Na semana passada, o BCE anunciou uma redução em 30 mil milhões de
euros, metade dos atuais 60 mil milhões de euros, no montante mensal de
compras de dívida de Estados e de empresas). Esta tinha sido uma das
medidas do plano "Quantitative Easing" (QE) que o BCE pôs em marcha para
ajudar a injetar liquidez nas economias e a descer os juros dos países
como Portugal, no auge da crise.
Em reação a este anúncio do
BCE – redução dos estímulos "artificiais" –, mercado acionista subiu, e o
euro, como é seu hábito quando o mercado sobe, depreciou-se face ao
dólar dos EUA.
Nem uma reação nem outra seriam normais caso
estivéssemos perante uma redução efetiva da ajuda do BCE. As cotações
das obrigações soberanas também reagiram em alta, e, obviamente,
assistimos a uma redução das "yields", como seria expectável com a
manutenção das políticas monetárias. A verdade é que o BCE continua a
sustentar os mercados acionistas e obrigacionistas.
O euro
depreciou-se como reflexo de uma moeda que vai continuar alicerçada num
balanço do Banco Central Europeu, quatro vezes superior aos valores de
há nove anos!
A partir de janeiro de 2018, teremos essa redução
no valor mensal de ajudas, porém o montante de estímulos permanece
aparentemente idêntico.
Apenas foi diluído, e diferido no
tempo. Em boa verdade, não parece existir uma redução em termos de
montantes do programa, logo não estamos na presença de um "tapering".
Segundo o discurso de Mario Draghi, presidente do BCE, apesar da
melhoria económica na Zona Euro, nomeadamente na Alemanha, a inflação
ainda se encontra aquém dos 2%, objetivo para que está mandatado o BCE.
As subidas das taxas de juro de referência do Banco Central da Zona Euro
permanecem adiadas para daqui a alguns anos. Atualmente Draghi está
apenas focado na melhoria da estratégia do "Quantitative Easing".
O Banco de Inglaterra começa gradualmente a estabilizar a sua taxa de
juro de referência pela primeira vez nos últimos 10 anos, encetando uma
política monetária contracionista.
A reunião da Reserva Federal
a 12 e 13 de dezembro deverá confirmar a subida de taxa em 0.25 pontos
percentuais para o intervalo [1.25%-1.5%]. Os futuros da "current target
Rate 13 December" que cotam no CME, bolsa de derivados de Chicago,
indiciam uma probabilidade de 97% para esse cenário ser uma realidade.
Ainda no que respeita à autoridade monetária, aguarda-se o nome da
pessoa que irá substituir Yellen no cargo de presidente da FED.
Em suma, existe uma manutenção das políticas monetárias expansionistas
na Zona Euro e no Japão, e políticas monetárias contracionistas no Reino
Unido e mais enérgicas nos EUA. Duas forças contrárias. Conseguirão as
políticas da Zona Euro segurar os mercados, quando do lado de lá do
Atlântico temos uma força antagónica que começa a pressionar as bolsas?
Os otimistas no mercado, a maioria, têm ainda esperança que a política
orçamental expansionista da Administração de Donald Trump, se se vier a
confirmar, mantenha a chama dos mercados, levando-os a registar máximos
históricos, nomeadamente nos EUA e na Alemanha. Ao passo que, na Europa,
assistimos a uma gradual e lenta "japonização", espelhada na inversão
da pirâmide demográfica, e que arrasta uma deflação pelo excesso de
capacidade de produção instalada, e o sistemático adiamento e manutenção
das medidas, não existindo reformas por parte dos governos, que se
mantêm escudados pelas políticas monetárias expansionistas "não
convencionais" do BCE…
Os balanços quadruplicaram em nove anos, desde 2008. Algo inimaginável e nunca visto.
No entanto, se observarmos em termos relativos, como percentagem do
PIB, o Balanço do BCE está bastante mais exposto que o da FED, e
representa 42% do PIB da Zona Euro, contra apenas 24% relativamente aos
EUA.
A transversalidade e Universalidade da ciência económica. O objecto de estudo da economia é a maximização do bem-estar do ser humano, mas não deixa de ser em sentido estrito. A ciência económica é mais abrangente. A todos os seres vivos e não vivos. Ver página "descrição do blog".
Since December 25th, 2010
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