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sexta-feira, 2 de novembro de 2018

BOLSONARO QUER FAZER PELA ECONOMIA DO BRASIL, O QUE TRUMP FEZ PELA DOS EUA...

Apesar de a ideologia ter dominado largamente a recente disputa eleitoral brasileira, as expectativas económicas não foram totalmente alheias ao desfecho destas eleições. A prioridade dada à segurança e o combate à corrupção foi tudo o que Bolsonaro precisou para ganhar com 56% dos votos. Mas só o futuro poderá dizer se o Brasil vai entrar num círculo virtuoso de crescimento…

Os investidores, e uma grande parte dos brasileiros, vê em Jair Bolsonaro alguém empenhado em recuperar a economia e comprometido com uma agenda económica de pendor liberal. Bolsonaro defende estímulos à economia através da redução do défice orçamental, com controlo despesista e menos impostos, e o regresso do investimento baseado na confiança de um Brasil mais seguro onde os negócios possam prosperar. Os economistas Bastiat e Mises devem ter lugar reservado na mesinha de cabeceira de Bolsonaro que tem simpatia pela Escola Austríaca, uma das principais correntes económicas, que advoga o liberalismo económico.


Após o atentado à vida de Bolsonaro, em meados de setembro, a moeda brasileira estancou as quedas e começou a recuperar à medida que Bolsonaro ia subindo nas intenções de voto. O real recuperou dos mínimos históricos nos 4.20 reais por cada dólar. Números idênticos só foram verificados em setembro de 2015. No dia seguinte à 1ª volta das eleições brasileiras, o real valorizou 3% face ao dólar e o índice acionista Bovespa registou o maior ganho dos últimos dois anos com uma subida de 4.57%. Ganha dinheiro quem compra com o rumor e vende com a notícia: no dia a seguir à eleição de Bolsonaro, A Bovespa abriu a valorizar 3%, embora tenha fechado a perder cerca de 2,5%.


Já tinha acontecido algo semelhante com a vitória de Donald Trump. A economia norte-americana voltou a crescer ao ritmo mais elevado das últimas décadas, quando se vaticinava o abrandamento económico e a queda das bolsas. Em boa verdade, as bolsas norte-americanas subiram só este ano, e até ao final de setembro e sempre com novos máximos históricos, cerca de 20% o índice Nasdaq100 e à volta de 8% o S&P500. A política orçamental expansionista, através da baixa de impostos, encetada pela administração de Donald Trump tem impulsionado a economia e as bolsas, mas o ciclo económico está perto do fim. Com as taxas de juro da Reserva Federal a subir, os mercados de ações já refletem isso mesmo, com as maiores quedas mensais de há precisamente 10 anos. Em outubro de 2008 as bolsas dos EUA, da Europa, do Japão e dos países emergentes registaram perdas abruptas, depois da falência do Lehman Brothers no mês anterior, a 14 de setembro de 2008. 


Haddad era o candidato do partido que governou o Brasil na última década, e na parte final do mandato o Brasil estava com inflação elevada, recessão e mínimos do real contra a moeda norte-americana. Os brasileiros procuram estabilidade financeira…
Os analistas da UBS estimam que o principal índice da bolsa de São Paulo, o Bovespa, possa subir quase 40% até ao final do ano, se Bolsonaro demonstrar que vai iniciar funções, em janeiro, com pacotes reformistas, com as privatizações e reformas na Segurança Social do Brasil (Previdência).

Parte importante dessa reação positiva dos investidores é explicada pela forte rejeição da política económica do PT, que os investidores associam à crise económica e deterioração das contas públicas dos últimos anos. O aumento do crédito nos governos anteriores não criou emprego, nem mais rendimento ou melhores resultados para as empresas. O forte crescimento das despesas públicas durante o consulado do PT e a interferência estatal em questões como as tarifas de energia elétrica, por exemplo, são encarados com aversão pelo mercado.

A presença de Paulo Guedes na campanha de Bolsonaro, e no futuro governo, tem sido vista como positiva: Paulo Guedes é um economista comprometido com uma agenda liberal, que defende menos impostos, maior facilidade na criação de empresas e mais dinâmica económica.


Paulo Rosa, Semanário "Vida Económica", 2 de novembro 2018




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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.