Poderíamos dizer que Cristo era muita coisa, mas jamais que era comunista.
Cristo pedia às pessoas para ajudarem os mais pobres. Para ajudar é preciso ter, logo Cristo era um defensor da propriedade privada, da plena liberdade do ser humano, económica, cultural...
Cristo seria um social democrata, tal como Hayek, com reservas segundo o tamanho de um Estado, seria a favor de um Estado mais pequeno, das regras, do direito positivo. Afrontava as leis! Porque não se pode trabalhar ao sábado, colher umas espigas se estamos com fome? Fora com as regras sem sentido, e liberdade para que as pessoas façam aquilo que muito bem entenderem desde que não prejudiquem terceiros.
Se Jesus vivesse hoje em dia, seria contra os bancos centrais e a sua manipulação, intervencionismo que acabam sempre por prejudicar os mais desfavorecidos e agradar e favorecer os mais privilegiados, aqueles que recebem primeiro o dinheiro, os bancos, os mais informados. Teria muitas dificuldade em aceitar um regime de reservas fraccionárias...
Era um apologista do direito natural... A natureza humana do amor não se decreta, vem lá bem do fundo de cada coração...
Cristo jamais abominou os ricos, e defendia aqueles que poupavam, investiam e traziam progresso e um mundo melhor. O que abominava era a corrupção e aqueles que enriqueciam sem ser com o seu trabalho. A cada um segundo aquilo que produz.
Comunismo é tábua rasa. Todos iguais, todos pobres.
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
Since December 25th, 2010
Translate
sexta-feira, 10 de julho de 2015
GRÉCIA E CHINA "IMPEDEM" INVESTIDORES DE TIRAR FÉRIAS DE VERÃO
Os mercados têm perdido significativamente nas últimas semanas e, mais
que o impasse grego que continua a condicionar o mercado com intensa
volatilidade, a forte queda das bolsas chinesas de Shanghai, Shenzhen e
Hong Kong está a provocar uma descida generalizada nas bolsas a nível mundial quer dos países desenvolvidos, quer dos emergentes.
As "commodities" (mercadorias) perdem em toda a linha, devido aos receios de que a China diminua a sua procura. O ferro, por exemplo, cai para valores abaixo dos 50 USD/tonelada, mínimos desde 2007, depois de ter registado máximos perto dos 200 USD em 2010. A bolsa tecnológica de Shenzhen já perdeu cerca de 40% desde o máximo do passado 12 de junho nos 3100 pontos. Teve um "dead cat bounce" há dias, ou seja um "ressalto do gato morto", tal como o Nasdaq fez em 2000, para voltar a cair.
Este tipo de movimento é um forte sinal de tendência de queda. Particulares abastados e empresários bem-sucedidos têm boa parte do seu dinheiro investido na bolsa. Se os empresários chineses perdem dinheiro, deixam de investir, deixam de pagar salários, reduzem as exportações chinesas. A ascensão de uma classe média pujante na China permitiu o aumento do consumo quer produtos chineses, quer produtos estrangeiros, como automóveis, relógios suíços, vestuário de luxo francês e italiano, alimentos exóticos que não existem na China. Com a queda das bolsas chinesas, o consumo privado também cairá.
A política inflacionista do Banco Central da China durante muitos anos culminou na exuberância dos índices acionistas. Foram criadas cidades para manter uma atividade económica robusta mas ilusória. No longo prazo o ajustamento será uma realidade. Ainda no final de junho, o Banco Central da China tentou conter a queda dos índices através de uma política inflacionista mais agressiva refletida na descida da taxa de reserva legal e o governo chinês permitiu mais alavancagem e criou um fundo, com vários intermediários financeiros das bolsas chinesas (Hong Kong, Shanghai e Shenzhen), para estabilizarem o mercado. Apesar das quedas das últimas semanas, os títulos ainda se encontram relativamente caros em relação às ações das principais bolsas dos EUA e da Europa.
