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sexta-feira, 15 de maio de 2020

A importância dos Leading Indicators

Vamos a gravidade da recessão numa base tridimensional, numa ótica dos três "D": depressão (profundidade), difusão e duração. No primeiro "D", quanto à depressão (profundidade ou queda), a atual recessão será significativamente cavada. Nas últimas cinco semanas, registaram-se 26,5 milhões de pedidos de subsídio de desemprego, um excelente "leading indicator", níveis jamais observados anteriormente.

Durante a crise do Subprime foram perdidos 8,7 milhões de empregos, uma taxa de desemprego de 10%. Esta forte queda, devido a um mercado laborai flexível, como resposta ao confinamento, também poderá ter uma significativa recuperação, num curto espaço de tempo, com a reabertura da economia.

Uma recessão é realmente um ciclo vicioso, com as quedas na produção a provocarem perdas de empregos, diminuição nos rendimentos e redução nas vendas, o que contribui para uma queda ainda maior na produção. O segundo "D", a Difusão por toda a economia. A recessão e espalha-se facilmente em cascata de indústria para indústria, de região para região, e de país para país. Em termos de difusão, esta recessão é certamente grave, transversal a quase todas as indústrias.

Mas no terceiro "D", essa recessão pode estar entre as mais curtas já registadas. Perante a profunda queda da atividade económica, mesmo uma abertura lenta e parcial da economia tiraria, sem grandes dificuldades, a atividade dos níveis extremamente baixos. E aqui que os "leading indicators" são críticos, e revelarão se o ciclo vicioso recessivo mudará para um rápido ciclo virtuoso de uma recuperação autoalimentada.

Atualmente, o Brent de Londres é um excelente "leading indicator" e é a melhor referência mundial para a cotação do petróleo, preenchendo os três principais requisitos:

Independência, Waterbone e cotado em bolsa. Provavelmente, a recessão persistirá enquanto a negociação do brent estiver em contango, espelhada nas baixas cotações dos contratos para entrega imediata e prazos mais curtos, devido à descida da procura em 30% e manutenção da produção, relativamente aos contratos futuros de prazos mais longos com preços mais elevados. A recessão poderá acabar quando a negociação do Brent voltar ao habitual "backwardation", cotações para entrega imediata mais elevadas que as cotações futuras, refletindo pressão da procura sobre os preços em virtude do crescimento económico.

Esta recuperação em V, como visualizada no quadro a três dimensões, já para depois do verão, está vinculada à não existência de uma segunda vaga. Porém, neste momento, temos menos de 0,1 % da população mundial infetada com o novo coronavírus e a imunidade de grupo é atingida com pelo menos 60% da população. Em caso de segunda vaga, poderemos ter uma recuperação em U, mais provavelmente em W, ou mesmo em L, com uma recessão mais profunda e prolongada no tempo, mais semelhante à crise do subprime (grande recessão).

A recessão será mais grave, prolongando-se mais no tempo, em economias mais dependentes do turismo, com recuperações em U ou mesmo em L. Será menos severa em países cuja componente de tecnologias de informação seja mais relevante, e a retoma poderá ser, muito provavelmente, em V.

PAULO ROSA Economista Sénior do Banco Carregosa 30 de abril de 2020




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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.