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sexta-feira, 12 de julho de 2019

O futuro da banca

As obrigações soberanas registaram valorizações consideráveis no primeiro semestre deste ano, e provavelmente terão pesado positivamente nos lucros dos bancos. A apresentação de estimativas de receitas e resultados do sector bancário poderão ser beneficiados pelos ganhos de "trading", nomeadamente de dívida, e pela intermediação de crédito que conduziria a uma recuperação mais sólida das Instituições de Crédito da periferia da Europa, cujas dívidas soberanas pagavam maiores prémios de risco. De salientar que a rentabilidade da obrigação do tesouro português a 10 anos era no início do ano de 1,7% e acabou o semestre nos 0,50%. Já em Julho, registou um mínimo histórico nos 0,27%.

Assim, as valorizações dos bancos que mais transacionam dívida poderiam ser uma realidade, o BCP é um exemplo pelo seu desempenho que tem superado o conjunto de outros bancos europeus.

Este Banco iniciou o ano nos 0,2294 euros e finalizou o semestre nos 0,2719 euros, registando uma valorização de 18,5%, enquanto o PSI20 subiu cerca de 8%. A cotação poderá já incorporar parte das boas perspetivas que o banco tem avançado e as casas financeiras corroborado. A Jefferies atribui ao BCP uma recomendação de compra e um preço-alvo de 32 cêntimos de euro.

Também a JPMorgan havia, dias antes, a 1 de julho, avaliado o banco português liderado por Miguel Maya com um preçoalvo de 33 cêntimos de euro e manteve a recomendação em "Overweight", esperando um desempenho melhor que o mercado.

No primeiro semestre, o índice Euro Stoxx do setor bancário subiu apenas 0,50%, espelhando o bom desempenho do BCP face aos seus congéneres da Zona Euro.

Nos EUA destacar-se-iam o Bank of America, Citigroup e JP Morgan, e subiram respetivamente 14,5%, 34,5% e 14,5% no primeiro semestre do ano. Segundo dados compilados pela Bloomberg, o preço-alvo médio para os próximos 12 meses do Bank of America é de 32,86 dólares por ação, ainda um potencial de valorização à volta dos 15%, de 79,12 USD/ação para o Citigroup e uma possível capacidade de valorização de 13%, e de 118,33 USD/ação para a JPMorgan e um potencial de subida a rondar os 6%. Atualmente, a economia americana é influenciada por uma política monetária expansionista que se deverá espelhar numa descida das taxas de juro de referência da Reserva Federal norte-americana (FED Funds Rate) em 25 pontos base de 2,5% para 2,25% no final do mês, a 31 julho. Os futuros relacionados com alterações nas taxas de juro da FED, negociados na Bolsa de Derivados de Chicago, apostam numa descida de 0,25 pontos percentuais, com uma probabilidade de 94%, e uma probabilidade de 6% para uma descida 0.50 pontos percentuais, descartando qualquer manutenção dos juros.

Este início de corte dos juros da Reserva Federal dos EUA pressionará em baixa as rentabilidades das obrigações do tesouro norte-americano. A yield das T-Bonds a dez anos ronda os 2%, enquanto a congénere alemã tem um valor negativo de -0,3%, e a sua descida com a consequente subida das obrigações poderá trazer ganhos de "trading" e também de carteira própria para os bancos a impulsionar os seus resultados.

Se as taxas de juro começarem a normalizar e a ajustar para valores mais consistentes com um cenário de recuperação do crescimento económico, o que não é provavelmente expectável neste momento, então poderíamos assistir a uma maior recuperação do sector financeiro e bancário. Porém, a contínua ausência de pressões inflacionistas que não dependam apenas de um choque na oferta, as curvas de rendimento então deverão refletir estagnação, apesar da forte emissão monetária, com as ações a poderem ser o local privilegiado para se conseguir remuneração dos ativos financeiros, mas com acrescido risco de capital.

A economia americana cresce há dez anos, o melhor comportamento de sempre. No final do próximo ano teremos eleições nos EUA e estatisticamente, provavelmente, devido a alteração de políticas por parte das administrações, a probabilidade de recessão aumenta quando se está perante ciclos longos de crescimento. Em 2016, Trump conseguiu tornear essa possibilidade através de uma política orçamental expansionista. O mercado de trabalho, das poucas variáveis robustas, desde o início do ano que não cria mais de 250 mil postos de trabalho, e é um valor necessário atingir para obter crescimentos acima de dos 2% ou 3%, por isso a FED irá encetar uma política monetária expansionista. 

Paulo Monteiro Rosa, In Vida Económica, 12 de julho de 2019





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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.