A Correção chegou ao outro lado do Atlântico. Os mercados
acionistas norte-americanos registaram a pior semana desde 2011, a refletir não
só o abrandamento da produção industrial chinesa dos últimos 6 anos, mas também
o receio quanto ao arrefecimento da economia dos EUA.
Os alertas não são de agora. Há vezes meses, mesmo já durante o ano de 2014, os sinais de correção estavam de certa forma implícitos. O imobiliário na China e Hong Kong está a níveis exorbitantes há vários anos e mesmo nos EUA já se encontra neste momento aos níveis de 2006, perto do auge antes da crise do imobiliário neste país. O esmagamento das taxas de juro pelos principais bancos centrais do mundo, através de agressivas políticas monetárias inflacionistas, através da criação de mais dinheiro, através de cedência de liquidez aos bancos e mais tarde sucessivos “Quantitative Easings” (QE), bem como pela descida das taxas de juro de referência para valores praticamente de 0%, descidas artificiais e a pisar terreno jamais experienciado no passado. A queda das obrigações. A descida acentuada das bolsas chinesas tem arrastado os mercados dos países emergentes, nomeadamente os asiáticos, e agora está a atingir as praças europeias e norte-americanas. Os problemas geo-políticos em várias regiões.
A desvalorização da moeda chinesa, o yuan-renminbi, há duas semanas, não é mais que um reflexo à desvalorização consecutiva do dólar americano (USD), do iene japonês (JPY) nos últimos anos e à queda do euro no último ano, tudo reflexo dos “Quantitatives Easings” e das descidas das taxas de juro pelos bancos centrais destas zonas económicas. As autoridades chinesas estão apenas a ajustar a sua moeda às principais moedas mundiais. No entanto esta atitude demonstra também a fraqueza que se assiste na China, plasmada na correção dos mercados acionistas e no abrandamento, para mínimos dos últimos 6 anos, do forte ritmo de crescimento da produção industrial a que todos estavam habituados a assistir na segunda maior economia do mundo.
O preço das matérias-primas em mínimos espelha a diminuição da procura mundial. O petróleo cotado nos EUA, o WTI de nova Iorque, baixou, pela primeira vez desde 2009, dos 40 USD/Barril. Este é a maior referência para a cotação do petróleo mundial a par do Brent de Londres. O petróleo desce há 8 semanas consecutivas, o maior ciclo de quedas desde 1986.
No 2º trimestre do ano os lucros das empresas que compõe o S&P500, um dos principais índices acionistas norte-americanos, cresceram ao ritmo mais baixo dos últimos 6 anos. Os lucros subiram em média apenas 0.07 USD/ação relativamente ao trimestre homólogo de 2014. A preocupação da Reserva Federal dos EUA deixou de ser o “timing” da subida das taxas de juro, e passou a ser a baixa inflação e o abrandamento económico. A bolsa de Shanghai registou nesta segunda-feira a maior queda desde 2007.
O que os investidores devem fazer agora? Lutar ou fugir? A emoção não se deve apoderar das decisões dos investidores. Este devem ser racionais, disciplinados. Perante a forte queda das bolsas americanas muitos investidores, que até agora se mantinham fieis e firmes a aguentar as suas carteiras, não acreditando que os mercados poderiam encetar uma correção a qualquer momento, descurando os sinais que iam surgindo, entraram agora em pânico e querendo desfazer-se de todos os títulos em carteira, alienar tudo. Um “panic sell” não é salutar…
O ser humano, a par dos animais mais evoluídos, é dotado de uma parte primitiva junto ao tronco cerebral, o complexo reptiliano. Uma ferramenta de sobrevivência imprescindível, que nos diz, perante uma ameaça, se devemos lutar ou fugir. O investidor que não consegue lidar com estes sinais emanados do nosso cérebro vai entrar em pânico, não conseguindo perceber se perante a ameaça da queda dos mercados deve fugir, alienando toda a carteira, ou enfrentar a correção dos mercados e esperar por um “pullback”, uma recuperação em alta depois das fortes descidas, porque por vezes os mercados amplificam as quedas. Deve, racionalmente, enfrentar a ameaça e analisar se consegue superá-la ou não.
