A conjuntura macroeconómica penalizou os mercados bolsistas, havendo indícios
de que uma recessão mundial poderá estar próxima.
As rentabilidades das obrigações de tesouro norte-americanas reforçaram a
perceção de recessão, depois de a yield a dez anos ter caído para valores
inferiores à da yield a dois anos, algo que não acontecia desde 2007. Os
mercados acionistas reagiram em baixa, que já vinham de várias sessões em
queda, embora com uma interrupção em que recuperam devido à retoma das conversações
entre os EUA e a China, agendadas para o final deste mês.
Os EUA poderão aliviar algumas tarifas e adiar a implementação de outras sobre
alguns produtos chineses até 15 de dezembro.
A Apple, que avisou que as tarifas afetarão os seus produtos fabricados na
China (iPads, Macs e iPhones), beneficiou com estas notícias e a sua cotação
subiu cerca de 5%.
Na Argentina, a vitória de Alberto Fernandes nas primárias consideradascomo
primeira volta das eleições presidenciais que se realizarão em outubro -, e a
derrota do presidente Maurício Macri, também penalizaram os mercados
acionistas, com a bolsa argentina a perder cerca de 30%, bem como a moeda
argentina a depreciar cerca de 30%.
Na Alemanha, os indicadores da actividade industrial dececionaram, e os
mercados avaliam negativamente os setores automóvel e de componentes, e ainda
as emblemáticas Thyssenkrup e Siemens , que emitiu um profit warning.
O setor bancário dominado pelo Deutsche e Commerzbank devem ser os bancos com
os menores múltiplos da Europa, transparecendo a desconfiança sobre a sua
capacidade em gerar lucros num ambiente de reduzidas taxas de juros. O PIB
alemão contraiu 0.1% no segundo trimestre, uma economia muito dependente das
exportações, que acaba por ser a primeira vítima do conflito comercial,
penalizando o desempenho da economia da Zona Euro que apenas se expandiu 0.2%,
próximo das estimativas.
Em Portugal o PIB cresceu 0.5% no segundo trimestre, acima dos 0.4% estimados.
Em Itália, as incertezas políticas também têm penalizado os mercados
acionistas. O país viu a coligação a desmembrar-se e a aumentar a probabilidade
de eleições antecipadas, juntando-se a Espanha e a Portugal para uma ronda de
eleições legislativas no quarto trimestre deste ano.
As taxas de juros registaram novos mínimos históricos com Portugal esta semana
a testar nos 10 anos os +0.178% e o diferencial face a Espanha a comprimir para
0.05% quando a Alemanha na mesma maturidade tem uma yield de — 0.61% quando se
estima que o BCE baixe a taxa dos depósitos (de absorção de liquidez) para
-0.50% dos atuais -0.40%. •
CAMBIAL PESO ARGENTINO EM QUEDA-LIVRE
O peso argentino perdeu cerca de 30% face ao dólar americano, para um novo
mínimo histórico de 61.9987 pesos/dólar, depois do presidente argentino,
Maurício Macri, ter perdido as eleições primárias para o rival Alberto
Fernandes. A moeda argentina há muito que segue um trilho de depreciação, com
diversos defaults deste. O Banco Central da Argentino subiu a taxa de juro de
63,7% ao ano para 74% para conter a desvalorização da moeda, que tem sido
penalizada pela inflação galopante de 60%.
MATERIAS-PRIMAS OURO EM ALTA
O ouro tocou em máximos de 6 anos a par das apreciações do Franco Suíço e do
Iene Japonês que absorveram liquidez decorrentes dos investidores que estiveram
a efetuar rísk-off'dos mercados acionistas. O ouro é beneficiado pelas
políticas monetárias expansionistas dos principais bancos centrais. A cotação
do ouro já subiu cerca de 20% desde 30 de maio, depois da política acomodatícia
da Reserva federal norte-americana.
AÇÕES TÍTULOS DO BCP RECUAM
Em menos de um mês, as ações do BCP perderam cerca de 33%, face aos máximos
deste ano nos 0.2889 verificados em julho. Existem perspectivas de que a sua
unidade Polaca teria um impacto negativo se o tribunal Europeu penalizar a
comercialização dos financiamentos à habitação em divida diversa do Zloty. Mas
o BCP está confiante de que atingirá as metas do seu plano até 2021, apesar do
ambiente externo mais adverso.
Para o CEO do banco, , as ações do BCP foram penalizadas por fatores externos,
como a incerteza macroeconómica.
PAULO ROSA, "Jornal Económico" 16 de agosto de 2019
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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