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sexta-feira, 10 de julho de 2020

O nível de atividade e os juros. Rácio ouro / cobre e a rentabilidade da yield do tesouro americana a 10 anos

Vem nos livros de introdução à economia eé quase uma evidência “La Palisse" para uma parte da população: à medida que a atividade económica abranda, os juros devem descer para estimulá-la. Existem muitos rácios e valores para avaliar o nível de atividade económica eum deles éo rácio ouro/cobre. O nível de taxa de juro poderá ser aferido pelas rentabilidades das obrigações do tesouro, e se existir perceção de abrandamento económico, que poderá ser espelhada pelo aumento do rácio ouro/cobre, as taxas de juro tendem a diminuir e as cotações dos títulos de dívida pública a aumentar.

O cobre é sensível ao crescimento económico eo ouro à procura de refúgio e proteção perante alterações nos rendimentos reais. Atualmente, o ouro é também uma cabal reserva de valor devido às baixas taxas de juro das principais moedas fiduciárias. A rentabilidade do tesouro é um reflexo de refúgio, das perspetivas de crescimento económico e do nível de inflação. A “yield curve" norte-americana espelha a política monetária da Reserva Federal, embora Jerome Powell afirme que não a controla, mas contradiz se ao referir que as taxas de juro vão permanecer próximas de zero até 2022.

Em caso de abrandamento económico, o cobre será menos procurado ea propensão para a compra de ouro será maior à medida que a incerteza aumenta, logo o rácio tenderá a ser mais elevado. Para estimular a atividade económica, os juros propendem a descer. Se o rácio ouro/cobre cair, isso indica uma aceleração do crescimento. Perante uma expansão económica considerável, o consumo de cobre tende a aumentar, a procura de ouro por motivos de incerteza tende a ser menor e o rácio descerá. Os juros têm espaço para subir e regressar aos níveis anteriores, de recessão ou abrandamento económico, para refrear a atividade económica e impedir a indesejável inflação muito acima dos 2% e preservar o ciclo económico expansionista durante um período mais longo.

Existem muitas estratégias de negociação e as correlações são das mais importantes e com um maior grau de sucesso. Poderá ser uma oportunidade interessante de "trading" caso exista alguma divergência significativa pontual do sentido do movimento do rácio ouro/cobre ou da normal evolução dos juros perante maior ou menor atividade económica. Vendendo ou comprando o que está subavaliado ou sobreavaliado e esperar que regressem a valores normais para fechar a posição.

Em caso de abrandamento económico e perspetiva de descida da taxa de juro para estimular o crescimento, as obrigações do Tesouro, mais sensíveis ao risco de taxa de juro e menos ao risco de crédito, tenderão a valorizar, bem como a cotação do ouro. Enquanto o cobre propende a desvalorizar, e, assim, há lugar a uma subida do rácio ouro/cobre.

No gráfico, podemos observar um crescimento económico considerável impulsionado e justificado, em parte, pela política orçamental expansionista da Administração de Donald Trump, eleita em novembro de 2016. Este crescimento começou a dar sinais de fadiga em 2019 e início de 2020, culminando numa forte desaceleração aquando do confinamento, iniciado em março, perante a agudização da pandemia de Covid-19.

Paulo Rosa, 3 de julho de 2020, Vida Económica




 

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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.