Desde o dia 16, em apenas três dias, as ações do DB perderam 14%, mas o mais impressionante foi a queda de 15% das obrigações perpétuas, batendo nos mínimos de fevereiro. O Deutsche Bank reportou, a 28 de janeiro, um surpreendente prejuízo de 6.8 mil milhões de euros relativos aos resultados de 2015 como consequência dos custos com litígios e reestruturações. Nas duas semanas seguintes, as obrigações perpétuas caíram 20% de 88 para 70 e as ações sofreram quedas na ordem dos 22%. Após algum alívio, e correção em alta, os títulos do DB voltaram às quedas mais acentuadas depois de ter sido divulgado o chumbo do banco alemão nos testes de stress feitos nos EUA, a par do Santander.
Segundo um relatório do FMI no final de junho, o Deutsche Bank é o banco com o maior risco sistémico do mundo e afirma mesmo que no exterior supera o risco da própria Alemanha. As taxas de juro muito baixas, quase de zero ou mesmo negativas nalguns prazos, alicerçadas numa política monetária fortemente expansionista do Banco Central Europeu (BCE) potenciam também, e significativamente, esse risco. Na lista apresentada pelo FMI e encabeçada pelo Deutsche Bank, seguem-se o HSBC, o maior banco da Europa, e o Crédit Suisse.
Estará todo o sistema bancário mundial depauperado e a precisar de um resgate? Muito provavelmente, sim. A banca chinesa está, de dia para dia, numa situação cada vez mais difícil. Ainda esta semana vimos, através da divulgação do BIS, o significativo “gap” entre o crédito e o PIB chineses, que atinge os inimagináveis 30.1%. Acima de 10% já se está numa situação bancária bastante delicada. Os maiores bancos europeus não param de surpreender negativamente os investidores. Também os bancos da Europa mediterrânica, nomeadamente em Itália e Portugal, o BCP e o Monte Dei Pachi de Siena, com um Texas Ratio bastante elevado, espelham uma preocupante carteira de crédito malparado. O risco de uma crise do sistema bancário é bastante plausível…
Publicado In "Vida Económica" a 23 de setembro
Escrito a 20 de setembro
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