativa à
taxa de desemprego é dúbia quanto à robustez da economia, dependendo muito do
contexto, verificando-se até muitas vezes uma recessão após pleno emprego, já a
segunda consideração, relativa à criação de emprego, corrobora uma visível
resiliência económica. <br />
<br />
Certo é que os pedidos de
subsídio de desemprego semanais nos EUA (Jobless Claims), atualmente de 183 mil,
muito perto dos mínimos históricos de meados de março de 2022, poderão
confirmar recessão entre os 250 mil e os 300 mil, ou seja, muito antes dos 400
mil que anteriormente dividiam a recessão de expansão. Este facto surge não só
devido à pandemia, mas também por causa da tendência de descida da taxa de
participação nas últimas décadas, a saber de 66% em 2008 para 63% em 2019. Entretanto,
a Fitch espera que os gastos do consumidor diminuam de 2,8% em 2022 para apenas
0,2% em 2023, tendo o consumo um peso de 68% na formação do PIB dos EUA. Também
permanece o declive negativo da curva de rendimento norte-americana, um sinal
de recessão. <br />
<br />
Entretanto, já após os dados do emprego, o discurso de Jerome Powell no
Economic Club de Washington foi menos <i>hawkish </i>do que antecipado<i>,</i>
surpreendendo muitos investidores. Powell referiu que 2023 deve ser um ano de
"quedas significativas na inflação", corroborando também que o
mandato da Fed tem dois objetivos principais, a estabilidade de preços e o
pleno emprego, dando a entender que é fundamental a robustez do mercado de
trabalho, ainda mais num cenário desejável de <i>soft landing</i>, no
seguimento a uma pergunta sobre a resiliência do relatório do emprego na
passada sexta-feira e as suas possíveis consequências nefastas na evolução da
inflação. Powell frisou também que é provável que haja mais aumentos de taxas
de juro no período que agora começou de desinflação, mas não se comprometeu com
essas mesmas subidas. Por último, e não menos importante, Powell teve a
oportunidade de refrear os mercados acionistas numa altura em que estes
valorizam significativamente desde o início de janeiro. Mas não, optou por
afastar os receio de inflação dos salários, desvalorizando os números do
emprego e evidenciando, assim, um profundo conhecimento do mercado de trabalho
dos EUA. <br /><br />PMR In VE 10 de fevereiro 2023</span></span></div>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-35096544444341579782023-02-17T10:10:00.010+00:002023-02-17T10:26:25.130+00:00A capacidade preditiva do rendimento a 2 anos na antecipação das Fed Funds Rate<div style="text-align: left;"><br /></div><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><p style="text-align: left;"></p><p style="text-align: justify;">Os rendimentos do tesouro norte-americano a dois anos tendem
a refletir as expetativas de política monetária da Reserva Federal dos EUA
(Fed). Ou seja, a evolução do rendimento das obrigações do tesouro a 2 anos é
talvez uma das melhores ferramentas de previsão da evolução das taxas de juro
da Fed, as taxas de fundos federais (Fed Funds Rate). Habitualmente os
rendimentos do tesouro a 2 anos incorporam não só as declarações dos vários
membros do banco central dos EUA, como também os dados macroeconómicos que vão
sendo divulgados desde o mercado de trabalho aos números da inflação. Sendo
percetível a influência do nível dos rendimentos das obrigações do tesouro
norte-americano na evolução da política monetária da Fed, corroborada pela
evidência empírica, terá assim a Fed todo o trabalho facilitado na prossecução
da sua política monetária de subida, descida ou manutenção das suas taxas de
juro? Sim, mas a Fed também trabalha para isso, tentando ser o mais
transparente possível nas semanas que antecedem as suas reuniões ordinárias de
política monetária. Em suma, ambas se influenciam entre si, rendimentos a 2
anos e Fed Funds Rate.<br /> <br />Quando os investidores esperam um movimento das Fed Funds Rate, por exemplo um
aumento de 75 pontos base, o banco central dos EUA tenta não surpreender o mercado,
facultando todas as atualizações e informações necessárias nas semanas
anteriores à FOMC (reunião ordinária da Fed). Esta postura de não surpreender o
mercado tem sido gradual ao longo das últimas décadas e, assim sendo, nos
últimos anos não têm existido surpresas. Portanto, a Fed preocupa-se em
promover uma gradual melhoria da sua comunicação acerca da evolução da sua
política monetária. A título de exemplo, em 2012 foi introduzido o gráfico de
pontos (<i>dot plot</i>), resumindo as perspetivas dos membros da Fed para as
taxas dos fundos federais no futuro, sendo mais um esforço da Fed para ser mais
transparente em relação às suas políticas. A par do <i>dot plot </i>divulgado
sempre na última reunião do trimestre, é também publicada a atualização das
perspetivas trimestrais, nomeadamente para a inflação, emprego e PIB.<br /><br />A necessidade de uma melhoria futura na comunicação pela Fed ficou bem patente
em 1994, aquando do “massacre das obrigações”. Nesse ano, a economia
norte-americana emergia da recessão de 1990/91 e os rendimentos dos títulos do
tesouro começavam a subir ligeiramente em relação aos mínimos de 1993, à medida
que as perspetivas de crescimento melhoravam, embora sem que nenhum sinal de
inflação tivesse surgido. Entretanto, Alan Greenspan e a Fed surpreenderam os
mercados ao começarem a apertar a política monetária, e os títulos do tesouro
desvalorizaram substancialmente quando as Fed Funds Rate subiram
consideravelmente ao longo do ano. A capacidade preditiva da <i>yield</i> do
tesouro a 2 anos desapareceu durante alguns meses, sobretudo de março de 1994
até ao final desse ano (como observado no gráfico, círculo 1).</p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDb4HfStEyyrfzgk4zjMp8CG0wAAmbZnrccWun5-76NZYjbfIwh-fKCWJTmR8rcdIKaeD5A_oyHE_nKbURiK4wWVUAmYnG_crU14v2cTxg8LiFPXwlTakB3069MnDffFBh1-bxVJo1Vr7Z7WD9PedyHDAj8-Pxlabx6NC2-GkI5TaJMzGomcXlsFiP/s980/capacidade%20preditiva%202%20anos%20das%20FFR.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="513" data-original-width="980" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDb4HfStEyyrfzgk4zjMp8CG0wAAmbZnrccWun5-76NZYjbfIwh-fKCWJTmR8rcdIKaeD5A_oyHE_nKbURiK4wWVUAmYnG_crU14v2cTxg8LiFPXwlTakB3069MnDffFBh1-bxVJo1Vr7Z7WD9PedyHDAj8-Pxlabx6NC2-GkI5TaJMzGomcXlsFiP/s16000/capacidade%20preditiva%202%20anos%20das%20FFR.png" /></a></div><p class="MsoNormal"><br />