A bolsa de Shenzhen perdeu 2 biliões de dólares, ou seja 40%, desde o máximo a 12 de junho, e a bolsa de Shanghai perdeu 2.2 biliões de dólares, cerca de 32%. A bolsa de Hong Kong, nomeadamente o índice Hang Seng, perdeu 240 mil milhões de dólares, à volta de 18%, desde o máximo em abril. No total, as 3 principais bolsas chinesas perderam 4.5 biliões de dólares, cerca de 20 vezes o PIB da Grécia.
Para além das consequências habituais nos mercados, também os investimentos chineses no estrangeiro deverão diminuir. Portugal tem nos últimos anos alienado várias participações de empresas a investidores chineses e a maior parte dos vistos Gold têm sido solicitados por chineses…
Quanto à Grécia, é provável que o BCE continue a endurecer a sua posição pois não pode ser doutra maneira. Com o ELA (Emergency Liquidity Assistance), mecanismo de cedência de liquidez, a permanecer com um "cap" nos 88.6 mil milhões de euros, os bancos gregos vão ter dificuldade em abrir nos próximos dias. Como estamos num regime bancário de reservas fracionárias, os depósitos em grande parte são dígitos e não existe dinheiro suficiente para o converter em "cash" a não ser que o BCE imprimisse mais, aumento do ELA. O controlo de capitais para evitar o "corralito", os levantamentos massivos e a descapitalização da banca apontam o caminho da falência. Fala-se num "haircut" no mínimo de 30% nos depósitos superiores a 8000 euros, por parte do governo grego para capitalizar a banca tal como aconteceu no Chipre.
Com o impasse grego, as bolsas e a dívida seguem pressionadas. A taxa de juro das OT portuguesa a 10 anos está a 3.14%, mesmo assim a níveis bastante tranquilos. Só acima dos 6 ou 7% poderia existir algum pânico. Mas as bolsas não param de cair, nomeadamente a de Lisboa, porque Portugal é sempre visto como o seguinte caso aconteça algo à Grécia…
Paulo Rosa, In Jornal "Vida Económica", hoje, dia 10 de julho. Escrito a 7 de julho.As "commodities" (mercadorias) perdem em toda a linha, devido aos receios de que a China diminua a sua procura. O ferro, por exemplo, cai para valores abaixo dos 50 USD/tonelada, mínimos desde 2007, depois de ter registado máximos perto dos 200 USD em 2010. A bolsa tecnológica de Shenzhen já perdeu cerca de 40% desde o máximo do passado 12 de junho nos 3100 pontos. Teve um "dead cat bounce" há dias, ou seja um "ressalto do gato morto", tal como o Nasdaq fez em 2000, para voltar a cair.
Este tipo de movimento é um forte sinal de tendência de queda. Particulares abastados e empresários bem-sucedidos têm boa parte do seu dinheiro investido na bolsa. Se os empresários chineses perdem dinheiro, deixam de investir, deixam de pagar salários, reduzem as exportações chinesas. A ascensão de uma classe média pujante na China permitiu o aumento do consumo quer produtos chineses, quer produtos estrangeiros, como automóveis, relógios suíços, vestuário de luxo francês e italiano, alimentos exóticos que não existem na China. Com a queda das bolsas chinesas, o consumo privado também cairá.
A política inflacionista do Banco Central da China durante muitos anos culminou na exuberância dos índices acionistas. Foram criadas cidades para manter uma atividade económica robusta mas ilusória. No longo prazo o ajustamento será uma realidade. Ainda no final de junho, o Banco Central da China tentou conter a queda dos índices através de uma política inflacionista mais agressiva refletida na descida da taxa de reserva legal e o governo chinês permitiu mais alavancagem e criou um fundo, com vários intermediários financeiros das bolsas chinesas (Hong Kong, Shanghai e Shenzhen), para estabilizarem o mercado. Apesar das quedas das últimas semanas, os títulos ainda se encontram relativamente caros em relação às ações das principais bolsas dos EUA e da Europa.
