Apenas três empresas que integram atualmente o principal índice acionista nacional, o PSI20, criado em 1993, são mais antigas na bolsa: o BCP e a Sonae que entraram em 1987, no pico da euforia, e a Corticeira Amorim que entrou em 1988. Todas procuravam novas formas de financiamento, para lá da via tradicional da banca ou do papel comercial.
A Jerónimo Martins desvalorizou cerca de 25% nos últimos seis meses, desde a apresentação dos resultados de 2017, a 28 de fevereiro, e que ficaram aquém do esperado. As contas do primeiro semestre de 2018, divulgadas a 25 de julho, embora ligeiramente abaixo das expectativas dos analistas – o BPI, que 182 milhões de euros – uma subida dos lucros de 173 milhões de euros no mesmo semestre do ano passado para 180 milhões de euros. Apesar de o mercado ter reagido negativamente nas primeiras horas de negociação, a Jerónimo Martins tem vindo a desenhar um comportamento otimista em bolsa, e começa a recuperar das fortes perdas, transmitindo alguma esperança aos investidores. Em agosto, a empresa teve um desempenho melhor que o PSI20 com um ganho de 1,4%, enquanto o principal índice da bolsa de Lisboa perdeu 3,5%.
O título, que valia 18 euros no início do ano, estava abaixo dos 12 euros em julho. De momento, a cotação ronda os 12,7 euros, mas segue as perdas do PSI-20, que cai há sete sessões consecutivas.
Os resultados na Polónia, que contribuem com uma parte significativa, têm melhorado e o LfL ('Like-for-Like', as denominadas vendas comparáveis, ou seja, as vendas em lojas que operaram sob as mesmas condições no período em análise) cresceram 4,1%, "impulsionadas por fortes posições competitivas", mas aquém do esperado pelos analistas do BPI, devido às promoções para aumentar a quota de mercado e fazer face à concorrência, segundo a administração da Jerónimo Martins.
A cadeia polaca Biedronka (Joaninha, em português), marca da empresa de retalho portuguesa na Polónia, adicionou dois pontos percentuais à quota de mercado na Polónia, com vendas de 5,8 mil milhões de euros no primeiro semestre, mais 8,6% que no ano anterior, abriu 30 novas lojas (nove adições líquidas) e remodelou 87 localizações.
Em Portugal, através das suas principais marcas, Pingo Doce e Recheio, as vendas continuam a crescer, mas o EBITDA ("Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization", que significa "lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, grosso modo, o cash-flow operacional) diminuiu no Pingo Doce. Também em Portugal a empresa tem trabalhado sob forte concorrência, praticamente em ambiente de duopólio no retalho alimentar.
Na Colômbia, o negócio continua a expandir-se, fortemente refletido no significativo CAPEX (investimento), apesar de ter ainda um contributo negativo para os lucros da Jerónimo Martins. A empresa abriu 50 lojas nos primeiros seis meses de 2018, com o objetivo de chegar ao final do ano com mais 150 lojas, sob as marcas combinadas da Ara e da Hebe. O centro de distribuição em Bogotá, previsto para este ano, está em fase de conclusão, devendo operações no terceiro trimestre.
De acordo com a administração do grupo Jerónimo Martins, o investimento "nos novos negócios e nos já estabelecidos é essencial para garantir crescimento futuro e sólidos". O mercado aguarda com expectativa os resultados do terceiro trimestre, que serão divulgados a 30 de outubro, para confirmar a recuperação da cotação... ou não.
Paulo Rosa, economista, "Vida Económica" 7 de setembro 2018
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