<br /></p><p style="text-align: justify;">Entretanto, no último trimestre de 2021, depois de ano e meio à volta dos 0,15%
a 0,20%, o rendimento do tesouro norte-americano com maturidade a 2 anos inicia
a sua tendência de alta a partir de novembro de 2021, impulsionado não só pela
inflação cada vez mais elevada, nessa altura já acima dos 6%, percecionando-se
uma subida dos preços cada vez mais generalizada e contínua, mas também pelo
anúncio da Fed, em 3 de novembro, do começo do seu <i>tapering</i> no
mês seguinte, em dezembro. No entanto, a primeira subida das taxas de juro pela
Fed acontece apenas no dia 16 de março de 2022 (o último aumento havia sido em
dezembro de 2018), em 25 pontos base para o intervalo de 0,25% a 0,50%, mas
a <i>yield</i> a 2 anos era já nessa altura de quase 2%, antecipando
ainda mais aumentos das taxas de juro da Fed que se viriam a materializar meses
mais tarde (no gráfico podemos constatar essa capacidade preditiva,
círculo 2). Ainda no gráfico podem ser observados movimentos e comportamentos
semelhantes em ocasiões anteriores, corroborando assim o poder de antecipação
das futuras Fed Funds Rate, em vários meses, trimestres ou mesmo em mais de um
ano, pelos rendimentos das obrigações do tesouro a 2 anos.<br /><br />Entretanto, a <i>yield</i> a 2 anos é também superior à <i>yield</i> do
tesouro norte-americano a 10 anos desde julho de 2022, identificando uma curva
de rendimentos invertida, indiciando recessão económica. Atualmente o
diferencial entre estas duas taxas de juro é negativo de -0,83%, o <i>spread</i> mais
elevado desde o início da década de 1980, aquando de uma recessão bastante
prolongada, como pode ser corroborado pelo gráfico.</p><p style="text-align: justify;"><br />Quanto mais elevada for a vida de um empréstimo maior é o risco associado a
esse mesmo empréstimo, sendo, desta forma, normal um declive positivo da curva
de rendimentos. Não é habitual, porém, uma curva de rendimentos com inclinação
negativa, mas quando acontece, este fenómeno reflete as expectativas dos
investidores de queda das taxas de juro de mais longo prazo e de descida da
inflação, normalmente contextos associadas a recessões.</p><p style="text-align: justify;"><br />Entretanto, a <i>yield</i> a 2 anos é também superior à <i>yield</i> do
tesouro norte-americano a 10 anos desde julho de 2022, identificando uma curva
de rendimentos invertida, indiciando recessão económica. Atualmente o
diferencial entre estas duas taxas de juro é negativo de -0,83%, o <i>spread</i> mais
elevado desde o início da década de 1980, aquando de uma recessão bastante
prolongada, como pode ser corroborado pelo gráfico.</p><span style="font-size: large;">
</span><br /><p></p>
<br /><span><div class="separator" style="clear: both; font-size: x-large; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZvY-cvD3C_JrAIlqfov7w54tzcm2YWoBBbehs92FkvaV25Ds8gLvFQTs7u94YlBStfV9xR5_6U1YYO0IQqwM0VWgLTCBadMySwAHnZYsB8NPjV0pZeavaDpRUA--DtTCuhQ0HHM7oIppvNSmOA73pW7-EFwhGA06pH9YtmZ28k8aBfNsIQmmHDGkr/s903/10%20vs%202%20anos.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="465" data-original-width="903" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZvY-cvD3C_JrAIlqfov7w54tzcm2YWoBBbehs92FkvaV25Ds8gLvFQTs7u94YlBStfV9xR5_6U1YYO0IQqwM0VWgLTCBadMySwAHnZYsB8NPjV0pZeavaDpRUA--DtTCuhQ0HHM7oIppvNSmOA73pW7-EFwhGA06pH9YtmZ28k8aBfNsIQmmHDGkr/s16000/10%20vs%202%20anos.png" /></a><br /><br /></div><div class="separator" style="clear: both; font-size: x-large; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quanto mais elevada for a vida de um empréstimo maior é o risco associado a
esse mesmo empréstimo, aumentando o risco de incumprimento, sendo, desta forma, normal um declive positivo da curva
de rendimentos. Não é habitual, porém, uma curva de rendimentos com inclinação
negativa, mas quando acontece, este fenómeno reflete as expectativas dos
investidores de queda das taxas de juro de mais longo prazo e de descida da
inflação, normalmente contextos associados a recessões.<br /><br />PMR In VE 17 de fevereiro 2023<br /><br /><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx6NWdcV2ld0gI5rPTPp8f8j2_uaywQm1X9hDuaxrmIbFzD9JAWjhE-9XnOh_TBlTtV97DdKhBMjod8eIloDReJggXHjDTlCQ5jiQnweFPG2aXzgBz_4FyEdhyAHbHTpNF5NwM8XMb3cU76lDGN36IKsMLlU8SsYkjtSkYx5q50UfI2amrMrttdms3/s1553/capacidade%20preditiva%202%20anos%20da%20FFR.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1553" data-original-width="678" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx6NWdcV2ld0gI5rPTPp8f8j2_uaywQm1X9hDuaxrmIbFzD9JAWjhE-9XnOh_TBlTtV97DdKhBMjod8eIloDReJggXHjDTlCQ5jiQnweFPG2aXzgBz_4FyEdhyAHbHTpNF5NwM8XMb3cU76lDGN36IKsMLlU8SsYkjtSkYx5q50UfI2amrMrttdms3/s16000/capacidade%20preditiva%202%20anos%20da%20FFR.png" /></a></div><br /></span><o:p></o:p><p style="text-align: left;"></p><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><br />Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-14825020772492952023-01-27T09:49:00.005+00:002023-01-27T09:51:27.439+00:00A bitcoin e o canário na mina de carvão<p><br /></p><p class="MsoNormal"><a name="_Hlk125705152"><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">À
medida que a moeda em papel tende a ser cada vez menos utilizada, aumentando deste
modo o controlo de capitais, existem cada vez mais agentes económicos que
privilegiam a sua privacidade e liberdade. E se em países de África, da América
Latina e do sudeste asiático, onde ter conta bancária é mais difícil, mas o
acesso à internet é cada vez mais popular, as criptomoedas já facilitam algumas
trocas e transferências de capitais, nas economias avançadas elas também tendem
a ser cada vez mais usadas, como forma de preservar a privacidade nos
pagamentos. Portanto, não será de estranhar que os pagamentos em papel moeda
tendam a ser substituídos por moeda digital emitida por entidades
descentralizadas.<br />
<br />
Muitos procuram discrição, reserva e privacidade nos seus pagamentos. Além disso,
uma eventual tendência de queda das taxas de juro no segundo semestre de 2023,
permitiria, provavelmente, algum alívio e maior estabilidade das criptomoedas
nos próximos meses, depois de mais de um ano de fortes perdas, desde novembro
de 2021, muito à semelhança das quedas do índice tecnológico Nasdaq 100. <br />
