Na quarta-feira, em Sintra, o presidente do Banco Central Europeu comprometeu-se, implicitamente, com novos cortes de taxas de juro, para níveis históricos, e mais política monetária expansionista com um novo QE (Quantitative Easing). O mercado reagiu de imediato, e passou a descontar uma queda dos juros em 10 pontos base de 0% para -0.1%. A maior parte das rentabilidades das obrigações soberanas por toda a Europa registou novos mínimos históricos. As Bunds alemãs registaram mínimos de sempre nos -0,325%, e as rentabilidades negativas não param de cair. As yields a 10 anos das Obrigações do tesouro francês e sueco desceram para 0% pela primeira vez, e as rentabilidades das obrigações soberanas da Áustria registaram mínimos históricos nos -0,04%. A rentabilidade das Obrigações portuguesas a 10 anos registaram mínimos históricos nos 0,531% e o spread diminui bastante face à Bund alemã e atualmente é de 0,8% contra os 1,2% de há uma semana.
As expectativas de inflação também estão em baixa. Mário Draghi teve um discurso muita mais detalhado e preciso, em Sintra, do que havia deixado "no ar" na reunião do BCE há duas semanas. Chegou mesmo a deixar pistas quanto ao timing de uma potencial descida em torno de cortes das taxas de juro.
As cotações nos mercados acionistas europeus reagiram em alta, com ganhos perto dos 2% do DAX30 e do CAC40, claramente beneficiado pelas palavras de Mário Draghi. As palavras de Donald Trump quanto a um acordo comercial com a China também favoreceram positivamente o desempenho dos mercados.
Na quarta-feira, a Reserva Federal norte-americana manteve as taxas de juro, mas Powell abandonou a posição de "paciente" iniciada no final do ano passado, abrindo a porta a cortes das taxas de juro nas próximas reuniões.
Os futuros sobre a probabilidade de alterações nas taxas de juro, negociados na bolsa de derivados de Chicago, esperavam que a taxa de juro se mantivesse, com uma probabilidade de 76%, e indiciam uma descida das taxas de juro de referência da Reserva Federal apenas para a próxima reunião do banco central dos EUA, no final de julho, em 0,25 pontos percentuais de 2,5% para 2,25% como limite máximo do intervalo.
Em contraciclo com os restantes principais bancos centrais, o Banco Central da Noruega subiu a taxa de juro para 1,25% pela terceira vez desde setembro do ano passado, suportado pela riqueza do petróleo. O Estado Português financiou-se em 250 milhões a uma taxa negativa histórico de -0,425%, através da emissão de Bilhetes do Tesouro a três meses, inferior aos — 0,4% que o BCE remunera os depósitos, e a procura superou a oferta em 71%. Portugal também emitiu mil milhões de euros em bilhetes do tesouro ali meses à taxa negativa de -0,395%.
CRIPTOMOEDAS FACEBOOK
A criptomoeda mais famosa e prestigiada no mercado, a Bitcoin, regista máximos desde início de maio de 2018, nos 9.300 dólares por cada moeda virtual. O Facebook anunciou que irá lançar no primeiro semestre de 2020 uma moeda virtual, denominada de Libra, que vai servir para transações entre particulares e estabelecimentos, estando integrada nas plataformas digitais WhatsApp e Messenger. A criação desta nova moeda virtual tem também mão portuguesa, da Farfetch, no seu desenvolvimento. A Libra é suportada por cabaz de moedas, como o euro e o dólar, ao contrário da Bitcoin.
COTAÇÕES
PETRÓLEO E OURO
As cotações do petróleo seguem em alta, depois de dois petroleiros, um norueguês e outro japonês, terem sido alvo no dia 13 de junho, de um ataque no mar de Omã, em pleno Golfo, e do recrudescimento das tensões entre os EUA e o Irão. No entanto, a Associação Internacional de Energia (AIE) cortou as previsões para a procura global de petróleo, tal como havia feito a OPEP. O ouro beneficia das políticas monetárias expansionistas dos principais bancos centrais a nível mundial. A cotação do ouro está em máximos desde setembro de 2013, perto dos 1.400 dólares por onça, impulsionada pelas palavras de Mário Draghi e Jerome Powell.
EMPRESAS
PSI20
As acções portuguesas recuperaram ligeiramente esta semana, impulsionadas também pelo discurso de Mário Draghi. O BCP tem recuperado terreno, tendo sido um dos títulos que mais subiu na semana, e estuda fusão do Banco de Investimento Imobiliário.
A EDP reafirma que não há 'rendas excessivas' pagas aos produtores, e lança nos EUA o primeiro grande projeto de armazenamento de energia solar.
Pela negativa, destaque para as empresas do universo Sonae, que perderam cerca de 3% na semana. As empresas exportadoras de pasta de papel, Altri e Navigator, continuam penalizadas pelas incertezas da guerra comercial.
Paulo Monteiro Rosa, 21 junho 2019, Jornal Económico
https://leitor.jornaleconomico.pt/noticia/semana-de-minimos-historicos-das-taxas-de-juro