A Fed aumentou os juros de
referência, enquanto o BCE indicou querer seguir o mesmo caminho. Itália
atrasou o OE, invertendo a tendência na bolsa.
PAULO ROSA, Economista e senior Trader do Banco Carregosa in "Jornal Económico", 28 de setembro 2018
Apesar de estarmos em setembro tradicionalmenteum mês de maior volatilidade - a semana nos mercados foi calma, mesmo que tenha sido marcada pela subida de juros. Nos EUA, a Reserva Federal subiu as taxas em 25 pontos base, de 2% para 2,25%, o valor mais elevado dos últimos 10 anos e na Europa as palavras de Mário Draghi indiciam o mesmo caminho.
Pela primeira vez, em mais de uma década, o banco central dos EUA omitiu, do seu comunicado, a referência à continuação de uma política monetária "acomodatícia" ou expansionista. Esta é a principal mensagem a reter da reunião da Fed. Em boa verdade, o que Jerome Powell quis transmitir foi o fim do crédito barato e uma nova subida das taxas de juro (contra o pretendido por Donald Trump, na próxima revisão de taxas, a 19 de dezembro, para um intervalo entre 2,25% e 2,5%. Para 2019, são esperadas três subidas. De salientar também, e isso terá contribuído para esta política mais hawkish (contracionista) por parte da Fed, a melhoria das perspetivas para o PIB dos EUA, que cresce a um ritmo superior a 4% ao ano, o pleno emprego e a inflação significativamente acima dos 2%.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE) espera uma subida da inflação na zona euro, mas aquém do objetivo de 2% até 2020.
O mercado de dívida reagiu em baixa e a moeda única registou máximos desde meados de junho.
Porém, o euro acabaria por perder terreno contra o dólar após a subida dos juros pela Fed.
A guerra comercial continua e o presidente francês, Emmanuel Macron, referiu que não há acordos comerciais com os EUA após Trump ter rejeitado o acordo de Paris sobre alterações climáticas.
O Banco Asiático de Desenvolvimento alertou que as perspetivas de crescimento para a Ásia no próximo ano podem desacelerar substancialmente à medida que a guerra comercial interromper as cadeias de fornecimento das empresas multinacionais, causando danos às economias exportadoras da região. O ciclo de subidas de taxas de juro pela Fed está a encolher rapidamente a liquidez global, o que se tornou uma preocupação significativa para a atividade comercial da Ásia, elevando os custos dos empréstimos, enquanto as saídas de capital também são um risco.
Este facto já se tem espelhado na descida dos stocks globais. Mas a guerra comercial é sempre negativa, para todos, globalmente.
A finalizar a semana, a bolsa italiana - que subiu quase 5% em setembro - encetou uma descida, mais uma vez penalizada pela banca, que na manhã de quinta-feira chegou a perder cerca de 3,5%, depois de se saber que a reunião para definir os traços gerais para o orçamento do Estado para 2019 está atrasada devido a "novas complicações" ao nível do défice. O mercado, em especial o setor financeiro, vê este impasse como uma mensagem de incerteza política e, na dúvida, os investidores preferem vender e esperar para ver o que acontece.
AÇÕES - GALP E BCP
A Galp beneficiou da alta do preço do petróleo. O BCP subiu acima dos 26 cêntimos, após a administração ter traçado um caminho bastante favorável até 2020, com uma melhoria substancial dos lucros e o pagamento de dividendos. Segundo o presidente da administração, Miguel Maya, os desafios são muito grandes, salientando que ainda há muita coisa para fazer, mas os resultados positivos são uma realidade, espelhados nos lucros semestrais de 150.6 milhões de euros. A Navigator foi dos títulos mais penalizados esta semana, e desceu dos 4,40 euros/ação para 4,15.
CAMBIAL - EUR/USD
O euro atingiu máximos de três meses contra o dólar norte- -americano, nos 1,1815. O presidente do BCE, Mário Draghi, antevê uma subida da taxa de inflação na zona euro, mas à volta de 1,7% até 2020, dando um sinal de que poderá começar a subir as taxas de juro a partir do verão de 2019, que estão nos 0%. A cedência liquidez está nos 0,25% e os depósitos nos - 0,40%. As taxas de juro de longo prazo da zona euro (as rentabilidades das obrigações do tesouro) e o euro subiram de imediato. O dólar voltou a recuperar, após a subida da taxa de juro por parte da Fed.
COMMODITIES - PETRÓLEO
As principais referências do petróleo, o Brent de Londres e o WTI de Nova Iorque, estão em máximos dos últimos quatro anos, desde dezembro de 2014.
Apesar das palavras de Donald Trump, a OPEP não vai aumentar a produção para pressionar em baixa os preços do crude como pretendido pelo presidente norte-americano. As sanções impostas pelos EUA ao Irão, com cerca de 4% da quota de produção mundial, têm impulsionado a cotação do petróleo. Duas das maiores empresas que operam no setor, a Trafigura e a Mercuria, apostam que o petróleo atingirá os 100 dólares por barril no início de 2019.