Mas é sempre crucial separar o trigo do joio, relevando a <i>blockchain</i> subjacente a cada criptoativo e distinguindo também as criptomoedas
inflacionistas das deflacionistas, tendo estas últimas um limite de emissão. Ainda
assim, uma reversão pela Fed do <i>quantitative tightening</i> para <i>quantitative
easing</i>, para responder a uma recessão, poderia suportar ainda mais os
criptoativos. <br />
<br />
Entretanto, a falência da bolsa de criptoativos FTX no passado dia 11 de
novembro criou alguma entropia no mercado de criptomoedas, descredibilizando este
setor e impulsionando as suas quedas, e nem a bitcoin e o ethereum ficaram
imunes às desvalorizações. Além do mais, ainda na semana passada, a Genesis foi
mais um nome relevante dos criptoativos que não resistiu ao efeito dominó da
FTX, no entanto desta vez a bitcoin não foi abalada e manteve a sua tendência
de alta, registando atualmente máximos desde meados de agosto do ano passado. A
fraqueza do dólar tem sido um dos pontos favoráveis à valorização da bitcoin,
mas não é decididamente o único, tendo as perspetivas de alívio nas taxas de
juro e uma postura acrescida de <i>risk on</i>
desde o início de outubro, corroborada e relativamente intensificada neste
início de ano, também impulsionado a principal criptomoeda global, com um
capitalização de quase 450 mil milhões de dólares, respondendo por 40% do valor
de todas as criptomoedas. <br />
<br />
Também o VIX, índice que mede a volatilidade do S&P 500, está abaixo de 20,
igualando os vários mínimos que foram sendo observados desde novembro de 2021,
confirmando menos aversão ao risco dos investidores. Há dados macroeconómicos
que atestam uma surpresa relativamente positiva neste início do ano. O mercado
de trabalho norte-americano permanece bastante robusto, tendo os pedidos de
subsídio de desemprego semanais descido para o valor mais baixo desde maio do
ano passado nos 190 mil, reforçando a confiança num <i>soft landing</i>, cenário que permitiria crescimento económico num
ambiente de desinflação, bastante propício para o mercado acionista, assegurando
uma postura de acrescido <i>risk on</i>. Mas
o declive negativo das curvas de rendimento continua a ser uma ameaça no
horizonte, mantendo vivo o fantasma da recessão na mente dos investidores. Um
recuo para uma postura de <i>risk-off</i> e
queda dos mercados acionistas, sobretudo dos setores tecnológicos, seria
penalizador para a bitcoin, de acordo com os dados históricos. Lucros e <i>guidances</i> desfavoráveis das grandes
tecnológicas, referentes ao último trimestre do ano passado, poderiam prejudicar
o mercado acionista. Todavia, seria também um teste para aferir quão correlacionado
está o setor tecnológico e a bitcoin. Em
boa verdade, a bitcoin parece ser cada vez mais o canário na mina de carvão,
corroborando atualmente um mercado de eventual alta. <br />
<br />
Entretanto, os bancos centrais procuram responder à proliferação das
criptomoedas, trabalhando na implementação das suas próprias moedas digitais
(Central Bank Digital Coins, CBDC). Mas as CBDC sendo centralizadas marcam uma
diferença fundamental em relação às criptomoedas. E uma das principais
condições de alguns agentes económicos perante a crescente digitalização da
moeda e o gradual desaparecimento da moeda papel, é terem ao seu alcance uma
moeda descentralizada, ou seja, uma criptomoeda de <i>ledger</i> público, mas anónima. As CBDC não são de todo uma ameaça às
criptomoedas, bem pelo contrário, incentivam-nas, concorrendo apenas com as
suas próprias moedas fiduciárias, penalizando-as. Todavia, os bancos centrais são importantes
na organização e supervisão do sistema bancário e financeiro, tendo tido sempre
um papel importante na resolução de crises financeira quando os detentores de
aforro se recusam a emprestar, diante de ambientes de elevada incerteza e
risco. E mesmo na presença de um juro bem atrativo, mais de 10% ou 20%, muitas
pessoas abdicam de emprestar, pois é o risco de crédito que está em causa e não
a dimensão do juro.</span></span></a></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: large;">PMR in VE 27 janeiro 2023</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcNrvTUjCUbJ3-mv2e-iHrSrIgHw3mCKNOdGFd9OCSAKt3oiCRTLNMk6tGGmYor4GCqSm6aGucyS2E3WwofigNWm7Z-rNn4jiMvYFKPBWUergqpsb-8vR2rDMkA-54GNGaIwzqQxJ3JtmR_yqFmksS1_e0FBLFkDqFvtd2Ye7StVY6ck4ReLPBvkot/s1546/btc%20e%20o%20can%C3%A1rio.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1546" data-original-width="692" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcNrvTUjCUbJ3-mv2e-iHrSrIgHw3mCKNOdGFd9OCSAKt3oiCRTLNMk6tGGmYor4GCqSm6aGucyS2E3WwofigNWm7Z-rNn4jiMvYFKPBWUergqpsb-8vR2rDMkA-54GNGaIwzqQxJ3JtmR_yqFmksS1_e0FBLFkDqFvtd2Ye7StVY6ck4ReLPBvkot/s16000/btc%20e%20o%20can%C3%A1rio.png" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /></span><o:p></o:p><p></p><br />Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-20277620829710394892023-01-20T10:03:00.002+00:002023-01-20T10:03:28.220+00:00Inflação e bancos centrais em 2023<p> <br /><br /><span style="font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Muito
provavelmente, a inflação homóloga em Portugal deverá atingir o seu valor mais
elevado no atual quarto trimestre de 2022, prevendo-se que os efeitos base
diminuíam gradualmente a partir do primeiro trimestre de 2023 e mais
consideravelmente a partir da primavera, permitindo por esta via a queda da
inflação. Entretanto, a variação mensal da inflação já desacelerou em novembro e
os preços subiram apenas 0,3% depois da alta de 1,2% em outubro. A inflação em
Portugal, tal como na Europa, é maioritariamente do lado da oferta e tem sido
impulsionada pelo preço da energia e da alimentação, sobretudo após o início da
guerra Ucrânia. À medida que os preços da energia diminuem, as cadeias de
abastecimento se regularizam e as tensões geopolíticas no leste europeu
abrandam, o aumento dos preços no consumidor tendem a aliviar em Portugal. Também
o significativo aumento das taxas de juro, associado à elevada inflação,
deteriora cada vez mais o rendimento disponível, penalizando a já frágil
procura portuguesa, aumentando a probabilidade de recessão e contribuindo para
uma tendência sustentada de desaceleração dos preços no consumidor em Portugal,
sendo de esperar uma substancial descida da inflação na segunda metade de 2023.
