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sexta-feira, 16 de junho de 2017

As maiores capitalizações do mundo



As tecnológicas norte-americanas lideram nas bolsas

O Nasdaq 100, principal índice tecnológico mundial e sediado nos EUA, tem registado correções nas últimas sessões. Perdeu quase 4% no início da semana. No entanto, apresenta um ganho à volta de 30% nos últimos 12 meses, e de 227% desde 2010.

É o setor com melhor desempenho nas bolsas norte-americanas, e as empresas deste setor são atualmente as que têm maior capitalização bolsista a nível global. A Apple é a empresa do mundo com maior capitalização bolsista, com uns impressionantes 760 mil milhões de dólares, quase 4 vezes a riqueza produzida em Portugal quando mensurada pelo PIB, seguida pela Alphabet, empresa do motor de busca Google, com 665 mil milhões de dólares. Em terceiro vem a Microsoft com 510 mil milhões de dólares e em quarto lugar segue-se a Amazon, com 425 mil milhões de dólares, a fechar o "TOP 5" e em quinto lugar aparece o líder das redes sociais, o Facebook, com 430 mil milhões de dólares. Ou seja, no "TOP 5" temos apenas empresas tecnológicas. Há 4 ou 5 anos atrás, eram as empresas petrolíferas que lideravam e com capitalizações bastante inferiores, à volta de 300 mil milhões de dólares.

Porém, se atentarmos às receitas geradas, algumas destas empresas deixam de figurar entre as maiores e são substituídas pela retalhista norte-americana Walmart, pela elétrica chinesa State Grid, pelas petrolíferas chinesas Sinopec e China National Petroleum, e o britânico-holandês Royal Dutch Shell. No que concerne aos lucros, a Apple continua no pódio, com mais de 50 mil milhões de dólares de resultados positivos.

É interessante verificar que em 2016 e 2017 aparecem no "TOP 10" da capitalização bolsistas apenas empresas norte-americanas. Nos anos anteriores já aparecem por vezes a PetroChina, a China Mobile, a chinesa ICBC, as empresas suíças Nestlé, Hoffmann-La Roche e Novartis, e o britânico-holandês Royal Dutch Shell.

As empresas tecnológicas têm beneficiado bastante das alavancagens no mercado e dos balanços dos Bancos Centrais, nomeadamente da Reserva Federal, que permanecem bastante indecisos, e a maior parte desse capital acaba por ser canalizado para os mercados, por falta de alternativas na economia real, nos setores produtivos, diretamente em Investigação & Desenvolvimento (I&D), não invalidando o forte esforço que grande pane das empresas tecnológicas têm efetuado em novos investimentos em investigação, porém talvez não justifiquem as valorizações registadas em bolsa.

A alavancagem existe de igual modo na atividade das empresas que geram cada vez mais lucros operacionais com base em endividamento. Nas empresas que constituem o S&P1500, verifica-se, desde 2013, um aumento das dívidas para gerar o mesmo EBITDA ("Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization", Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e no Russell 2000 desde 2009. 


Paulo Monteiro Rosa, Jornal "Vida Económica", 16 de junho de 2017





sexta-feira, 2 de junho de 2017

"A SUBIR, TAMBÉM É PRECISO TRAVAR?!". NINGUÉM PÁRA ESTE MERCADO!

Ninguém para estes mercados! Os índices bolsistas norte-americanos não param de registar novos máximos. Mesmo com eventos desfavoráveis, desde a revisão em baixa do rating de crédito da China, pela significativa alavancagem desta economia, até aos atentados terroristas de Manchester, o "mood" permanece intacto a "surfar a onda positiva". Parece que, para já, nada o parará. Noutras ocasiões, noutras fases do mercado, com um sentimento mais reservado, mais receio e menos apetite pelo risco, notícias semelhantes e com o mesmo impacto levaram a vendas massivas ("sell-off"), com quedas muitas vezes superiores a 4 ou 5% num só dia.

O canto do cisne não andará longe. Quanto mais tempo demorar a aparecer a correção das bolsas dos EUA maior será a crise financeira, maior será o ajustamento. Se não for antes, a correção pode acontecer quando a Reserva Federal norteamericana (FED) começar a hesitar ou mesmo a travar a subida das taxas de juro. Esse cenário é muito provável quando surgirem os primeiros sinais de abrandamento da economia norte-americana. Os futuros transacionados na bolsa de Chicago (CME Group) indiciam uma subida de 25 pontos base para 1.25%, com uma probabilidade de 83%, na próxima reunião da FOMC (Reunião do Comité da Reserva Federal para decisão da política monetária), depois de três subidas de ¼ ponto iniciadas em dezembro de 2015, quando a taxa se fixava nos 0.25%.

Apesar da taxa de desemprego nos EUA se encontrar muito perto do pleno emprego, nos 4.5%, uma boa parte do emprego criado é a tempo parcial e com salários baixos. Poderemos estar numa fase económica cada vez mais intensiva em trabalho e menos em capital, com menor investimento em Investigação e Desenvolvimento (I&D) que, mais cedo ou mais tarde, se irá repercutir negativamente no crescimento económico norte-americano. Há bolhas criadas em quase todos os sectores da economia, algumas já com alguns anos, não só nos EUA, mas também na China, países europeus e Japão. Bolhas imobiliárias, bolhas de crédito, provavelmente bolhas acionistas e obrigacionistas em alguns mercados ocidentais, bolhas nas empresas tecnológicas, as denominadas "dotcom", bolhas nos cartões de crédito, nas dívidas soberanas da maior parte dos países da Zona Euro, na China e no Japão, acima dos 100% do PIB nominal.

Com tantos fatores de desequilíbrio porque é que os mercados continuam em alta? As taxas de juro historicamente baixas, algumas a zero, como as do Banco Central Europeu, ou negativas, como as de alguns bancos centrais nórdicos e do Banco Nacional da Suíça (-0.75%), não deixam alternativas aos investidores que não seja continuar a apostar na compra de ações e obrigações ou produtos cada vez mais arriscados. As baixas taxas de juro estimulam o apetite pelo risco e acabam por distorcer a própria relação entre retorno e risco, porque o risco é cada vez maior e os retornos tendem, mais tarde ou mais cedo, a ser negativos. A correção terá, provavelmente, um impacto bastante negativo, com fortes ajustamentos nos mercados…

Com o mercado em alta, há mais rendimento disponível, mais compras e investimento, o que se reflete em melhores resultados empresariais e consequente subida das cotações. Mas é uma espiral falaciosa, alimentada pelas políticas expansionistas dos bancos centrais. A qualquer momento este ciclo pode inverter-se com a queda das cotações, menos rendimento, diminuição do consumo e do investimento, degradação dos resultados das empresas, queda das ações e obrigações…

Paulo Rosa, Jornal Semanário "Vida Económica", 2 de Junho 2017




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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.