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segunda-feira, 20 de julho de 2020

Recrudescimento da Covid-19 nos EUA ameaça economia


A recuperação económica dos EUA poderá estar ameaçada perante uma segunda vaga da pandemia que pode desencadear uma recessão dupla. Dados em tempo real mostram desacelerações no tráfego de peões e tráfego de pessoas em restaurantes à medida que os casos de vírus aumentam em 38 estados. Seis estados (Arizona, Califórnia, Colorado, Flórida, Michigan e Texas) sofreram um aumento de casos no último mês e os governadores desses estados estão a reverter os planos de reabertura, com cerca de 15 a ponderar parar a reabertura da economia. 
 
O ressurgimento dos casos de vírus força os governantes a retardar ou reverter os planos de reabertura gradual da economia. Perante uma nova paralisação da atividade económica, existe um potencial risco de a forma da recuperação ser de um “U” ou um “W” em vez de um “V”. 
 
Segundo um estudo da Capital Economics, o tráfego de consumidores em restaurantes e shoppings ainda não foi revertido para os níveis anteriores à Covid-19, sendo a evolução desfavorável desde meados de junho. O tráfego de pessoas junto de revendedores de automóveis e grandes retalhistas quase regressou aos níveis de janeiro, no entanto, nas últimas semanas a tendência é de baixa.
Se a recuperação estagnar, os empregadores poderão ser forçados a dispensar trabalhadores. Neste verão, as férias também tenderão a ser limitadas no tempo e mais localizadas, evitando-se viagens de longo curso, porque a recessão motivada pelo novo coronavírus debilitou as finanças da população. 
 
A Reserva Federal norte-americana e a administração dos EUA podem desencadear uma nova ronda enérgica de estímulos financeiros para evitar uma recessão dupla na segunda metade do ano. 
 
O balanço da FED aumentou cerca de 70% desde o início da pandemia, espelhando o esforço hercúleo do banco central dos EUA para mitigar a recessão económica provocada pelo confinamento. O peso do balanço no PIB norte-americano subiu de 19% para valores bem acima dos 30%. Atualmente, ascende a quase sete biliões de dólares, mas muitos analistas não se surpreenderiam se o balanço da FED alcançasse os 10 biliões de dólares, caso surgissem novas restrições à circulação de pessoas que impactassem negativamente o andamento da atividade económica. 
 
Os “swaps” de cedência de liquidez da Reserva Federal dos EUA atingiram os 446 mil milhões de dólares em maio, um aumento que representou o esforço do banco central dos EUA para fornecer liquidez aos sistemas financeiros internacionais, nomeadamente dos países emergentes. Nas últimas semanas esta rubrica diminuiu em mais de 200 mil milhões de dólares, sendo a responsável pela queda do balanço da FED. Há uma procura mundial muito significativa por dólares sempre que acontece uma perturbação na economia e quer as pessoas quer as empresas desejam reter muito mais dinheiro do que o habitual, principalmente dólares, quando a preferência por liquidez aumenta significativamente. 
 
Os bancos centrais dos países emergentes necessitam de dólares para refrearem a forte procura que esta moeda tem em momentos de crise e estabilizarem as suas moedas depauperadas.
Por sua vez, as compras de ativos por parte da FED representam quase 90% do balanço, mais de seis triliões de dólares, e subiram cerca de 50% desde o início da pandemia e confinamento no ocidente, tendo estabilizado nas últimas semanas. No entanto, a FED estará atenta a qualquer contrariedade económica que surja e atuará, muito provavelmente, em conformidade...
 
 Paulo Rosa, in VIDA ECONÓMICA | 17-07-2020 | PAG 1 e 21
 

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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.