Os preços no produtor já estão a cair na Europa, nomeadamente na Alemanha os
números relativos a novembro caíram 3,9%. Essa foi a segunda vez consecutiva
que os preços no produtor germânicos caíram significativamente em comparação
com o mês anterior (-4,2% outubro de 2022). Em comparação com o mês anterior,
outubro de 2022, os preços da energia caíram 9,6%, devido principalmente à
diminuição dos preços do gás natural, seguidos dos preços da eletricidade.
Embora os números da inflação no consumidor continuem junto aos máximos em
vários países da UE, a tendência de queda dos preços no produtor generaliza-se por
toda a Europa. A pressão de custos tem diminuído principalmente devido à queda
dos preços da energia e à redução das dificuldades nas cadeias de suprimentos.
O preço do petróleo já está abaixo dos níveis do início da guerra na Ucrânia.
Desde o início de outubro, a valorização do euro face ao dólar à volta de 12%
tem contribuído para uma desaceleração da inflação importada, embaratecendo
também o barril de petróleo em euros. Cerca de três quartos das importações
portuguesas são provenientes da UE e parte desses produtos importados,
nomeadamente combustíveis fósseis, metais industriais e produtos agrícolas, têm
origem fora da Europa e são cotados sobretudo em dólares, sendo os principais
responsáveis pelo avanço da inflação europeia nos primeiros noves meses. As
importações portuguesas pesam cerca de 40% no PIB nacional, podendo ter um
caráter inflacionista ou deflacionista para a evolução da inflação portuguesa,
dependendo se os seus preços estão a aumentar ou a diminuir. Entretanto, a
inflação na Alemanha deverá fixar-se em 7,5% em 2023, segundo o gabinete de
economia e finanças da UE nas perspetivas de outono. Deverá ser de 7% na UE e
6,1% na área do euro. O mesmo gabinete da UE antecipa para Portugal uma taxa de
inflação de 5,8% em 2023, abaixo das expectativas para Europa. O OE 2023 do
executivo português aponta para 4% e o FMI referiu em outubro que a Inflação
desaceleraria para 4,7% no próximo ano. As projeções para a inflação portuguesa
em 2023 são das mais baixas a nível europeu, mostrando que esta não está tão
enraizada e generalizada como na Europa, beneficiando da menor dependência do
gás natural russo. Qualquer melhoria da inflação na UE e uma abrandamento dos
preços das “<i>commodities”</i>, conduziria a inflação portuguesa no final de
2023 para valores abaixo dos 4%, sendo que uma recessão aceleraria ainda mais
essa queda da inflação.<br />
<br />
O que poderemos esperar do BCE e da Fed no próximo ano? Um abrandamento no
aumento das taxas de juro de curto prazo e uma aceleração dos “<i>quantitative
tightening”</i>, podendo esta diminuição dos balanços limitar a queda das taxas
de juro de longo prazo, mas uma recessão e consequente queda da inflação acima
do previsto poderia acelerar a queda dos rendimentos do tesouro. Os bancos
centrais tentam mitigar ou mesmo reverter a atual inclinação negativa das
curvas de rendimento que além de indiciarem uma tendência económica recessiva,
têm penalizado sobretudo os tomadores de empréstimos indexados a taxas de juro
de curto prazo. Atualmente o mercado antecipa uma taxa de juro terminal de 3,45%
na Zona Euro em meados do próximo verão (era 2,83% antes da reunião de 15 de
dezembro do BCE) e de 5% nos EUA. Atualmente as taxas de juro da Fed estão no
intervalo de [4,25% a 4,50%] e de acordo com o mercado tudo indica que a Fed
proceda a dois aumentos de 25 pontos base em cada uma das suas primeiras duas
reuniões do próximo ano, a 1 de fevereiro e a 22 de março, fixando a taxa de
juro terminal no intervalo [4,75% a 5%]. Sendo de esperar, atualmente e de
acordo com o mercado, que reverta esses mesmos dois aumentos no segundo
semestre de 2023.<br /><br />PMR In VE 30 dezembro 2022 <br /><br /><br /></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicWQUMx9yCD9VKfBMc61bhPLRzMrDc-qc1XHsHAJoDVXh5MqYMMlmadxwqZ63hg0SD8bInqJj98soRzS12kLE_ttzWT2nRwUhjPtY_1qCv8HXnBq0de7DUVim8p7X7bIT96GDLxWYEfMOU2rbCawPrVoVJSx2dBdIJeko0X1oYvAUtEDHyCewcK17g/s1526/infla%C3%A7%C3%A3o%20e%20bancos%20centrais%20em%202023.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1526" data-original-width="678" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicWQUMx9yCD9VKfBMc61bhPLRzMrDc-qc1XHsHAJoDVXh5MqYMMlmadxwqZ63hg0SD8bInqJj98soRzS12kLE_ttzWT2nRwUhjPtY_1qCv8HXnBq0de7DUVim8p7X7bIT96GDLxWYEfMOU2rbCawPrVoVJSx2dBdIJeko0X1oYvAUtEDHyCewcK17g/s16000/infla%C3%A7%C3%A3o%20e%20bancos%20centrais%20em%202023.png" /></a></div><br /><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-46796329737511778902023-01-20T09:55:00.002+00:002023-01-20T09:55:42.962+00:00Mercados têm “Annus horribilis” em 2022 <p><br /><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: large;"><br /></span><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">O ano
de 2022 ficará marcado como um “<i>annus horribilis”</i> tanto para os mercados
acionista, como também para os mercados de dívida. As bolsas europeias
registaram o pior ano desde 2018 e as praças norte-americanas tiveram a maior
queda desde 2008. O índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 12,9%. Um ano difícil
marcado por tensões geopolíticas e receios de uma recessão à medida que os
bancos centrais aumentaram os juros para travarem a inflação mais elevada das
últimas quatro décadas. Wall Street registou a maior queda percentual anual
desde 2008 e a primeira desvalorização anual desde 2018, penalizada pelo ritmo
mais rápido de aumento de juros da Reserva Federal dos EUA (Fed) desde a década
de 1980.<br />
<br />
A última semana de 2022 ficou marcada quer pela falta de liquidez, quer pelo
agudizar dos receios quanto a um agravamento dos casos de covid-19 na China. O
setor imobiliário continuou a apresentar uma crescente deterioração, designadamente
nos EUA. Os contratos promessa caíram muito mais do que o esperado em novembro,
descendo pelo sexto mês consecutivo, na mais recente indicação do forte impacto
que os aumentos das taxas de juro da Fed estão a impor ao mercado imobiliário.
O declínio geral nos contratos assinados corroborou a queda das vendas de casas
usadas pelo décimo mês consecutivo em novembro, indiciando também uma
desvalorização nos próximos meses. No entanto, apesar de o índice pan-europeu
Stoxx 600 ter caído 12,9% no ano, o seu pior desempenho desde 2018, as ações de
Londres superaram, valorizando quase 1% no ano, devido à forte exposição a “<i>commodities</i>”.
