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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O que podemos esperar para 2012? O cenário não é animador. Em Portugal falta dinheiro e sobra dívida.

Em Portugal salienta-se a amortização pelo Estado de uma série de Obrigações do Tesouro a 10 anos, no montante de 10 mil 163 milhões de euros, no dia 15 de Junho de 2012. Acresce, a este montante, 508,15 milhões de euros de juros [cupão de 5%] que o imposto extraordinário sobre 50% do subsídio de Natal de 2011 [obteve uma arrecadação fiscal de 800 milhões de euros] pouco colmata. A tróica deverá intensificar o escrutínio das contas públicas e da execução orçamental nas semanas anteriores. De relevar que os montantes a amortizar são cada vez maiores [exigindo maior esforço] e corroboram o aumento da dívida soberana.
Em 2011 o défice público ficará nos 8%. Para uma real percepção das contas não devemos ter em conta os 5 mil milhões de euros do fundo de pensões dos bancários. É quase um empréstimo que os bancários fazem ao Estado, porque para o ano já serão pagos pela segurança social 500 milhões em pensões, e levará a um orçamento rectificativo [esta despesa não estava contabilizada]. A segurança social passará a receber descontos dos colaboradores dos bancos, mas a base poderá diminuir com despedimentos devido ao agudizar da crise.
O crédito malparado dos bancos continuará a atingir máximos históricos, por força da contracção económica superior a 3%, do corte dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e dos pensionistas a partir de um determinado patamar, da descida do tecto da prestação e da redução dos meses do subsídio de desemprego, do aumento do desemprego e a diminuição do rendimento disponível, que poderá agravar-se ainda mais de acordo com a evolução da economia internacional.
É provável que o aumento da carga fiscal não resulte em mais receita fiscal [a curva de Laffer talvez tenha ultrapassado o ponto de inflexão]. A meta para o défice público em 2012 de 4,5% é quase impossível de atingir. Eventualmente a fasquia subirá para valores acima dos 6%. Não é de excluir um imposto extraordinário sobre a totalidade do subsídio de férias e Natal de todos os trabalhadores do sector privado, que renderia cerca de 2 mil milhões de euros e reduziria ainda mais o rendimento disponível. A par deste imposto é expectável mais cortes nas duas principais rubricas do orçamento do Estado, salários e pensões/prestações sociais. As receitas das privatizações abatem à dívida pública, mas implicam a perda de dividendos que reduziam o défice público.
Em Portugal o cenário não é animador, falta dinheiro e sobra dívida. Políticas de crescimento económico são necessárias. Sem crescimento não há cumprimento.

Na Europa, a economia alemã está a abrandar significativamente, possivelmente terá um crescimento residual em 2012, prejudicada pelas recessões nos países periféricos [nomeadamente Itália] e pelo abrandamento dos países da Europa setentrional, destinos de uma fatia considerável das exportações germânicas. As dívidas soberanas permanecerão em níveis elevados. O euro poderá começar a recuperar a credibilidade, mediante os resultados das cimeiras europeias, que se realizarão ao longo do ano. A Cimeira de Março poderá trazer novidades quanto às “eurobonds”. O controle dos défices por Bruxelas caso sejam superiores a 0,5%, já traduzem um primeiro esboço de centralização dos orçamentos dos países membros e servem de suporte às aludidas “eurobonds” com taxas de juro à volta dos 4%.

A economia dos EUA tem recuperado nos últimos meses. Os pedidos de subsídios de desemprego semanais [Jobless Claims] atingiram na semana passada o valor mais baixo desde Abril de 2008 e mantêm uma tendência descendente. O desemprego diminuiu para 8.6%, valor mais baixo desde Março de 2009 e os postos de trabalho criados mantêm-se acima dos 100 mil, dando sustentabilidade para um crescimento económico entre os 2 e os 3%. Todavia, a economia dos EUA continua com um crónico défice comercial [4.5%], apesar de ser importante para absorver as exportações dos países emergentes, da Alemanha e do Japão.
Este défice não se poderá manter eternamente, porque a dívida externa dos EUA está a níveis insustentáveis e só a fidúcia na economia e na moeda norte-americana permitem que esta situação se arraste. O USD é referência para 86% dos negócios a nível mundial, as matérias-primas são denominadas em USD.
Mas a dívida e o défice público americano estão em níveis elevados, são um entrave a um maior crescimento dos EUA, e precisam de acordos entre democratas e republicanos [em Janeiro poderão começar conversações para reduzir a dívida]. As eleições presidenciais e para o Congresso em Novembro poderão influenciar o último trimestre de 2012.

