Um ano após a resolução do
Banco Espírito Santo, decidida pelo Banco de Portugal a 3 de agosto de 2014, a
bolsa portuguesa não é mais a mesma e as metamorfoses são evidentes, desde a
perda generalizada de valor à constituição do PSI20, hoje, com apenas 18
empresas. A desconfiança no banco e a descapitalização nos meses antecedentes,
nomeadamente depois de uma empresa do Grupo Espírito Santo (GES) no dia 25 de
junho de 2014 não ter honrado o pagamento de uma dívida, acabariam por culminar
na queda do BES.
Em julho ocorreu a derrocada do GES, com o pedido de proteção contra os credores do Espírito Santo Financial Group. Devido à ligação umbilical entre o BES e GES, o contágio ao banco foi inevitável, e era uma questão de dias para o banco, que perdia crédito e o crédito dos investidores a cada hora que passava, colapsar. Havia várias hipóteses para tentar solucionar o problema do BES e restaurar a confiança no sistema bancário português como um todo. A liquidação, a nacionalização, a recapitalização através de um aumento de capital a realizar pelos acionistas ou pela entrada de um novo acionista privado, apesar de nenhum grupo bancário suficientemente robusto ter mostrado interesse nesta última hipótese, e por fim a resolução do banco, medida que viria a ser adotada. A resolução, por parte do Banco de Portugal, centrou-se na cisão do BES em duas novas instituições financeiras: o "bad bank", constituído pelos ativos de cobrança duvidosa e sem licença bancária e o Novo Banco para onde transitaram a generalidade da atividade e do património do BES, devidamente capitalizado e expurgado de ativos de difícil cobrança ou de complexo aferimento do seu valor. O capital social do Novo Banco, de 4,9 mil milhões de euros, foi integralmente subscrito pelo fundo de resolução, constituído pelos bancos portugueses, tendo a Caixa Geral de Depósitos e o BCP como principais acionistas, e capitalizado com um empréstimo de 4 mil milhões de euros do Estado Português. Os depósitos foram salvaguardados, bem como as obrigações não subordinadas.
A queda do BES não arrastou só o maior grupo português de sempre das telecomunicações, gerou uma significativa desconfiança no setor financeiro português, espelhada nas cotações dos bancos nos dias seguintes à resolução. Originou também um pleno descrédito abrangente a toda a praça portuguesa. O PSI20 perdeu 20% até ao final de 2014, movimento contrário ao verificado nas principais bolsas mundiais. Os investidores estrangeiros alienaram os títulos que tinham em carteira, quer fossem financeiros ou não. A cotação do BES foi suspensa, a 1 de agosto, a 0,12 €. O acabaria por ser retirado do PSI20, a valer zero, no dia 11 de agosto, subtraindo 675 milhões de euros ao índice. O BES cotava a 1,30 em maio e representava cerca de 12% do PSI20. O empréstimo de 897 milhões de euros da Portugal Telecom, atual Pharol, à Rio Forte enviesou a fusão da operadora portuguesa com a OI e levou, a par do fraco desempenho da empresa brasileira, à queda de 80% num ano. Hoje cota a 0,33 €, e cerca de 6% foram subtraídos ao PSI20. índice PSI20 perdeu 20%, desde a resolução do BES até ao final do ano de 2014, devido à desconfiança em torno do BES e da Portugal Telecom. Se, por hipótese, desses 20% metade for da responsabilidade do descrédito provocado pelo BES, podemos avançar, grosso modo, que muito provavelmente o colapso deste banco, retirou à bolsa portuguesa entre 25% a 30%, à volta de 12 mil milhões de euros cerca 7,5% do PIB português.
In Vida Económica, 7 de Agosto de 2015
Em julho ocorreu a derrocada do GES, com o pedido de proteção contra os credores do Espírito Santo Financial Group. Devido à ligação umbilical entre o BES e GES, o contágio ao banco foi inevitável, e era uma questão de dias para o banco, que perdia crédito e o crédito dos investidores a cada hora que passava, colapsar. Havia várias hipóteses para tentar solucionar o problema do BES e restaurar a confiança no sistema bancário português como um todo. A liquidação, a nacionalização, a recapitalização através de um aumento de capital a realizar pelos acionistas ou pela entrada de um novo acionista privado, apesar de nenhum grupo bancário suficientemente robusto ter mostrado interesse nesta última hipótese, e por fim a resolução do banco, medida que viria a ser adotada. A resolução, por parte do Banco de Portugal, centrou-se na cisão do BES em duas novas instituições financeiras: o "bad bank", constituído pelos ativos de cobrança duvidosa e sem licença bancária e o Novo Banco para onde transitaram a generalidade da atividade e do património do BES, devidamente capitalizado e expurgado de ativos de difícil cobrança ou de complexo aferimento do seu valor. O capital social do Novo Banco, de 4,9 mil milhões de euros, foi integralmente subscrito pelo fundo de resolução, constituído pelos bancos portugueses, tendo a Caixa Geral de Depósitos e o BCP como principais acionistas, e capitalizado com um empréstimo de 4 mil milhões de euros do Estado Português. Os depósitos foram salvaguardados, bem como as obrigações não subordinadas.
A queda do BES não arrastou só o maior grupo português de sempre das telecomunicações, gerou uma significativa desconfiança no setor financeiro português, espelhada nas cotações dos bancos nos dias seguintes à resolução. Originou também um pleno descrédito abrangente a toda a praça portuguesa. O PSI20 perdeu 20% até ao final de 2014, movimento contrário ao verificado nas principais bolsas mundiais. Os investidores estrangeiros alienaram os títulos que tinham em carteira, quer fossem financeiros ou não. A cotação do BES foi suspensa, a 1 de agosto, a 0,12 €. O acabaria por ser retirado do PSI20, a valer zero, no dia 11 de agosto, subtraindo 675 milhões de euros ao índice. O BES cotava a 1,30 em maio e representava cerca de 12% do PSI20. O empréstimo de 897 milhões de euros da Portugal Telecom, atual Pharol, à Rio Forte enviesou a fusão da operadora portuguesa com a OI e levou, a par do fraco desempenho da empresa brasileira, à queda de 80% num ano. Hoje cota a 0,33 €, e cerca de 6% foram subtraídos ao PSI20. índice PSI20 perdeu 20%, desde a resolução do BES até ao final do ano de 2014, devido à desconfiança em torno do BES e da Portugal Telecom. Se, por hipótese, desses 20% metade for da responsabilidade do descrédito provocado pelo BES, podemos avançar, grosso modo, que muito provavelmente o colapso deste banco, retirou à bolsa portuguesa entre 25% a 30%, à volta de 12 mil milhões de euros cerca 7,5% do PIB português.
In Vida Económica, 7 de Agosto de 2015
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