Também o PSI ganhou em 2022, valorizando 2,8% no ano. A Galp Energia foi a
estrela do ano com uma alta de 48%. Wall Street registou a maior queda
percentual anual desde 2008, penalizada pelo ritmo mais rápido de aumento dos
juros da Fed desde a década de 1980, cujos Juros subiram em 2022 do intervalo
de [0% a 0,25%] no início do ano até [4,25% a 4,50%] na última reunião do banco
central dos EUA em 14 de dezembro. O S&P 500 caiu quase 20% no ano passado,
marcando uma queda de aproximadamente 8 biliões de dólares de valor de mercado,
aproximadamente um terço da riqueza produzida num ano nos EUA. O Nasdaq desceu
33,1%, tendo a primeira queda de quatro trimestres consecutivos desde o “<i>crash”
</i>das<i> “dotcom</i>”, enquanto o Dow Jones perdeu 8,9%. O índice de
crescimento (“<i>growth</i>”) do S&P 500 caiu cerca de 30,1% este ano,
enquanto o índice de valor (“<i>value</i>”) perdeu 7,4%, com os investidores a
preferirem setores de elevados dividendos, tais como o da energia. Este setor
da energia registou ganhos anuais de 58% nos EUA com o aumento dos preços do
petróleo a impulsionarem o setor. Energia, petróleo e bancos são os vencedores
de 2022. Setores sensíveis às taxas de juro foram os mais penalizados, tais
como tecnológicas e Imobiliário. <br />
<br />
Também o mês de dezembro foi negativo depois da recuperação de outubro e
novembro. Em 2022, não houve lugar ao habitual rali de Natal. A Europa encerrou
o mês de dezembro com uma queda de 4% e os EUA com 6%, Stoxx 600 e S&P 500
respetivamente. Os indicadores económicos e os declives negativos das curvas de
rendimentos apontam para recessão, tensões geopolíticas, incluindo a guerra na
Ucrânia, e o aumento de casos de COVID na China e incertezas sobre Taiwan,
agravam o sentimento. Em dezembro, a produção industrial na China caiu ao ritmo
mais elevado dos últimos 3 anos. Contudo, o PMI de Chicago em dezembro terminou
o ano mais forte que o esperado. Os preços do gás natural na Europa voltaram
aos níveis pré-guerra da Ucrânia. E o preço da eletricidade na Península
Ibérica voltou a recuar nas últimas semanas, atingindo o mínimo de quase dois
anos. A taxa de inflação anual em Espanha caiu para 5,8% em dezembro de 2022,
de 6,8% no mês anterior, a menor desde novembro de 2021. No 2º semestre de
2022, Espanha teve mesmo deflação e os preços caíram 0,2%. Por outro lado, a
taxa de inflação subjacente (“<i>core”</i>), que exclui itens voláteis como
alimentos não processados e energia, subiu de 6,3% para 6,9%. Mensalmente, em
Espanha, os preços ao consumidor subiram 0,3%, após uma queda de 0,1% em
novembro. O relatório de emprego nos EUA nesta sexta-feira, nomeadamente o
ritmo salarial, a taxa de desemprego, a taxa de participação e os postos de
trabalho criados em dezembro, excluindo empregos agrícolas, serão fundamentais
para a perceber a condução da política monetária da Fed. Sendo também de crucial
importância os números da inflação norte-americana a serem publicados na
quinta-feira da próxima semana, dia 12 de janeiro, antecipando-se uma queda da
inflação homóloga para 6,7% em dezembro (o que seria o número mais baixo desde
outubro de 2021), do número anterior de 7,1% em novembro.<br /><br />PMR in VE 6 janeiro 2023<br /><br /><br /></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMz8PoFFd4RaURKf1fz1Hl8KaBCtNxop-_wo9ID3DOOPeEPDlhcxwGBO8rBmdLWe10DCA_9a_wKoii5zXDBy-kYojfeqF9HZwNnPmAnDoDJwFctWKD1qLJsUbFv9VclcjO4dbkyje7unuKPQKgrQK4dET-YnRn-qjOUB0yBm8A_gPAuIyPxytkxmLo/s1555/annus%20horrobiles%202022.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1555" data-original-width="677" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMz8PoFFd4RaURKf1fz1Hl8KaBCtNxop-_wo9ID3DOOPeEPDlhcxwGBO8rBmdLWe10DCA_9a_wKoii5zXDBy-kYojfeqF9HZwNnPmAnDoDJwFctWKD1qLJsUbFv9VclcjO4dbkyje7unuKPQKgrQK4dET-YnRn-qjOUB0yBm8A_gPAuIyPxytkxmLo/s16000/annus%20horrobiles%202022.png" /></a></span></div><span face="Calibri, sans-serif" style="line-height: 107%;"><br /></span><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-24647973558336136092023-01-20T09:49:00.001+00:002023-01-20T09:49:18.430+00:00Perspetivas económicas para 2023<p> <br /><br /></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: large;">O ano de 2022 ficou marcado pela desaceleração económica
global à medida que a inflação se tornou mais persistente e generalizada,
nomeadamente nas economias avançadas, depois de um robusto crescimento da
atividade em 2021, ditado pela gradual reabertura da economia. Após a fase mais
grave da pandemia na primavera de 2020 e com a descoberta de uma vacina no
final desse ano, foi possível reabrir gradualmente a economia em 2021 à medida
que a vacinação avançava a nível global. No entanto, as dificuldades nas cadeias
de abastecimento e o aumento significativo dos preços da energia culminaram
numa subida do índice de preços do consumidor no final de 2021, agravada e
acelerada pela guerra na Ucrânia no início de 2022. Sendo assim, no ano
passado, os principias bancos centrais, na tentativa de travarem a mais elevada
inflação das últimas décadas, adotaram uma enérgica postura monetária
restritiva, subindo consideravelmente as suas taxas de juro, fragilizando ainda
mais o rendimento disponível das famílias já penalizado pela elevada subida dos
preços. Portanto, uma provável diminuição da procura deverá aliviar a inflação,
mas pode levar à generalização de uma recessão em 2023 além do que é atualmente
esperado. Em 2022, a Reserva Federal dos EUA (Fed) subiu a sua taxa de
referência em 425 pontos base e o Banco Central Europeu (BCE) aumentou-a em 250
pontos. Entretanto, a economia chinesa tem permanecido num rumo distinto, sem
inflação devido à sua política “zero Covid”, permitindo ao Banco Popular da
China (PBoC) assumir uma política monetária expansionista. Além disso, a
reabertura da segunda maior economia global no início deste ano poderá
impulsionar o crescimento económico, mas é também uma ameaça ao atual recuo da
inflação, sobretudo nas economias avançadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">A atividade económica global vive
uma desaceleração generalizada e mais acentuada do que o esperado. A Fed em
dezembro reviu em baixa o crescimento económico para 0,5% em 2023 de 1,2% em
setembro e em alta a inflação, medida pelo PCE <i>core</i>, de 3,1% para 3,5%,
aumentando também a taxa de desemprego esperada para 2023 de 4,4% para 4,6%.
