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sexta-feira, 8 de março de 2019

O fluxo do dinheiro inteligente

O índice do "fluxo do smart money", ou índice de "fluxo de dinheiro inteligente", é um indicador de análise técnica que tem como objetivo revelar o sentimento dos investidores. O índice foi inventado e popularizado pelo gestor financeiro Don Hays. Este indicador é construído com base em padrões de preços que são formados em diferentes momentos do dia.

O índice do "fluxo de smart money" é calculado com base em dois períodos do índice acionista norteamericano Dow Jones: os primeiros 30 minutos de negociação e a fase do fecho do mercado.

Este índice está a cair significativamente desde o início do ano e encontra-se aos níveis mais baixos desde as crises financeiras de 2008 e de 2002, depois do rebentar da bolha das "dotcoms" em 2000.

A ideia principal é que a maioria dos investidores, emocionais e vulneráveis às notícias, reagem exageradamente no início da negociação, logo pela manhã, por causa das notícias, sejam elas boas ou más.

Já os investidores "inteligentes e experientes" começam a negociar mais perto do final da sessão, tendo a oportunidade de avaliar o desempenho do mercado. Portanto, a estratégia básica é apostar contra a tendência dos preços matinais e acompanhar a tendência dos preços no final da sessão. Este tipo de índice pode ser calculado para qualquer mercado ou índice acionista.

Muito tem sido dito e estudado acerca da forte queda do Índice do "smart money". No passado, grandes quedas no índice, como a que se observa atualmente, provaram ser o início de significativas quedas nas cotações das ações. Muitos investidores e académicos procuram agora explicações sobre a dinâmica que está por detrás do declínio do índice, que não está a ser acompanhada pela queda do Dow Jones, que, apesar das fortes descidas de outubro, se encontra perto dos máximos históricos.

Porém, o índice representa simplesmente a diferença entre os primeiros 30 minutos de negociação e a última hora. A ideia que pode estar aqui subjacente é a de que os investidores mais novos, que se iniciam nos mercados acionistas, negoceiam mais nos primeiros 30 minutos e os investidores mais experientes na fase final do mercado.

A diferença reflete a negociação líquida desses investidores "mais inteligentes", mais experientes.

Todavia, a verdade é que, com o aumento significativo da popularidade dos ETF, os mercados mudaram muito na última década. A grande maioria do volume de negociação não é realizada por investidores individuais, mas por algoritmos. Além disso, a grande maioria do volume de negócios em bolsa também ocorre atualmente durante a última meia hora de negociação, já que os "algoritmos investidores" realizam os seus balanços diários necessários para corresponder aos seus "benchmark", para seguirem os índices acionistas de referência.

Ou será que estas explicações não estão certas e o "smart money" está mesmo a antecipar uma queda duradoura nas bolsas? 

PAULO ROSA, Economista/senior trader do Banco Carregosa, 16 novembro

 


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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.