Quem será melhor para a economia e para as bolsas, Donald Trump ou Hillary
Clinton? Estas eleições são, talvez, uma exceção do que aconteceu nos EUA nos
últimos 200 anos. Um povo dividido - cerca de dois terços dos brancos apoiam
Trump e a maior parte dos hispânicos e dos afro-americanos votam Hillary. Em
termos de evidência histórica do Dow Jones desde 1901 até 2016, uma vitória de
Hillary Clinton seria mais desejável para os mercados. O DJ teve um retorno
médio anual de 7% com presidentes democratas, contra os 3% de retorno médio em
administrações republicanas. As presidências democratas têm tendência para
políticas expansionistas mais expressivas, quer monetária quer orçamental?
Talvez. Mas se forem criadas bolhas, através de políticas monetárias bastante
inflacionistas por parte da FED e aumento do orçamento federal através de mais
despesa pública e subida dos impostos, elas terão que ser corrigidas mais tarde
ou mais cedo.
Há quem refira que uma governação de Hillary seria mais previsível que uma
governação de Trump. Mas uma vitória de Hillary pode resultar num impasse no
capitólio, parlamento dos EUA, com um congresso atualmente controlado pelos
republicanos. A maioria dos senadores (câmara alta) e da casa dos
representantes (câmara baixa) são republicanos, o que pode contribuir para mais
investigações sobre os e-mails de Hillary, a Fundação Clinton e alegadas
corrupções, levando a um eventual "impeachment" (destituição).
Apesar de existirem fatores que beneficiam mais um ou outro candidato há uma
estatística importante: a economia e o mercado foram penalizados a seguir às
eleições de 1992, 2000 e 2008. Nos últimos oito anos, a economia dos EUA subiu,
mas começa a arrefecer. Numa situação de pleno emprego - a taxa de desemprego
está abaixo dos 5% - a economia deveria crescer cerca de 3%, mas cresce apenas
1%. A correção pode estar a caminho, seja quem for o próximo presidente.
As sondagens nas últimas semanas têm encurtado a distância entre Trump e
Clinton. Hillary foi perdendo a vantagem e muitas sondagens apontam para um
empate técnico. Os mercados também têm corrigido e boa parte dos analistas
justifica as perdas do mercado com esse facto, o que mostra que estariam mais
confortáveis com uma vitória de Hillary. Porém, os dados macroeconómicos mais
fracos nos EUA, e uma possível subida das taxas de juros por parte da Reserva
Federal no próximo mês podem ser a verdadeira razão do fraco desempenho dos
mercados acionistas nos últimos dias.
O índice S&P 500 tem lateralizado desde julho e está em mínimos dos
últimos quatro meses, descendo 5% desde os máximos históricos atingidos em
agosto, nos 2193 pontos. Neste momento está perto da média móvel de 200 dias
(MA200) que passa nos 2080 pontos, que é uma fronteira entre um mercado
"bull" (altista) e um mercado "bear" (de baixa). O Nasdaq
100 já perdeu 4% desde o máximo de 25 de outubro até 1 de novembro. A descida
do Nasdaq 100 pode ter mais relação com a eventual bolha que existe no setor,
alimentada pela falta de alternativas, com taxas de juro negativas e pelos
resultados trimestrais abaixo das estimativas, do que pelas sondagens das
eleições.
Paulo Rosa, In "Vida Económica" 4 de novembro 2016
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
Since December 25th, 2010
Translate
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Páginas do Blog "Omnia Economicus"
Arquivo do blogue
Seguidores
Economista
- Paulo Monteiro Rosa
- Naturalidade Angolana
- Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
Sem comentários:
Enviar um comentário