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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

LIBRA ESTERLINA

O cross EUR-GBP desde meados de 2016 tem flutuado num intervalo entre [0,85 – 0,90], pontualmente um pouco mais acima aos 0,95. O mesmo padrão pode ser observado, e reforça este paradigma de lateralização, depois da crise financeira de 2008 até finais de 2011. De realçar que a média móvel MA200 corrobora este padrão há dois anos e mantém-se, obviamente, a meio do intervalo, nos 0,875 libras por cada euro.

Desde maio que o PMI do Reino Unido (RU) se mantém abaixo dos 50 pontos, o qual define uma economia com um potencial reforçado de recessão, ou abrandamento económico, de uma economia mais propensa ao crescimento, quando acima dos 50 pontos.

O PMI do RU é atualmente de 48,3 pontos. A 2 de dezembro, primeiro dia útil do mês, quando habitualmente as principais economias divulgam este dado, os investidores esperam com expectativa este importante indicador de atividade industrial da economia britânica. Se se mantiver fraco, poderá suportar a ideia de uma descida das taxas de juro por parte do Banco de Inglaterra (BoE).

O BoE manteve inalterada na última reunião, a 7 de novembro, a sua taxa de juro de referência nos 0,75%, mas desta vez não houve unanimidade (7-2), com dois membros a defenderem um corte de 25 pontos base na taxa de juro de referência dos 0,75% para 0,50%, mas sete membros votaram a favor da manutenção. Em todas as anteriores reuniões de 2019, a manutenção foi sempre suportada por unanimidade (9-0). O crescimento da economia do RU foi volátil neste ano, em parte justificado pelos contornos do "Brexit". O BoE espera que o crescimento este ano seja aproximadamente metade do de 2018, em parte porque em muitos outros países também o crescimento diminuiu, nomeadamente geografias para onde o Reino Unido exporta os seus bens e serviços.

Se o crescimento global não estabilizar ou se as incertezas do "Brexit" permanecerem, a política monetária pode precisar de ser reforçada, bem como a recuperação esperada do crescimento do PIB e da inflação do RU.

O BoE espera que a economia do RU cresça apenas 1,2% este ano, face aos anteriores 1,3%. A previsão para 2021 também foi reduzida substancialmente, de 2,3% para 1,8%. No final de 2022, o BoE espera agora que o PIB seja 1 ponto percentual abaixo do valor que havia estimado em agosto.


Em suma, o BoE está pronto para cortar taxas se a economia desacelerar ainda mais. É claro que há uma mudança de "viés", a tendência da política monetária do BoE inclina-se cada vez mais para uma flexibilização, uma expansão monetária, pelo menos a curto prazo.

A 12 de dezembro, o Reino Unido vai a votos para eleger um novo Governo, em eleições antecipadas, que poderão trazer mais incerteza política, nomeadamente no que concerne ao "Brexit", e, assim, penalizar a economia do Reino Unido e a libra esterlina.

Com a inflação controlada nos 1,5%, a economia a fraquejar e a incerteza política a agudizar-se, é provável que o BoE desça a sua taxa de juro na primeira reunião de 2020, a 30 de janeiro, pressionando, pelo menos no curto prazo, a moeda do RU.

Em epítome, e segundo os fundamentais e o gráfico, provavelmente uma valorização do EUR/GBP num futuro próximo pode ser uma realidade concretizável… 

Paulo Monteiro Rosa, Semanário "Vida Económica", 29 de novembro de 2019










sexta-feira, 22 de novembro de 2019

China resgata mais um banco

Na China os dados macroeconómicos vão-se degradando.

Ninguém pode ficai" indiferente ao declínio das vendas a retalho, da produção industrial, das despesas chinesas em capital, e aos mínimos sucessivos da taxa de crescimento do PIB, a quedarem nos 6% no 3o trimestre de 2019, o valor mais baixo dos últimos 27 anos.

Todavia, existe uma variável financeira muito importante a reter: as significativas injeções mensais de crédito, pelo Banco Central da China (PBoC), que se tornaram praticamente inócuas no estímulo da segunda maior economia do mundo.

Medidas impotentes para impulsionar o crédito dos bancos comerciais à economia chinesa, atualmente o maior sistema financeiro do mundo, cerca de 40 biliões de dólares americanos, aproximadamente o dobro dos EUA.

Um valor que corresponde a 294% do PIB chinês e a 147% do PIB norteamericano. A expansão de crédito está apenas a compensar o aumento em investimentos de qualidade cada vez mais duvidosa, e a colocar em causa a solvabilidade do sistema bancário chinês.

A relação entre o valor de mercado e o total de ativos dos quatro maiores bancos comerciais da China atingiu novos mínimos nos 5,8% no terceiro trimestre, com o total de ativos a crescer 8% em termos anualizados no 3o trimestre, enquanto o valor de mercado dos quatro bancos diminuiu.

Este facto espelha bem o crescente receio dos investidores chineses relativamente ao sistema bancário chinês. As açÕes dos bancos da segunda maior economia do mundo têm perdido valor em bolsa.

Até hoje, as autoridades chinesas têm conseguido, com relativa facilidade, colmatar os problemas económicos que se vão adensando e compensar o crescimento do crédito malparado, devido à influência que têm na política de remuneração de depósitos dos bancos comerciais aos seus clientes, com as taxas de juro passivas à volta de 1% quando a inflação é de 3,8%, e as taxas de juro dos créditos concedidos à volta dos 4% no que concerne às empresas públicas e cerca de 7% às empresas privadas. Importante realçar que a dívida pública chinesa está na mão de investidores domésticos, proporcionando alguma estabilidade financeira.

