As ações ou obrigações não são forma mais eficaz para se ganhar o jogo. Com derivados, devido à sua alavancagem, é mais fácil ganhar. E, muito provavelmente, o vencedor será encontrado entre alguém que apostou em derivados, desde CFD ao Forex, e seria quase impossível estar entre os que apenas investiram em ações ou obrigações.
As obrigações são uma forma de as empresas se financiarem através do mercado de capitais, tal como na emissão de acções. Mas as acções compram uma parte (do capital) da empresa e as obrigações são um empréstimo à empresa. As obrigações são muitas vezes apelidadas de capitais alheios, passivo da empresa, porque o seu financiamento é obtido através de pessoas singulares ou colectivas porque precisamente não levam o investidor à propriedade da empresa. O financiamento através da emissão de acções é nomeado de capitais próprios porque confere ao seu titular a qualidade de dono da empresa, com vários direitos, entre eles o de receber a contrapartida dos lucros gerados sob a forma de dividendos. A esse retorno (relação entre o capital investido e a remuneração ganha) chamamos de “dividend yield” – rentabilidade dos dividendos.
Genericamente, as obrigações representam títulos de crédito que conferem ao detentor receber um juro periódico e, numa determinada data pré-conhecida, o reembolso do capital emprestado. O elemento principal é a taxa de juro, o valor nominal, o preço de emissão, o valor do reembolso a forma de amortização.
Grosso modo, no que concerne à rentabilidade, o retorno de uma obrigação é relativamente reduzido quando comparado com um derivado, mas o risco também é significativamente mais baixo, e resume-se ao incumprimento dos compromissos financeiros por parte da empresa em causa. A aquisição de obrigações é aconselhável para investimentos de longo prazo e para investidores mais avessos ao risco, logo não faz sentido ter numa carteira que se espera multiplicar várias vezes durante um mês como é o caso do Jogo da Bolsa.
As acções também acabam por ser colocadas de parte no jogo, porque se apostamos numa acção que achamos que vai subir, quem adquirir futuros ou CFD desse mesmo activo subjacente irá ganhar dez vezes mais do que nós, caso a margem seja 10%, e obter uma vantagem logo à partida muito substancial para ganhar o jogo em relação a quem comprou acções no mercado à vista. Os derivados também têm a vantagem de se poder ganhar com a queda do mercado, enquanto que o investimento em acções ou obrigações se traduz em perdas caso o mercado esteja de baixa.
Os derivados são os mais aconselhados para se ter sucesso no jogo da bolsa.
A alavancagem é uma excelente estratégia para se ganhar o jogo e, provavelmente, nenhum jogador o vencerá sem exposições assentes no crédito. Porém, se o mercado evoluir no sentido contrário ao das opções tomadas pelo jogador, ele irá ficar com certeza entre últimos.
Esta estratégia, que parece ser a mais adequada para se vencer o jogo, deve ser utilizada com muita cautela no mundo real. Colocar todo o dinheiro num produto alavancado pode ser a melhor opção para se vencer no mundo virtual, mas pouco recomendável para se alcançar o sucesso no mercado real, nomeadamente no longo prazo. A alavancagem é comumente utilizada em três estratégias: arbitragem, cobertura de risco e especulação. No entanto, a estratégia da especulação pode originar por vezes dissabores bastante significativos.
Os activos alavancados como CFD, futuros e opções ou Forex permitem abrir um contrato e ganhar, ou perder, a diferença entre o preço de abertura e de fecho. Facultam a prerrogativa, ou não?!, de negociar com apenas uma percentagem do valor total de exposição, daí a sua característica alavancada que reúne riscos e benefícios muito consideráveis. As posições abertas poderão acarretar ganhos ou perdas significativamente superiores ao capital investido. Por isso, será a melhor a melhor estratégia para ganhar o jogo. Todavia, toda a atenção, na sua negociação no mercado real, é pouca…
Em suma, o jogo da bolsa leva-nos à impressionante inferência de que temos sempre que distinguir entre o que é um jogo e o que é a realidade…
Paulo Rosa, Jornal de Negócios 5 de dezembro 2016
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