A
Portugal Telecom SGPS alterou o seu nome para Pharol e desde o dia 5 de
junho que cota com essa nova denominação. O fator principal, para a
forte descida da cotação da ação, terá sido mesmo a alteração da
denominação da empresa. Muitos investidores, provavelmente, só agora se
aperceberam que a empresa de Portugal só
tinha o nome, o que justifica a forte pressão vendedora. Foram 10
sessões consecutivas de queda, quebrada apenas na passada terça-feira.
De referir que a Pharol, neste momento, apresenta uma capitalização bolsista de 333 milhões de euros, à cotação de 0.365€/ação. No entanto a sua participação na brasileira OI, de 27.5%, é de 421 milhões de euros, à atual capitalização de 5328 milhões de reais (BRL) da OI – cotação da OI de 6.19 BRL/ação e câmbio de 3.475 BRL por cada euro -, representa 0.47€ ação. Logo, o valor teórico da Pharol, e assumindo que não consegue reaver qualquer quantia do seu empréstimo à Rio Forte, é de 0.47€ por ação, e está consideravelmente acima da sua cotação atual de 36.5€ por ação.
De salientar que a cotação da Portugal Telecom andou sempre acima do valor da sua participação na OI, porque existe o ativo sobre a Rio Forte e na melhor das hipóteses a probabilidade de reaver parte do empréstimo é de 15% do total do montante de 897 milhões de euros, ou seja 134 milhões de euros.
Hoje em dia, esta distorção tão acentuada entre o preço e o seu valor teórico, calculado apenas pela participação que detém na OI e não tendo em conta outros ativos, gerou um desconto de 22%. Assim, é provável que esta baixa dos títulos da Pharol em relação ao seu valor teórico proporcione, no curto prazo, uma inversão do significativo movimento de baixa e crie uma oportunidade de compra.
Mas uma oportunidade de compra para um "trade" de vários dias, semanas ou um investimento de longo prazo? A Pharol é, atualmente, uma empresa que não guia nenhum investidor a um porto seguro. A luz que emite é uma falácia. Tem apenas um fator positivo entre vários negativos.
A Pharol é uma empresa quase exclusivamente brasileira e que de Portugal só tinha o nome. Em termos de análise gráfica está de venda, a economia brasileira está a enfraquecer de dia para dia, a inflação não pára de aumentar, o Banco Central brasileiro tem subido consecutivamente as suas taxas de juro e ainda na semana passada a "selic" teve um incremento de 13.25% para 13.75%, a gestão da empresa continua aquém do que seria expectável.
A Oi, apesar do encaixe da venda dos ativos da PT Portugal à Altice, ainda continua com um endividamento considerável. A Pharol deixou de deter ativos expostos à economia nacional depois da Oi ter alienado a PT Portugal (todos os ativos que a Portugal Telecom detinha em Portugal) à francesa Altice e, assim, é agora o único título cotado no PSI20 que não beneficia do esmagamento das taxas de juro do euro provocado pela enérgica política monetária expansionista do Banco Central Europeu.
Em termos políticos o Brasil atravessa uma fase difícil, refletida ainda em março na forte manifestação à governação de Dilma Russef nas principais cidades brasileiras. Há uma clivagem política no apoio popular ao governo brasileiro e que se traduz numa óbvia incerteza ao nível do investimento e da economia.
O único ponto positivo da Pharol passa pela consolidação do sector das telecomunicações brasileiro. É um cenário bastante plausível, além de não ser novo. Ainda em setembro do ano passado a Telefónica Brasil e a Vivendi SA firmaram um acordo para a compra da GVT, o que propiciou à Telefónica Vivo o reforço da liderança no Brasil. O "trigger" para mais fusões e aquisições no sector das telecomunicações no Brasil já foi dado há algum tempo atrás, e a OI é também um ativo elegível – logo, indiretamente a Pharol também seria beneficiada.
In Vida Económica, 19 de junho de 2015. Escrito no dia 17 de junho
Paulo Monteiro Rosa, economista
De referir que a Pharol, neste momento, apresenta uma capitalização bolsista de 333 milhões de euros, à cotação de 0.365€/ação. No entanto a sua participação na brasileira OI, de 27.5%, é de 421 milhões de euros, à atual capitalização de 5328 milhões de reais (BRL) da OI – cotação da OI de 6.19 BRL/ação e câmbio de 3.475 BRL por cada euro -, representa 0.47€ ação. Logo, o valor teórico da Pharol, e assumindo que não consegue reaver qualquer quantia do seu empréstimo à Rio Forte, é de 0.47€ por ação, e está consideravelmente acima da sua cotação atual de 36.5€ por ação.
De salientar que a cotação da Portugal Telecom andou sempre acima do valor da sua participação na OI, porque existe o ativo sobre a Rio Forte e na melhor das hipóteses a probabilidade de reaver parte do empréstimo é de 15% do total do montante de 897 milhões de euros, ou seja 134 milhões de euros.
Hoje em dia, esta distorção tão acentuada entre o preço e o seu valor teórico, calculado apenas pela participação que detém na OI e não tendo em conta outros ativos, gerou um desconto de 22%. Assim, é provável que esta baixa dos títulos da Pharol em relação ao seu valor teórico proporcione, no curto prazo, uma inversão do significativo movimento de baixa e crie uma oportunidade de compra.
Mas uma oportunidade de compra para um "trade" de vários dias, semanas ou um investimento de longo prazo? A Pharol é, atualmente, uma empresa que não guia nenhum investidor a um porto seguro. A luz que emite é uma falácia. Tem apenas um fator positivo entre vários negativos.
A Pharol é uma empresa quase exclusivamente brasileira e que de Portugal só tinha o nome. Em termos de análise gráfica está de venda, a economia brasileira está a enfraquecer de dia para dia, a inflação não pára de aumentar, o Banco Central brasileiro tem subido consecutivamente as suas taxas de juro e ainda na semana passada a "selic" teve um incremento de 13.25% para 13.75%, a gestão da empresa continua aquém do que seria expectável.
A Oi, apesar do encaixe da venda dos ativos da PT Portugal à Altice, ainda continua com um endividamento considerável. A Pharol deixou de deter ativos expostos à economia nacional depois da Oi ter alienado a PT Portugal (todos os ativos que a Portugal Telecom detinha em Portugal) à francesa Altice e, assim, é agora o único título cotado no PSI20 que não beneficia do esmagamento das taxas de juro do euro provocado pela enérgica política monetária expansionista do Banco Central Europeu.
Em termos políticos o Brasil atravessa uma fase difícil, refletida ainda em março na forte manifestação à governação de Dilma Russef nas principais cidades brasileiras. Há uma clivagem política no apoio popular ao governo brasileiro e que se traduz numa óbvia incerteza ao nível do investimento e da economia.
O único ponto positivo da Pharol passa pela consolidação do sector das telecomunicações brasileiro. É um cenário bastante plausível, além de não ser novo. Ainda em setembro do ano passado a Telefónica Brasil e a Vivendi SA firmaram um acordo para a compra da GVT, o que propiciou à Telefónica Vivo o reforço da liderança no Brasil. O "trigger" para mais fusões e aquisições no sector das telecomunicações no Brasil já foi dado há algum tempo atrás, e a OI é também um ativo elegível – logo, indiretamente a Pharol também seria beneficiada.
In Vida Económica, 19 de junho de 2015. Escrito no dia 17 de junho
Paulo Monteiro Rosa, economista
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