Os países emergentes, nomeadamente a China, o Brasil, a Índia e a Rússia [BRIC’s] à cabeça, vão continuar a registar taxas de crescimento bastante significativas. Porém, a inflação poderá refrear este crescimento, com a subida das taxas de juro dos bancos centrais. A China continuará a financiar os países desenvolvidos [União Europeia e os EUA] e a comprar empresas em todo o mundo, caso da portuguesa EDP na semana passada.

Qual o desempenho das bolsas [vertente accionista] em 2012? Poderá ser positivo, perante o crescimento da economia dos EUA e dos países emergentes e as bolsas europeias, por arrasto, podem ter uma performance favorável. Os grandes investidores de longo prazo continuarão fora do mercado. Os especuladores e os traders de curto prazo serão os principais players do mercado. A liquidez vai manter-se baixa e a volatilidade elevada. Mas poderemos assistir à entrada de alguns investidores de longo prazo e alguma sustentabilidade e solidez das bolsas se os problemas em torno do euro forem debelados e as dívidas soberanas não se agravarem.

Na bolsa de Lisboa, os títulos dos bancos estarão pressionados pelo crédito malparado. Porém, a entrada do Estado nos capitais próprios dos bancos condicionará a evolução das cotações dos mesmos [se a preço de mercado. Se próximo do valor contabilístico, que beneficiaria os títulos bancários]. A desblindagem dos estatutos da Zon [limitação do direito de voto a 10%] abrirá o título a fusões e aquisições. As empresas com maior exposição ao mercado externo terão um desempenho semelhante e de acordo com o desenvolvimento económico mundial.

Paulo Monteiro Rosa, economista, 29 de Dezembro de 2011
   

19 comentários:

  1. excelente visão. simples mas muito realista

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  2. Boa tarde Sr. Daniel Teixeira,

    Agradeço a sua apreciação.

    Um excelente e próspero ano de 2012. Em próspero deve ler essencialmente "Saúde".

    Melhores cumprimentos,
    Paulo Rosa

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  3. Uma ótima análise caro Paulo Rosa.


    Bom ano de 2012 para todos.

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  4. Olá Vivendi,

    Mais uma vez agradeço a sua apreciação e empenho.

    Tudo de bom para si e um ótimo 2012 para todos.

    Um abraço,
    Paulo

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  5. Fe para 2012!
    Boas saídas e excelentes entradas!!

    Beijos, carla

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  6. Olá Carla,

    Infelizmente é a realidade nua e crua.
    Quem diz a verdade não merece castigo...

    Um excelente 2012 para ti. Tudo de bom.

    Haja saúde...

    Beijo,
    Paulo

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  7. Bom dia António,

    Obrigado.

    Um bom 2012 para si e para todos as pessoas do mundo.

    Um bem haja.

    Um abrço,
    Paulo Rosa

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  8. Bom dia Paulo

    Um excelente texto, mais uma vez os meus parabéns.

    Não sei se já teve a oportunidade de ler o livro de Robert Reich, "Aftershock".

    Senão o fez aconselho vivamente, uma excelente explicação sobre o que se esta a passar nos USA, e quais as causas dos problemas americanos.

    Recomendaria algum livro que trate dos problemas de Portugal da mesma forma?

    Obrigado e um fantástico 2012 para si e para todos.

    Atenciosamente

    Filipe Silva

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  9. Bom dia Filipe,

    Mais uma vez agradeço a sua apreciação.

    Não li o livro de Robert Reich, "Aftershock". Obrigado pela recomendação. Quando tiver oportunidade irei ler.

    Não estou a ver nenhum livro neste momento. Mas, livros do Medina Carreira e Vítor Bento são sempre uma referência para mim.

    Um excelente 2012 para si e para todo o mundo.

    Cumprimentos,
    Paulo Rosa

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  10. Bom dia e um Bom Ano,

    Sintética e Clara a sua apreciação.

    Contudo, na minha opinião, a questão da dívida é um problema muito mais complexo. Tem a ver com o sistema monetário em que vivemos do chamado "fiat-money" e a políticas de Bancos centrais que tanto na Europa e nos Estados Unidos mantiveram o dinheiro ridiculamente barato nos ultimos 25 a 30 anos. Criou-se uma bolha financeira que como todas as bolhas rebentou. Para quem quer perceber como se atingem niveis de dívida soberana como aqueles que vemos hoje só compreendendo o sistema monetário actual é que fica claro. Os Bancos Centrais, o FED nos E.U.A e os diversos bancos centrais no resto da Europa quando precisam de dinheiro é simples, imprimem-no! o fim da moeda-comodity no dia 15 de Agosto de 1971 a uma escala mundial iniciou esta longa caminhada para a implosão financeira. A escola Austriaca de economia há muito que apontou os males dos Bancos Centrais e de uma moeda propriedade do estado e não da economia e do mercado livre. Para quem tiver curiosidade e quiser aprofundar o tema veja: http://mises.org/ ou em portugês (do Brasil) http://www.mises.org.br/ Bom Ano para todos.

