Na década de 70, essa teoria deixou de ser verificada empiricamente, principalmente devido ao choque petrolífero, quando assistimos a altas taxas de inflação e de desemprego. Os economistas norte-americanos Milton Friedman e Edmund Phelps chegaram à conclusão que determinante é a variação da inflação e não a taxa, depois de terem em conta o método das expectativas adaptativas para a inflação. No longo prazo a inflação observada será igual à esperada, e não se verificará nenhuma relação inversa entre a inflação e o desemprego.
Os países desenvolvidos são pautados por baixas taxas de
inflação e de desemprego. Mais produção é sinónimo de descida de preços, logo
uma descida da taxa de desemprego é sinónimo de uma descida da inflação de
preços no consumidor e vice-versa. A Suíça, o Japão, a Alemanha, os EUA, entre
outros países desenvolvidos, têm taxas de desemprego baixas. Estão praticamente
em pleno emprego e a inflação é também baixa. Já em países subdesenvolvidos,
muitas vezes devido à política dos governos - como a Venezuela e outros países
da América Latina e do continente africano - observamos taxas de desemprego
elevadas e taxas de inflação também bastante altas. Sem produção, a taxa de
desemprego é elevada e como não existe nada para comprar, os preços dos bens e
serviços sobem.
Perante a inversão da curva de Phillips, com taxas de
desemprego e de inflação baixas, temos assistido a máximos históricos
diariamente, nos últimos meses, em várias das principais bolsas mundiais, desde
a principal bolsa de ações germânica (Frankfurt) aos máximos históricos diários
dos índices norte-americanos, S&P500, Nasdaq100 e Dow Jones 30. No curto prazo haverá alguma relação negativa entre estas variáveis macroeconómicas. Mas no longo prazo a taxa de inflação não influencia o nível de emprego. No muito longo prazo quase que poderemos afirmar que as economias com baixas taxas de desemprego, ou seja as economias mais desenvolvidas do mundo, estão associadas a baixas taxas de inflação, e por arrasto a baixas taxas de juro também, logo a curva de Phillips não fará qualquer sentido.
Paulo Rosa, In "Vida Económica", 12 de janeiro 2018