Apesar de a taxa de desemprego ter sido de 3,5% em dezembro, corroborando um
mercado de trabalho robusto, a desaceleração do aumento dos salários afasta
gradualmente uma espiral inflacionista via salarial. O banco central dos EUA
também antecipa um crescimento anémico em 2024 e 2025 de 1,6% e 1,8%,
respetivamente. A crise do custo de vida, o aperto das condições financeiras na
maioria das geografias, a invasão da Ucrânia pela Rússia e a relativa
persistência da pandemia de covid-19, sobretudo na China, penalizam
substancialmente as perspetivas. O FMI estima um crescimento de apenas 0,5% na
Zona Euro e recessão económica na Alemanha e em Itália em 2023 de 0,3% e 0,2%,
respetivamente. A OCDE estima também um crescimento para a Zona Euro de apenas
0,5% em 2023 e de 1,4% em 2024, confirmando também as convicções de um
crescimento fraco na Europa nos próximos anos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">O FMI antecipa que o crescimento
global desacelere de 6% em 2021 para 3,2% em 2022 e 2,7% em 2023. Excetuando a
Grande Recessão de 2008-09 e a fase mais grave da pandemia de covid-19 na
primavera de 2020, este é o crescimento mais fraco desde 2001. Depois do
aumento da inflação global de 4,7% em 2021 para 8,8% em 2022, o FMI espera que
os preços no consumidor desçam para 6,5% em 2023 e para 4,1% em 2024. Na última
leitura económica em 11 de outubro do ano passado, o FMI referiu que a política
monetária deveria continuar norteada pela estabilidade de preços, tendo a
política orçamental de ser capaz de aliviar as pressões do custo de vida,
todavia mantendo uma postura suficientemente rígida e alinhada com a política
monetária, aproveitando a elevada inflação para diminuir o elevado rácio da
dívida relativamente ao PIB nominal, sobretudo nas economias avançadas com
contas públicas frágeis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Em suma, 2023 será eventualmente
o ano do recuo do fenómeno inflacionista mais elevado das últimas décadas, mas
ameaça também ser o ano da recessão. Há meses que o declive negativo das curvas
de rendimentos dos EUA e da Europa antecipa uma recessão económica.<br /><br />PMR in VE 13 janeiro 2023<br /><br /><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLiMeBrDZ5udAS6Gu7zbpVPZjBfoAyFJnfQgXoqU7d5KGVjNSOdb48fudJDQy_Ptw2PyCexzYvf76aYkA-CIuKrPz0xwkfQW0Jsxd-sFQLMbwA_t9XAJzJE8WpXUw5uJ6jy8uMFukEjEo2LI8mrFl3g8bkBkzNJaigv-ixImHfCTggBoiG-aE363Ke/s1579/perspetivas%20economicas%202023.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1579" data-original-width="701" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLiMeBrDZ5udAS6Gu7zbpVPZjBfoAyFJnfQgXoqU7d5KGVjNSOdb48fudJDQy_Ptw2PyCexzYvf76aYkA-CIuKrPz0xwkfQW0Jsxd-sFQLMbwA_t9XAJzJE8WpXUw5uJ6jy8uMFukEjEo2LI8mrFl3g8bkBkzNJaigv-ixImHfCTggBoiG-aE363Ke/s16000/perspetivas%20economicas%202023.png" /></a></div><br /><o:p></o:p><p></p><br /><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-34780387574952817362023-01-20T09:33:00.004+00:002023-01-20T09:37:41.152+00:00Perspetivas para inflação e economia dos EUA<p><span style="font-size: large;"><b><u>Perspetivas para a inflação dos EUA de acordo com a
evolução do crescimento económico</u></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: large;">A inflação
homóloga norte-americana abrandou no 2º semestre do ano passado, tendo o índice
de preços no consumidor (IPC) aumentado apenas 0,2% entre junho e dezembro de
2022, em grande medida influenciado pela melhoria nas cadeias de abastecimento.
A gradual diminuição do défice comercial dos EUA, a partir de abril do ano
passado, fomentou o crescimento económico na segunda metade do ano, depois de
uma contração económica no 1º semestre. A economia dos EUA contraiu,
respetivamente, 1,6% e 0,6% nos 1º e 2º trimestres do ano passado (como se pode
observar no gráfico 1). No 3º trimestre a economia norte-americana cresceu 3,2%
e é esperado que aumente 3,5% no 4º trimestre, de acordo com os dados do GDP
Now da Fed de Atlanta de 18 de janeiro. É visível no gráfico 1 a correlação
inversa entre inflação e crescimento económico. Enquanto a inflação foi
gradualmente subindo ao longo do ano de 2021 e no primeiro semestre de 2022, a
economia foi desacelerando, entrando mesmo em contração na primeira metade do
ano passado, no entanto a tendência de descida da taxa de desemprego manteve-se,
alcançando o pleno emprego ainda no 1º trimestre de 2022, não corroborando a
clássica curva de Phillips. Entretanto, o abrandamento da inflação a partir de
junho de 2022 <i>coincidiu</i> com a retoma económica norte-americana.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br />
<i>Gráfico 1 - Evolução nos EUA da inflação e do PIB nos últimos 2 anos</i><br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhMcxfaioa0IZEmqZhNQ25v-smEkZNslqP4LQ1Arhy7nqMVOBugCoZBhiXVvHRFrQQPCC20ofwmHL3Yv5MDCeX_bXbt6S85UFV3JToVAaHP1OWehyrgDjfeiDAfbN6lqynCR_8x56INiTnCbA2AtpvSeTWYZJ61mmmR-iC5E8UV_RWLfo3X_S2BWpmb" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="591" data-original-width="926" height="408" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhMcxfaioa0IZEmqZhNQ25v-smEkZNslqP4LQ1Arhy7nqMVOBugCoZBhiXVvHRFrQQPCC20ofwmHL3Yv5MDCeX_bXbt6S85UFV3JToVAaHP1OWehyrgDjfeiDAfbN6lqynCR_8x56INiTnCbA2AtpvSeTWYZJ61mmmR-iC5E8UV_RWLfo3X_S2BWpmb=w640-h408" width="640" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /></span><i style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;">Fonte: Banco Carregosa, Bloomberg e Reserva Federal de Atlanta</span></i><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: large;">A melhoria do
lado da oferta tem permitido um maior crescimento económico e uma descida da
inflação, <b>sendo este o cenário mais favorável para a valorização das ações,
algo que tem sido observado desde o início de outubro do ano passado, com a recuperação
generalizada dos mercados acionistas.</b> Todavia, a política monetária
energicamente restritiva, iniciada há quase um ano pela Reserva Federal dos EUA
(Fed), ameaça o crescimento económico, comprometendo gradualmente a capacidade
de financiar futuros investimentos, devido às taxas de juro mais elevadas,
penalizando também os financiamentos das famílias e empresas endividadas, à
medida que se renovam os empréstimos, agora a taxas de juro muito mais altas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: large;">A procura,
ainda resiliente, em grande parte devido às poupanças resultantes dos apoios
aquando da pandemia e do confinamento, poderá ser paulatinamente penalizada nos
próximos meses, à medida que a alta dos juros deteriora o rendimento
disponível, sendo uma ameaça às vendas das empresas e ao crescimento económico.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: large;">À medida que
os juros se mantêm altos por um período de tempo mais longo, cresce também a
probabilidade não apenas de uma recessão, mas de quão profunda esta poderá ser.
