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terça-feira, 10 de setembro de 2013

O que vai condicionar os mercados nos próximos meses?



Quem investe nos mercados financeiros vai ter que seguir duas variáveis fundamentais da economia norte-americana nos próximos tempos: o limite da dívida pública (o “debt ceiling”), que deverá ser atingido já em meados de Outubro, e o fim do “quantitative easing”, uma forma de os bancos centrais emitirem moeda e injectarem liquidez na economia. A questão poderá passar pela retirada gradual dos estímulos (“tapering”) por parte da Reserva Federal norte-americana e não pela sua mera diminuição. A reunião da FED no próximo dia 18 de Setembro trará alguma clareza quanto a esta matéria.

O quantitative easing, não só da FED, mas também dos bancos centra China e do Japão, importantes economias mundiais, podem estar a gerar arriscadas bolhas de crédito que põem em causa um sustentável crescimento económico global.

Na China, a segunda maior economia do mundo, a falta de clareza da sua banca coloca várias interrogações para aferir com maior precisão a bolha imobiliária. Qual é o montante do crédito concedido? A quanto ascende o malparado? Será apenas uma questão de tempo o rebentar da bolha imobiliária chinesa e o seu impacto nos mercados? Provavelmente sim, mas não se sabe quando, nem qual a sua amplitude.

Outro tema que deve ser seguido de perto é o dos chamados “países emergentes”, como o Brasil, que está entre as sete maiores economias do mundo. É um facto a tendência para uma estagflação da economia, traduzida pela estagnação do crescimento económico e aparecimento de inflação relevante nos 6.3% no mês de Julho. A taxa de juro de referência do Banco Central do Brasil subiu meio ponto percentual de 8.5% para 9% a 29 de Agosto. O real desvaloriza em relação ao euro 14% desde o início do ano e o principal índice bolsista brasileiro, o Bovespa, desce 17% no mesmo período.

Economias emergentes que alavancam a economia mundial, com crescimentos significativos, através da sua procura por matérias-primas, bens de investimento e produtos de consumo final, influenciarão a evolução dos mercados nos próximos tempos.  

Na Europa permanecem as dúvidas quanto à evolução favorável das dívidas públicas e dos défices orçamentais de todos os países da União. Apesar do indicador de confiança económico alemão IFO se encontrar nos 107.5 pontos, o nível mais elevado no último ano, mas ainda aquém dos 115 alcançados no início de 2011.

No plano geopolítico permanece a interrogação sobre uma acção militar na Síria. Um pretexto para uma correcção dos mercados, mas que poderá ter impacto real caso o eventual conflito se agudize ou extravase para os países vizinhos.

Estes são, em suma, os factores que deverão condicionar os mercados nas próximas semanas. Em Portugal, a bolsa acumula um ganho quase irrelevante de 3,5% desde Janeiro, isto apesar de ter estado positivo durante a maior parte do ano. Mas as quedas de Junho e Julho deitaram quase tudo a perder. Falta pouco mais de um trimestre para fechar o ano.

Paulo Monteiro Rosa, economista, 6 de setembro 2013
Publicado no Semanário "Vida Económica" dia 06/09/2013
http://www.scribd.com/doc/166037603/AVidaeconomica-mercados

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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.