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sexta-feira, 15 de junho de 2018

Os cenários para a OPA à EDP

A empresa chinesa China Three Gorges lançou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a EDP oferecendo 3.26 €/ação, a 11 de maio, quando o título cotava nos 3.11 €. A oferta está condicionada à obtenção de 50% dos votos acrescidos de mais um direito de voto. Esta empresa já detém cerca de 23% da EDP e conjuntamente com a República Popular da China que tem 5%, acaba por controlar 28% da elétrica portuguesa. Atualmente a EDP é uma empresa multinacional com interesses em vários países em quase todos os continentes, com uma exposição significativa nos EUA e no Brasil.

Esta OPA enfrenta vários obstáculos resultantes legislações e reguladores nacionais e internacionais.

Como a EDP Renováveis é uma empresa detida em grande parte pela EDP, a CTG lançou uma OPA também à subsidiária de 7.33 € ação, bastante aquém dos 7.80 € que cotava antes da OPA e dos atuais 8.15 €/ ação.

Podemos adiantar vários cenários sobre o desfecho desta OPA, desde o puro insucesso ao sucesso mais vantajoso para os acionistas. Existem várias variáveis que devemos a ter em conta: o preço de 3.11 € por ação no dia anterior à OPA, a média dos últimos 6 meses que é de 2.94 €, o mínimo do ano nos 2.63 € no início de fevereiro, o preço da OPA nos 3.26 € e a cotação atual nos 3.41 €/ação.

Um primeiro cenário passa pelo insucesso da OPA e, neste caso, o desempenho do título em bolsa será limitado e andará muito provavelmente à volta da média dos preços-alvo apontados pelas várias casas financeiras que seguem a EDP, que atualmente se encontra nos 3.35 €/ação. Esta probabilidade é baixa.

Um segundo cenário, também com uma probabilidade relativamente baixa de acontecer, é o do sucesso da OPA a 3.26 €/ação, e a penalização dos investidores que compraram entre os 3.35 e os 3.50 €/ação no intuito de ganharem dinheiro com uma revisão em alta do preço da oferta.

Um terceiro cenário, e o mais desejado pelos investidores, passa pelo surgimento de um novo oferente com um prémio de controlo que poderá andar pelos 20% acima do preço da OPA, ou seja uma OPA concorrente no valor de 3.90 €/ação. A probabilidade deste cenário ronda os 50%.

Também com uma probabilidade próxima dos 50%, há um quarto cenário em que a CTG sobe o preço da oferta em 5%, para 3.42 €/ação, muito perto do que o título tem feito em média desde o lançamento da OPA. Neste cenário falta-nos saber se existiria força para uma OPA concorrente…

A EDP tem ativos m
uito apetecíveis, desde os créditos de carbono que poderão atrair empresas de energia do norte da Europa aos ativos nos EUA. Em termos de rácios financeiros não anda longe dos seus pares quanto ao PER ("Price Earning Ratio") de 9 e ao "Dividend Yield" de 5%. Tem, porém, uma enorme dívida, vivendo com uma considerável alavancagem.

Paulo Rosa, In "Vida Económica", 15 de junho 2018



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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.