Em caso de recessão, a inflação poderia descer para perto do objetivo de
estabilidade de preços da Fed. <b>Este cenário de baixa inflação e recessão é
positivo para as obrigações soberanas.</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Os gráficos 2
e 3 evidenciam os cenários de melhoria da inflação, numa primeira fase devido
ao gradual desaparecimento das dificuldades nas cadeias de abastecimento,
crescimento do PIB e robusto mercado de trabalho (<i>boom</i> deflacionista), e
numa segunda fase também de contínua queda da inflação, mas, neste caso, em
contexto recessivo (<i>bust</i> deflacionista). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a name="_Hlk125033609"><i>Gráfico 2 – Evolução da inflação e do PIB</i></a><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg-Drgju7jSBeBvJZzFqCOIAA507YaevFTFPGAgNOYzGwIOXL2HULu7OtrYoqkNeKKylOv6RqcuC97WI3LDUWcpS5WmYCqq_KryyYlGUo_v1UwJC11xQ-PUTyQfnT8hc9NBJRUoGFNcfuW4ZJs7f_W8L-sMQUUD6EqFDaiitE8KWMwmwRETdjbV6Hv6" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="585" data-original-width="710" height="528" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg-Drgju7jSBeBvJZzFqCOIAA507YaevFTFPGAgNOYzGwIOXL2HULu7OtrYoqkNeKKylOv6RqcuC97WI3LDUWcpS5WmYCqq_KryyYlGUo_v1UwJC11xQ-PUTyQfnT8hc9NBJRUoGFNcfuW4ZJs7f_W8L-sMQUUD6EqFDaiitE8KWMwmwRETdjbV6Hv6=w640-h528" width="640" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><i>Fonte: Banco Carregosa</i> <br />
<o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Numa primeira fase o aumento da oferta agregada (AS<span style="line-height: 107%;">1</span> para AS<span style="line-height: 107%;">2</span>) permite uma queda da inflação num ambiente de crescimento
económico (ponto A para ponto B). Todavia, as taxas de juro cada vez mais elevadas
penalizam a procura agregada (AD<span style="line-height: 107%;">1</span>
para AD<span style="line-height: 107%;">2</span>), aumentando a
probabilidade de recessão e de aumento da taxa de desemprego, podendo este
cenário ser benéfico para uma queda considerável da inflação, mas numa
conjuntura recessiva (passando agora do ponto B para o C). No último relatório
de dezembro, a Fed antecipou uma subida da taxa de desemprego para 4,6% em
2023, mas ainda assim espera um crescimento económico este ano, ainda que
ligeiro, de 0,5%. Atualmente a taxa de desemprego nos EUA, número relativo a
dezembro, fixou-se em 3,5%, e a taxa de inflação homóloga desceu para 6,5%.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>Gráfico
3 – Evolução da inflação homóloga nos EUA (retrospetiva e perspetiva)<br /></i></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhlufBUXL-a3Hrjpq2cnOeTl3_vDvapvTThQX9I3VafXiZlL2dYtDWsu18tmVIO9VDZCyOb_NAbQiOMnHaO-qAdmv7_vxKmrr_HuMrcl0MubVWna7muouNd7-kKKNckrbdSaKLIElDTtlF3P_E451Ne43tjsy1knDSAg1Z5mWYw0PkGpry-RmfvA4Rw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="347" data-original-width="886" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhlufBUXL-a3Hrjpq2cnOeTl3_vDvapvTThQX9I3VafXiZlL2dYtDWsu18tmVIO9VDZCyOb_NAbQiOMnHaO-qAdmv7_vxKmrr_HuMrcl0MubVWna7muouNd7-kKKNckrbdSaKLIElDTtlF3P_E451Ne43tjsy1knDSAg1Z5mWYw0PkGpry-RmfvA4Rw=w640-h250" width="640" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><i>Fonte: Banco Carregosa<o:p></o:p></i></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br />
A Fed esforça-se para que os preços regressem ao objetivo de 2%, mas a dúvida
persiste se o consegue com um <i>soft</i> ou um <i>hard landing</i> da economia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Entretanto,
os dados da inflação dos EUA referentes a dezembro mostraram uma resiliência da
categoria <i>shelter</i> (rendas de habitação e rendas equivalentes dos
proprietários de casas) que pesando um terço no índice de preços no consumidor
(IPC), continua a impulsionar a inflação</span><span style="font-size: x-large;">. <br /><br /></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>Gráfico 4 - Evolução nos EUA dos preços casas (shiller) e do shelter CPI<br /></i></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhHnB2rAjjECjjd7JRr282NTZze0L_12SptnkJduCOJjzJQSiPDyG9PJZblRf7OmuwU5PFeap8IGALkDO-X8Qa_khxZsESXGIjDNWt3mmpI8_NaeBs2f1LhFgXvi5hTxj39CccouP_bmqCDCR79lncb7NZ3CaGH2z_ik4vocC7GhcycFa-CuBjEKNpu" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="471" data-original-width="767" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhHnB2rAjjECjjd7JRr282NTZze0L_12SptnkJduCOJjzJQSiPDyG9PJZblRf7OmuwU5PFeap8IGALkDO-X8Qa_khxZsESXGIjDNWt3mmpI8_NaeBs2f1LhFgXvi5hTxj39CccouP_bmqCDCR79lncb7NZ3CaGH2z_ik4vocC7GhcycFa-CuBjEKNpu=w640-h394" width="640" /></a></span></div><i style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Fonte: Banco Carregosa, Bloomberg</span></i><p></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span>O gráfico 4 mostra que o item </span><i>shelter </i><span>tem um desfasamento de 12 a 18 meses relativamente à evolução dos preços das casas. E em recessão o crescimento do item </span><i>shelter</i><span> é de zero ou até negativo. Atualmente contribui com cerca de 3 pontos percentuais dos 6,5% do IPC dos EUA em dezembro, participando em quase metade do atual valor da inflação. É um fardo significativo e que tem impulsionado a inflação, mas à medida que os preços das casas abrandam o ajustamento em baixa tende a acontecer, podendo ser acelerado em caso de recessão.</span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: center;"><br /></p>
<span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: large;">Paulo Monteiro Rosa, 20 de janeiro 2023 in VE</span>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1124842475579658463.post-4299869009533141902022-12-16T17:09:00.002+00:002022-12-16T17:12:54.835+00:00Bancos centrais e juros de curto e longo prazo<p><span><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: large;">O mercado antecipa uma alta de 50 pb na reunião
do BCE a 15 de dezembro. Está prevista também uma subida de igual dimensão de
50 pb na primeira reunião de 2023, a 2 de fevereiro, seguida de um aumento de
25 pb na segunda reunião de 2023 a 16 de março, fixando-se nessa altura a taxa
de juro dos depósitos do BCE nos 2,75%, muito perto da taxa terminal esperada
atualmente pelo mercado, à volta dos 2,8%. Este aumento de 50 pb possivelmente
estará já descontado, não devendo alterar visivelmente as taxas Euribor.