A bolsa de Shenzhen perdeu 2 biliões de dólares, ou seja 40%, desde o máximo a 12 de junho, e a bolsa de Shanghai perdeu 2.2 biliões de dólares, cerca de 32%. A bolsa de Hong Kong, nomeadamente o índice Hang Seng, perdeu 240 mil milhões de dólares, à volta de 18%, desde o máximo em abril. No total, as 3 principais bolsas chinesas perderam 4.5 biliões de dólares, cerca de 20 vezes o PIB da Grécia.
Para além das consequências habituais nos mercados, também os investimentos chineses no estrangeiro deverão diminuir. Portugal tem nos últimos anos alienado várias participações de empresas a investidores chineses e a maior parte dos vistos Gold têm sido solicitados por chineses…
Quanto à Grécia, é provável que o BCE continue a endurecer a sua posição pois não pode ser doutra maneira. Com o ELA (Emergency Liquidity Assistance), mecanismo de cedência de liquidez, a permanecer com um "cap" nos 88.6 mil milhões de euros, os bancos gregos vão ter dificuldade em abrir nos próximos dias. Como estamos num regime bancário de reservas fracionárias, os depósitos em grande parte são dígitos e não existe dinheiro suficiente para o converter em "cash" a não ser que o BCE imprimisse mais, aumento do ELA. O controlo de capitais para evitar o "corralito", os levantamentos massivos e a descapitalização da banca apontam o caminho da falência. Fala-se num "haircut" no mínimo de 30% nos depósitos superiores a 8000 euros, por parte do governo grego para capitalizar a banca tal como aconteceu no Chipre.
Com o impasse grego, as bolsas e a dívida seguem pressionadas. A taxa de juro das OT portuguesa a 10 anos está a 3.14%, mesmo assim a níveis bastante tranquilos. Só acima dos 6 ou 7% poderia existir algum pânico. Mas as bolsas não param de cair, nomeadamente a de Lisboa, porque Portugal é sempre visto como o seguinte caso aconteça algo à Grécia…
quinta-feira, 9 de julho de 2015
ENTENDIMENTO SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE OS SERES HUMANOS E OS ANIMAIS
Este texto tem na sua génese a "queima do gato", há algumas semanas, numa aldeia recôndita de Vila Flor.
Serão as touradas, a par de outras manifestações e tradições com animais, actos bárbaros? Claro que sim! Mas ainda alguém tem dúvidas a esse respeito? São tradições antigas e que mais cedo ou mais tarde deixarão de existir, ou serão feitas noutros moldes. As tradições têm os seus próprios timings que devemos tentar respeitar. Termos a humildade e a compreensão suficientes, ou se calhar não!, para percebermos porque algumas pessoas continuam a ter determinadas atitudes bárbaras com os animais. As tradições espelham a vivência dos nossos antepassados que, julgo eu, não devemos jamais olvidar. Eu respeito as tradições, mas não deixo de manifestar a minha indignação quanto aos actos bárbaros que muitas existem.
Na tradição da “queima do gato”, agora que se tornou pública, provavelmente o gato será substituído por um desenho animado, e se não for para o ano será daqui a alguns anos. Agora que saiu do anonimato, esta tradição terá, e ainda bem, os dias contados e os gatos de Vila Flor e arredores passarão a viver tranquilos para sempre! Daqui por 100 anos, muito provavelmente, não haverá touradas.
Não vou negar que gosto de ver uma boa pega. A força do touro, apesar dos cornos embolados e já cansado, frente aos forcados. Talvez seja assim que o meu subconsciente observa, a força da natureza espelhada no augusto touro e na valentia do forcado...
A matança do porco ainda existe em muitas aldeias, mesmo as que são contíguas a Vila Real, e é relativamente bárbara. Tenho consciência de que fere susceptibilidades das pessoas da urbe. No entanto, saliento que assisti na íntegra a dezenas de matanças do porco e não é por causa disso que sou menos civilizado que os demais.
Tomo a liberdade de deixar aqui o meu ponto de vista: Os animais não têm direitos, nós [seres humanos] é que temos deveres para com os animais. Temos a obrigação de os [animais] tratar com a dignidade que eles nos merecem, temos o dever de tratar bem os animais.
