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sexta-feira, 20 de julho de 2018

PRESIDENTE DA FED DÁ FORÇA AO DÓLAR

Esta semana, o presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell, perante o congresso norte-americano, Comité Bancário do Senado e Comité de Serviços Financeiros da Câmara dos representantes, desvalorizou o impacto da guerra comercial na maior economia do mundo e reforçou que o objetivo da política monetária passa pela subida gradual das taxas de juro. As suas palavras tiveram reflexo imediato no mercado, com a subida do dólar e a descida dos preços das obrigações do Tesouro.

Neste momento a “Fed Funds Rate”, taxa de referência do Banco Central norte-americano, encontra-se nos 2%, e já aumentou duas vezes desde o início do ano, de 1.5% para 2%. Os contratos de futuros negociados no CME Group, bolsa de derivados de Chicago, indiciam mais duas subidas até ao final do ano: uma a 26 de setembro, com uma probabilidade de 86%, para 2.25% e outra a 19 de dezembro, com uma probabilidade de 56%, para os 2.5%.

O bom desempenho da economia norte-americana a isso obriga. A inflação, acima dos 2%, pressiona as autoridades monetárias a manter o rumo da subida de taxas. Em junho, a inflação foi de 2.9%, o valor mais elevado desde fevereiro de 2012. A taxa sobe há seis meses consecutivos, desde os 2.1% em janeiro. Esta semana foram divulgadas as vendas a retalho, o 2º dado macroeconómico mais importante depois do relatório de emprego. Apesar de terem ficado aquém do esperado, tiveram um crescimento de acordo com o bom comportamento da economia.

Na quarta-feira, o Estado português regressou ao mercado de dívida de curto prazo com a emissão de BT a 6 meses e a 12 meses, financiando-se em 1750 milhões. A procura foi elevada e as taxas negativas à volta dos 0,3%, espelhando o apoio do Banco Central Europeu. Boas notícias para as contas públicas nacionais, refletido num serviço de dívida cada vez mais favorável.

Na próxima semana, o Banco Central da Zona Euro reúne a 26 de julho para definir a condução da sua política monetária, que continua a beneficiar a convergência das taxas de juro entre os membros da Zona Euro, estreitando os spreads entre as taxas de juro dos países setentrionais, nomeadamente a Alemanha, e os países da Europa mediterrânica como Portugal e Espanha, funcionando como um mercado informal de “eurobonds”, que precisaria da cedência de mais soberania e um orçamento europeu comum para se concretizar.

Matérias-primas: o petróleo
Os EUA duplicaram a sua produção de petróleo nos últimos em sete anos e voltaram a ser o maior produtor mundial, em parte devido à exploração do “Shale Oil”. A 11 de julho, a OPEP manifestou preocupação quanto ao aumento de produção fora da sua organização e para não perder quota de mercado deverá aumentar também a produção. A cotação do Brent reagiu de imediato em baixa e registou a maior descida diária em termos absolutos desde 27 de novembro de 2014 de 5.78 dólares/barril para 73 dólares, queda de 7.5%. É provável que a tendência de baixa continue. Ainda esta terça-feira, desceu 4%. Na quarta, os stocks de crude nos EUA aumentarem quando era esperado uma descida.

Ações
O PSI20 está em modo verão, sem liquidez e sem volatilidade e termina a semana onde começou. A Jerónimo Martins liderou os ganhos, a beneficiar da provável consolidação do sector do retalho na Polónia e do crescimento na Colômbia, fatores que começam a desenhar resultados favoráveis no 2º trimestre, a divulgar a 25 de julho. A NetFlix, empresa tecnológica norte-americana de conteúdos televisivos, iniciou a sessão de terça-feira a cair 13%, após resultados aquém do esperado, nomeadamente em termos de novos subscritores, mas rapidamente recuperou, mostrando a robustez da empresa e do sector.

Cambial – USD/AOA, Kwanza
A moeda angolana está em mínimos históricos, nos 254 Kwanzas/dólar americano. Desvaloriza desde o início do ano quando o Banco Nacional de Angola (BNA), pressionado pela saída de divisas, decidiu não suportar mais a paridade de 170 Kwanzas/dólar que se mantinha desde abril de 2016. Devido à fragilidade da economia angolana e à elevada inflação de 20%, a depreciação continua e os mínimos históricos sucedem-se, apesar da permanente compra de Kwanzas pelo BNA. No mercado informal (denominado “negro” ou paralelo) o valor ronda os 380 e serve de referência para muitos sectores. Por isso o Banco Central é obrigado a acompanhar este movimento…

Paulo Rosa, Semanário "Jornal Económico", 20 de julho 2018 (Resumo da semana)




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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.