Depois do terramoto no Japão, a 11 de março de 2011, e as
repercussões na central nuclear nipónica de Fukushima, muito países,
incluindo a Alemanha, afirmaram que iriam reduzir a capacidade de
geração de energia através do nuclear, ou mesmo acabar com todas as
centrais nucleares. Entre meados de 2011 e meados de 2012, o preço do
petróleo caiu dos 117 dólares para os 80 dólares por barril. Cerca de um
ano depois do desastre de Fukushima, e perante a forte queda da cotação
do petróleo, a EDP Renováveis (EDPR) começou a subir sustentadamente.
Terá sido coincidência?
No primeiro trimestre de 2016, a
energia produzida pelas centrais eólicas foi muito significativa, e os
preços da eletricidade na Alemanha chegaram mesmo a ser negociados a
valores negativos, devido à energia acumulada. Nalgumas centrais
nucleares, a venda foi feita a qualquer preço, caso contrário essa
energia seria perdida.
Em Portugal, a empresa que mais poderá
beneficiar de uma conjuntura antinuclear é a EDPR. A empresa tem uma
dimensão significativa, com uma capitalização bolsista de quase seis mil
milhões de euros, cerca de três vezes mais que o BCP. Foi das primeiras
empresas eólicas do mundo e é uma das principais produtoras de energia
eólica, à escala internacional. Por ser detida maioritariamente pela EDP
(com 77,5% do capital), a EDPR é um alvo pouco apetecível para um
investidor que pretenda tomar uma posição de relevo. A sua cotação
dificilmente subirá pela via da contestabilidade e disputa de controlo.
Em contrapartida, o facto de estar ligada a uma empresa bastante sólida,
embora bastante endividada – a EDP – garante-lhe alguma estabilidade.
A cotação da EDP Renováveis segue o preço do petróleo:
quando a cotação do barril do petróleo baixa, a energia passa a ser
produzida em maior quantidade através dos derivados do petróleo
nomeadamente nas centrais termoelétricas, pelo que a cotação da EDPR
entra em queda e vice-versa. No entanto, a partir de meados de 2014 essa
correlação foi quebrada. Apesar da queda do preço do petróleo, a
cotação da EDPR continuou a subir, muito provavelmente, pelas intenções
de vários países, nomeadamente da Alemanha, em terminar com a produção
de energia nuclear.
A rentabilidade do dividendo (dividend
yield) é muito pouco atrativa e não é motivo para o bom desempenho da
cotação nos últimos quatro anos. Este ano a empresa pagou cinco cêntimos
de euros, o que corresponde a uma rentabilidade de 0.8%. Este nível de
remuneração é muito pouco aliciante quando comparada com os dividendos
na praça portuguesa na casa dos 5%, na EDP, nos CTT, na Navigator ou na
Altri. Não sendo por pagar um bom dividendo, a valorização da EDPR em
bolsa espelha as elevadas expectativas quanto aos resultados futuros da
empresa.
Em 2015, "grosso modo", o cash flow operacional
(EBITDA) cresceu cerca de 25% e a empresa espera que cresça a uma taxa
de 20% ao ano nos próximos. Os resultados operacionais (EBIT) cresceram
37% em relação ao ano anterior.
A EDPR sempre colmatou os
fracos resultados, fruto de uma receita relativamente baixa e aos
elevados investimentos, com os subsídios estatais. A cotação foi
bastante penalizada há anos quando foi anunciado que as ajudas
governamentais iriam diminuir ou mesmo acabar. Porém, a cotação tem-se
mantido firme em alta nos últimos anos, sinalizando que a empresa poderá
sobreviver bem sem ser subsídio-dependente. É verdade que nos últimos
12 meses, a EDPR caiu cerca de 1%. Mas nesse mesmo período, o PSI 20
perdeu 20,5%.
Paulo Rosa, In "Vida Económica" 20 de maio de 2016
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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- Paulo Monteiro Rosa
- Naturalidade Angolana
- Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
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