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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O "Quantitative Easing" (QE) do Banco Central Europeu (BCE)

O “Quantitative Easing” (QE) foi um instrumento utilizado nos EUA e no Reino Unido com reconhecido sucesso. No entanto estes países apresentam uma dinâmica económica diferente, mais favorável, da observada na Zona Euro e no Japão, além de terem começado o QE muito mais cedo.
O QE nipónico não resultou em nenhum crescimento económico e teve início em abril de 2013, praticamente quando a FED norte americana começou o “tapering” do seu QE – diminuição gradual dos seus estímulos.

Os resultados verificados na economia do Japão, com o QE do seu banco central, não deverão ser muito diferentes daqueles que deverão acontecer na Zona Euro com o QE que o BCE anunciou hoje, pelo menos no que concerne à evolução dos preços e ao crescimento económico. A economia japonesa tem algumas semelhanças à da Zona Euro, nomeadamente no que respeita à pirâmide demográfica invertida, ou seja, envelhecimento da população. No entanto a população europeia é mais propensa ao consumo que o povo japonês o que poderá resultar num comportamento mais positivo do QE da Zona Euro.

No entanto, o QE do BCE pode ficar-se pelos mercados financeiros e não chegar à economia real. Os bancos comerciais já têm um relativo acesso facilitado aos mercados. Dinheiro não lhes falta. A taxa de juro de referência do BCE é de 0.05%. Logo se os bancos não emprestam é porque, muito provavelmente, têm receio de financiar uma economia que continua débil. Os bancos centrais controlam a base monetária e não a massa monetária. Os bancos centrais não emprestam directamente à economia… Esse trabalho cabe aos bancos comerciais e aos agentes económicos, nomeadamente famílias e empresas que estejam interessadas em obter crédito, em endividar-se para consumir ou investir.

O QE japonês tinha como objectivos restabelecer o crescimento económico e criar inflação de preços. Só o segundo “target” foi conseguido, com o índice de preços no consumidor (o IPC "core", que exclui alimentação e energia) a elevar-se até aos 2%, após décadas de estagnação ou mesmo de deflação de preços.

A moeda japonesa (JPY), antes do Banco do Japão (BoJ) colocar em prática o seu QE, mantinha uma tendência de valorização em relação ao dólar americano (USD). Porém, depois da implementação do QE, e à medida que este decorria, o JPY foi perdendo valor em relação à moeda norte-americana e até ao momento já perdeu cerca de 30%. No que respeita ao mercado accionista, o principal índice nipónico, Nikkey 225, duplicou de valor desde que o início do QE, passando dos 9000 para os 18000 pontos.
Poderá acontecer o mesmo na Zona Euro? O Nikkei 225 havia desvalorizado cerca de 50%, desde 2008 até 2013. O mesmo não acontece por exemplo com o Dax de Frankfurt, o principal benchmark das bolsas da Zona Euro, que se encontra em máximos históricos. No que respeita à moeda, o euro já desvalorizou mais de 15% nos últimos 6 meses em relação ao dólar americano, logo a continuação da depreciação poderá ser menos acentuada.

Análise elaborada antes do anúncio do QE pelo BCE.

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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.