Desde 1 de Abril de 2011 [última emissão de OT] que Portugal
só se financia nos mercados através de BT a 3 e 6 meses, com excepção da
emissão de bilhetes do tesouro (BT) a 12 meses no passado dia 18 de Janeiro,
que obteve um sucesso considerável. Não seria pertinente arriscar emissões mais
longas e testar o mercado com uma emissão de BT a 18 meses? Provavelmente não
pelas razões inframencionadas.
Não se podem testar os mercados com Bilhetes do tesouro!
Bilhetes do tesouro (BT) não são iguais a obrigações do
tesouro [OT). O mercado percepciona que os bilhetes do tesouro são sempre
pagos, mas o mesmo não acontece com as obrigações do tesouro (poderá existir
incumprimento).
Por exemplo os BT para Julho de 2012 estão com uma yield de
4.25% e as OT para 15 Junho 2012, que vencem antes, têm uma yield de 5.7% (à
cotação de 99.75% verificada neste momento).
Porque é que as OT para Junho têm uma yield superior aos BT
de Julho? Porque o mercado assume que os BT são sempre pagos. A prova cabal disso
é o próprio financiamento da Grécia e de Portugal através dos mercados
financeiros internacionais via BT (bilhetes do tesouro). Ainda ontem a
Grécia se financiou, através de BT, a 4.61% para 18 Maio, e com uma forte
procura...
Caso Portugal emitisse BT a 18 meses o sucesso seria
provavelmente garantido e com uma taxa acessível, possivelmente a 5%.
Mas caso emitisse obrigações do tesouro (OT) a 2 anos, o
Estado português pagaria provavelmente uma taxa à volta dos 13%.
A Grécia tem uma dívida pública de 150% do PIB e espera-se
que desça para 120% nos próximos anos. Com o haicut [perdão] de 68%,
seria de esperar que viesse para valores de 50% do PIB. Mas o que está
contemplado são só as obrigações do tesouro (OT) e não outros instrumentos de
dívida, como sejam os bilhetes do tesouro. São os detentores de OT que vão
pagar a factura na Grécia...
Parece paradoxal [porque se não existir dinheiro para pagar as OT de Junho, provavelmente não haveria para pagar os BT de Julho], mas é assim que o mercado e investidores de dívida pública funcionam.
Então, porque é que o Estado não se financia com bilhetes do tesouro exclusivamente, já que as taxas são mais baixas? É preciso ter em atenção que grande parte da dívida pública está concentrada em Obrigações de Tesouro, logo o risco está centrada neste instrumento de dívida. Se começarmos a emitir tudo em bilhetes do tesouro o risco passará para estes títulos de dívida e o mercado verá os bilhetes do tesouro como títulos com risco considerável e precepcionará que podem não ser pagos. Há uma inversão do risco... Além disso são precisos fazer investimentos de longo, a construção de uma barragem ou de uma auto-estrada e o financiamento será em princípio efectuado através da emissão de obrigações do tesouro, caso não haja receitas suficientes do impostos.
Parece paradoxal [porque se não existir dinheiro para pagar as OT de Junho, provavelmente não haveria para pagar os BT de Julho], mas é assim que o mercado e investidores de dívida pública funcionam.
Então, porque é que o Estado não se financia com bilhetes do tesouro exclusivamente, já que as taxas são mais baixas? É preciso ter em atenção que grande parte da dívida pública está concentrada em Obrigações de Tesouro, logo o risco está centrada neste instrumento de dívida. Se começarmos a emitir tudo em bilhetes do tesouro o risco passará para estes títulos de dívida e o mercado verá os bilhetes do tesouro como títulos com risco considerável e precepcionará que podem não ser pagos. Há uma inversão do risco... Além disso são precisos fazer investimentos de longo, a construção de uma barragem ou de uma auto-estrada e o financiamento será em princípio efectuado através da emissão de obrigações do tesouro, caso não haja receitas suficientes do impostos.
O mercado assume que os bilhetes do tesouro são sempre
pagos, logo têm menos risco e por conseguinte menor taxa de retorno (taxa de
juro implícita - yield)...