Até ao final do ano, e com a informação disponível, não encontramos
motivos para o mercado cair. Estatisticamente, os meses de novembro e
dezembro costumam bafejar os mercados acionistas, que se apresentam com
uma tendência de subida e, no caso dos índices norte-americanos e
alemão, continuando a registar máximos históricos. Não excluímos, é
certo, a possibilidade de pequenas correções pontuais, nem podemos
garantir que não cai. Há sempre imprevistos e imponderáveis. Dizer que o
mercado vai subir ou descer é como tentar adivinhar a fila mais rápida
do supermercado. Basta um pequeno contratempo, para mudar as
probabilidades.
Apesar de podermos achar que o mercado está caro,
não devemos contrariar a tendência de alta. As evidências mostram que
nenhuma notícia negativa penalizou o mercado, desde o referendo
independentista na Catalunha, às ameaças nucleares, passando pelas
descidas de rating das dívidas soberanas da China e do Reino Unido.
As dívidas, quer públicas, quer privadas, continuam a aumentar e
penalizarão empresas e Estados com o seu próprio peso. As dívidas
públicas nunca foram tão elevadas, mas continuam para já protegidas
pelas baixas taxas de juro dos bancos centrais. O serviço das dívidas
(os juros que se pagam por essas dívidas) não tem subido e em muitos
casos tem descido, permitindo aos governos continuarem com políticas
orçamentais expansionistas. O Banco Central Europeu (BCE), tal como
outros bancos centrais, tem encetado políticas monetárias
expansionistas, mas alertou os governos para a necessidade de equilibrar
as contas públicas e fazer as reformas necessárias.
Mais tarde
ou mais cedo, terá que haver um ajustamento nos balanços dos bancos
centrais, obrigando à mudança de políticas. A própria subida da taxa de
juro da FED (Fed Fund Rate) poderá espoletar uma quedas das ações e
obrigações (estas últimas já apresentam correções há mais de um ano).
A Pharol tem recuperado bastante terreno nos últimos meses, com uma
valorização a rondar os 100%, a beneficiar do processo de reestruturação
da dívida da empresa. Se a reestruturação for positiva para os
acionistas, poderá ser negativa para muitos credores. De forma
semelhante vamos assistindo, a nível mundial, a uma correlação de forças
entre credores e devedores. Muitas economias crescem alicerçadas em
crédito…
Vender para recomprar mais barato não tem sido uma boa
estratégia nos títulos que começam a encetar uma subida. Exemplos disso
foram a Navigator e a Altri, que subiram respetivamente cerca de 20% e
40% no último mês, a beneficiarem das recomendações de compra,
nomeadamente da JB Capital, da subida acentuada do preço da pasta de
papel. Para dar um exemplo, a Europe Pulp BHKP subiu dos 650 dólares em
fevereiro para 911 dólares/tonelada no passado dia 10 de outubro - um
aumento de 40% que, apesar da queda de 10% do dólar face ao euro, é
ainda uma subida bastante significativa.
Estatisticamente, o mês
de setembro é o mais desfavorável para a bolsa. No entanto, este ano
foi um mês bastante positivo. O Dax30 de Frankfurt valorizou cerca de
6.5% em setembro, recuperando o que havia perdido entre 16 de junho e 31
de agosto. Registou um máximo histórico acima dos 13.000 na passada
quinta-feira, dia 12. Os principais índices norte-americanos,
S&P500, Dow Jones 30 e Nasdaq100, continuam a registar máximos
históricos consecutivos. Correções nos mercados, mais ou menos
agressivas… talvez só para o ano!
Paulo Rosa, Jornal Semanário "Vida Económica", 20 de outubro 2017
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
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