Trump culpa a Fed por
'sell-off nos mercados
A Fed, o Banco Central da China, o FMI e Itália contribuíram para uma situação de queda nas bolsas globais e subida nos juros das dívidas.
PAULO ROSA
A meio desta semana, chegou o sinal de alarme com as bolsas a registarem fortes perdas. Na quarta- -feira, o S&P 500 sofreu a maior queda desde 5 de fevereiro, ao perder 3,29%. Donald Trump veio culpar a Reserva Federal norte- -americana (Fed) pelo sell-off.
Os sinais apareceram logo no início da semana. Segunda-feira foi fértil em acontecimentos premonitórios da evolução dos mercados. O principal índice acionista chinês, o Shanghai Composite, desvalorizou 3,7%, a refletir a intenção do Banco Central da China de diminuir a taxa da reserva legal, a partir de 15 de outubro, em um ponto percentual. Os grandes bancos passam de uma taxa de 15,5% para 14,5% e, assim, terão uma maior fatia dos depósitos à ordem para emprestar.
É um reconhecimento, por parte das autoridades monetárias chinesas, do abrandamento da sua economia. É uma forma de estimular o crédito que tem vindo a diminuir nos últimos tempos. Em parte, a desalavancagem a que a economia chinesa vem assistindo resulta do encarecimento do crédito em dólares, pelas sucessivas subidas de taxas de juro da Fed.
A comunicação do Fundo Monetário Internacional (FMI), que pela primeira vez em dois anos reduziu as previsões para o crescimento económico global, foi mais um rastilho para o agudizar das quedas.
Itália continua a preocupar os investidores e, na segunda-feira, o mercado acionista de Milão perdeu à volta de 2,5%. A rentabilidade das obrigações do Tesouro italiano a 10 anos atingiu os 3,67%, com uma significativa fuga para a dívida pública germânica, sempre a funcionar como o porto seguro, situação que se manteve durante a semana.
O mercado receia que a agência de rating S&P reveja em baixa a classificação do risco da dívida italiana. As yields italianas são quase o dobro da rentabilidade portuguesa a 10 anos, à volta dos 2%, e bastante mais do dobro da yield espanhola com a mesma maturidade, que se situa nos 1,6%. Atualmente, o spread da yield a 10 anos entre a dívida italiana e a alemã é já de 3,1%. Uma divergência que deverá continuar a aumentar.
A rentabilidade das obrigações do Tesouro dos EUA registaram máximos dos últimos sete anos, nos 3,26%, seguindo a subida das taxas da Fed e da inflação acima dos 2%, sendo mais um fator de instabilidade para os mercados.
Uma yield acima de 4% ou 4,5% poderá, muito provavelmente, redundar numa correção dos mercados acionistas dos EUA e mundiais. No sell-off dos mercados acionistas as yields desceram para 3,15% com as obrigações do Tesouro norte-americano a servir de refúgio. •
AÇÕES
GALP
A Galp iniciou a semana em alta, após a casa financeira Kepler Cheuvreux subir a recomendação e aconselhar a manutenção do título em carteira, contra a anterior recomendação para reduzir. Mas a queda acentuada nos mercados acabou por penalizar duplamente a Galp. A petrolífera foi arrastada não só pela queda das ações, mas também pela forte descida do preço do petróleo a meio da semana, que se afastou dos máximos dos últimos quatro anos. A Galp tem agora quatro recomendações de compra, 12 de manter e sete de venda. O preço-alvo médio a 12 meses é de 17,36 euros por ação.
CAMBIAL
REAL BRASILEIRO
Olhando para o mercado cambial, os investidores preferem Jair Bolsonaro para presidente do Brasil que Fernando Haddad. Após o atentado à vida de Bolsonaro, em setembro, a moeda brasileira estancou as quedas e os mínimos que registava e começou a recuperar à medida que Bolsonaro subia nas intenções de voto. O real tem vindo a recuperar dos mínimos históricos nos 4,20 reais por dólar. Números só vistos em setembro de 2015. No dia seguinte às eleições brasileiras, o real valorizou 3% face ao dólar. O índice acionista Bovespa subiu 4,57%, o maior ganho dos últimos dois anos.
COMMODITIES
PETRÓLEO
O possível agudizar das sanções dos EUA ao Irão levaram, na semana passada, o preço do petróleo a máximos de quatro anos, nos 86,74 dólares por barril de Brent e 76,90 dólares por WTI. Todavia, o petróleo acabou por descer significativamente e está agora ao nível do início do mês, ligeiramente acima de 80 dólares por barril de Brent, devido à forte queda nas ações. A própria OPEP anunciou uma redução na estimativa da procura, o que também pressiona o preço a cair. Os furacões no Atlântico Norte continuam a ameaçar as plataformas petrolíferas junto ao golfo do México.
