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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

SETEMBRO: O PIOR MÊS DE BOLSA DESDE 1928

Os investidores com menos anos de mercados consideram, quase sempre, o mês de outubro como o pior do ano, provavelmente porque a maior parte dos “crashs” se verificaram neste mês, mas à medida que vão adquirindo mais experiência de mercado, e através de uma percepção empírica, o mês de setembro começa a soar-lhes a perdas. Os números não desmentem essa observação, bem pelo contrário vêm corroborá-la como se pode ver no gráfico dos retornos médios mensais do S&P500 desde 1928 a julho de 2017.

Entrámos no mês de setembro. O que podemos esperar? Com certeza, maior volatilidade que nos meses anteriores.

Esta constatação nos mercados acionistas dos EUA é extensível às restantes praças mundiais, que têm um comportamento semelhante aos principais índices norte-americanos, nomeadamente o S&P500, e tendem a ser influenciados por estes. A economia dos EUA é a maior do mundo e pesa cerca de 25% da riqueza produzida anualmente em termos globais.

Em suma, o mês de setembro é, em termos estatísticos, terrível para os mercados de acções.
Podemos recorrer a constatações como “Rentabilidades passadas não garantem rentabilidades”, tal como, e usando um raciocínio análogo, prejuízos passados não implicam prejuízos futuros, para tentarmos esconder os nossos receios quanto ao mês de setembro, e torná-lo de certa forma irrelevante. Não obstante, a História não se repete, mas, além de ensinar, tem muitas coincidências. Apesar de em estatística a correlação não ser causalidade, seguir a tendência é muito importante. O receio quanto a este mês é uma realidade e justificar cabalmente as quedas não é um trabalho hercúleo, por isso para alguns permanece um mistério tentar explicar as quedas neste mês. O mito está criado, e a realidade não engana.

“A existência de uma maior propensão dos investidores para vender ações à medida que regressam da férias de verão" é um dos argumentos avançados para justificar as quedas no mês de setembro. Esta hipótese é difícil de ser validada com estudos académico que, bem pelo contrário, já demonstraram que os investidores são mais propensos a vender as suas ações antes das férias e não depois, que, perante a ausência de algumas semanas, é uma atitude lógica.

"O ano fiscal para muitos fundos de investimento termina em setembro” é outro argumento. Assim, esses fundos vendem para não mostrarem ganhos substanciais que poderão ser guardados para os anos fiscais seguintes, e também, por essa via, reduzir os seus encargos fiscais. Mas o número de fundos de investimento que têm exercícios finais em dezembro é 3 vezes superior aos que terminam em setembro. E, curiosamente, dezembro é um dos melhores meses do ano.
"Os investidores são obrigados a vender ações para pagar as matrículas escolares dos filhos". Mas a perda média de setembro nas últimas décadas, apesar da taxa de matrícula ter disparado, foi menor do que era em décadas anteriores.

Se uma explicação convincente para o “efeito de setembro” fosse encontrada, os investidores experientes começariam imediatamente a vender em agosto, outros por sua vez tentariam antecipá-los e vender em julho, e o padrão histórico desapareceria rapidamente. Apesar de existir um padrão, provavelmente a estratégia de negociação até ao final do mês deve-se basear no quotidiano e não no “efeito setembro”. Se o mercado de ações cair durante este mês, nós saberemos os motivos em outubro.

Serão os ganhos acumulados nos meses de junho, julho e agosto, como mostram o gráfico, que propiciam a recolha de mais-valias? O mito permanece…

Paulo Rosa, Jornal "Vida Económica", 8 de setembro 2017



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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.