Há duas grandes filosofias de investimento tendo em conta os
fundamentais das empresas: o investimento em valor e o investimento em
crescimento.
Quando olhamos para os fundamentais de uma empresa,
desde os básicos PER (“Price Earning Ratio”, relação entre a
capitalização e os resultados) e PBV (“Price Book Value”, relação entre a
capitalização e os capitais próprios) até ao valor da empresa
(“Enterprise Value”, que tem em conta o valor de mercado das ações e das
obrigações, os interesses minoritários, empresas subsidiárias, ações
preferenciais, caixa e equivalentes, provisões e amortizações), e
observamos que a empresa está mais barata do que a sua cotação de
mercado, estamos a analisar o valor dessa empresa. Se decidirmos comprar
ações dessa empresa estaremos a seguir uma estratégia de investimento
em valor. Tipicamente este é o caso de empresas de setores mais
defensivos e cíclicos, como as “utilities”, financeiras e energéticas.
A estratégia do investimento em crescimento é mais frequente com
empresas tecnológicas, que reinvestem os lucros, não costumam pagar
dividendos e têm mais risco do que as empresas da estratégia de
investimento em valor.
Quem investe em valor procura os
dividendos de empresas como Navigator, REN ou EDP. O investimento em
crescimento procura ganhos de capital, com a valorização da cotação,
como é o caso da Apple.
Cada filosofia de investimento tem as
suas vantagens e desvantagens. Podemos referir que o binómio
retorno/risco é mais elevado nas empresas ligadas à estratégia de
investimento em crescimento, ao gosto dos investidores mais propensos ao
risco. Os investidores mais avessos ao risco preferem empresas com
perfil de investimento em valor.
Sendo assim, o investimento em
valor pode proporcionar rentabilidades menores, mas mais seguras,
enquanto que o investimento em crescimento se traduz em arrojadas
rentabilidades, mas que estão também suscetíveis a um risco muito maior,
colocando em causa o montante investido na estratégia agressiva
(investimento em crescimento) mais que a estratégia mais conservadora
(investimento em valor).
O investimento em valor prevê uma
margem de segurança, que consiste na diferença entre o preço e o valor
intrínseco de uma ação. Quanto mais alta, menor é o risco. Se
determinado ativo financeiro em termos fundamentais valer 18 euros/ação,
e se o compramos no mercado a 15 euros, então temos uma margem de
segurança de 16%. Quanto mais baixo o preço da compra maior é a margem
que permite reduzir o risco. É por isso que a filosofia de investimento
em valor tem menos risco. Quando se opta por investir em valor,
procura-se assegurar uma margem de segurança entre os 30% e os 40%, pelo
menos. Estaríamos a falar de comprar a tal empresa entre os 10.8 e os
12.6 euros.
No entanto, o investimento em valor é pouco popular
entre os investidores. É por ser uma abordagem de longo prazo? Existe
provavelmente uma maior publicidade e divulgação de empresas centradas
na estratégia de investimento em crescimento, que depois se reflete num
maior número de investidores, o denominado “efeito manada” (“hurdle
effect”), com uma acrescida propensão em assumirem posições em empresas
de crescimento? A WebSummit, que decorreu em Lisboa há um mês, é uma
enorme publicidade a empresas que espelham investimento em crescimento.
Os investidores procuram retornos rápidos e não pensam muito no longo
prazo, porque, tal como referia Jonh Maynard Keynes, no longo prazo
estaremos todos mortos. Porém, no longo prazo, em termos estatísticos, o
investimento em valor tem um retorno superior ao investimento em
crescimento.
Paulo Rosa, Jornal Semanário "Vida Económica", 15 dezembro 2017
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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