Os animais não têm direitos? Claro que não. Porque se tivessem, deveriam ter também obrigações e, obviamente, não têm capacidades para isso. Os direitos são um apanágio do ser humano sempre complementados pelas obrigações, é assim que se manifesta a salutar vivência nos países civilizados.
Nenhum povo que trata mal os animais poderá algum dia alcançar, ou almejar, o desenvolvimento e o progresso humano. Mas, da mesma forma, os povos que dão mais valor a um animal que ao seu semelhante, que a outro ser humano, também jamais alcançarão uma plenitude civilizacional.
O ser humano olha para o animal como se ele tivesse os mesmos sentimentos que nós. Somos nós, muitas vezes, que sentimos pelos animais. Vimos os animais como se eles tivessem as mesmas características do Homem. Nós sofremos por eles [animais]...
Paulo Monteiro Rosa
Serão as touradas, a par de outras manifestações e tradições com animais, actos bárbaros? Claro que sim! Mas ainda alguém tem dúvidas a esse respeito? São tradições antigas e que mais cedo ou mais tarde deixarão de existir, ou serão feitas noutros moldes. As tradições têm os seus próprios timings que devemos tentar respeitar. Termos a humildade e a compreensão suficientes, ou se calhar não!, para percebermos porque algumas pessoas continuam a ter determinadas atitudes bárbaras com os animais. As tradições espelham a vivência dos nossos antepassados que, julgo eu, não devemos jamais olvidar. Eu respeito as tradições, mas não deixo de manifestar a minha indignação quanto aos actos bárbaros que muitas existem.
Na tradição da “queima do gato”, agora que se tornou pública, provavelmente o gato será substituído por um desenho animado, e se não for para o ano será daqui a alguns anos. Agora que saiu do anonimato, esta tradição terá, e ainda bem, os dias contados e os gatos de Vila Flor e arredores passarão a viver tranquilos para sempre! Daqui por 100 anos, muito provavelmente, não haverá touradas.
Não vou negar que gosto de ver uma boa pega. A força do touro, apesar dos cornos embolados e já cansado, frente aos forcados. Talvez seja assim que o meu subconsciente observa, a força da natureza espelhada no augusto touro e na valentia do forcado...
A matança do porco ainda existe em muitas aldeias, mesmo as que são contíguas a Vila Real, e é relativamente bárbara. Tenho consciência de que fere susceptibilidades das pessoas da urbe. No entanto, saliento que assisti na íntegra a dezenas de matanças do porco e não é por causa disso que sou menos civilizado que os demais.
Tomo a liberdade de deixar aqui o meu ponto de vista: Os animais não têm direitos, nós [seres humanos] é que temos deveres para com os animais. Temos a obrigação de os [animais] tratar com a dignidade que eles nos merecem, temos o dever de tratar bem os animais.
Os animais não têm direitos? Claro que não. Porque se tivessem, deveriam ter também obrigações e, obviamente, não têm capacidades para isso. Os direitos são um apanágio do ser humano sempre complementados pelas obrigações, é assim que se manifesta a salutar vivência nos países civilizados.
Nenhum povo que trata mal os animais poderá algum dia alcançar, ou almejar, o desenvolvimento e o progresso humano. Mas, da mesma forma, os povos que dão mais valor a um animal que ao seu semelhante, que a outro ser humano, também jamais alcançarão uma plenitude civilizacional.
O ser humano olha para o animal como se ele tivesse os mesmos sentimentos que nós. Somos nós, muitas vezes, que sentimos pelos animais. Vimos os animais como se eles tivessem as mesmas características do Homem. Nós sofremos por eles [animais]...
Paulo Monteiro Rosa
A política monetária planificada e a recente queda das bolsas chinesas
Podemos encontrar
vários motivos que justificam a queda das accções chinesas. A exuberante subida
dos principais índices chineses – Shenzhen, Shanghai e Hong Kong - desde o
início do ano é, até este momento, o principal motivo desta correção. Os
índices desceram respetivamente 40%, 32% e 18% desde os máximos atingidos no
início de junho e estão a níveis de março deste ano! Se a correção se agudizar,
e passar para valores do ano passado, já estaremos a falar dum ajustamento, que
teria que existir um dia, dos excessos das políticas inflacionistas do Banco
Central da China.
