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sexta-feira, 25 de junho de 2021

Economia da energia solar e eólica

Desde a Revolução Industrial, a matriz energética da maioria dos países passou a ser dominada pelos combustíveis fósseis. Para reduzir as emissões de CO2 e a poluição do ar, o mundo procura alterar rapidamente para fontes de energia com baixo teor de carbono - tecnologias nucleares e renováveis. De acordo com o ‘Our World in Data’, em 2020 a produção mundial de eletricidade através de fontes renováveis foi de quase 30% do total e as centrais hidroelétricas foram responsáveis por 4355 TeraWatts/hora (TWh), a energia eólica por 1590 TWh, a energia solar por 844 TWh e as outras energias renováveis por 702 TWh. A produção mundial de energia elétrica foi de quase 26000 TWh e a China respondeu por cerca de 7500 TWh, quase 30% da produção de eletricidade a nível mundial, e os EUA à volta de 4500 TWh.

A produção de eletricidade através do carvão de 8735 TWh e do gás de 5892 TWh ainda detêm a hegemonia da produção mundial de energia elétrica com uma quota de 33,8% e 22,8%, respetivamente. Há uma clara tendência ascendente das energias renováveis lideradas pelo solar e o eólico e uma gradual descida do peso do carvão que em 2015 correspondia a 40% da produção de energia elétrica a nível mundial e, atualmente, não chega aos 34%. No final da década de 1980, o carvão era responsável por mais de 60% da produção de eletricidade.

Na semana passada, a Agência Internacional de Energia (IEA) elevou a sua previsão para o crescimento global da energia eólica e solar em mais 25% em comparação com os números publicados há apenas seis meses. Além disso, a “atualização do mercado de energia renovável” da IEA prevê um crescimento cerca de 40% maior em 2021 do que o esperado há um ano, colocando a energia eólica e solar no caminho para igualar a capacidade global de gás até 2022.

Quase um décimo da eletricidade do mundo agora vem da energia eólica e solar, de acordo com uma nova análise do instituto de estudos baseado em Londres, Ember. A energia eólica e solar duplicaram nos últimos cinco anos a sua produção e o aumento das energias renováveis ​​traduziu-se numa queda de 6% na produção de energia através do carvão. Na União Europeia, a energia eólica e solar representaram quase 20% de toda a geração de energia em 2020, o dobro da média global. Isso significa que as energias renováveis ​​geraram mais energia do que os combustíveis fósseis no bloco europeu pela primeira vez no ano passado.

Apesar da China ser a maior produtora mundial de energia solar e eólica em termos absolutos, a União Europeia supera em termos ‘per capita’ e Portugal é um dos países na vanguarda da produção de energia ‘verde’.

Portugal consome anualmente cerca de 50 TWh de energia elétrica, cerca de 0,2% do consumo mundial. As centrais renováveis ​​de Portugal Continental geraram 11338 GigaWatts/hora (GWh) de eletricidade nos primeiros três meses de 2021, ou seja 79,5% do total, mostraram dados da Associação Portuguesa de Energias Renováveis ​​(APREN), um acréscimo de 18% relativamente ao mesmo período de 2020. No primeiro trimestre de 2020, as fontes renováveis ​​de energia combinadas tiveram participação de 69,9% na produção total dos 9631 GWh produzidos, segundo a APREN. Os parques eólicos geraram 28% da energia do continente, mais do que todas as tecnologias de combustíveis fósseis combinadas, tornando-os a principal fonte de energia verde não hidroelétrica. Os parques eólicos são seguidos por unidades movidas a biomassa com uma participação de 5,6% na produção total de energia, e parques solares fotovoltaicos com 2%. No primeiro trimestre, os maiores produtores de eletricidade em Portugal foram as centrais hidroelétricas, que representaram 44% da produção total.

As metas de descarbonização para 2050 são ambiciosas e um há um longo caminho pela frente, mas a crescente relevância das fontes solar e eólica antecipa um bom porto para as energias renováveis que desempenharão um papel fundamental na descarbonização dos sistemas de energia nas próximas décadas.

Paulo Rosa, In Vida Económica, 21 de maio 2021



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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.