A Fed, o Banco Central da China, o FMI e Itália contribuíram para uma situação de queda nas bolsas globais e subida nos juros das dívidas.
PAULO ROSA
A meio desta semana, chegou o sinal de alarme com as bolsas a registarem fortes perdas. Na quarta- -feira, o S&P 500 sofreu a maior queda desde 5 de fevereiro, ao perder 3,29%. Donald Trump veio culpar a Reserva Federal norte- -americana (Fed) pelo sell-off.
Os sinais apareceram logo no início da semana. Segunda-feira foi fértil em acontecimentos premonitórios da evolução dos mercados. O principal índice acionista chinês, o Shanghai Composite, desvalorizou 3,7%, a refletir a intenção do Banco Central da China de diminuir a taxa da reserva legal, a partir de 15 de outubro, em um ponto percentual. Os grandes bancos passam de uma taxa de 15,5% para 14,5% e, assim, terão uma maior fatia dos depósitos à ordem para emprestar.
É um reconhecimento, por parte das autoridades monetárias chinesas, do abrandamento da sua economia. É uma forma de estimular o crédito que tem vindo a diminuir nos últimos tempos. Em parte, a desalavancagem a que a economia chinesa vem assistindo resulta do encarecimento do crédito em dólares, pelas sucessivas subidas de taxas de juro da Fed.
A comunicação do Fundo Monetário Internacional (FMI), que pela primeira vez em dois anos reduziu as previsões para o crescimento económico global, foi mais um rastilho para o agudizar das quedas.
Itália continua a preocupar os investidores e, na segunda-feira, o mercado acionista de Milão perdeu à volta de 2,5%. A rentabilidade das obrigações do Tesouro italiano a 10 anos atingiu os 3,67%, com uma significativa fuga para a dívida pública germânica, sempre a funcionar como o porto seguro, situação que se manteve durante a semana.
O mercado receia que a agência de rating S&P reveja em baixa a classificação do risco da dívida italiana. As yields italianas são quase o dobro da rentabilidade portuguesa a 10 anos, à volta dos 2%, e bastante mais do dobro da yield espanhola com a mesma maturidade, que se situa nos 1,6%. Atualmente, o spread da yield a 10 anos entre a dívida italiana e a alemã é já de 3,1%. Uma divergência que deverá continuar a aumentar.
A rentabilidade das obrigações do Tesouro dos EUA registaram máximos dos últimos sete anos, nos 3,26%, seguindo a subida das taxas da Fed e da inflação acima dos 2%, sendo mais um fator de instabilidade para os mercados.
Uma yield acima de 4% ou 4,5% poderá, muito provavelmente, redundar numa correção dos mercados acionistas dos EUA e mundiais. No sell-off dos mercados acionistas as yields desceram para 3,15% com as obrigações do Tesouro norte-americano a servir de refúgio. •
AÇÕES
GALP
A Galp iniciou a semana em alta, após a casa financeira Kepler Cheuvreux subir a recomendação e aconselhar a manutenção do título em carteira, contra a anterior recomendação para reduzir. Mas a queda acentuada nos mercados acabou por penalizar duplamente a Galp. A petrolífera foi arrastada não só pela queda das ações, mas também pela forte descida do preço do petróleo a meio da semana, que se afastou dos máximos dos últimos quatro anos. A Galp tem agora quatro recomendações de compra, 12 de manter e sete de venda. O preço-alvo médio a 12 meses é de 17,36 euros por ação.
CAMBIAL
REAL BRASILEIRO
Olhando para o mercado cambial, os investidores preferem Jair Bolsonaro para presidente do Brasil que Fernando Haddad. Após o atentado à vida de Bolsonaro, em setembro, a moeda brasileira estancou as quedas e os mínimos que registava e começou a recuperar à medida que Bolsonaro subia nas intenções de voto. O real tem vindo a recuperar dos mínimos históricos nos 4,20 reais por dólar. Números só vistos em setembro de 2015. No dia seguinte às eleições brasileiras, o real valorizou 3% face ao dólar. O índice acionista Bovespa subiu 4,57%, o maior ganho dos últimos dois anos.
COMMODITIES
PETRÓLEO
O possível agudizar das sanções dos EUA ao Irão levaram, na semana passada, o preço do petróleo a máximos de quatro anos, nos 86,74 dólares por barril de Brent e 76,90 dólares por WTI. Todavia, o petróleo acabou por descer significativamente e está agora ao nível do início do mês, ligeiramente acima de 80 dólares por barril de Brent, devido à forte queda nas ações. A própria OPEP anunciou uma redução na estimativa da procura, o que também pressiona o preço a cair. Os furacões no Atlântico Norte continuam a ameaçar as plataformas petrolíferas junto ao golfo do México.