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sexta-feira, 12 de abril de 2019

Bancos Centrais continuam a suportar bolsas

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa o crescimento económico mundial, e de uma grande parte dos países. Cortou a previsão de crescimento de Portugal para 1,7% em 2019, no entanto prevê que a taxa de desemprego continua a diminuir este ano e em 2020. O FMI está relativamente pessimista quanto à evolução económica mundial, chegando mesmo a pedir aos governos para estarem preparados para a próxima crise. A dívida pública portuguesa deve baixar para próximos dos 100% do PIB nominal apenas em 2024. O FMI vê maiores riscos para a estabilidade financeira mundial, devido ao abrandamento registado no final de 2018, à guerra comercial entre os EUA e a China e às incertezas políticas em vários países, e reviu em 0.2 pontos percentuais o crescimento da economia mundial, dos 3.5% previstos em janeiro para 3.3%.

O Estado português financiou-se em 600 milhões de euros a 10 anos a uma taxa de 1.143%, ao nível mais baixo de sempre. As rentabilidades das obrigações do tesouro a 10 anos caem há seis sessões consecutivas e registaram novos mínimos históricos, a beneficiar da decisão da agência de notação DBRS, que elevou a perspectiva da dívida de longo prazo do Estado português de estável para positiva, e das palavras apaziguadores de Mario Draghi. Na quarta-feira o presidente do Banco Central Europeu (BCE), na reunião para decidir a política monetária para os próximos tempos, manteve um discurso “Dovish” iniciado na reunião anterior, vincando que a Zona Euro enfrenta vários riscos que poderão penalizar a economia, porém não apresentou detalhes, algo que era esperado pelos investidores, quanto ao 3º programa de compra de obrigações aos bancos, o TLTRO III (financiamento dos bancos a longo prazo com um objectivo bem definido, ou seja, esse dinheiro deverá ser cedido à economia real sob pena de pesadas multas).

Inicia-se hoje o calendário dos resultados referentes ao 1º trimestre de 2019 nos EUA, com destaque para apresentação dos resultados do sector bancário, nomeadamente a JPMorgan Chase & Co e o Wells Fargo & Co. É esperado em alguns sectores um abrandamento dos lucros por acção (Earnings Per Share – EPS) e mesmo contração em termos globais, estimando-se uma contração de 7.2% nos EUA, o que não acontecia desde o 1º trimestre de 2016.

Os bancos centrais continuam a suportar as economias. Os níveis baixos da inflação permitem que as políticas monetárias expansionista continuem numa espiral inflacionista, perante um cenário de desinflação e mesmo deflação do Índice de Preços no Consumidor (IPC), alimentando os mercados financeiros, dando sustentação e impulso às ações e obrigações, e ao aos preços do imobiliário, e justificando, provavelmente, o paradoxo de uma política monetária facilitadora sem subida da inflação dos preços dos bens e serviços. O IPC foi em fevereiro de 1.5% nos EUA, na China e na Zona Euro, e de 0.2% no Japão, de 1.8% no Reino Unido, e de 0.6% na Suíça.

Quanto à novela, que deveria ter o desfecho esta semana, a União Europeia e Reino Unido acordaram, esta quinta-feira, uma nova data limite para o Brexit, com os 27 a concederem ao governo de Theresa May um adiamento até 31 de outubro, na expectativa de que seja encontrado um entendimento, durante este período, benéfico para todos.

Petróleo
O WTI de Nova Iorque sobe mais de 35% desde o início do ano, dos 47 USD/barril para os 64.50 USD/barril. O Brent, referência para Portugal, valoriza 31% desde o início do ano dos 54.5 USD/barril para 71.5 USD/barril. No entanto, esta emana, e apesar da OPEP ter reduzido a sua produção a um ritmo mais acentuado em março para 30 milhões de barris diários, o petróleo estabilizou, num compasso de espera de novas notícias. A redução da produção desde o início do ano por parte da OPEP e do seu aliado a Rússia, as tensões políticas vividas na Venezuela, e mais recentemente as tensões na Líbia têm impulsionado a cotação do petróleo desde o início do ano.

Cambial
A Lira turca desvalorizou mais de 2% relativamente ao dólar, regressando às quedas verificadas no final do mês de março, apesar das palavras do presidente Erdogan. A inflação turca e a recessão da economia na Turquia, têm pressionado a lira, e as autoridades monetárias turcas estão as esgotar as suas reservas de divisas para segurarem a depreciação da sua moeda. O rublo perdeu terreno e desceu cerca de 3%. O euro subiu quase 1% face à moeda americana, apesar das palavras de Mario Draghi, mas do outro lado do Atlântico a política monetária sofreu também uma reviravolta, de contracionista para intensão expansionista o que pressiona a moeda americana no curto prazo.

Acções
Uma semana positiva para o PSI20, em que se destacaram a Jerónimo Martins, com uma subida de cerca de 3%, a beneficiar de várias recomendações desde o início do mês, da Galp Energia que continua beneficiar da alta do preço do petróleo, e a EDP Renováveis. Os CTT registaram alguma recuperação da forte penalização perante os fracos resultados relativamente ao exercício do ano passado, e beneficiaram do recente lançamento de uma nova plataforma digital que permite a recolha e entrega de encomendas no próprio dia e em menos de duas horas. O serviço já está disponível, mas apenas para clientes da área metropolitana de Lisboa.

Paulo Monteiro Rosa, Jornal económico, 12 de abril de 2019






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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.