No dia seguinte à primeira volta das eleições presidenciais
francesas, as bolsas europeias abriram em forte alta com subidas à volta
dos 3% e o índice CAC 40, da bolsa de Paris, registou uma valorização
de quase 4.5%. O euro subiu 1.5%, contra o dólar, para muito perto dos
1.09. Os 24% conseguidos pelo liberal pró-europeu Emmanuel Macron e os
21% da líder da Frente Nacional Marine Le Pen, que passam à segunda
volta 7 de maio, foram um suspiro de alívio: Emmanuel Macron recebeu o
apoio imediato da maior parte dos candidatos vencidos e da maioria dos
partidos gauleses, apresentando-se como o favorito. Os investidores, a
avaliar pela reação dos mercados, parecem preferir um presidente da
República Francesa que seja apologista da União Europeia e do comércio
internacional, lembrando o maior teórico de sempre nesta matéria, o
economista inglês David Ricardo que, no início do século XIX, citando
das vantagens comparadas, defendeu que muitos países mesmo que não sejam
competitivos na produção de nenhum bem possam especializar-se a
produzir aquilo que fazem de melhor.
Para a campanha da segunda
volta teremos, por um lado Macron, um defensor da globalização, da União
Europeia, da economia de mercado, da reforma do Estado social. Por
outro, Le Pen a defender a saída do euro, o protecionismo, um Estado
altamente intervencionista e preferências nacionais.
A França
debate-se hoje em dia com uma considerável taxa de desemprego,
nomeadamente em relação à sua vizinha Alemanha, e uma dívida pública de
100% do PIB, este último fenómeno é transversal à maioria das economias
ocidentais.
De acordo com a candidata da Frente Nacional, os
franceses devem agora escolher entre "a total desregulamentação, sem
fronteiras e sem proteção" e "a França, as fronteiras que protegem os
empregos, o poder de compra, a segurança, a identidade nacional".
Emmanuel Macron e sua equipa defendem o exemplo de modelos estrangeiros,
como a flexigurança escandinava como forma de resolver os 10% de taxa
de desemprego na França.
As atuais sondagens apontam para uma
vitória de Macron com cerca de 60%, quedando-se Marine Le Pen pelos 40%.
As atenções vão estar centradas agora no principal debate entre Macron e
Le Pen, a 3 de maio, nas eleições a 7 de maio e num hipotético atentado
terrorista.
É de esperar, na próxima semana, volatilidade nos
mercados à medida que se aproxime o dia das eleições. Atentados
terroristas, que não são de descartar, podem mudar o sentido de voto de
alguns franceses e espoletar maior volatilidade aos mercados de ações,
obrigações e cambial, devido à incerteza e risco que esse fenómeno
provoca.
As casas financeiras, desde bancos a corretoras, estão a
pôr em prática medidas de contingência, designadamente nos instrumentos
derivados que, devido à sua alavancagem, são mais suscetíveis de causar
perdas consideráveis à medida que a volatilidade cresce. É normal que
as margens requeridas sejam mais elevadas nestas alturas de incerteza,
que o crédito para investimentos financeiros diminua, tal como a
alavancagem.
A história recente, com a vitória do Brexit e de
Donald Trump nos EUA, demonstrou que os índices europeus podem abrir com
um diferencial ainda maior no início da negociação, face ao fecho
imediatamente anterior, sobretudo quando os resultados são inesperados.
Alguns intermediários financeiros recomendam aos seus Clientes um
acompanhamento particularmente atento deste evento, à medida que a
segunda ronda da eleição presidencial francesa se aproxima. Aconselha-se
particular atenção a possíveis alterações das condições de mercado, em
especial para um possível aumento das margens requeridas tanto na moeda
do euro, como nos índices europeus de ações. É sugerido aos Clientes a
negociação com responsabilidade e conservadorismo na percentagem de
alavancagem face a um nível adequado de garantias ou colaterais. Tudo
isto é realizado na tentativa de mitigar o impacto indesejável de
movimentos potencialmente voláteis. O investidor é incentivado a
exercer uma maior disciplina na negociação procurando monitorizar a suas
posições e a manter liquidez, para fazer face a qualquer aumento nos
requisitos de margem.
Paulo Rosa, Jornal Semanário "Vida Económica", 30 abril 2017
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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