O cross EUR-GBP desde meados de 2016 tem flutuado num intervalo entre [0,85 –
0,90], pontualmente um pouco mais acima aos 0,95. O mesmo padrão pode ser
observado, e reforça este paradigma de lateralização, depois da crise
financeira de 2008 até finais de 2011. De realçar que a média móvel MA200
corrobora este padrão há dois anos e mantém-se, obviamente, a meio do
intervalo, nos 0,875 libras por cada euro.
Desde maio que o PMI do Reino Unido (RU) se mantém abaixo dos 50 pontos, o qual define uma economia com um potencial reforçado de recessão, ou abrandamento económico, de uma economia mais propensa ao crescimento, quando acima dos 50 pontos.
O PMI do RU é atualmente de 48,3 pontos. A 2 de dezembro, primeiro dia útil do mês, quando habitualmente as principais economias divulgam este dado, os investidores esperam com expectativa este importante indicador de atividade industrial da economia britânica. Se se mantiver fraco, poderá suportar a ideia de uma descida das taxas de juro por parte do Banco de Inglaterra (BoE).
O BoE manteve inalterada na última reunião, a 7 de novembro, a sua taxa de juro de referência nos 0,75%, mas desta vez não houve unanimidade (7-2), com dois membros a defenderem um corte de 25 pontos base na taxa de juro de referência dos 0,75% para 0,50%, mas sete membros votaram a favor da manutenção. Em todas as anteriores reuniões de 2019, a manutenção foi sempre suportada por unanimidade (9-0). O crescimento da economia do RU foi volátil neste ano, em parte justificado pelos contornos do "Brexit". O BoE espera que o crescimento este ano seja aproximadamente metade do de 2018, em parte porque em muitos outros países também o crescimento diminuiu, nomeadamente geografias para onde o Reino Unido exporta os seus bens e serviços.
Se o crescimento global não estabilizar ou se as incertezas do "Brexit" permanecerem, a política monetária pode precisar de ser reforçada, bem como a recuperação esperada do crescimento do PIB e da inflação do RU.
O BoE espera que a economia do RU cresça apenas 1,2% este ano, face aos anteriores 1,3%. A previsão para 2021 também foi reduzida substancialmente, de 2,3% para 1,8%. No final de 2022, o BoE espera agora que o PIB seja 1 ponto percentual abaixo do valor que havia estimado em agosto.
Em suma, o BoE está pronto para cortar taxas se a economia desacelerar ainda mais. É claro que há uma mudança de "viés", a tendência da política monetária do BoE inclina-se cada vez mais para uma flexibilização, uma expansão monetária, pelo menos a curto prazo.
A 12 de dezembro, o Reino Unido vai a votos para eleger um novo Governo, em eleições antecipadas, que poderão trazer mais incerteza política, nomeadamente no que concerne ao "Brexit", e, assim, penalizar a economia do Reino Unido e a libra esterlina.
Com a inflação controlada nos 1,5%, a economia a fraquejar e a incerteza política a agudizar-se, é provável que o BoE desça a sua taxa de juro na primeira reunião de 2020, a 30 de janeiro, pressionando, pelo menos no curto prazo, a moeda do RU.
Em epítome, e segundo os fundamentais e o gráfico, provavelmente uma valorização do EUR/GBP num futuro próximo pode ser uma realidade concretizável…
Paulo Monteiro Rosa, Semanário "Vida Económica", 29 de novembro de 2019
Desde maio que o PMI do Reino Unido (RU) se mantém abaixo dos 50 pontos, o qual define uma economia com um potencial reforçado de recessão, ou abrandamento económico, de uma economia mais propensa ao crescimento, quando acima dos 50 pontos.
O PMI do RU é atualmente de 48,3 pontos. A 2 de dezembro, primeiro dia útil do mês, quando habitualmente as principais economias divulgam este dado, os investidores esperam com expectativa este importante indicador de atividade industrial da economia britânica. Se se mantiver fraco, poderá suportar a ideia de uma descida das taxas de juro por parte do Banco de Inglaterra (BoE).
O BoE manteve inalterada na última reunião, a 7 de novembro, a sua taxa de juro de referência nos 0,75%, mas desta vez não houve unanimidade (7-2), com dois membros a defenderem um corte de 25 pontos base na taxa de juro de referência dos 0,75% para 0,50%, mas sete membros votaram a favor da manutenção. Em todas as anteriores reuniões de 2019, a manutenção foi sempre suportada por unanimidade (9-0). O crescimento da economia do RU foi volátil neste ano, em parte justificado pelos contornos do "Brexit". O BoE espera que o crescimento este ano seja aproximadamente metade do de 2018, em parte porque em muitos outros países também o crescimento diminuiu, nomeadamente geografias para onde o Reino Unido exporta os seus bens e serviços.
Se o crescimento global não estabilizar ou se as incertezas do "Brexit" permanecerem, a política monetária pode precisar de ser reforçada, bem como a recuperação esperada do crescimento do PIB e da inflação do RU.
O BoE espera que a economia do RU cresça apenas 1,2% este ano, face aos anteriores 1,3%. A previsão para 2021 também foi reduzida substancialmente, de 2,3% para 1,8%. No final de 2022, o BoE espera agora que o PIB seja 1 ponto percentual abaixo do valor que havia estimado em agosto.
Em suma, o BoE está pronto para cortar taxas se a economia desacelerar ainda mais. É claro que há uma mudança de "viés", a tendência da política monetária do BoE inclina-se cada vez mais para uma flexibilização, uma expansão monetária, pelo menos a curto prazo.
A 12 de dezembro, o Reino Unido vai a votos para eleger um novo Governo, em eleições antecipadas, que poderão trazer mais incerteza política, nomeadamente no que concerne ao "Brexit", e, assim, penalizar a economia do Reino Unido e a libra esterlina.
Com a inflação controlada nos 1,5%, a economia a fraquejar e a incerteza política a agudizar-se, é provável que o BoE desça a sua taxa de juro na primeira reunião de 2020, a 30 de janeiro, pressionando, pelo menos no curto prazo, a moeda do RU.
Em epítome, e segundo os fundamentais e o gráfico, provavelmente uma valorização do EUR/GBP num futuro próximo pode ser uma realidade concretizável…
Paulo Monteiro Rosa, Semanário "Vida Económica", 29 de novembro de 2019