    João Morais

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  11. Bom dia João,

    Obrigado pelo seu comentário, com o qual me revejo em completo.

    A Escola Austríaca na verdade não é popular, apesar de ser racional. Governos e população adoptaram o facilitismo do keynesianismo.

    No ponto 5. Como se explica o sucesso do keynesianismo nos últimos 70 anos? . Do artigo:
    A Cimeira europeia de 9 de Dezembro. Conflito entre a teoria keynesiana e a escola austríaca?
    http://omniaeconomicus.blogspot.com/2011/12/cimeira-europeia-de-9-de-dezembro.html

    Menciono o populismo e onde nos está a levar o keynesianismo em detrimento da racionalidade da Escola Austríaca. (claro que não tinha espaço para aprofundar)

    Um bom 2012 para si.

    Cumprimentos,
    Paulo Rosa

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  12. Boa tarde Paulo,

    Fico muito satisfeito em ver um economista conhecer e compreender a Escola Austríaca. Acredite, não são muitos!

    É incrivel como se continua a debater soluções que passam sempre pela manutenção do estado social, mais euros, mais bail outs e ajudas de todo o tipo. Devolvam a economia ao mercado e mais importante ainda deixem de sangrar os cidadãos com um nível de impostos completamente inaceitavel. O volume de impostos praticados actualmente nesta europa socialista ou social democrata, mesma coisa com um nome diferente, só é necessário porque os estados são gigantescos. Reduzam o tamanho do estado devolvam o dinheiro ás pessoas e vejam a economia de mercado em acção como nunca verdadeiramente houve em nenhum lado. Só por curiosidade, se este ano não cobrassem IRS aos portugueses as receitas do estado portugês seriam do nível das obtidas em 2001, ou seja, há 11 anos atrás. Não seria possível reduzir o tamanho do Estado a níveis de 2001 e deixar de sangrar a economia?
    Está na moda agora culpar os Bancos mas o facto é que, um sistema capitalista presume dinheiro sólido, verdadeiro, e não dinheiro fiat, sem valor intrínseco, manipulado por um banco central. O Capitalismo acarinha e estima contratos voluntários e taxas de juro que são determinadas pelas POUPANÇAS, não a criação de crédito por um banco Central. Num sistema completo de papel-moeda, os bancos não podem ser empresas privadas capitalistas. Têm de ser extensões do Estado porque o Estado detém o monopólio irrestrito de criação de moeda. O sector bancário está cartelizado debaixo do banco central estatal. Para operar um banco é necessária uma licença do Estado que requer uma conta aberta no banco central.
    Num tal sistema, o banco central pode criar reservas bancárias do nada e sem limite, e tem, por isso, controlo total do nível e do custo de tais reservas. O banco central tem por consequência o controlo último no financiamento dos bancos e na disponibilidade de crédito na economia – que agora está, como que magicamente liberto do seu único limite natural debaixo do verdadeiro capitalismo – as poupanças voluntárias.Num tal sistema, geralmente assume-se que um estado não pode ir à falência porque pode sempre imprimir mais dinheiro para se financiar a ele próprio. È igualmente assumido que os bancos não podem falhar nem sequer necessitam de encolher, pelo menos colectivamente, porque cada vez mais reservas bancárias poderão tornar-se disponíveis para eles. Se necessário for sem custos, como acontece agora que o sistema chegou ao ponto final do excesso. De facto isto tornou-se no modelo global.
    Não deverá causar surpresa nenhuma que aqueles que estão à frente dos bancos e aqueles que estão à frente das finanças do estado se tenham comportado, durante décadas, como se o Grande Regulador da vida económica, a ameaça de falência (ou bancarrota), não tivesse nada a ver com eles. Agora que o sistema teve uma overdose de crédito fácil e que os 40 anos de alimentação de fiat-currency acabaram, a realidade bateu de frente e violentamente. E causou uma grande surpresa.

    Desculpe a extensão do post.
    Cumrpimentos,
    João

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  13. Só para terminar vejam o ridiculo a que chegamos quando o Estado deve dinheiro a si próprio. Chegámos a um ponto em que os bancos centrais são os principais compradores, com frequência, os maiores compradores marginais, das dívidas dos seus governos. O Federal Reserve é já o maior detentor de títulos do tesouro americanos, e quando a agora anunciada segunda ronda da “Quantitative Easing” em Inglaterra ficar completa, o Banco de Inglaterra será detentor de um quarto de todos os títulos públicos Britânicos (gilts).
    Financiar os estados directamente através da impressão de dinheiro é o penúltimo estágio lógico do fracasso do sistema global de fiat currency, e todas as grandes economias se estão a aproximar rapidamente dele. A Zona Euro não será excepção. O último passo è a perda de confiança no papel-moeda e o colapso inflacionário.

