Desde a apresentação dos resultados do 3º trimestre, e da
habitual conferência de imprensa da Administração dos CTT, a 31 de outubro, a
ação encetou uma queda, e perdeu 34 % em quatro sessões consecutivas. A cotação
veio dos 5,05€ para os 3,35€ no dia 6 de novembro.
Esta zanga dos investidores, que quiseram sair logo do
papel, deve-se a duas más notícias: os lucros nos primeiros nove meses desceram
face ao ano passado e a redução do dividendo que a empresa vai pagar em 2018
(relativo a 2017) de 0,48€ para 0,38€.
Há uma terceira notícia “escondida” entre estas duas e é
talvez a pior das três: é que a empresa quer distribuir pelos acionistas 57
milhões de euros em dividendos quando os lucros em 2017 não deverão estar muito
longe dos 35 milhões de euros, na melhor das hipóteses.
OS CTT tiveram 19.5 milhões de lucros nos primeiros 9
meses. Com o profit warning a descer as estimativas para o resto do ano,
os lucros em 2017 não serão muito favoráveis. Mas se os resultados do último
trimestre deste ano conseguissem igualar os do ano passado (16,2 milhões de
euros), os resultados de 2017 seriam de 35,7 milhões de euros. Ter este lucro e pretender distribuir 57
milhões de euros em dividendos corresponde a um impensável payout
(percentagem dos lucros entregue aos acionistas sob a forma de dividendo) de
160%. É o mesmo que descapitalizar a empresa, pois mais de 21 milhões não virão
dos resultados, mas das reservas… Já o ano passado o payout foi de quase
120%!
Um payout aceitável seria na casa dos 50% ou 60%, para a empresa acumular reservas e ter uma parte para reinvestir num negócio em decadência, o correio tradicional, e na concorrência - as encomendas. Se isso não acontecer, os investidores de longo prazo, que esperam que a empresa acrescente valor ao longo dos anos, vão penalizar o título. Se, ao invés, reduzir o dividendo, os investidores de curto prazo que procuram bons dividendos vão penalizar a empresa.
O mais sensato em termos de uma salutar gestão, e segundo o quadro abaixo, o dividendo deveria ser de 0.10 €, que espelharia um payout de 50%, quase 75% abaixo da atual proposta de 0.38 € e que já é uma revisão em baixa. No limite de 0.20 € que corresponderia à distribuição de todos os lucros gerados no ano, um payout de 100%, e não teria que recorrer a reservas.
Em 2015 os CTT acabaram o ano com 72 milhões de euros de lucros e em 2016 de 62
milhões. Este ano poderão ficar na casa dos 30 milhões. Algo tem que ser feito
rapidamente…
Das quatro áreas de negócios, o correio tradicional tem o maior peso nos rendimentos operacionais com cerca de 75% e continua na queda de fluxo. O expresso e encomendas têm um peso de 16% e cada vez mais concorrência. Os serviços financeiros, com 9%, perdem receita, e agora vamos ter também a loja do cidadão a comercializar certificados de aforro. Por último, o Banco CTT que não tem qualquer peso, com custos elevados, e fracas receitas (não há manutenção de conta, nem comissões de transferências, espera-se que o crédito à habitação, bastante competitivo, traga as receitas tão aguardadas para o Banco CTT quebrar o break-even). Quatro áreas de negócio em que não se vislumbra qualquer melhoria, e se os CTT não mudarem de rumo, os resultados vão continuar a ser penalizados… e mais tarde ou mais cedo poderão entrar em prejuízos…
Das quatro áreas de negócios, o correio tradicional tem o maior peso nos rendimentos operacionais com cerca de 75% e continua na queda de fluxo. O expresso e encomendas têm um peso de 16% e cada vez mais concorrência. Os serviços financeiros, com 9%, perdem receita, e agora vamos ter também a loja do cidadão a comercializar certificados de aforro. Por último, o Banco CTT que não tem qualquer peso, com custos elevados, e fracas receitas (não há manutenção de conta, nem comissões de transferências, espera-se que o crédito à habitação, bastante competitivo, traga as receitas tão aguardadas para o Banco CTT quebrar o break-even). Quatro áreas de negócio em que não se vislumbra qualquer melhoria, e se os CTT não mudarem de rumo, os resultados vão continuar a ser penalizados… e mais tarde ou mais cedo poderão entrar em prejuízos…
Paulo Monteiro Rosa, Jornal "Vida Económica" 10 de novembro 2017
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