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sexta-feira, 8 de março de 2019

Abrandamento da política monetária contracionista norte-americana pode sustentar mercados (?)

No dia 30 de janeiro realizar-se-á a primeira reunião da Reserva Federal norte-americana deste ano, e o mercado aguarda as palavras de Jerome Powell, que serão fundamentais para orientar e ajustar as expetativas dos investidores quanto à evolução da política monetária para o ano de 2019 se um regresso às compras ou uma continuação das vendas de ativos financeiros como as ações. Apesar da contínua apresentação de bons resultados relativos ao mercado de trabalho norte-americano, muitos investidores e analistas começam a acreditar que não haja mais subidas de taxas de juro este ano e poderá mesmo acontecer uma descida na última reunião do ano ou na primeira de 2020.

As taxas de juro de longo prazo estão neste momento em valores relativamente baixos e perto das taxas de juro de curto prazo, indiciando abrandamento ou estagnação económica, manutenção ou redução das taxas de juros e abrandamento do ritmo da inflação de preços no consumidor.

No início do ano, Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos EUA, numa entrevista onde também participava Ben Bernanke e Yanet Yellen, "afrouxou" bastante no seu discurso, dando a entender que as próximas subidas de taxas vão ser mais comedidas. Logo de seguida, os futuros da Bolsa de Chicago relativos às probabilidades de alterações de taxas de juros por parte da FED indiciavam que não iria existir mexidas de taxas este ano. E pode mesmo haver descida daqui por um ano...

Para o final de 2019, e segundo os futuros das probabilidades de alterações de taxas de juros da FED, na última reunião da Reserva Federal a 11 de dezembro, os investidores apostam, com uma probabilidade de cerca de 70%, numa manutenção das taxas de juro nos atuais patamares de 2,5%.

Os investidores crêem mesmo mais numa descida de taxas do que numa subida. Conferem uma maior perspetiva de redução em 25 pontos base de 2,5% para 2,25%, com uma probabilidade de cerca de 24%, e numa subida dos atuais níveis para os 2,75%, ou sejam 25 pontos base, a probabilidade é de apenas 6%. Powell referiu que a Fed "será paciente" com a política monetária enquanto observa o desempenho da economia norte-americana.

Segundo o presidente da FED, "não há um caminho predefinido" para aumentar as taxas ou ajustar o balanço. Também referiu que a economia dos EUA está robusta e acredita que o mercado, de acordo com as fortes quedas dos últimos meses, nomeadamente em Dezembro, está a percecionar os "riscos negativos" que ainda não são visíveis na economia dos EUA. No entanto, a FED está muito atenta ao mercado e não descura os seus movimentos. Mas, de acordo com os principais indicadores macroeconómicos, existe, atualmente, risco de recessão?

Quanto à "yield curve" (curva de rendimentos) e tendo em conta o diferencial das rentabilidades a 2 anos e a 10 anos das obrigações do tesouro norte-americano, que é superior a 10 pontos bases então não há sinal de recessão. Também a confiança do consumidor não indicia recessão, porque está perto dos máximos. Os dados do emprego relativos aos pedidos semanais de subsídio de desemprego têm subido, no entanto menos que nas recessoes anteriores. O principal indicador de atividade, o ISM, apesar da descida, continua acima dos 50 pontos que sinalizam uma expansão de uma recessão. O rácio dos stocks em relação às vendas, apesar de elevado, tem descido e está bastante aquém dos valores de 2016, logo não indicia recessão. As encomendas de bens duradouros continuam relativamente estáveis. As licenças para a construção de casas têm subido ligeiramente e continuam a mostrar força da economia e longe de um sinal de recessão. A cotação do cobre caiu 20% em 2018, bem como de outras mercadorias, e podem indiciar um motivo preocupante de recessão. O petróleo perdeu quase 40% desde outubro
PAULO ROSA, Vida Económica, 18 janeiro 2019


 


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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.