Since December 25th, 2010

Translate

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A UBER já chegou a todo lado menos à bolsa

Foi criada em São Francisco em 2009 e lançou o serviço nesta cidade em 2010.

Hoje, a UBER está em mais de 350 cidades, espalhadas por 67 países, através de uma aplicação que é utilizada por mais de três milhões de clientes diariamente. Está em Portugal desde julho de 2014.
Foi mais um unicórnio - uma startup de rápido crescimento - que nasceu na Califórnia e que se tornou num caso global, apesar (ou por causa) das inúmeras resistências à mudança. A UBER parece ser uma boa experiência para os consumidores que têm escolhido os seus serviços.
No primeiro semestre deste ano, a UBER teve um prejuízo na ordem dos 1300 milhões de dólares. A percentagem paga aos motoristas, de 8 0%, é responsável pela maior parte das perdas da empresa a nível mundial.

Em 2015, a UBER teve receitas de 1500 milhões de dólares, mas as perdas foram de 2 mil milhões de dólares. Em sete anos perdeu pelo menos 4 mil milhões de dólares. Segundo alguns analistas é difícil encontrar uma empresa tecnológica que perca tanto dinheiro. Há um ano, a Bloomberg noticiava que a aplicação móvel estava a negociar uma ronda de investimento, que já avaliava a empresa em 62,5 mil milhões de dólares.

Num ambiente de taxas de juro próximas de zero, há uma maior propensão para ativos alternativos. Pode ter sido por isso que, entre 2009 e 2015, a UBER captou uns impressionantes 8,2 mil milhões de dólares, junto de investidores privados, nomeadamente empresas de capital de risco que financiam em grande parte as startup. Enquanto isso, as receitas não devem passar dos 2 mil milhões de dólares no final deste ano. Os múltiplos são uns surreais 25 e 50 para uma avaliação de 50 mil milhões ou 100 mil milhões de dólares, respetivamente. Por exemplo, o Facebook levantou junto de investidores, entre 2004 e 2011, um quarto desse montante, 2.4 mil milhões de dólares.
É difícil encontrar uma empresa tecnológica com perdas tão avultadas. A Amazon é famosa por perder dinheiro na sua fase de crescimento, mas a sua maior perda foi de 1400 milhões de dólares há 16 anos, no ano 2000. A UBER ultrapassou esse número em 2015 e está a caminho de fazê-lo novamente este ano…

É nestes momentos de alta que as empresas escolhem entrar na bolsa (através de um IPO, "Initial Public Offer"). Os IPO destas startups são importantes também porque o escrutínio dos mercados acionistas é crucial para aferir o seu real valor no longo prazo.
O Nasdaq está perto dos máximos de sempre, com uma forte subida no último ano e meio. Está, aliás, a lembrar os valores que tinha quando rebentou a bolha das tecnológicas, em 2000. Haverá uma bolha tecnológica ainda na fase pré mercado? Muito provavelmente. Os múltiplos são elevados, em muitos casos, cerca de 30 vezes as receitas geradas no ano.

O sentimento de que é iminente o rebentamento da bolha tecnológica pode ser uma razão para que a UBER não se tenha apressado a dispersar capital em bolsa.
Uma notícia recente citava o blogue pessoal do investidor norte-americano Mark Cuban, jurado do Shark Tank: "a bolha que se está a viver agora é pior do que a de 2000, ano marcado pelo estoirar da bolha das dotcom, empresas que atuavam no setor da internet. A crise desse ano culminou numa das correções mais fortes de sempre nos mercados financeiros internacionais e numa recessão económica nos EUA. Mark Cuban refere que, agora, a bolha acontece no investimento privado – um mercado sem avaliações e sem liquidez".

Paulo Rosa, In "Vida Económica"


Sem comentários:

Enviar um comentário

Arquivo do blogue

Seguidores

Economista

A minha foto
Naturalidade Angolana
Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.