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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

ANÁLISE À SONAE INDÚSTRIA


Apenas 10% da produção da Sonae Indústria se destina ao mercado doméstico. A Alemanha é o maior destino das exportações com cerca de 25%, seguindo-se a Espanha com 11%. O Canadá, a França, a África do Sul, os Estados Unidos, a Polónia e o Reino Unidos são outros destinos preferidos dos conglomerados da empresa.

A Sonae Indústria estreou-se em bolsa a 27 de dezembro de 2005, fruto da cisão da Sonae SGPS. Sete dias após a suspensão da antiga cotada com o mesmo nome, foram admitidas à cotação 13.489.908 novas ações, das quais 13.479.908 ações resultaram da atribuição de títulos aos acionistas da sociedade extinta e 10.000 ações já existentes antes desta operação. O preço de licitação de estreia foi o mesmo que a antiga Sonae Indústria no momento em que foi suspensa, 6,47 euros.

Atualmente, o capital social da empresa é constituído por 45,4 milhões de ações e o seu valor em bolsa é de cerca de 150 milhões de euros. Em 2011, com a chegada do ajustamento à economia portuguesa imposto pela Troika e devido à crise das dívidas soberanas e do euro, a cotação da Sonae Indústria perdeu cerca de 70%. A capitalização bolsista passou de 267 milhões de euros em 2010 para 89 milhões no final de 2011. A capitalização bolsista da Sonae Indústria era de 931 milhões de euros em 2007…

Entre 2012 e 2014 os prejuízos rondaram os 100 milhões de euros, anualmente. Além de ser a matriz e berço do próprio grupo Sonae, criada em 1959, no seio do setor dos derivados de madeira, a Sonae Indústria sempre foi a "menina dos olhos" da administração. A Sonae Indústria terminou 2016 com lucros de 11 milhões de euros depois de oito anos consecutivos de prejuízos. No primeiro semestre deste ano, a Sonae Indústria apresentou lucros de 14,1 milhões de euros, contra prejuízos de 27,4 milhões de euros no período homólogo do ano anterior. Este resultado teve a contribuição positiva da Sonae Arauco, que foi criada em maio de 2016, em parceria com os chilenos da Arauco, e que é detida em partes iguais pelos dois grupos. Os resultados dos primeiros nove meses do ano vão ser conhecidos a 16 de novembro, e espera-se que venham confirmar o crescente bom desempenho da empresa.

O fraco desempenho da empresa alemã Glunz AG, onde a Sonae Indústria tem uma participação de 85% adquirida em 1998, penalizou a empresa. Provavelmente, só por pertencer a um grupo forte conseguiu escapar a um processo de reestruturação de dívida e mesmo falência.

A 31 de julho a Sonae Indústria fez um "reverse stock split" e neste momento parece ser um bom título não só para o "trade", como para manter em carteira. O "reverse stock split" teve como principal objetivo, segundo comunicado da empresa, o alinhamento das cotações das ações com o valor das demais ações admitidas à negociação na Euronext Lisboa. Este tipo de operação não interfere diretamente com o valor da empresa, já que a única coisa que acontece é o valor total da cotada passar a estar diluído por menos ações.

As revisões trimestrais do índice PSI20, feitas pela Euronext, servem para incluir empresas, com peso considerável, que entraram recentemente no mercado ou para substituir empresas que deixaram de estar cotadas. Não é de excluir que a Sonae Indústria venha a integrar o PSI20 na próxima revisão anual em março de 2018, sendo um fator a seu favor para impulsionar as suas otações. Outro fator que pode ajudar a empresa é o ciclo do setor da construção, nomeadamente em Portugal, que aumenta a procura de aglomerados, designadamente os MDF.

 

Paulo Rosa, Semanário "Vida Económica", 27 de outubro 2017





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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.