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sexta-feira, 18 de junho de 2021

Junho marca início do verão…

Historicamente, dezembro é o mês com melhor desempenho do índice acionista norte-americano S&P 500 no período de 1950 a 2017 e setembro é o pior mês do ano. Março, abril, novembro e dezembro apresentam uma ‘performance’ acima de 1% e, apesar do conhecido ‘efeito janeiro’, o primeiro mês do ano tem um comportamento mediano. O mês de junho tradicionalmente é negativo, mas muito ligeiramente, e marca o início do período do ano com pior desempenho em termos históricos. O velho adágio bolsista “Sell in May and go away” (“Vender em maio e ir de férias” até ao final do verão) é corroborado pela história estatística dos desempenhos mensais e o próprio mês de maio em média tem um retorno apenas de 0,22% a indiciar um abrandamento dos ganhos acionistas e entrada no período mais fraco do ano. Neste período de quatro meses, apenas julho é estatisticamente positivo, provavelmente a beneficiar da divulgação dos resultados empresariais referentes ao segundo trimestre.

Após os ganhos verificados nos primeiros cinco meses do ano, historicamente o mercado tende a consolidar durante o verão para retomar as subidas no último trimestre do ano. A menor liquidez no verão poderá justificar a ‘performance’ negativa neste período. De realçar que em agosto muitos ‘traders’ institucionais vão de férias e o volume de negociação neste mês é o mais baixo do ano, seguido pelo pior mês do ano, setembro. São várias as teorias explicativas para o desempenho tendencialmente negativo de setembro, desde as despesas escolares adicionais com o regresso às aulas, as alterações nas carteiras no final do verão e o facto de muito fundos mútuos terem exercícios fiscais que terminam em setembro, e normalmente os gestores vendem posições perdedoras antes do final do ano fiscal, neste caso o terceiro
  trimestre.

Este ano, junho, e o período de verão, têm talvez pela frente uma tarefa árdua e muito desafiadora depois dos sucessivos máximos históricos alcançados pelas praças norte-americanas e europeias desde o início do ano, e revalidados em maio, e diante de quatro meses consecutivos de ganhos nos principais mercados acionistas. Não é fácil fazer melhor. Os dados referentes à inflação de preços irão marcar a agenda do Banco Central Europeu na reunião do dia 10 de junho e da Reserva Federal dos EUA (FED) nos dias 15 e 16 de junho. Apesar destes bancos centrais afirmarem que a inflação é temporária, os investidores temem o início das conversações para uma gradual redução das compras de ativos, nomeadamente pela FED, que impulsionem as taxas de juro de longo prazo e penalizem a evolução dos mercados acionistas.

Os efeitos de base vão continuar a pressionar os números da inflação medidos pelo IPP, IPC e PCE e a inflação de custos, mais ao nível da alta dos preços das matérias-primas e não tanto ao nível salarial, bem como a inflação da procura devido aos ‘bottlenecks’ da oferta, irão continuar a ser terreno fértil para a subida dos preços. O ano passado, o aumento da oferta monetária foi compensado pela forte subida da procura de moeda, mas este ano a pouca procura de moeda, os constrangimentos na oferta e uma maior procura de bens e serviços pelas famílias e empresas pressionam a inflação. Todavia, este período provavelmente só será negativo se os rendimentos do tesouro norte-americano a 10 anos aumentarem significativamente e ultrapassarem os máximos anteriores do início do ano de 1,77%.
 






    
                                                  

Paulo Rosa, VE 4 de junho de 2021

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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.