Entretanto, um potencial anúncio do BCE de redução do seu balanço, o denominado
<i>quantitative tightening</i> (QT), associado a um compromisso de abrandamento do
aumento das suas taxas de juro de referência, poderão aliviar os encargos das
famílias que detêm empréstimos associados às Euribor. Como o QT é
essencialmente uma redução do balanço, cujo ativo é constituído em grande parte
por títulos da dívida pública, a não renovação destes títulos na sua
maturidade, ou a sua alienação, pressionarão as taxas de juro de longo prazo,
sobretudo de países periféricos da Zona Euro como Portugal, Espanha e Itália,
redundando numa indesejável perceção de menor coesão do projeto europeu. Ainda
assim, se ao potencial QT do BCE estiver associado um compromisso de
desaceleração do aumento das taxas de juro pelo BCE, então poderemos estar
diante de um abrandamento das taxas de juro de curto prazo e um aumento das
taxas de juro de longo prazo, ou seja, um cenário de reversão da alta das
Euribor e um aumento dos juros das dívidas públicas, beneficiando quem tem
crédito à habitação indexado à Euribor, mas acabando por penalizar as contas
públicas dos governos. Entretanto, o PIB da Zona Euro relativo ao quarto
trimestre será divulgado no próximo dia 31 de janeiro e até lá serão ainda
apresentados vários dados importantes referentes à atividade económica na área
euro, bem como os dados relativos à evolução da inflação. Se os números do PIB
da Zona Euro no quarto trimestre confirmarem uma contração económica e a
inflação sinalizar uma visível desaceleração, a taxa de juro terminal do BCE
deverá cair substancialmente. Todavia, a um mês e meio de distância, e perante
a incerteza que ainda persiste e continuará em 2023, é muito difícil prever a
evolução das taxas de juro para o próximo ano, sendo que a postura do BCE
alterar-se-á de acordo com a evolução dos dados macroeconómicos. Ainda assim,
poderemos confirmar que nos últimos tempos as dificuldades nas cadeias de
abastecimento têm diminuído consideravelmente, os preços da energia têm
descido, a atividade económica tem enfraquecido e a propensão ao consumo está
cada vez mais fragilizada, sendo de esperar que esta tendência continue e
corrobore uma gradual melhoria dos números da inflação tanto do lado da oferta
como do lado da procura, refletida numa previsível queda no índice de preços no
consumidor. Se este cenário se materializar em 2023, então o BCE poderá mais
cedo do que o esperado reverter a sua atual postura monetária restritiva. É
expectável voltarmos a ter num futuro próximo taxas de juro próximas de zero? É
um cenário atualmente muito pouco provável, mas tudo dependerá da evolução da
inflação nos próximos anos. Cadeias de abastecimento sem problemas e um recuo
dos preços dos combustíveis fósseis, dos produtos agrícolas e dos metais
industriais, impulsionarão a produção das economias avançadas (com aparelhos
produtivos estruturados e excesso de capacidade produtiva instalada), respondendo
mais facilmente às encomendas e à procura dos consumidores, culminando numa
considerável queda da inflação. Mas a guerra na Ucrânia e a política “covid
zero” chinesa teimam em dificultar as cadeias de abastecimento globais,
entraves ao abrandamento da inflação.<br /></span></span><span face="Calibri, sans-serif"><span style="font-size: large;"><br />Nos EUA, a reunião da Fed deverá mostrar uma melhoria do <i>dot plot</i>. Atualmente
o mercado prevê uma taxa terminal de 5%, refletida numa alta de 50 pb a 14 de
dezembro, 25 pb em fevereiro e 25 pb em março, recuando no 2º semestre de 2023
para 4,5%, com dois cortes de 25 pb. Entretanto, cresce o receio de recessão. O
<i>outlook</i> trimestral da Fed deve mostrar uma maior desaceleração do PIB em
2023, de 1,2% em setembro, últimas perspetivas, para um número próximo de zero.
No entanto, poderemos ver alguma melhoria na inflação medida pelo PCE <i>core</i> (em
setembro foi de 2,8% a previsão para 2023). Tal como o BCE, também a Fed, devido
ao receio da inflação, pode acelerar o seu QT, procurando impulsionar novamente
as <i>yields</i> das <i>treasuries</i> depois das quedas nas últimas semanas, aumentando
as taxas de juro de longo prazo e desacelerando as de curto prazo. Mas acelerar
o QT pressiona ainda mais o já depauperado mercado de dívida, retirando-lhe
liquidez. Entretanto, nos EUA a inflação abrandou no mês de novembro, sinalizando
uma eventual desaceleração dos preços não só nos EUA mas também na Zona Euro
nos próximos meses. Estes números penalizam ainda mais o dólar, diminuindo a
inflação importada na Zona Euro, e afastando uma crise cambial do euro. Nota:
Texto escrito antes das reuniões da Fed e do BCE.<br /><br />PMR In VE 13 dezembro 2022</span><br /><br /><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhjpw8dYj-GqjmqZH4F8iXBWIiDn9o2zbDZ8h3Pd9X_PISWLjC5ZKAzJyg925CtTxCmOedNf4hO1M3GuNwpJoTa61-v-QDACKDbb9-X8Yi6FpSbqhzzH0KKWN7ScWDr3BxbSKg9upZr_Ou5b-70VY8dWIefZEqTqm1-tOpfgU1CKtjHb1Z-pAb37Q5/s1744/bancos%20centrais%20e%20tx%20curto%20e%20longo%20prazo.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1744" data-original-width="776" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhjpw8dYj-GqjmqZH4F8iXBWIiDn9o2zbDZ8h3Pd9X_PISWLjC5ZKAzJyg925CtTxCmOedNf4hO1M3GuNwpJoTa61-v-QDACKDbb9-X8Yi6FpSbqhzzH0KKWN7ScWDr3BxbSKg9upZr_Ou5b-70VY8dWIefZEqTqm1-tOpfgU1CKtjHb1Z-pAb37Q5/s16000/bancos%20centrais%20e%20tx%20curto%20e%20longo%20prazo.png" /></a></div><br /><p></p>Paulo Monteiro Rosahttp://www.blogger.com/profile/10308143354492695923noreply@blogger.com0