Quem investe nos mercados financeiros vai ter que seguir
duas variáveis fundamentais da economia norte-americana nos próximos tempos: o
limite da dívida pública (o “debt
ceiling”), que deverá ser atingido já em meados de Outubro, e o fim do “quantitative easing”, uma forma de os
bancos centrais emitirem moeda e injectarem liquidez na economia. A
questão poderá passar pela retirada gradual dos estímulos (“tapering”) por parte da Reserva Federal
norte-americana e não pela sua mera diminuição. A reunião da FED no próximo dia
18 de Setembro trará alguma clareza quanto a esta matéria.
O quantitative easing, não só da FED, mas também dos bancos centra China e do Japão, importantes economias mundiais, podem estar a gerar arriscadas bolhas de crédito que põem em causa um sustentável crescimento económico global.
O quantitative easing, não só da FED, mas também dos bancos centra China e do Japão, importantes economias mundiais, podem estar a gerar arriscadas bolhas de crédito que põem em causa um sustentável crescimento económico global.
Na China, a segunda maior economia do mundo, a falta de
clareza da sua banca coloca várias interrogações para aferir com maior precisão
a bolha imobiliária. Qual é o montante do crédito concedido? A quanto ascende o
malparado? Será apenas uma questão de tempo o rebentar da bolha imobiliária chinesa e o seu impacto
nos mercados? Provavelmente sim, mas não se sabe quando, nem qual a sua
amplitude.
Outro tema que deve ser seguido de perto é o dos chamados
“países emergentes”, como o Brasil, que está entre as sete maiores economias do
mundo. É um facto a tendência para uma estagflação da economia, traduzida pela
estagnação do crescimento económico e aparecimento de inflação relevante nos
6.3% no mês de Julho. A taxa de juro de referência do Banco Central do Brasil
subiu meio ponto percentual de 8.5% para 9% a 29 de Agosto. O real desvaloriza
em relação ao euro 14% desde o início do ano e o principal índice bolsista
brasileiro, o Bovespa, desce 17% no mesmo período.
Economias emergentes que alavancam a economia mundial, com crescimentos significativos, através da sua procura por matérias-primas, bens de investimento e produtos de consumo final, influenciarão a evolução dos mercados nos próximos tempos.
Economias emergentes que alavancam a economia mundial, com crescimentos significativos, através da sua procura por matérias-primas, bens de investimento e produtos de consumo final, influenciarão a evolução dos mercados nos próximos tempos.
Na Europa permanecem as dúvidas quanto à evolução favorável
das dívidas públicas e dos défices orçamentais de todos os países da União. Apesar
do indicador de confiança económico alemão IFO se encontrar nos 107.5 pontos, o
nível mais elevado no último ano, mas ainda aquém dos 115 alcançados no início
de 2011.
No plano geopolítico permanece a interrogação sobre uma
acção militar na Síria. Um pretexto para uma correcção dos mercados, mas que
poderá ter impacto real caso o eventual conflito se agudize ou extravase para
os países vizinhos.
Estes são, em suma, os factores que deverão condicionar os
mercados nas próximas semanas. Em Portugal, a bolsa acumula um ganho quase
irrelevante de 3,5% desde Janeiro, isto apesar de ter estado positivo durante a
maior parte do ano. Mas as quedas de Junho e Julho deitaram quase tudo a
perder. Falta pouco mais de um trimestre para fechar o ano.
Paulo Monteiro Rosa, economista, 6 de setembro 2013
Publicado no Semanário "Vida Económica" dia 06/09/2013
http://www.scribd.com/doc/166037603/AVidaeconomica-mercados
Paulo Monteiro Rosa, economista, 6 de setembro 2013
Publicado no Semanário "Vida Económica" dia 06/09/2013
http://www.scribd.com/doc/166037603/AVidaeconomica-mercados