Quando uma parte da subida dos mercados acionistas é justificada por políticas expansionistas dos Bancos Centrais, e não sustentadamente baseada na poupança real, mais cedo ou mais tarde o ajustamento será uma realidade. São subidas ilusórias e que espelham verdadeiras “bolhas”.
Os investimentos chineses no estrangeiro, caso esta correção se mantenha, deverão diminuir. A maior parte dos vistos gold tem sido solicitada por chineses. Além disso, nos últimos anos, Portugal tem alienado várias participações de empresas a investidores chineses, investimentos que tendem a atenuar-se ou mesmo ser interrompidos, em virtude desta crise colocar em causa a já frágil viabilidade financeira da Fosun, e também da Anbang, na compra do Novo Banco. Estes grupos chineses são vistos como fortes potenciais compradores do Novo banco.
Paulo Monteiro Rosa, economista, 8 de julho 2015.
Diário de notícias. China tenta travar crash da bolsa. 75% das empresas estão suspensas."Se se tratar apenas de uma correção das fortes subidas verificadas, as quedas ficarão por aqui", prevê Paulo Rosa. No entanto, o trader da GoBulling - Banco Carregosa Online alerta que "existem bolhas formadas e as ações chinesas ainda se mantêm relativamente caras em relação às ações de outras geografias como os EUA e a Europa".http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=4670494&referrer=FooterOJ
Estamos perante uma
mera correção ou um verdadeiro Crash? Se se tratar apenas de uma correção das
fortes subidas verificadas, as quedas ficarão por aqui. No entanto, as bolsas
chinesas e o imobiliário, nomeadamente em Hong Kong, têm subido quase
ininterruptamente desde há 10 anos. Existem bolhas formadas e as ações chinesas
ainda se mantêm relativamente caras em relação às ações de outras geografias
como os EUA e a Europa.
As autoridades chinesas têm tomado várias medidas para debelar as quedas das suas principais bolsas. A descida da taxa de reserva mínima legal, a criação de um fundo apoiado por vários intermediários financeiros das praças chinesas, as compras por parte dos fundos de pensões do país, a permissão para o aumento da alavancagem foram algumas das medidas tomadas pelas autoridades chinesas, até ao momento não estão a conseguir estancar as quedas verificadas nos índices chineses. Curiosamente, estas medidas também foram adotadas pelo governo dos EUA e pela Reserva Federal norte-americana antes do “crash” de 1929…
As autoridades chinesas têm tomado várias medidas para debelar as quedas das suas principais bolsas. A descida da taxa de reserva mínima legal, a criação de um fundo apoiado por vários intermediários financeiros das praças chinesas, as compras por parte dos fundos de pensões do país, a permissão para o aumento da alavancagem foram algumas das medidas tomadas pelas autoridades chinesas, até ao momento não estão a conseguir estancar as quedas verificadas nos índices chineses. Curiosamente, estas medidas também foram adotadas pelo governo dos EUA e pela Reserva Federal norte-americana antes do “crash” de 1929…
Quando uma parte da subida dos mercados acionistas é justificada por políticas expansionistas dos Bancos Centrais, e não sustentadamente baseada na poupança real, mais cedo ou mais tarde o ajustamento será uma realidade. São subidas ilusórias e que espelham verdadeiras “bolhas”.
Os investimentos chineses no estrangeiro, caso esta correção se mantenha, deverão diminuir. A maior parte dos vistos gold tem sido solicitada por chineses. Além disso, nos últimos anos, Portugal tem alienado várias participações de empresas a investidores chineses, investimentos que tendem a atenuar-se ou mesmo ser interrompidos, em virtude desta crise colocar em causa a já frágil viabilidade financeira da Fosun, e também da Anbang, na compra do Novo Banco. Estes grupos chineses são vistos como fortes potenciais compradores do Novo banco.
