O PIB na óptica da despesa é o somatório do consumo privado, dos gastos públicos, do investimento privado e das exportações. A esta soma subtraem-se as importações. O governo espera uma queda de 4,8%, para o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), em 2011. A poupança nacional terá um decréscimo de 10%, o diferencial de 5% terá que ser suprido com recurso a capitais estrangeiros, aumentando a dívida externa. Este diferencial negativo é recorrente nas últimas décadas, contribuindo para o desequilíbrio das nossas contas com o exterior.
O PIB português cresceu nas últimas décadas baseado no consumo interno e, desde o início do séc. XXI parte desse consumo, foi alavancado e conseguido com recurso ao endividamento, nomeadamente externo. As bolhas não existem só nos mercados financeiros, mercados imobiliários, mas também nas economias. O nosso PIB, bem como o da Grécia, está empolado pelo consumo privado e público e as medidas de austeridade servem para sanear as contas portuguesas (públicas, familiares e empresariais) e criar um novo paradigma de crescimento com base nas exportações e no investimento privado. A desalavancagem da nossa economia, um mal necessário, conduzirá à contracção económica de pelo menos 4% nos próximos 2 anos. A redução do rendimento disponível corrigirá o consumo interno e será um entrave às importações. A redução da despesa do Estado equilibrará os consumos públicos. O consumo interno e os gastos públicos serão substituídos pelo investimento e pelas exportações, na porta giratória da teoria económica.
As medidas de austeridade são incontornáveis? Sim. São um Imperativo da Troika. Os financiadores aguardam o seu dinheiro e uma reestruturação da dívida afastar-nos-ia dos mercados durante décadas. O modelo de crescimento precisa de ser alterado e os portugueses necessitam de ajustar os seus hábitos de consumo. Portugal está a colher um PIB desestruturado, pelo consumo desenfreado que semeou, em parte recorrendo ao endividamento externo. Em regra todos os países com défices na balança de transacções correntes têm dívidas externas crescentes e problemas de crescimento económico (Portugal, Grécia, Espanha, Itália, EUA). Os países excedentários nas suas relações comerciais com o exterior (China, Brasil, Índia, Qatar, Rússia, Alemanha, Singapura) financiam as aludidas economias deficitárias.
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