Um investidor assustado não deve descurar o seu instinto de sobrevivência: Lutar ou fugir. Este existe para o ajudar. Jamais deve entrar em pânico, sob pena de ser mal sucedido…
Paulo Monteiro Rosa, 24 de Agosto de 2015
Os alertas não são de agora. Há vezes meses, mesmo já durante o ano de 2014, os sinais de correção estavam de certa forma implícitos. O imobiliário na China e Hong Kong está a níveis exorbitantes há vários anos e mesmo nos EUA já se encontra neste momento aos níveis de 2006, perto do auge antes da crise do imobiliário neste país. O esmagamento das taxas de juro pelos principais bancos centrais do mundo, através de agressivas políticas monetárias inflacionistas, através da criação de mais dinheiro, através de cedência de liquidez aos bancos e mais tarde sucessivos “Quantitative Easings” (QE), bem como pela descida das taxas de juro de referência para valores praticamente de 0%, descidas artificiais e a pisar terreno jamais experienciado no passado. A queda das obrigações. A descida acentuada das bolsas chinesas tem arrastado os mercados dos países emergentes, nomeadamente os asiáticos, e agora está a atingir as praças europeias e norte-americanas. Os problemas geo-políticos em várias regiões.
A desvalorização da moeda chinesa, o yuan-renminbi, há duas semanas, não é mais que um reflexo à desvalorização consecutiva do dólar americano (USD), do iene japonês (JPY) nos últimos anos e à queda do euro no último ano, tudo reflexo dos “Quantitatives Easings” e das descidas das taxas de juro pelos bancos centrais destas zonas económicas. As autoridades chinesas estão apenas a ajustar a sua moeda às principais moedas mundiais. No entanto esta atitude demonstra também a fraqueza que se assiste na China, plasmada na correção dos mercados acionistas e no abrandamento, para mínimos dos últimos 6 anos, do forte ritmo de crescimento da produção industrial a que todos estavam habituados a assistir na segunda maior economia do mundo.
O preço das matérias-primas em mínimos espelha a diminuição da procura mundial. O petróleo cotado nos EUA, o WTI de nova Iorque, baixou, pela primeira vez desde 2009, dos 40 USD/Barril. Este é a maior referência para a cotação do petróleo mundial a par do Brent de Londres. O petróleo desce há 8 semanas consecutivas, o maior ciclo de quedas desde 1986.
No 2º trimestre do ano os lucros das empresas que compõe o S&P500, um dos principais índices acionistas norte-americanos, cresceram ao ritmo mais baixo dos últimos 6 anos. Os lucros subiram em média apenas 0.07 USD/ação relativamente ao trimestre homólogo de 2014. A preocupação da Reserva Federal dos EUA deixou de ser o “timing” da subida das taxas de juro, e passou a ser a baixa inflação e o abrandamento económico. A bolsa de Shanghai registou nesta segunda-feira a maior queda desde 2007.
O que os investidores devem fazer agora? Lutar ou fugir? A emoção não se deve apoderar das decisões dos investidores. Este devem ser racionais, disciplinados. Perante a forte queda das bolsas americanas muitos investidores, que até agora se mantinham fieis e firmes a aguentar as suas carteiras, não acreditando que os mercados poderiam encetar uma correção a qualquer momento, descurando os sinais que iam surgindo, entraram agora em pânico e querendo desfazer-se de todos os títulos em carteira, alienar tudo. Um “panic sell” não é salutar…
O ser humano, a par dos animais mais evoluídos, é dotado de uma parte primitiva junto ao tronco cerebral, o complexo reptiliano. Uma ferramenta de sobrevivência imprescindível, que nos diz, perante uma ameaça, se devemos lutar ou fugir. O investidor que não consegue lidar com estes sinais emanados do nosso cérebro vai entrar em pânico, não conseguindo perceber se perante a ameaça da queda dos mercados deve fugir, alienando toda a carteira, ou enfrentar a correção dos mercados e esperar por um “pullback”, uma recuperação em alta depois das fortes descidas, porque por vezes os mercados amplificam as quedas. Deve, racionalmente, enfrentar a ameaça e analisar se consegue superá-la ou não.
Um investidor assustado não deve descurar o seu instinto de sobrevivência: Lutar ou fugir. Este existe para o ajudar. Jamais deve entrar em pânico, sob pena de ser mal sucedido…
Paulo Monteiro Rosa, 24 de Agosto de 2015
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