Esta semana, o presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell,
perante o congresso norte-americano, Comité Bancário do Senado e Comité
de Serviços Financeiros da Câmara dos representantes, desvalorizou o
impacto da guerra comercial na maior economia do mundo e reforçou que o
objetivo da política monetária passa pela subida gradual das taxas de
juro. As suas palavras tiveram reflexo imediato no mercado, com a subida
do dólar e a descida dos preços das obrigações do Tesouro.
Neste momento a “Fed Funds Rate”, taxa de referência do Banco Central
norte-americano, encontra-se nos 2%, e já aumentou duas vezes desde o
início do ano, de 1.5% para 2%. Os contratos de futuros negociados no
CME Group, bolsa de derivados de Chicago, indiciam mais duas subidas até
ao final do ano: uma a 26 de setembro, com uma probabilidade de 86%,
para 2.25% e outra a 19 de dezembro, com uma probabilidade de 56%, para
os 2.5%.
O bom desempenho da economia norte-americana a isso
obriga. A inflação, acima dos 2%, pressiona as autoridades monetárias a
manter o rumo da subida de taxas. Em junho, a inflação foi de 2.9%, o
valor mais elevado desde fevereiro de 2012. A taxa sobe há seis meses
consecutivos, desde os 2.1% em janeiro. Esta semana foram divulgadas as
vendas a retalho, o 2º dado macroeconómico mais importante depois do
relatório de emprego. Apesar de terem ficado aquém do esperado, tiveram
um crescimento de acordo com o bom comportamento da economia.
Na
quarta-feira, o Estado português regressou ao mercado de dívida de
curto prazo com a emissão de BT a 6 meses e a 12 meses, financiando-se
em 1750 milhões. A procura foi elevada e as taxas negativas à volta dos
0,3%, espelhando o apoio do Banco Central Europeu. Boas notícias para as
contas públicas nacionais, refletido num serviço de dívida cada vez
mais favorável.
Na próxima semana, o Banco Central da Zona Euro
reúne a 26 de julho para definir a condução da sua política monetária,
que continua a beneficiar a convergência das taxas de juro entre os
membros da Zona Euro, estreitando os spreads entre as taxas de juro dos
países setentrionais, nomeadamente a Alemanha, e os países da Europa
mediterrânica como Portugal e Espanha, funcionando como um mercado
informal de “eurobonds”, que precisaria da cedência de mais soberania e
um orçamento europeu comum para se concretizar.
Matérias-primas: o petróleo
Os EUA duplicaram a sua produção de petróleo nos últimos em sete anos e
voltaram a ser o maior produtor mundial, em parte devido à exploração
do “Shale Oil”. A 11 de julho, a OPEP manifestou preocupação quanto ao
aumento de produção fora da sua organização e para não perder quota de
mercado deverá aumentar também a produção. A cotação do Brent reagiu de
imediato em baixa e registou a maior descida diária em termos absolutos
desde 27 de novembro de 2014 de 5.78 dólares/barril para 73 dólares,
queda de 7.5%. É provável que a tendência de baixa continue. Ainda esta
terça-feira, desceu 4%. Na quarta, os stocks de crude nos EUA aumentarem
quando era esperado uma descida.
Ações
O PSI20 está em modo
verão, sem liquidez e sem volatilidade e termina a semana onde começou.
A Jerónimo Martins liderou os ganhos, a beneficiar da provável
consolidação do sector do retalho na Polónia e do crescimento na
Colômbia, fatores que começam a desenhar resultados favoráveis no 2º
trimestre, a divulgar a 25 de julho. A NetFlix, empresa tecnológica
norte-americana de conteúdos televisivos, iniciou a sessão de
terça-feira a cair 13%, após resultados aquém do esperado, nomeadamente
em termos de novos subscritores, mas rapidamente recuperou, mostrando a
robustez da empresa e do sector.
Cambial – USD/AOA, Kwanza
A
moeda angolana está em mínimos históricos, nos 254 Kwanzas/dólar
americano. Desvaloriza desde o início do ano quando o Banco Nacional de
Angola (BNA), pressionado pela saída de divisas, decidiu não suportar
mais a paridade de 170 Kwanzas/dólar que se mantinha desde abril de
2016. Devido à fragilidade da economia angolana e à elevada inflação de
20%, a depreciação continua e os mínimos históricos sucedem-se, apesar
da permanente compra de Kwanzas pelo BNA. No mercado informal
(denominado “negro” ou paralelo) o valor ronda os 380 e serve de
referência para muitos sectores. Por isso o Banco Central é obrigado a
acompanhar este movimento…
Paulo Rosa, Semanário "Jornal Económico", 20 de julho 2018 (Resumo da semana)
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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