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sexta-feira, 22 de novembro de 2019

China resgata mais um banco

Na China os dados macroeconómicos vão-se degradando.

Ninguém pode ficai" indiferente ao declínio das vendas a retalho, da produção industrial, das despesas chinesas em capital, e aos mínimos sucessivos da taxa de crescimento do PIB, a quedarem nos 6% no 3o trimestre de 2019, o valor mais baixo dos últimos 27 anos.

Todavia, existe uma variável financeira muito importante a reter: as significativas injeções mensais de crédito, pelo Banco Central da China (PBoC), que se tornaram praticamente inócuas no estímulo da segunda maior economia do mundo.

Medidas impotentes para impulsionar o crédito dos bancos comerciais à economia chinesa, atualmente o maior sistema financeiro do mundo, cerca de 40 biliões de dólares americanos, aproximadamente o dobro dos EUA.

Um valor que corresponde a 294% do PIB chinês e a 147% do PIB norteamericano. A expansão de crédito está apenas a compensar o aumento em investimentos de qualidade cada vez mais duvidosa, e a colocar em causa a solvabilidade do sistema bancário chinês.

A relação entre o valor de mercado e o total de ativos dos quatro maiores bancos comerciais da China atingiu novos mínimos nos 5,8% no terceiro trimestre, com o total de ativos a crescer 8% em termos anualizados no 3o trimestre, enquanto o valor de mercado dos quatro bancos diminuiu.

Este facto espelha bem o crescente receio dos investidores chineses relativamente ao sistema bancário chinês. As açÕes dos bancos da segunda maior economia do mundo têm perdido valor em bolsa.

Até hoje, as autoridades chinesas têm conseguido, com relativa facilidade, colmatar os problemas económicos que se vão adensando e compensar o crescimento do crédito malparado, devido à influência que têm na política de remuneração de depósitos dos bancos comerciais aos seus clientes, com as taxas de juro passivas à volta de 1% quando a inflação é de 3,8%, e as taxas de juro dos créditos concedidos à volta dos 4% no que concerne às empresas públicas e cerca de 7% às empresas privadas. Importante realçar que a dívida pública chinesa está na mão de investidores domésticos, proporcionando alguma estabilidade financeira.

O Harbin Bank, que é um dos maiores bancos do nordeste da China, com 622 mil milhões de yuans em ativos a 30 de junho de 2019, cerca de 80 mil milhões de euros, 40% do PIB português, negoceia na bolsa de valores de Hong Kong, e tornou-se o quinto banco - depois do Baoshang Bank, Banco de Jinzhou, Heng Feng Bank e o Banco Comercial Rural Henan Yichuan — a ser resgatado pelo Estado Chinês. O PBoC referiu que a aquisição do Baoshang, Io resgaste do ano, foi planeada para suster um "Bank Run" no banco e conter eventuais riscos para o setor financeiro.

O relatório das contas do Harbin Bank, relativas ao primeiro semestre do ano, mostra um aumento do crédito malparado e um crescimento dos ativos de qualidade duvidosa.

No entanto, como o PBoC se recusa a reconhecer que tem um problema de crédito sem precedentes, são esperados cada vez maiores resgates a bancos chineses até que um banco falhe, provocando uma corrida de depositantes chineses em todo o país para levantar os cerca de 190 biliões de yuans (27 biliões de USD) em depósitos bancários, mais do dobro do valor total dos depósitos bancários comerciais dos EUA... 






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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.