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sexta-feira, 13 de março de 2020

Era uma vez na América...

A agudização do Covid-19, o inesperado desacordo no seio da OPEP+ e as crescentes restrições à circulação arrastam bolsas para mínimos.

Se o mercado já estava fragilizado, a decisão de Donald Trump de suspender a entrada de europeus nos EUA durante 30 dias, muito provavelmente, acabou por "decretar" o bear market e a recessão económica. Os EUA representam 25% do PIB global, a UE 21% e a China 16%, três geografias que detêm quase 2/3 da economia mundial seriamente afeadas por este surto viral.

O comércio internacional, tão caro a Adam Smith nas vantagens absolutas e a David Ricardo nas vantagens comparadas, parece estar comprometido no curto prazo.

O isolamento das pessoas é fundamental para refrear a propagação do coronavírus e a saúde pública sobrepõe-se a qualquer outra variável, mas espera-se que as medidas surtam o efeito desejado. Estamos perante um difícil trade-off, e aguardemos que o adágio "não morre da doença, morre da cura", por falta de abastecimento de mantimentos e medicamentos, não seja uma realidade para nenhuma pessoa.

Os investidores estão a reviver as semanas que se sucederam à queda do Lehman Brothers a 14 de setembro. O outubro negro de 2008, espelhado nas significativas perdas diárias, só observadas em 1929. Um índice acionista paradigmático do aconteceu nesse fatídico outubro de 2008, foi o alemão DAX 30, que registava sucessivas quedas diárias à volta dos 10%.

Os profits wamings crescem a ritmos crescentes. O mercado aguarda com expectativa e bastante apreensão os resultados das empresas relativos ao primeiro trimestre e os números macroeconómicos referentes ao corrente mês de março, desde postos de trabalho criados, taxas de desemprego, PIB, Tendas a retalho, inflação e venda de casas.

Os setores do turismo, viagens e lazer são dos mais penalizados, mas as perdas são generalizadas devido às interações entre todos sectores de atividade e a quebra das cadeias de abastecimento.

Os futuros negociados da bolsa de derivados Chicago refletem um corte de 100 pontos base na próxima reunião da Reserva Federal, a 18 de março, de 1,25% para 0,25%.

O Banco de Inglaterra cortou as taxas de juro de referência em 50 pontos base, para níveis históricos, dos 0,75% para 0,25%, O BCE manteve as taxas inalteradas, mas adicionou 120 mil milhões de euros, até ao final do ano, para aquisição de dívida, nomeadamente privada. Atualmente, as compras são de 20 mil milhões de euros mensais. Lagarde apela a estímulos orçamentais.

As taxas de juro de longo prazo das principais economias desenvolvidas, com melhores capacidades creditícias, atingem sucessivos mínimos históricos, antecipando um forte abrandamento ou mesmo recessão económica. As rentabilidades a 10 anos das obrigações do tesouro americano, as T-Bonds, registaram mínimos nos 0,32%, as Gilt do Reino Unido a 10 anos nos 0,075% e a Bund alemã a 10 anos nos -0,90%.

Paulo Rosa, Jornal Económico, 13 de março 2020





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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.