Paulo Monteiro Rosa, economista, 8 de julho 2015.
Diário de notícias. China tenta travar crash da bolsa. 75% das empresas estão suspensas."Se se tratar apenas de uma correção das fortes subidas verificadas, as quedas ficarão por aqui", prevê Paulo Rosa. No entanto, o trader da GoBulling - Banco Carregosa Online alerta que "existem bolhas formadas e as ações chinesas ainda se mantêm relativamente caras em relação às ações de outras geografias como os EUA e a Europa".http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=4670494&referrer=FooterOJ
sexta-feira, 3 de julho de 2015
A FÁBRICA DE FAZER DINHEIRO VAI VOLTAR A PRODUZIR DRACMAS?
No início de maio a Fortress Paper subiu quase 100%, para os 4 dólares
canadianos, perante a especulação de que o governo grego teria acordado
com esta empresa o fornecimento de uma nova moeda para a Grécia, caso
abandonasse o euro.
A Fortpress Paper é uma empresa canadiana produtora de um tipo de celulose específica para o fabrico de documentos de alta segurança, passaportes e notas de banco. O negócio da produção de celulose está sedeado no Canadá, enquanto a produção de papel de elevada segurança, tal como notas de banco, está localizada na Suíça, na sua fábrica Landquart AG. Nesta fábrica da Fortress Paper é produzido papel para as notas de francos suíços, além de 10 governos da zona do euro usarem papel desta fábrica para imprimir euros, sob a autoridade do Banco Central Europeu (BCE).
Depois de no último fim-de-semana o governo grego ter abandonado a mesa de negociações e convocado um referendo, a maior parte das bolsas europeias caiu cerca de 5% e as praças norte-americanas perderam 2%, porém a Fortress Paper esteve a maior parte do dia a negociar em alta, a subir 3%, acabando o dia de segunda-feira inalterada.
Uma boa parte das notas de euro que circulam em Portugal são produzidas pela Valora SA, no Carregado, a pedido do Banco de Portugal, sob autorização do BCE, ao qual cabe o direito exclusivo de permitir a emissão de notas na Zona Euro. A Valora SA é detida a 100% pelo Banco de Portugal.
Numa hipotética saída da Grécia da Zona Euro, a fábrica Landquart SA da Fortress Paper, na Suíça, estaria bem posicionada para ganhar o contrato para fornecer papel para uma nova versão da histórica moeda da Grécia, o dracma. O governo grego poderia estar a pensar, neste momento, usar uma moeda paralela, para uso interno na Grécia, enquanto não se alcança um acordo entre Atenas e Bruxelas, e que pode em último recurso passar até por certificados emitidos pelo tesouro helénico, com vários valores que permitiriam a plena facilitação das trocas. Todavia a sua utilização deveria ser uma exceção, e jamais uma regra, porque qualquer país ao aderir ao euro abdica da sua política monetária, do poder de impressão de notas, e muito provavelmente esta moeda para uso interno seria ilegal, porque extravasa a política orçamental ao entrar na esfera de atuação do Banco Central Europeu (BCE).
Os dracmas poderão resolver o problema das trocas internas porém, fora da Grécia, essa moeda pouco ou nada vale. Para pagar as importações, é necessário ter dólares ou outra moeda de referência mundial, como o euro.
Atualmente a Zona Euro tem mecanismos para debelar o impacto nos mercados financeiros de uma saída da Grécia da Zona Euro. A união bancária é uma realidade no horizonte, a atuação do BCE é bastante ativa e enérgica, o FEEF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira) criado em 2010 e substituído pelo MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade) em 2013 é fulcral, e os países estão capitalizados com taxas de juro baixas, o que lhes permite uma relativa folga perante uma turbulência dos mercados durante algum tempo.
A rentabilidade (yield) das obrigações do tesouro português e grego, apesar das recentes subidas, são inferiores aos valores de há 15 dias. A taxa a 10 anos portuguesa é de 3%, bastante confortável. Já a grega, de 16%, impede qualquer financiamento no mercado.
