O mercado acionista português
está, desde o início do ano, com um desempenho considerável, espelhado na
subida de 26.5%. O PSI20 apresenta muitas caraterísticas de uma tendência de
alta (bull market) quase consolidada - desde logo, a média móvel de 200 dias
(MA200) que se encontra nos 5600 pontos, ou seja 7% abaixo do valor atual do
PSI20. Também a liquidez, que tem aumentado de dia para dia, é bastante
significativa. As aberturas diárias do mercado português têm sido muito
tímidas, quase sempre em terreno negativo, o que é bastante saudável e
corrobora um mercado de alta porque não deixa gaps (o máximo do dia anterior é
inferior ao mínimo atual). Além disso, cria espaço de subida convidando novos
investidores a entrar, subindo ao longo do dia. Uma abertura no mínimo e um
fecho no máximo é um forte sinal de alta que os japoneses apelidam de
"marubozu", na análise técnica através das velas nipónicas.
Este comportamento é precisamente o contrário do que acontece quando um mercado está marcadamente com tendência de baixa: aí abre quase sempre em alta, com gaps, existindo espaço para vendas e acaba o dia no mínimo da sessão. Também o facto de o mercado estar 20% acima do mínimo verificado nos 4600 pontos, a 7 de janeiro, é um sinal de alta adotado por muitos analistas – neste momento encontra-se cerca de acima desse valor.
A média móvel de 30 dias (MA30) e a de 60 dias (MA60) cruzaram-se no passado dia 12 de fevereiro, originando um sinal de compra do índice, que surge sempre que a média de prazo mais curto (a de 30 dias) passa a estar acima da média de mais longo prazo (a de 60 dias). Por último, e não menos importante, muitos títulos que integram o principal índice da bolsa lisboeta registam máximos históricos consecutivos… Três fatores justificam este bom desempenho desde o início do ano:
O comportamento positivo das bolsas europeias e norte-americanas, a política monetária expansionista bastante agressiva por parte do Banco Central Europeu (BCE) e, talvez o mais pertinente, o regresso de parte da confiança perdida o ano passado pelo caso Banco Espírito Santo e, também com algum peso, o enfraquecimento gradual da Portugal Telecom, que afastaram a praça portuguesa dos radares dos investidores estrangeiros.
A consecutiva descida da Portugal Telecom é motivada não só pela sua exposição à dívida do Grupo Espírito Santo, bem como pela ligação umbilical à brasileira OI, que tem um desempenho significativamente negativo. A Portugal Telecom, que de Portugal só tem o nome, é o único título que desce desde o início do ano e consideravelmente, com uma perda de quase 30%. A Portugal Telecom deixou de deter ativos expostos à economia nacional depois da OI ter alienado a PT Portugal (todos os activos que a Portugal Telecom detinha em Portugal) à empresa francesa Altice e, assim, ser o único do PSI20 que não beneficia do esmagamento das taxas de juro do euro provocado pela política monetária do BCE. A Portugal Telecom é um título quase exclusivamente brasileiro. A economia do Brasil tem uma taxa de inflação elevada, o PIB contraiu-se, o real não para de cair face ao euro e ao dólar e a "selic", taxa directora do Banco Central do Brasil, tem subido consecutivamente para impedir a desvalorização da moeda. O problema brasileiro já extravasou os limites da economia e já é também uma questão política. Por último, a OI, apesar do encaixe da venda dos activos da PT Portugal à Altice, ainda continua com um endividamento considerável…
A Altri é o título que mais sobe desde o início do ano, 60%, a beneficiar não só do bom desempenho e do otimismo generalizado na bolsa nacional, mas também da subida do dólar americano (USD) face ao euro, visto que o preço da tonelada da pasta de papel é cotado em USD.
Paulo Rosa, In Vida Económica, 27 de março de 2015
Este comportamento é precisamente o contrário do que acontece quando um mercado está marcadamente com tendência de baixa: aí abre quase sempre em alta, com gaps, existindo espaço para vendas e acaba o dia no mínimo da sessão. Também o facto de o mercado estar 20% acima do mínimo verificado nos 4600 pontos, a 7 de janeiro, é um sinal de alta adotado por muitos analistas – neste momento encontra-se cerca de acima desse valor.
A média móvel de 30 dias (MA30) e a de 60 dias (MA60) cruzaram-se no passado dia 12 de fevereiro, originando um sinal de compra do índice, que surge sempre que a média de prazo mais curto (a de 30 dias) passa a estar acima da média de mais longo prazo (a de 60 dias). Por último, e não menos importante, muitos títulos que integram o principal índice da bolsa lisboeta registam máximos históricos consecutivos… Três fatores justificam este bom desempenho desde o início do ano:
O comportamento positivo das bolsas europeias e norte-americanas, a política monetária expansionista bastante agressiva por parte do Banco Central Europeu (BCE) e, talvez o mais pertinente, o regresso de parte da confiança perdida o ano passado pelo caso Banco Espírito Santo e, também com algum peso, o enfraquecimento gradual da Portugal Telecom, que afastaram a praça portuguesa dos radares dos investidores estrangeiros.
A consecutiva descida da Portugal Telecom é motivada não só pela sua exposição à dívida do Grupo Espírito Santo, bem como pela ligação umbilical à brasileira OI, que tem um desempenho significativamente negativo. A Portugal Telecom, que de Portugal só tem o nome, é o único título que desce desde o início do ano e consideravelmente, com uma perda de quase 30%. A Portugal Telecom deixou de deter ativos expostos à economia nacional depois da OI ter alienado a PT Portugal (todos os activos que a Portugal Telecom detinha em Portugal) à empresa francesa Altice e, assim, ser o único do PSI20 que não beneficia do esmagamento das taxas de juro do euro provocado pela política monetária do BCE. A Portugal Telecom é um título quase exclusivamente brasileiro. A economia do Brasil tem uma taxa de inflação elevada, o PIB contraiu-se, o real não para de cair face ao euro e ao dólar e a "selic", taxa directora do Banco Central do Brasil, tem subido consecutivamente para impedir a desvalorização da moeda. O problema brasileiro já extravasou os limites da economia e já é também uma questão política. Por último, a OI, apesar do encaixe da venda dos activos da PT Portugal à Altice, ainda continua com um endividamento considerável…
A Altri é o título que mais sobe desde o início do ano, 60%, a beneficiar não só do bom desempenho e do otimismo generalizado na bolsa nacional, mas também da subida do dólar americano (USD) face ao euro, visto que o preço da tonelada da pasta de papel é cotado em USD.
Paulo Rosa, In Vida Económica, 27 de março de 2015
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