Qualquer
foco de instabilidade (política, geoestratégica, segurança) gera sempre
uma maior aversão ao risco nos investidores. No caso de ações
terroristas, as empresas de turismo e de bens de luxo costumam estar
entre as que sofrem maiores impacto imediato.
É normal que haja já uma retração do turismo em Paris, um dos maiores
destinos a nível mundial, na sequência dos atentados de dia 13 de
novembro. A pujante classe média-alta chinesa pode refrear as suas
viagens a Paris e afetar negativamente a economia parisiense.
A empresa francesa de bens de luxo, Louis Vuitton, pode ser penalizada,
embora o seu desempenho em bolsa desde os atentados tenha estado
estável. Mas também há empresas que costumam sair beneficiadas. É normal
que empresas ligadas à segurança, ao armamento
e equipamento militar valorizem nas próximas semanas. A resposta
francesa aos ataques vai intensificar-se e o Governo já anunciou que em
tempo de guerra não se controla o défice, porque é necessário aumentar o
orçamento da Defesa.
A guerra ao terrorismo assumida pela França será apoiada não só pelos
aliados, mas principalmente pela Rússia, depois de ter sido apurado que a
queda do avião civil que ligava a instância turística no Egipto à
Rússia, no mês de outubro, se deveu a uma ação
terrorista. O sector gaulês da defesa já capitalizou com os atentados,
com a Thales a subir 5.8%, batendo máximos históricos, e a Dassault
System subiu 1.56%. As restantes cotadas neste sector tiveram
capitalizações interessante, caso dos ganhos de 8.47% da
BA Systems, 4.78% da Boeing e 8.35% da Raytheon.
A bolsa de Paris, na semana seguinte aos acontecimentos terroristas,
teve um desempenho positivo, ainda que ligeiro, com uma subida de 2.2%.
Não seria de esperar que a bolsa se ressentisse, devido ao aumento da
aversão ao risco?
As principais bolsas a nível internacional estiveram pressionadas desde o
início de novembro, por causa de dados da economia dos EUA, incluindo o
relatório do emprego. Voltaram os receios quanto à subida das taxas de
juro por parte da Reserva Federal dos EUA.
Os futuros negociados na bolsa de Chicago (CME Group) passaram a
descontar uma subida de taxas do dólar para 0.5% desde essa data. No
entanto, dados avançados pelo presidente do Banco Central Europeu, Mário
Draghi, sobre uma política monetária inflacionista,
cada vez mais agudizada, permitiram ao mercado subir nos dias seguintes
aos atentados.
Se os atentados tivessem acontecido com o mercado aberto, nas bolsas a
nível mundial ter-se-ia instalado o pânico e as quedas seriam imediatas.
Não foi o caso, com o fim-de-semana a dar tempo para uma total
informação sobre o sucedido na noite de sexta em Paris.
Na segunda-feira, 16 de novembro, 3 dias após os ataques terroristas, os
investidores, calmamente, a frio e sem pânicos, analisaram o mercado, e
apesar de existir uma ameaça, que não era uma novidade, a segurança, e o
estado de alerta, aumentaram significativamente,
traduzindo-se em maior tranquilidade e menor instabilidade e
volatilidade para os mercados. É pertinente referir o indicador UBS
"Dynamic Equity Risk Indicator", que mede o apetite pelo risco dos
investidores, teve um aumento de (-0.086 pontos) no dia 13 de
novembro para 0.451 pontos no dia 20 de Novembro. Antes de serem
divulgados os dados relativos ao emprego nos EUA, no dia 6 de novembro,
este indicador estava nos 0.5 pontos e a seguir desceu até ao dia dos
atentados em Paris.
In Vida Económica, 27 de novembro 2015, Paulo Rosa
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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