O maior problema do abandono do euro por parte da Grécia seria geopolítico, com uma saída da União Europeia. O resultado do referendo na Grécia, este domingo, poderá ditar o futuro do euro e o comportamento da cotação da Fortress Paper nos próximos tempos…
Jornal "Vida Económica", dia 3 de julho de 2015. Escrito a 30 de junho 2015.
A Fortpress Paper é uma empresa canadiana produtora de um tipo de celulose específica para o fabrico de documentos de alta segurança, passaportes e notas de banco. O negócio da produção de celulose está sedeado no Canadá, enquanto a produção de papel de elevada segurança, tal como notas de banco, está localizada na Suíça, na sua fábrica Landquart AG. Nesta fábrica da Fortress Paper é produzido papel para as notas de francos suíços, além de 10 governos da zona do euro usarem papel desta fábrica para imprimir euros, sob a autoridade do Banco Central Europeu (BCE).
Depois de no último fim-de-semana o governo grego ter abandonado a mesa de negociações e convocado um referendo, a maior parte das bolsas europeias caiu cerca de 5% e as praças norte-americanas perderam 2%, porém a Fortress Paper esteve a maior parte do dia a negociar em alta, a subir 3%, acabando o dia de segunda-feira inalterada.
Uma boa parte das notas de euro que circulam em Portugal são produzidas pela Valora SA, no Carregado, a pedido do Banco de Portugal, sob autorização do BCE, ao qual cabe o direito exclusivo de permitir a emissão de notas na Zona Euro. A Valora SA é detida a 100% pelo Banco de Portugal.
Numa hipotética saída da Grécia da Zona Euro, a fábrica Landquart SA da Fortress Paper, na Suíça, estaria bem posicionada para ganhar o contrato para fornecer papel para uma nova versão da histórica moeda da Grécia, o dracma. O governo grego poderia estar a pensar, neste momento, usar uma moeda paralela, para uso interno na Grécia, enquanto não se alcança um acordo entre Atenas e Bruxelas, e que pode em último recurso passar até por certificados emitidos pelo tesouro helénico, com vários valores que permitiriam a plena facilitação das trocas. Todavia a sua utilização deveria ser uma exceção, e jamais uma regra, porque qualquer país ao aderir ao euro abdica da sua política monetária, do poder de impressão de notas, e muito provavelmente esta moeda para uso interno seria ilegal, porque extravasa a política orçamental ao entrar na esfera de atuação do Banco Central Europeu (BCE).
Os dracmas poderão resolver o problema das trocas internas porém, fora da Grécia, essa moeda pouco ou nada vale. Para pagar as importações, é necessário ter dólares ou outra moeda de referência mundial, como o euro.
Atualmente a Zona Euro tem mecanismos para debelar o impacto nos mercados financeiros de uma saída da Grécia da Zona Euro. A união bancária é uma realidade no horizonte, a atuação do BCE é bastante ativa e enérgica, o FEEF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira) criado em 2010 e substituído pelo MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade) em 2013 é fulcral, e os países estão capitalizados com taxas de juro baixas, o que lhes permite uma relativa folga perante uma turbulência dos mercados durante algum tempo.
A rentabilidade (yield) das obrigações do tesouro português e grego, apesar das recentes subidas, são inferiores aos valores de há 15 dias. A taxa a 10 anos portuguesa é de 3%, bastante confortável. Já a grega, de 16%, impede qualquer financiamento no mercado.
O maior problema do abandono do euro por parte da Grécia seria geopolítico, com uma saída da União Europeia. O resultado do referendo na Grécia, este domingo, poderá ditar o futuro do euro e o comportamento da cotação da Fortress Paper nos próximos tempos…
Jornal "Vida Económica", dia 3 de julho de 2015. Escrito a 30 de junho 2015.
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Páginas do Blog "Omnia Economicus"
Arquivo do blogue
Seguidores
Economista
- Paulo Monteiro Rosa
- Naturalidade Angolana
- Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.