PAULO ROSA, Economista e senior Trader do Banco Carregosa in "Jornal Económico", 28 de setembro 2018
Apesar de estarmos em setembro tradicionalmenteum mês de maior volatilidade - a semana nos mercados foi calma, mesmo que tenha sido marcada pela subida de juros. Nos EUA, a Reserva Federal subiu as taxas em 25 pontos base, de 2% para 2,25%, o valor mais elevado dos últimos 10 anos e na Europa as palavras de Mário Draghi indiciam o mesmo caminho.
Pela primeira vez, em mais de uma década, o banco central dos EUA omitiu, do seu comunicado, a referência à continuação de uma política monetária "acomodatícia" ou expansionista. Esta é a principal mensagem a reter da reunião da Fed. Em boa verdade, o que Jerome Powell quis transmitir foi o fim do crédito barato e uma nova subida das taxas de juro (contra o pretendido por Donald Trump, na próxima revisão de taxas, a 19 de dezembro, para um intervalo entre 2,25% e 2,5%. Para 2019, são esperadas três subidas. De salientar também, e isso terá contribuído para esta política mais hawkish (contracionista) por parte da Fed, a melhoria das perspetivas para o PIB dos EUA, que cresce a um ritmo superior a 4% ao ano, o pleno emprego e a inflação significativamente acima dos 2%.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE) espera uma subida da inflação na zona euro, mas aquém do objetivo de 2% até 2020.
O mercado de dívida reagiu em baixa e a moeda única registou máximos desde meados de junho.
Porém, o euro acabaria por perder terreno contra o dólar após a subida dos juros pela Fed.
A guerra comercial continua e o presidente francês, Emmanuel Macron, referiu que não há acordos comerciais com os EUA após Trump ter rejeitado o acordo de Paris sobre alterações climáticas.
O Banco Asiático de Desenvolvimento alertou que as perspetivas de crescimento para a Ásia no próximo ano podem desacelerar substancialmente à medida que a guerra comercial interromper as cadeias de fornecimento das empresas multinacionais, causando danos às economias exportadoras da região. O ciclo de subidas de taxas de juro pela Fed está a encolher rapidamente a liquidez global, o que se tornou uma preocupação significativa para a atividade comercial da Ásia, elevando os custos dos empréstimos, enquanto as saídas de capital também são um risco.
Este facto já se tem espelhado na descida dos stocks globais. Mas a guerra comercial é sempre negativa, para todos, globalmente.
A finalizar a semana, a bolsa italiana - que subiu quase 5% em setembro - encetou uma descida, mais uma vez penalizada pela banca, que na manhã de quinta-feira chegou a perder cerca de 3,5%, depois de se saber que a reunião para definir os traços gerais para o orçamento do Estado para 2019 está atrasada devido a "novas complicações" ao nível do défice. O mercado, em especial o setor financeiro, vê este impasse como uma mensagem de incerteza política e, na dúvida, os investidores preferem vender e esperar para ver o que acontece.
AÇÕES - GALP E BCP
A Galp beneficiou da alta do preço do petróleo. O BCP subiu acima dos 26 cêntimos, após a administração ter traçado um caminho bastante favorável até 2020, com uma melhoria substancial dos lucros e o pagamento de dividendos. Segundo o presidente da administração, Miguel Maya, os desafios são muito grandes, salientando que ainda há muita coisa para fazer, mas os resultados positivos são uma realidade, espelhados nos lucros semestrais de 150.6 milhões de euros. A Navigator foi dos títulos mais penalizados esta semana, e desceu dos 4,40 euros/ação para 4,15.
CAMBIAL - EUR/USD
O euro atingiu máximos de três meses contra o dólar norte- -americano, nos 1,1815. O presidente do BCE, Mário Draghi, antevê uma subida da taxa de inflação na zona euro, mas à volta de 1,7% até 2020, dando um sinal de que poderá começar a subir as taxas de juro a partir do verão de 2019, que estão nos 0%. A cedência liquidez está nos 0,25% e os depósitos nos - 0,40%. As taxas de juro de longo prazo da zona euro (as rentabilidades das obrigações do tesouro) e o euro subiram de imediato. O dólar voltou a recuperar, após a subida da taxa de juro por parte da Fed.
COMMODITIES - PETRÓLEO
As principais referências do petróleo, o Brent de Londres e o WTI de Nova Iorque, estão em máximos dos últimos quatro anos, desde dezembro de 2014.
Apesar das palavras de Donald Trump, a OPEP não vai aumentar a produção para pressionar em baixa os preços do crude como pretendido pelo presidente norte-americano. As sanções impostas pelos EUA ao Irão, com cerca de 4% da quota de produção mundial, têm impulsionado a cotação do petróleo. Duas das maiores empresas que operam no setor, a Trafigura e a Mercuria, apostam que o petróleo atingirá os 100 dólares por barril no início de 2019.