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terça-feira, 24 de junho de 2014

E SE, DE REPENTE, NOS VIRMOS A MEIO DE UMA NOVA BOLHA?

Não é caso para entrar já em pânico. Vamos primeiro aos factos. Nos mercados bolsistas, os principais índices acionistas mundiais estão em máximos: O SP500 sobe 200% desde o mínimo em 2009 e cerca de 90% desde outubro de 2011. O Dax de Frankfurt regista uma subida de 100% desde o final de 2011.
As Obrigações do Tesouro (OT) da Grécia já se tornaram um ativo financeiro elegível e procurado não só por especuladores, mas também por investidores com alguma aversão ao risco. A rentabilidade das OT a 10 anos registou, na semana passada, um valor de 5.50%,impensável há um ano.
Em Nova Iorque negoceiam-se táxis acima de um milhão de dólares, quando há 3 anos se compravam por meio milhão de dólares e, em 2005, por 350 mil dólares.
No início deste mês, o Banco Central Europeu (BCE) reforçou a sua política monetária expansionista: a taxa de referência baixou de 0.25% para 0.15%, vão ser feitos mais empréstimos de longo prazo (LTRO) e a taxa de depósitos passou a ser negativa [-0.1%], ou seja, os bancos que quiserem manter dinheiro junto do BCE terão que pagar. Nos dias seguintes a este anúncio, os depósitos junto do BCE diminuíram 65%. O Banco Central quer empurrar os bancos para emprestarem dinheiro sem olharem a quem…
Do Banco de Inglaterra à Reserva Federal dos Estados Unidos, passando pelo Banco do Japão, todos continuam empenhados no aumento da massa monetária…
Estamos perante a criação de bolhas especulativas em várias frentes? Com estes dados, é difícil dizer que não.
Fenómenos semelhantes à "febre das tulipas", que deu origem ao primeiro crash bolsista, na Holanda do século XVII, são recorrentes quando existe dinheiro fácil, quando há um expressivo aumento da massa monetária sem respaldo da produção de bens e serviços. Foi a primeira bolha financeira conhecida e causada pela afluência de metais preciosos, nomeadamente ouro, trazidos pelos espanhóis e portugueses da América durante o século XVI e XVII e, em grande parte, tinham como destino Amesterdão, onde tinha sido criado, em 1609, o Banco de Amesterdão, administrado por um comité de funcionários do governo da cidade e o percursor, se não mesmo o primeiro banco central moderno.Muitos bolbos de tulipas, entre 1634 e 1637 ano do crash, aumentaram cerca de 60 vezes de preço e alguns mais raros valiam mais que uma casa em Amesterdão.
Nos EUA, os investidores que alienem ações ficam com liquidez que não rende dinheiro, dado os juros baixos e a falta de alternativas de investimento. Que fazer então? Comprar táxis! Quando há dinheiro fácil e abundante, a criação de uma bolha especulativa é inevitável. Quanto mais tempo durar a subida, maior será a correção. É uma questão de tempo (quanto?) mas uma inevitabilidade perante as políticas monetárias inflacionistas...
A atividade dos bancos é idêntica a outro qualquer negócio. Se um industrial, após vários estudos técnicos, chegar à conclusão que determinado investimento não compensa o risco, visto os custos serem superiores às receitas esperadas, então não realizará esse projeto. De modo análogo, se num determinado banco o custo marginal superar a receita marginal, não será concedido crédito. O risco tem um elevado peso no cálculo do custo marginal. Os bancos, com a consciência do que o seu negócio representa, tentam rentabilizar o dinheiro depositado, através da sua carteira própria e empréstimos a terceiros. Os bancos bem geridos só emprestam a quem der garantias.
Se o segredo, para resolver os problemas económicos, fosse a emissão de dinheiro pelos bancos centrais, então não haveria países pobres no mundo.

Paulo Monteiro Rosa, economista

Publicado no semanário "Vida Económica" de 20 de Junho de 2014
http://www.docstoc.com/docs/171287772/A%20meio%20de%20uma%20nova%20bolha.pdf












2 comentários:

  1. Boas!

    Sim de facto não é caso para entrar já em pânico! De resto é exactamente isso que o FSI revela! Níveis de stress negativos! Olhando o histório e associando os dados do Market CAP/GDP e do VIX lá dos bacanos, podemos ficar a aguardar que de facto as BOLHAS estão para rebentar (limite 2017).

    E os únicos que acham que é "de repente" são os otários do costume, que depois irão pagar a conta dos gases de escape das BOLHAS que rebentaram...

    Mas não vale de facto a pena entrar em pânico, pois os níveis de excitação dos bacanos que brincam nas bolsas está elevado!

    Há que manter a ILUSÃO de que o sistema bancário é SÉRIO, HONESTO, ÉTICO E SÓLIDO (pelo menos para alguns!)

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    Respostas
    1. Caro taawaciclos,

      Seja educado e respeite as pessoas.
      Tomo a liberdade de lhe referir que refugiar-se por detrás de um nick não fica lhe fica nada bem. Principalmente quando aquilo que escreve roça o baixo nível ...

      "Quem insulta sob a capa do anonimato não passa de um reles cobarde" Montesquieu

      Apóstila: http://viriatosdaeconomia.blogspot.pt/2014/03/a-ciencia-economica.html

      Um excelente ano de 2015 para si, Senhor taawaciclos.

      Cumprimentos,
      Paulo Monteiro Rosa

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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.