Nos EUA há um índice que mede a venda de camiões de grandes
dimensões, os chamados "Heavy Weight Truck". Antes do início das
recessões económicas e quedas significativas das bolsas em 1990, 2000 e
2008, este índice tinha começado a cair um ou dois anos antes, em 1988,
1999 e 2006 respetivamente. Há uma má notícia: este índice começou a
cair em novembro passado. Só o tempo dirá se estamos à beira de uma nova
recessão. Estes camiões são utilizados em obras de grande dimensão, na
exploração de metais, nas minas, na construção de autoestradas, de
edifícios, entre outros. Muitos deles estão nos primeiros estágios da
produção, onde se regista um relativo abrandamento da atividade.
Apesar de algum alívio em alta nos últimos dois meses, as
matérias-primas ("commodities") têm registado mínimos dos últimos anos. A
cotação do petróleo desceu até os mínimos de 2003 nos 27
dólares/barril, o preço do ferro está em mínimos de 2009 e, há dois
meses, o índice das "commodities" medido pela Bloomberg chegou perto dos
mínimos de há 25 anos. Os receios quanto a um abrandamento económico na
China e nas economias emergentes, bem como a efetiva diminuição da
procura destes países pressionou os preços em baixa nos últimos tempos.
Nos EUA a diminuição da venda de camiões "pesos pesados" pode
sinalizar uma redução das obras públicas e do nível da construção civil
de maior dimensão. Um desinvestimento nestes sectores, e a respetiva
diminuição da capacidade instalada, pode indiciar menor investimento na
construção de casas e no consumo, que já não mostram a vivacidade dos
últimos 6 anos.
Os dados do mercado de trabalho norte-americano
continuam relativamente robustos, apesar de no passado 6 de maio, os
dados de abril terem saído ligeiramente abaixo do que era esperado. As
vendas a retalho, o 2º indicador mais importante depois do mercado de
trabalho, mostram alguma fraqueza, de mês para mês, desde março de 2015.
São já 14 meses… algo que não acontecia desde 2008.
Se
estivermos realmente próximos de uma recessão, os mercados de ações
norte-americanos iniciarão uma tendência de baixa que se repercutirá nas
restantes bolsas mundiais, incluindo a bolsa portuguesa que já se
encontra debilitada. A FED teria que reverter a sua política
contracionista, iniciada em dezembro passado com a subida taxa de juro
de referência, e voltar à política expansionista descendo novamente a
taxa para o intervalo [0%-0.25%], algo que seria, também, um revés na
credibilidade da FED.
Nada do que dependa da economia
portuguesa pode ser um catalisador para subidas das ações da praça de
Lisboa. A economia portuguesa limita-se a crescer anemicamente e a bolsa
perde cerca de 7% desde o início do ano. Depois do que aconteceu com a
resolução do BES em agosto de 2014, com o regresso de várias séries de
obrigações sénior do Banco Novo ao BES e a resolução do Banif, não
podemos esperar que os investidores estrangeiros se mostrem interessados
em investir.
Paulo Rosa, In Jornal "Vida Económica", 13 de maio de 2016
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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- Paulo Monteiro Rosa
- Naturalidade Angolana
- Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
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