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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Corte da Fed não impede queda das bolsas

Palavras de Boris Johnson tiveram um impacto negativo na cotação da libra esterlina e agudizaram as incertezas da economia do Reino Unido.   

De acordo com o mercado, a Reserva Federal norte-americana prepara outro corte de 25 pontos base na próxima reunião (FOMC) no dia 18 de setembro. Segundo os futuros negociados na bolsa de derivados de Chicago, a probabilidade de descida de 0,25 pontos percentuais da taxa de juro por parte da Fed em setembro é de 57%, sendo de 43% a probabilidade de manutenção nos atuais níveis.

A descida das taxas de juro não foi consensual, dois membros votaram pela manutenção das taxas de juro invocando os fundamentais macroeconómicos que continuam resilientes, nomeadamente o mercado de trabalho. No entanto, os restantes membros, incluindo o presidente Jerome Powell, decidiram de acordo com o esperado pelos mercados financeiros, suportados, principalmente, pela diferença entre as rentabilidades da taxa de curto prazo dos billhetes do tesouro (T-Bills) a três meses, atualmente nos 2,07% e a taxa de longo prazo da obrigação do tesouro (T- -Bonds) a 10 anos nos 2,05%, ligeiramente superior, e que indicia abrandamento económico. A Fed, nomeadamente a de Nova Iorque, prefere observar a diferença entre o período de 10 anos e de três meses porque mostra "precisão e robustez ao longo do tempo". Porém, Powell referiu que não é o início de um ciclo de queda de juros, mas apenas um ajustamento.

O PMI da zona euro, indicador de atividade, desceu em julho para 46,5 e é o valor mais baixo desde dezembro de 2012. A produção na área do euro contraiu pelo sexto mês no início do terceiro trimestre, penalizada pela queda significativa da atividade económica na Alemanha. Os números pessimistas vêm na sequência de relatórios que mostram abrandamento económico da zona euro.

Estes números vêm corroborar a política monetária expansionista do Banco Central Europeu (BCE), que muito provavelmente irá cortar as taxas de juro dos depósitos em 10 pontos base em setembro de -0,4% para -0,5%. A yield da Bund alemã a 10 anos e a yield dos bilhetes do tesouro português encontram-se ainda mais negativas, abaixo dos -0,4%, registando valores históricos.

Depois de ganhar as eleições, as palavras do recém nomeado primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que garante uma saída da União Europeia (Brexit) até ao final de outubro com ou sem acordo, tiveram um impacto negativo na cotação da libra esterlina e agudizaram as incertezas da economia do Reino Unido. O governador do Banco da Inglaterra (BoE), Mark Carney, manteve quinta-feira as taxas de juro inalteradas nos 0,75%, por unanimidade com previsões para inflação de 2,37% nos próximos três anos, mas tem pela frente um dilema: por um lado segurar a libra, com uma taxa de juro atrativa ou estimular a economia através de uma política monetária expansionista que pode passar pela redução da taxa de juro da libra. •

CAMBIAL LIBRA

A moeda britânica caiu para mínimos dos últimos 28 meses com ameaça de um Brexit sem acordo, até 31 de outubro, entre o Reino Unido e a União Europeia por parte do primeiro-ministro britânico. O Irão está a planear remover quatro zeros da sua moeda nacional, o rial, enquanto o país luta contra uma inflação crescente. A economia deste país rico em petróleo foi duramente atingida por sanções unilaterais impostas pelos EUA. Apesar do corte de juros pela Fed, o euro desvaloriza face ao dólar penalizado pelo abrandamento da atividade económica na zona euro.

EMPRESAS RESULTADOS

Corticeira Amorim lucra 40 milhões de euros no primeiro semestre e as vendas subiram 3% para 412 milhões de euros. A Sonangol quer continuar a ser parceira da Galp e pretende manter o investimento no BCP, no actual nível, segundo o presidente da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins. O Barclays subiu o preço-alvo da Galp para 17,50 euros de 16.50 euros, tendo a recomendação também sido revista em alta de underweightpara overweight. A BMW obteve um EBIT igual ao esperado no segundo trimestre de 2,2 mil milhões de euro.

COMMODITIES OURO

Segundo analistas e economistas, a redução da "Fed Funds Rate" por parte da Reserva Federal norte-americana poderá estimular a procura por maior rentabilidade nas commodities, o que elevaria os preços nas bolsas internacionais e reduziria o valor do dólar. Talvez possamos ter uma recuperação das principais commodities negociadas em dólar, nas bolsas de Chicago, Londres e Nova Iorque, devido à diminuição da remuneração. O ouro é uma das principais commodities que poderá beneficiar com a queda dos juros da moeda norte-americana.
PAULO MONTEIRO ROSA, Jornal Económico, 2 de agosto 2019





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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.