    Na minha visão pessimista, ou como gosto de chamar - racionalista, A unica salvação vem do unico sitio que não está agarrado ao Ideal de Estado Social que trata dos cidadão do berço á sepultura. Os E.U.A ,e a possível eleição do deputado Ron Paul será um balão de oxigénio para o Mundo e uma nova era na economia Mundial. Wishful thinking , eu sei, mas posso sonhar :)

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  14. Boa tarde João,

    Mais uma vez agradeço a sua apreciação e fico contente pelo seu regozijo. Realmente, contam-se pelos dedos...

    Um bem haja.

    Cumprimentos,
    Paulo

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  15. Boa tarde caro Poirot,

    Agradeço a sua apreciação.

    Cumprimentos,
    Paulo Rosa

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  16. Caro Paulo Rosa,

    Como deve saber as eleições para a nomeação do candidato republicano ás presidenciais americanas estão na fase final. Contra tudo e todos o candidato menos ortodoxo e com posições mais radicais e cujo o slogan é mesmo "Revolution", o Dr Ron Paul, está colocado em posição de poder ser eleito. Ele defende posições que são muito queridas de todos os "seguidores" do pensamento Austriaco. Acabar com o FED, acabar com o IRS, acabar com uma série de departamentos de estado "inuteis" retirar-se do cenário internacional como policia do Mundo e fechar as 900 bases americanas espalhadas pelo Mundo (reduzindo os gastos dos E.U.A em menos 13 triliões de dolares por ano) entre outras posições destinadas a reduzir o tamanho do governo americano. Não posso deixar de referir a frase que serve de emblema a Ron Paul e a todos os economistas que se reveem no pensamento da escola austiaca.
    A wise and frugal government which shall restrain men from injuring one another, which shall leave them otherwise free to regulate their own pursuits of industry and improvement, and shall not take from the mouth of labor the bread it has earned. This is the sum of good government. – Thomas Jefferson (1801)

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  17. Caro Paulo boa tarde,

    Tenho uma pergunta para lhe fazer e saber a sua opinião.

    No meu entender, o que se está a fazer na Europa em 2012, o caminho da austeridade e estabilização dos defices, é um caminho necessário este ano. O continuar do endividamento e das politicas que tivemos nos ultimos 20 anos levou-nos aqui, e podia ter sido pior. Mas será imperativo em 2013 promover o crescimento e voltar a injectar alguma liquidez no mercado para não sugarem as PME portuguesas, por exemplo.

    Penso que tanto empresas como familias conseguem aguentar um ano de austeridade. Portugal aguenta uma queda do PIB de cerca de 4%. No entanto, as medidas de 2013 terão de ser de um ligeiro alivio, pelo menos em IRC. fomentar entrada de IDE, evitar a fuga das nossas empresas, etc.

    Temos de aumentar exportações, diminuir importações, melhorar o defice do estado para poder investir um pouco mais em 2013, atrair IDE, fomentar e estimular a poupança - este devia ser o pilar da recuperação (embora dificil de passar a mensagem pois muitas familias passam por dificuldades). A poupança devia ser uma palavra imperial no nosso vocabulario, no nosso quotidiano, na nossa cultura. Deviamos entrar noutro paradigma, baseado na poupança e no crescimento sustentavel. O caso das pensões na Suiça com tectos maximos de 1700 euros é um exemplo. Eles poupam e contam depois com uma pequena ajuda do estado. Diferente de contar com toda a ajuda. Sobra depois dinheiro para as pensões mais baixas.

    Sei que os EUA optam por uma via diferente, imprimir moeda através do FED, juntando às agências de rating e suas actividades, mais umas manobras aqui e ali, lá vão escondendo os seus problemas.

    A minha pergunta é: Não estará mais preocupado com os EUA do que com a Europa? Eu penso que a Europa sempre se soube reerguer e com uma maior integração talvez consiga melhorar. E a bomba relogio EUA não explodirá? e se explodir não será muito pior do que qualquer crise que a humanidade moderna já tenha vivenciado? Essa bomba afectará imenso a Europa, quase tanto como a implosão da propria EU. Nem Japão nem a China, 2º(?) maior credor dos EUA ficará incólume.

    Cumprimentos,
    André Vaz

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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.