O Harbin Bank, que é um dos maiores bancos do nordeste da China, com 622 mil milhões de yuans em ativos a 30 de junho de 2019, cerca de 80 mil milhões de euros, 40% do PIB português, negoceia na bolsa de valores de Hong Kong, e tornou-se o quinto banco - depois do Baoshang Bank, Banco de Jinzhou, Heng Feng Bank e o Banco Comercial Rural Henan Yichuan — a ser resgatado pelo Estado Chinês. O PBoC referiu que a aquisição do Baoshang, Io resgaste do ano, foi planeada para suster um "Bank Run" no banco e conter eventuais riscos para o setor financeiro.

O relatório das contas do Harbin Bank, relativas ao primeiro semestre do ano, mostra um aumento do crédito malparado e um crescimento dos ativos de qualidade duvidosa.

No entanto, como o PBoC se recusa a reconhecer que tem um problema de crédito sem precedentes, são esperados cada vez maiores resgates a bancos chineses até que um banco falhe, provocando uma corrida de depositantes chineses em todo o país para levantar os cerca de 190 biliões de yuans (27 biliões de USD) em depósitos bancários, mais do dobro do valor total dos depósitos bancários comerciais dos EUA... 






Bolsas americanas registam novos máximos históricos


Depois de alguma incerteza, a economia dos EUA volta a mostrar sinais de resiliência, com o risco de uma recessão nos próximos 12 meses a diminuir.

Sénior Trader e Economista do Banco Carregosa

No início da semana, os três principais índices accionistas dos EUA voltaram a renovar máximos históricos, impulsionados pelas excpectatívas de que a primeira fase do acordo com a China pudesse ser fechada antes do final do ano. Porém, já no final da semana, e perante os avanços e recuos de Donald Trump, as bolsas de ações norte-americanas regressaram perdas, após o presidente da Administração dos EUA ter referido que a China não fez ainda quaisquer concessões aos EUA para que as negociações avancem e cheguem a bom porto. O apoio dos EUA aos manifestantes em Hong Kong veio agudizar as tensões das negociações comerciais com aquele país.

A notícia de que o governo dos EUA vai estender por mais 90 dias as licenças atribuídas às empresas norte-americanas para fazerem negócios com a gigante tecnológica chinesa Huawei ajudou a aliviar as preocupações, no início da semana. No entanto, o presidente da empresa chinesa não está preocupado com o provável embargo por parte dos EUA, e disse que o impacto para a tecnológica é residual e que as principais prejudicadas são as próprias empresas norte-americanas

Depois de alguma incerteza, a economia norte-americana volta a mostrar sinais de resiliência, com o risco de uma recessão ocorrer nos próximos 12 meses a diminuir,

A curva de rendimentos está mais estabilizada e os dados económicos divulgados ainda estão confortavelmente acima dos níveis da recessão. Em novembro, espera-se uma recuperação do ISM, principal indicador de actividade industrial norte-americano, para valores acima dos 50 pontos, depois de três meses a sinalizar uma eventual recessão económica.

Segundo os futuros sobre as taxas de Juro de referência da Reserva Federal negociados na bolsa de derivados de Chicago, novas descidas são cada vez mais improváveis, facto também corroborado pelas atas publicadas esta semana referentes à última reunião da FOMC.

Regressaram as probabilidades, ainda que pouco significativas, de subida de taxas de juro, o que não acontecia há vários meses, e mostra a robustez da economia dos EUA, que poderá continuar a suportar o mercado acionista não só do lado de lá do Atlântico, mas também da Europa, Japão e economias emergentes.

O PSI20 intensificou as perdas no final da semana passada, ainda que sejam desvalorizações pouco significativas, acumulando uma perda de 2% na semana, comportamento alinhado com as sua congéneres europeias, nomeadamente o DAX30, o CAC40 e o IBEX35.

É esperada que a próxima semana seja bastante calma, marcada pelas comemorações do dia de Acção de Graças nos EUA (ThanksGíving Day") na próxima quinta-feira. As praças norte-americanas estarão encerradas a quinta-feira e abrem apenas meia sessão no dia seguinte, sexta-feira. 

COTADAS 
A casa financeira Berenberg inicia a cobertura da Corticeira Amorim com recomendação de compra e preço-alvo de 12 euros, o título subiu cerca de 3%. As vendas da Ibersol subiram 6,1% até setembro, mas os lucros caíram 27%. A Mota-Engil e irmãos Martins pretendem reforçar no capital da Martifer. Sonae Capital vende RACE por 15,8 milhões. A EDP registou máximos dos últimos 11 anos, desde junho de 2008. Há tensão na Pharol, com o novo acionista a querer destituir três administradores, entre eles Nelson Tanure.

AÇÕES INTERNACIONAIS 
Na quinta-feira, a Thyssenkrupp caiu . cerca de 8%, a maior descida intradiária, desde 15 de maio, depois de ter anunciado que tem intenções de suspender os dividendos. A LVMH e a Tiffany iniciaram negociações depois da proprietária francesa da Louis Vuitton ter revisto em alta a oferta pela empresa de joalharia norte-americana, dos anteriores 120 dólares parai 30 dólares. A empresa de semicondutores AMD registou um dos melhores desempenhos do Nasdaq100, com a Wells Fargo a subir o preço alvo de 40 dólares para 48 dólares.

PETRÓLEO
O petróleo recuperou das perdas do início da semana, depois dos stocks desta matéria-prima nos EUA terem aumentado abaixo do esperado e da Rússia ter afirmado que continuará a cooperar
com a OPEP para manter o equilíbrio do mercado. A Saudi Aramco, a maior petrolífera do mundo, está confiante no interesse dos investidores para realizar a oferta pública iniciaL (OPV). A gigante estatal do petróleo, a Aramco, revela que os pedidos antecipados são quase suficientes para realizar o IPO, para aquela que será a maior empresa cotada do mundo.


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Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.